Segunda-feira, 21.05.12

A partir de hoje e até ao próximo dia 1 de Junho o Em Jogo dedica a sua programação em exclusiva à análise das seis principais ligas do futebol europeu.

 

Um pequeno resumo, eleição do Melhor Jogador, Treinador, Onze e Revelação do Ano e as imagens que marcaram a temporada 2011/12 em Inglaterra, Espanha, Alemanha, França, Itália e Portugal.

 

Bem vindos, ao Em Jogo!

 




publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:29 | link do post | comentar

Segunda-feira, 19.09.11

Na época onde brilhavam Pelé, Charlton, Eusébio, Kopa ou Suarez, o mundo de futebol vivia uma das eras mais brilhantes. No entanto o Mundo parecia ter-se esquecido que um dos seus mais finos e exímios executantes passou aqueles anos de espectáculo preso num gulag siberiano. Ainda hoje, meio século depois, o mundo do futebol continua sem querer saber de um génio que revolucionou o futebol russo. Chamava-se Eduard Streltsov.

 

Os seguidores do campeonato russo perguntar-se-ão porque será que o Torpedo de Moscovo - um dos clubes mais humildes da capital hoje nas ligas amadoras - tem às portas do seu estádio uma estatua de um jovem jogadores de nome aparentemente desconhecido. Na mágica selecção de 1960 da URSS que venceu o primeiro Europeu em Paris brilhava Yashin nas redes, mas o grande maestro do futebol soviético estava na realidade bem longe dali. Quem o viu jogar nunca duvidou em catalogá-lo como o mais completo futebolista da história do futebol russo. Chamavam-lhe o "Pelé russo" pela forma como irrompeu e rapidamente se afirmou na URSS de então. Tinha 19 anos quando liderou a magistral selecção soviética que venceu a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Sydney de 1956. O jovem nascido em 1937 nos arredores de Moscovo tinha-se estreado dois anos antes pelo seu clube de sempre, o Torpedo. No seu primeiro ano como profissional logrou chegar ao sétimo posto na votação do Ballon D´Or. O seu drible vistoso e a eficácia goleadora (apontou 100 golos em 200 jogos disputados na liga) deram rapidamente nas vistas e Streltsov tornou-se rapidamente na estrela do bloco de leste. A fama era tal que ainda hoje o passe de calcanhar tem o seu nome no futebol russo. Símbolo de uma geração que procurava desatar-se das amarras sociais, tornou-se num ícone para os adeptos mais jovens e para os descontentes com o regime. O seu sucesso significava a derrota dos clubes apoiados pelos elementos mais destacados do aparelho politico-social da URSS de então.

 

Nas vésperas do Mundial de 1958, onde a equipa soviética era uma das favoritas, o KGB abordou Streltsov e incitou-o a deixar o modesto Torpedo por um dos dois grandes clubes de então, o Dynamo (do próprio KGB) ou o CSKA (do exército). Reforçando a sua dedicação ao clube de sempre o jogador recusou, mesmo depois de o próprio Yashin ter sido enviado pela Federação a sua casa para demovê-lo. O não teve graves consequências. O jogador foi suspenso da selecção indefinidamente e semanas depois um dirigente do Partido Comunista, cuja filha tinha sido rejeitada pelo então sex-symbol do futebol russo, mandou-o prender sob a acusação de violação. Sem provas o caso arrastou-se pelos tribunais até que o KGB surgiu de novo em cena e na prisão convenceu Streltsov a confessar, prometendo que seria absolvido e que poderia incorporar-se aos colegas da selecção que estavam a poucos dias de partir para a Suécia. O jogador aceitou o pacto mas acabou por ser condenado e enviado para um gulag na Sibéria. Aí passou sete longos anos. A URSS decepcionou no Mundial mas venceu o Europeu de 1960 e o mundo do futebol, então rendido aos grandes craques ibéricos e brasileiros, esqueceu-se do mago russo.

 

Em 1965 acabou o período de cativeiro e um debilitado Streltsov foi solto pela policia. O Torpedo reincorporou-o de imediato ás suas fileiras e apesar de ter perdido a velocidade e poder de explosão que tinha aos 21 anos - quando foi encarcerado - ainda tinha talento nos pés. Nos cinco anos seguintes tornou-se de novo no melhor jogador russo tendo mesmo logrado o feito de levar o pequeno Torpedo ao titulo de campeão em 1965. Foi dois anos consecutivos jogador do ano e voltou à selecção se bem que sem o brilho de antes. Nessa segunda etapa tornou-se ainda mais letal na área marcando uma média de 20 golos por ano. Aos 33 anos, por problemas de saúde, deixou definitivamente os relvados afastando-se imediatamente da ribalta. Faleceria em 1990, vitima de cancro, depois de vários anos onde sofreu o resultado dos dias no campo de concentração onde esteve preso. Nunca falou sobre essa etapa e mais tarde soube-se que continuava vigiado e ameaçado pelo KGB para manter-se na sombra. Após a sua morte tornou-se num símbolo da Rússia pós-URSS e hoje em dia é uma figura reabilitada no futebol russo. No entanto a esmagadora maioria do mundo continua a desconhecer o génio irreverente do herói do gulag.



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Quinta-feira, 09.06.11

Um ano depois, Em Jogo volta a divulgar o nosso particular Top 10 de jogadores que marcaram a última temporada. Uma análise dos dez nomes mais marcantes que definiram o rumo das principais ligas e provas europeias. Um top baseado não só nas exibições mais estelar mas sobretudo na sua constância e evolução demonstrada desde o arranque da temporada, no passado mês de Agosto até ao passado mês de Maio. Uma lista, como não podia ser de outra forma, liderada pelo astro argentino Lionel Messi, o jogador mais influente de 2010/2011.

 

1. Lionel Messi

 

Aos 23 anos, Leo Messi sabe perfeitamente conjugar o verbo ganhar.

Depois de três Champions League (duas das quais onde foi determinante), cinco Ligas, 1 Taça, várias supertaças, 1 Mundial de Clubes e dois Ballon´s D´Or cabe perguntar como é que um jogador tão novo encontra motivação para melhorar de ano para ano. Os números de Messi, a sua precocidade, só encontram paralelo nos de Pelé, que à sua idade já tinha ganho dois Mundiais e várias provas nacionais e internacionais com o seu Santos. O argentino já meteu a velocidade de cruzeiro nessa corrida por entrar na história e o seu papel na definição do futebol contemporâneo está suficientemente documentada. Em 2010/11 conseguiu o impossível, melhorar. O seu posicionamento táctico na estratégia de Pep Guardiola como o falso nove que era quando chegou a La Masia ajudou a aperfeiçoar o seu estilo de jogo e deu-lhe de novo o protagonismo absoluto na época memorável dos blaugrana. As suas arrancadas, o jogo de tabela e a precisão do remate são já imagens de marca mas na época que finda Messi afirmou-se igualmente como um assistente de primeira. Perdeu a Bota de Ouro no seu duelo pessoal com Cristiano Ronaldo mas bateu-o claramente em assistências, o que o confirma, sobretudo, como uma dessas individualidades que aposta, sobretudo, no jogo colectivo. Com ele o modelo do Barcelona, com todo o seu academismo perfeccionista e geométrico, ganha esse toque de improvisação potrera que o torna ainda mais grande. Messi ajudou a decidir a Liga, levou a equipa às costas durante a reconquista europeia e agora só lhe falta fazer as pazes definitivas com o povo argentino. A Copa América, que arranca daqui a nada, será a ocasião perfeita. Cruyff, Di Stefano, Eusébio, Puskas, Baggio, van Basten, Platini e Zico não precisaram de um Mundial para entrar na história. Messi também não, digam o que disserem, ele já é a história!

 

2. Cristiano Ronaldo

 

A grande frustração de Cristiano Ronaldo chama-se Messi.

Se no mundo do faz de conta o argentino não existisse (ou pelo menos, não tivesse aterrado na realidade blaugrana), o português podia reclamar para si o titulo de melhor do mundo. Individualmente é um dos jogadores mais desequilibrantes das últimas décadas. Tem todas as condições para brilhar e a sua faceta goleadora, uma nova obsessão, marcou a letras de ouro a sua temporada passada. Cristiano Ronaldo marcou 41 golos na liga espanhola, 53 no total de todas as provas. Números espantosos para um jogador que nem joga como avançado mas que sabe que tem um esquema táctico desenhado à sua medida. O português conquistou a sua segunda Bota de Ouro (igualou Eusébio e Fernando Gomes como o português com mais vitórias no troféu) e marcou ainda o golo decisivo na final da Copa del Rey, a única ocasião em que o Real Madrid soube bater o Barcelona. Mas acabou por ter de viver à sombra da grande época blaugrana.

Se a sua veia goleadora reforçou o seu estatuto de estrela, a verdade é que a cada ano que passa, Cristiano Ronaldo torna-se um jogador cada vez mais individualista, num duelo contra o Mundo, contra a história e, forçosamente, contra Messi. Enquanto o argentino faz da associação colectiva a arma que potencia a sua individualidade, Ronaldo é a negação do jogo conjunto, apesar de ter encontrado em Ozil e Benzema parceiros dispostos a dar-lhe o ar que precisa. Assinatura pendente para o próximo e intenso ano em que se espera muito (e melhor) de um jogador que também já entrou na história do beautiful game.

 


 

3. Falcao

 

Bater o recorde de Jurgen Klinsmman não é tarefa para qualquer um. Não o digam a Falcao.

O colombiano do FC Porto é o avançado de moda do futebol europeu. E quem duvida disso? Depois de um primeiro ano de adaptação em que superou as expectativas, o ex-avançado do River Plate realizou a sua melhor época profissional ao serviço dos dragões de Villas-Boas e tornou-se na peça fundamental para o FC Porto conquistar um poker inédito no seu historial. Melhor marcador da Europe League (15 golos em tantos jogos), segundo melhor marcador da Liga Sagres, apesar da sua prolongada ausência por lesão, Falcao voltou a demonstrar o bom olho de Pinto da Costa para avançados com fome de golo e deixou os departamentos de observação de vários clubes de top a pensar como deixaram escapar tamaha pérola. Aos 24 anos o colombiano está em plena forma e será, sem dúvida, um dos grandes atractivos da próxima Copa America. O Dragão deverá começar a preparar-se para a despedida porque não é provável que os grandes da Europa o percam de vista no próximo ano.

 

4. Eden Hazard

 

Zidane já o tinha anunciado e quem segue a espantosa evolução do futebol belga não podia deixar de pensar o mesmo. Eden Hazard está chamado a fazer história. Aos 20 anos tornou-se no mais jovem jogador a ser eleito Jogador do Ano pela Ligue 1. Não é por menos. Depois de formar-se em Lens, tornou-se no patrão de jogo, alma e génio, do modesto Lille que rompeu com os prognósticos e sagrou-se campeão francês pela primeira vez em 56 anos. O talento criativo de Hazard relembra, mais do que o génio gaulês que o apadrinha, o estilo de jogo do dinamarquês Michael Laudrup. Rápido, ágil e com golo nos pés, o belga é igualmente o lider de uma geração que se propõe a recolocar o futebol belga no lugar de onde há muito está afastado. O Lille fará de tudo para o segurar com o atractivo da Champions League (um pouco como farão FC Porto e Dortmund com as suas estrelas), mas é fácil imaginar que muito brevemente a classe de Hazard esteja a desfilar pelos grandes palcos europeus.

 

5. Xavi Hernandez

 

Quando Xavi Hernandez recebe a bola, o Mundo pára. Na sua cabeça. Como um axedrezista sobredotado, o número 6 do Barcelona sabe antever todos os lances que irão suceder nos instantes seguintes. E molda-os a seu belo prazer. Ele é a base deste modelo de jogo que tanto encandila ao mundo. Se Messi traz o rasgo individual, Xavi pauta a coordenação colectiva. Herdeiro da filosofia cruyffiana, que começou com Milla para depois confiar-se a Guardiola, ele define o modelo de jogo. Recuado, lê nas entrelinhas, traça a régua e esquadro e depois contempla a sua criação. Se o futebol do Barcelona é milimétrico, estudado até à perfeição pelos aplicados alunos da Masia, Xavi é o professor catedrático por excelência. A cada jogo, um novo curso, um novo gesto de superioridade mental. Com Messi cada vez mais recuado, Xavi cedeu o protagonismo do último passe, recuou dez passos no terreno e aprendeu a controlar à distância. Mas continua a ser ele, e só ele, quem mantém a máquina blaugrana perfeitamente oleada.

 

6. Carlos Tevez

 

Na problemática realidade chamada Manchester City é dificil encontrar um elemento que consiga deixar para segundo plano os (muitos) milhões gastos para formar uma equipa campeã que continua sem ganhar o titulo da Premier. O argentino Tevez logrou com o City uma das suas melhores épocas e levou às costas o conjunto citizen ao apuramento directo para a Champions League, algo inédito na sua história. Apesar do investimento milionário em Balloteli, Dzeko, Silva, Touré e companhia, foi a raça do "Apache" e o seu espirito de liderança nos meses mais complicados da gestão de Mancini que mantiveram o clube nos lugares de topo da tabela classificativa. A sua saída do City of Manchester podia provocar mais um terramoto emocional num clube que gastou muito mas nunca tão bem num jogador como naquele que foi, sem dúvida, o homem mais em forma da última Premier League.

 

 

7. Jack Whilshire

 

Foi uma aparição estelar, mais uma na lista de lançamentos relampagos patrocinada por Arsene Wenger. Se em 2010 o jovem Whilshire já deixava sensações especiais, a sua época em Londres foi absolutamente memorável. Num ano em que, mais do que nunca, Cesc Fabregas passou ao lado dos grandes momentos, foi o jovem internacional inglês que emergiu como lider e figura de um Arsenal que esteve perto da glória mas que acabou, como tem sido habitual, mergulhado no desespero. A explosão de Whilshire chegou também aos Pross e ajudou Capello a decidir-se finalmente por outro modelo de jogo, bem distinto ao apresentado na África do Sul. No duelo contra o Barcelona viu-se o melhor de Whilshire, um miudo com a eternidade à sua espera.

 

8. Javier Pastore

 

Ver jogar a Pastore é um delicioso requinte que convida a constantes repetições. Com uma técnica sublime e o mapa mundi da filosofia de futebol menotiano na cabeça, Pastore foi o sol que brilhou na Sicilia durante a última temporada dando sentido a uma época convulsa e problemática do Palermo. Não surpreende que meio mundo suspire pelo talento cirúrgico do jovem argentino, apenas ultrapassado em mediatismo no seu país natal pelo fenómeno Messi. O genial médio tem todo o potencial para tornar-se num dos jogadores mais importantes da década e a forma como move o jogo, qual axadrezista de primeiro nível, permite imaginá-lo nas grandes noites europeias nos próximos anos. Poucos jogadores podem sonhar com um futuro tão promissor.

 

9. Nuri Sahin

 

Aos 16 anos já era a maior promessa do futebol de formação na Alemanha. Precisou de cinco anos para explodir verdadeiramente mas a sua evolução confirmou todas as boas sensações que deixou quando foi lançado às feras da primeira equipa em plena adolescência. Nuri Sahin foi a bússula do entusiasmante Borussia de Dortmund, o braço direito de Jurgen Klopp no terreno de jogo e o idolo do Westfallenstadion na época que significou uma profunda viragem na história do clube mitico da Vestfália. Menos vertical que o seu amigo Ozil, outras das precoces promessas alemãs que deu o salto recentemente, o estilo de jogo de Sahin é mais pausado mas não menos determinante. O jovem que preferiu alinhar pela Turquia dos seus pais do que pela Alemanha adoptiva terá no projecto de Mourinho em Madrid a dificil tarefa de ordenar a casa. Especialista em tranquilizar quando os demais se entusiasmam, Sahin terá um desafio à altura do seu talento precoce. Emular uma época como a que agora termina será o seu grande desafio.

 

10. Edison Cavani

 

Quando a cidade de Napoles começou a sonhar com os dias de glória de Diego Maradona, quando o titulo se tornou uma realidade, os napolitanos trocaram as suas rezas habituais ao “dios” argentino e viraram-se para um jovem profeta uruguaio que levava as bancadas do San Paolo à loucura. Edison Cavani confirmou todos os predicados que o acompanham desde os seus dias como jovem estrela do futebol uruguaio. Durante largos meses pareceu ser o hércules que os napolitanos necessitavam na sua luta contra os grandes do norte. E mesmo que no final da corrida o Napoli se tenha ficado “apenas” pelo terceiro lugar, a época de Cavani foi um dos grandes atractivos da Serie A 2010/11.



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Quinta-feira, 24.03.11

Quando em 1965 os Beatles apresentaram ao mundo o album Revolver, a história da música moderna nunca mais voltou a ser o mesma. O conjunto de Liverpool tinha encontrado a sua alma e depois de vários albuns que soavam ao mesmo que se podia ouvir em qualquer sitio arrancaram para uma série de trabalhos inovadores e originais. Até ao fim. O seu nome ficou para a posteridade. Os das (muitas) restantes bandas não. Ao saber reciclar-se e inovar, os Beatles entenderam como se contorna a neurose da vitória, uma doença que abala fortemente o mundo do futebol. Os projectos desportivos têm vida curta e não sabem como encontrar a sua alma. Apagam e começam do zero. E a neurose vence. E a imortalidade vai-se.

 

 

 

O grande Ajax dos anos 70, aquele que deu azo ao conceito de Futebol Total, nasceu numa tarde fria de 1966. Dezembro para ser mais preciso.

O então modestissimo clube holandês, profissionalizado há um par de anos, derrotou o Liverpool inglês por 5-1. Com quatro golos na primeira parte. O público não conseguia acreditar. Bill Shankly também não. A equipa foi eliminada pelo modesto Dukla de Praga na eliminatória seguinte. E só três anos depois chegaria à sua primeira final (perdida por 4-1 ante o AC Milan). E só cinco venceria a primeira de três consecutivas. Durante esse periodo Rinus Michels, que herdou a mentalidade ofensiva de Vic Buckingham e uma fornada de jogadores maravilhosos capitaneados por Johan Cruyff, foi-se reinventando. Uns anos foi a defesa, outros o ataque, até que chegou ao conceito Total. Um projecto que tardou cinco anos até funcionar a todos os niveis. Uma eternidade para o futebol de hoje que, como todos, quer tudo já. O imediatismo tomou conta da sociedade e transformou o desporto num paciente neurótico crónico. Vencer deixou de ser o consagrar de uma ideologia, de uma escola, de um grupo. Passou a ser uma verdadeira neurose médica.

Como aquele conjunto ajaccied, também o Liverpool de Shankly começou a desenhar-se na Second Division, quando o escocês chegou e impôs o seu método e abriu passo ao Boot Room. Daria ao clube de Merseyside 20 anos de glória, mas Shankly nunca venceu uma Taça dos Campeões Europeus. Tratou, simplesmente, de preparar o caminho. Hoje a nenhum técnico lhe é permitido tanto. Os clubes, salvo raras excepções, pensam que a vitória é a única justificação. Esquecem-se de que há três ou quatro provas a disputar e muitos que as disputam. Os vencedores são a excepção, não a norma. E nunca poderá haver mais excepções do que normas. Pena ninguém se dar conta.

O Real Madrid era o clube de moda nos anos 50 quando a televisão resgatou o futebol do mundo da rádio. As gerações de então cresceram a admirar os "merengues" e clubes de moda nos anos 70 como Leeds e Monchenlagbach, mudaram o equipamento para o branco impoluto para reencarnar o espirito do clube de Madrid. Mas hoje o histórico vencedor de 9 Champions League vive num estado frenético e catatónico de dificil cura. A cada ano que passa sem titulos a histeria toma controlo da Castellana. O Real Madrid não aprendeu nunca a perder. Não aprendeu nunca a ter paciência. A confiar no tempo. Treinadores, presidentes, jogadores vão-se sucedendo em catadupa sem deixar uma marca de futuro impressa. Milhões e milhões de euros depois, os directivos do clube branco esquecem-se do mais importante: que só pode ganhar um e nunca é o mesmo quem ganha. Alguns, simplesmente, vivem num planeta à parte.

 

Se o Real Madrid é a epitome do futebol actual, desesperado pelo agora, incapaz de pensar no amanhã, o Barcelona tornou-se no exemplo perfeito da excepção. Do clube que ultrapassou a sua neurose pela vitória. E que assim conseguiu, finalmente, começar a ganhar. Olhar para o palmarés do Barça até 1990 dá pena. Pequeno demais para um clube tão importante. O vitimismo catalão criou amigos em todo o Mundo e dessa solidariedade social viveram os blaugranas até chegar Cruyff. O holandês soube unir o que de melhor tinha a escola holandesa (o pressing, o futebol de toque, as transições) e a escola catalã (a raça, o querer) e moldou a primeira equipa da cidade Condal a ter um sucesso real. Mas precisou de anos de derrotas para lá chegar. O Pep Team começou a moldar-se com a primeira derrota de Cruyff no banco do Barcelona. Ou, se quisermos, entre a tristeza da final perdida de Sevilla contra o Steaua (o vitimismo blaugrana no seu melhor) e aquela tarde de glória do Ajax em 1966. Os processos maduraram, a vicória deixou de ser tão importante. E o tempo ganhou o seu espaço. Hoje o Barcelona, mais do que um projecto consolidado, é um projecto filho de outros projectos consolidados. Preparado para perder, sabendo como ganhar. Todo o contrário do seu eterno rival que nunca soube lidar com a neurose da vitória.

Se o Barça é a excepção (como o Arsenal de Wenger ou o Manchester de Ferguson), a regra continua a ser a monotona postura das direcções que acreditam constantemente no começar do zero. O Sporting de Braga, a viver a sua era dourada, ameaça cair nesse erro deixando sair Domingos Paciência, um técnico que aproveitou a boa onda do projecto desportivo do clube (bem gerido desde a chegada de Salvador) para levá-lo a outro patamar. Recomeçar do nada apenas porque o sucesso interno não se reproduziu é o maior erro que pode cometer o conjunto bracarense. O Braga deve entender que o resultado de 2010 é a excepção. Para tornar-se norma tem de se tornar excepção mais vezes. E para ser excepção tem de haver anos onde a norma se imponha. Mais claro impossível. 

O Benfica, por outro lado, tem uma oportunidade de ouro de seguir um modelo que nunca funcionou na Luz, outro clube nervoso, como o Real Madrid, que lida mal com as derrotas mas pior com as vitórias. Quando a depressão da derrota é substituida pela euforia das vitórias, e dos titulos, o clube perde o norte. E esquece-se da realidade em que convive. Deixar partir Jesus, por muito polémico que o técnico possa ser, será sempre um erro porque o amadorense tem a vantagem de ter o tempo do seu lado para moldar um projecto de longo prazo. Mas para isso os adeptos e directivos têm de aprender a lidar tanto com o medo de perder como com a neurose de ganhar. Nenhum clube vence tudo todos os anos por muita demagogia que imprensa, directivos e equipas técnicas tentem vender. Quando superarem essa fobia, estarão no caminho certo, o mesmo que percorre o FC Porto há largos anos. O clube das Antas escolheu o presidente como figura central, em lugar do técnico, mas aprendeu a conviver com as vitórias. Talvez por isso nos anos em que elas, com naturalidade, não aparecem, nunca há tanto drama nem guerra civil entre os seus. Apenas a compreensão de que os ciclos são feitos de altos e baixos e não de circulos perfeitos. Uma licção que mais ninguém em Portugal parece ter aprendido e que será fundamental para que o futebol português possa crescer.

 

 

 

Olhar para os projectos falhados de Real Madrid, SL Benfica, SC Braga, ou qualquer outro clube contemporâneo, é como seguir uma das muitas bandas que, desde os anos 60, se repetem nas listas de vendas. Um êxito pontual, aqui e ali, e muitos singles atirados directamente para o esquecimento. A norma diz-nos que assim será sempre. Os Beatles tornaram-se únicos porque souberam ser iguais a si próprios e mesmo nos momentos de maior fracasso pareceram estar no controlo da situação. Yellow Submarine não está à altura de Revolver, mas abriu passo a Sg Peppers Lonely Hearts Club Band ou The Beatles, as suas obras-primas. Da mesma forma que o Barcelona de Antic, por exemplo, é um oásis num projecto que conta com Cruyff, Robson, van Gaal, Rijkaard e Guardiola no seu best of. Bandas históricas, como clubes com projectos de futuro, sempre souberam lidar com a neurose da vitória. Eles são a excepção. Será que algum dia poderão tornar-se na norma?



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Terça-feira, 04.05.10

Com o final da Eredevise 2009/2010 o Em Jogo viaja até aos largos meses da primeira grande liga europeia que chega ao fim e elege o 11 ideal do torneio. Foram vários os jogadores de primeiro nível que ficaram de fora da corrida ao 11 do Ano. Poderiamos ter incluido Keisuke Honda, fulcral na primeira parte da época para o VV Venlo. Poderiamos ter escolhido o miolo do Ajax também com De Zeeuw, fulcral na recuperação da equipa. Ou os centrais mexicanos, Salcido e Moreno, dois jogadores a ter em atenção no Mundial. Sabendo que certamente erramos e cometemos alguma que outra injustiça, aqui fica a nossa proposta para o melhor da Liga Holandesa da última temporada.

 

Sergio Romero

(AZ Alkmaar)

 

É um dos grandes achados do ano. O guardião argentino, mais do que provável titular da selecção albiceleste no próximo Campeonato do Mundo, foi parte gorda do surpreendente sucesso do AZ na época passada. Este ano sofreu com a quebra de forma do conjunto de Alkmaar mas mesmo assim exibiu alguns dos melhores números das ligas europeias. Defesas impossíveis, uma segurança espantosa e um futuro brilhante. É um dos nomes próprios por excelência desta Eredevise.

 

Gregory van der Wiel

(Ajax)

 

Confirmou tudo o que dele se esperava. Já na época passada muito se falou sobre o potencial deste rapidíssimo lateral-direito. A espantosa época ao serviço dos ajaccied, apesar das lesões, confirmam-no como o melhor lateral do futebol holandês e o mais que merecido titular da Orange no próximo Mundial. Rápido a atacar, sério a defender, van der Wiel foi uma constante dor de cabeça para avançados e defesas rivais. Actualmente tem potencial para qualquer grande da Europa.

 

Jan Vertoghen

(Ajax)

 

Depois da saída de Vermaleen, o Ajax voltou a recorrer à escola belga. E com juros. A dupla Vertoghen-Alderweireld foi um dos esteios da recuperação do conjunto de Amsterdam, depois de um titubenate arranque. O central titular da equipa nacional emergiu como o grande lider do sector defensivo, impondo uma autoridade anormal para um jogador tão novo. Uma margem de progresso significativa deixa antever que rapidamente também ele atravessará o canal da Mancha.

 

Douglas

(Twente)

 

Nesta lista poderiam estar Salcido do PSV ou Moreno do AZ. Mas a margem de progressão ao longo do ano do central brasileiro foi de primeiro nivel. Douglas, um jovem central da selecção sub-20 canarinha, chegou, viu e venceu na dificil liga holandesa. Especialmente para um defesa pouco habituado à rotina ofensiva europeia. O jovem central impôs-se rapidamente no onze e foi crescendo ao lado de Moreno a ponto de se tornar peça chave no estilo de jogo da equipa. Uma das revelações da época.

 

Sebastian Pocognoli

(Twente)

 

O potencial do futebol belga tem assombrado os mais desatentos olheiros. Entre as grandes promessas está o lateral esquerdo do Twente. Elemento fulcral no equilibrio defensivo do onze de Enschede, Pocognoli foi convencendo os mais cépticos e num só ano saltou do banco para a titularidade absoluta no clube e na selecção. Competente a subir, certo no posicionamento defensivo, é um dos elementos mais fiáveis do histórico Twente.

 

De Jong

(Ajax)

 

É tradição histórica que o Ajax tenha um pulmão no meio-campo dificil de bater em qualquer circunstância. Actualmente o herdeiro é De Jong. Médio de muito músculo e grande sentido táctico, ao bom estilo ajaccied, De Jong é igualmente um rematador de primeira e um primor técnico. O equilibrio com De Zeeuw foi chave para dar liberdade ao trio ofensivo de Pantelic-Suarez-Suljemani. Elemento chave na estratégia defensiva de Martin Jol, foi um dos obreiros do novo rosto positivo que deu o conjunto de Amsterdam esta época.

 

Miroslav Stoch

(Twente)

 

Foi o ano de confirmação da grande promessa do futebol eslovaco. Emprestado pelo Chelsea, o médio ofensivo foi o pendulo perfeito para as rápidas transições do onze do Twente, entre o batalhador meio-campo e o ataque de Ruiz, Perez e Osei. Letal nas bolas paradas, fulcral nas assistências, ganhou os galões de herói na épica campanha do modesto clube.

 

Ibrahim Afellay

(PSV)

 

Depois de três anos torna-se claro que a Holanda é já demasiado pequena para o genial extremo direito do PSV. O médio que em 2007 explodiu definitivamente confirma agora que é um dos jogadores mais rápidos e letais do futebol do país das tulipas. Os seus golos e assistências, e a forma como soube combinar bem com Dszudzak e Toivonen, garantiram que o clube de Eindhoven tivesse aguentado quase até ao fim na luta pelo titulo.

 

Balazs Dszudzak

(PSV)

 

Foi um dos anos mágicos para o jovem hungaro. Começou o ano de forma explosiva e chegou a soar como reforço de Inverno de vários grandes do "velho continente". Acabou por ficar e perdeu algo de gás à medida que a época se foi desenrolando mas entra no onze do ano especialmente porque Honda, a grande sensação da primeira volta, saiu em Janeiro para Moscovo.

 

Luis Suarez

(Ajax)

 

Sem dúvida o jogador do ano. Melhor marcador do torneio, um dos mais proliferos goleadores da Europa, o uruguaio confirmou que o Ajax é demasiado pequeno para o seu irrequieto talento. Provavelmente a melhor pérola a não actuar em nenhuma das cinco ligas principais, Suarez foi o porta-estandarte do Ajax desta época. Mas também da Eredevise. Não só se converteu em inesperado homem-golo, como continuou a trabalhar em assistências e jogo colectivo no carroussell de ataque montado por Martin Jol. Inimitável!

 

Bryan Ruiz

(Twente)

 

O costa-riquenho foi, por sua vez, a revelação do ano. Superou o fantasma que podia ter deixado em Enschende o genial Arnautovic e foi um dos goleadores da época sem nunca descurar a sua vertente colectiva. Bryan Ruiz foi um dos exemplos perfeitos da humilde e solidária formação do Twente. Os seus golos nos jogos decisivos mantiveram a equipa sempre na linha da frente e é mais do que provável de que no próximo ano esteja bem longe do futebol holandês.

 

Steve McClaren

(Twente)

 

Manager do ano sem dúvida. Depois do segundo lugar na época passada todos pensavam que o sonho do Twente tinha data de validade. Mas o ex-seleccionador inglês, literalmente expulsado do seu país depois do afastamento do Euro 2008, voltou a demonstrar sem um técnico de primeiro nível. Aguentou as baixas de Elia e Arnautovic, reforçou-se bem, manteve uma estrutura defensiva sólida e nem permitiu que o precoce afastamento da Champions afectasse a moral das tropas. Perdeu a liderança e soube recuperá-la. Foi fiel a si mesmo durante toda a liga. E aguentou a investida final do mais temivel rival. Um justo prémio para um treinador que mostrou o quão todos estavam errados.

 



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Segunda-feira, 21.12.09

As únicas equipas campeãs em Dezembro são as do continente americano. O honorífico título de campeão de Inverno vende jornais mas não otorga títulos com direito a estatistica incluída. Ao terminar o ano há os primeiros campeões honoríficos mas o passado ajuda a perceber que chegar à frente no final do ano pouco impacto tem quando as contas realmente se fazem já com a Primavera a chegar ao seu final.

 

Braga e Benfica, Barcelona e Chelsea, Bordeaux e Inter, Bayer Leverkusen ou Twente. São os prováveis campeões das ligas europeias em Maio ou um reflexo apenas de uma circunstância puramente conjuntural? A experiência diz-nos que se verifica mais o segundo que o primeiro caso. Num jogo repeleto de improbabilidades como é o beautiful game, fechar o ano na liderança é sempre um plus anímico mas com a maioria dos campeonatos ainda sem chegar à sua respectiva metade é demasiado precipitado anunciar campeões. Apesar das pequenas celebrações em alguns balneários por essa Europa fora.

No final de contas é a diferença pontual mais do que a posição na tabela classificativa quem dá sentido à analise da época com a paragem natalicia. Exceptuando a Premier League, que em lugar de levantar arraiais entra numa espiral competitiva única, as restantes ligas dizem até já. E só em principios de Janeiro voltarão a encher estádios num mês, aliás, pautado pelas habituais eliminatórias das taças nacionais e de outras competições criadas para aumentar as depauperadas receitas de bilheteiras por esse continente fora.

 

Olhando para as tabelas classificativas é fácil entender que de todos os proclamados campeões de Inverno, só existe uma equipa que pode ir colocando o champagne no congelador: o Inter de José Mourinho.

Apesar das criticas cada vez mais intensas e das dificuldades que se antevêm com a eliminatória europeia frente ao Chelsea os neruazzurri continuam a fazer da Serie A um passeio com a ajuda preciosa dos rivais mais directos. Nova derrota da Juventus - frente ao último - e a vantagem que se amplia a nove pontos com dezassete jogos disputados. Pelo meio está o AC Milan, a oito pontos e com menos um jogo, adiado devido ao mau tempo. Mourinho sabe que para se dedicar a 100% na Europa deve ter uma vantagem confortável na prova doméstica e a vitória de ontem frente à Lázio, num exercício de pura eficácia, praticamente deixa as contas bem encaminhadas. Uma situação invejável que mais nenhum clube europeu pode presumir.

O único onze que está numa situação similar é o sempre competitivo Girondins Bordeaux. Depois de uma fase de grupos mágica na Champions League - bafejada com um sorteio alentador - os girondinos puderam finalmente concentrar-se em renovar o titulo doméstico. A categórica vitória por 4-1 frente ao Lorient e os enésimos tropeções de Lyon e Marseille abriram uma brecha dificil de sanar na classificação. Oito pontos de vantagem com metade do campeonato cumprido sendo que os de Lyon têm um atraso já de 10 pontos. Recuperável mas em circunstâncias bastante complicadas.

 

Competitiva como nunca está a liga espanhola. O já oficial "Barça de las 6 Copas" lidera a prova mas apenas com dois pontos de avanço para o milionário Real Madrid, que depois de um inicio contestado tem trepado na classificação. Não fosse a derrota no Camp Nou e agora os merengues eram líderes. Não o são mas a vitória por 6-0 diante do Zaragoza deixa-os como a equipa mais eficaz e menos goleada. E dois pontos em Espanha não são absolutamente nada deixando para os próximos meses uma série de confrontos que poderão determinar se a vantagem blaugrana se anula ou, pelo contrário, volta a ampliar-se. E se a vantagem da Premier League é apenas de três pontos para o Chelsea, o facto da prova continuar de forma ininterrumpida até ao principio do ano deixa qualquer análise já bem entrado o mês de Janeiro, já em Portugal a época fecha como decorreu. O Sporting de Braga continua ano frente e pela primeira vez na sua história dobra o ano no primeiro posto. Algo que nem o Boavista logrou quando se sagrou campeão, tendo assaltado a liderança apenas em finais de Janeiro. O conjunto bracarense tem vindo a perder pontos importantes que o impedem de liderar em solitário mas mantém elevados os altos níveis de competitividade. Com os mesmos pontos caminho o Benfica. O onze de Jorge Jesus sabe o que significa acabar o ano em primeiro, nem que seja em ex aqueo. Já o ano passado Quique Flores foi "campeão de Inverno". E de pouco lhe valeu. A vitória ontem diante de um FC Porto a milhas do que pode fazer voltou a manter a diferença entre o duo da frente e o seu perseguidor em quatro pontos. Uma diferença infima e que deixa a luta pelo titulo adiada para os próximos meses com a particularidade de que o Braga não terá de suportar os dificeis duelos europeus.

 

Com a neve a congelar mais de meia Europa e os temporais a anunciar a chegada do "general Inverno", o futebol na Europa entra em modo de pausa. Se a paragem é larga em paises como a Alemanha - onde o Bayer Leverkusen se consagra como a grande revelação - e Holanda, já no sul a pausa é apenas de duas semanas, mais por motivos festivos do que pela intempérie que se vai vivendo. Dentro de nada a bola voltará a rolar e as diferenças que ditam os campeões de Inverno rapidamente se anularão ou até se ampliarão. Mas acreditar que fechar o ano à frente é sinónimo de festa no caloroso Maio é ignorar o principio mágico deste jogo: só acaba quando realmente acaba.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:12 | link do post | comentar

Segunda-feira, 02.11.09

O AIK Solna voltou a sagrar-se campeão. Um dia redondo para os adeptos que esperavam há já 11 anos para conseguir o 11 título. Uma vitória clara de um conjunto que marcou o futebol sueco do final dos anos 90 e começa agora a ressurgir de novo para a ribalta desportiva. Os amarelos estão em festa.

Solna é um pequeno subúrbio da grande Estocolmo, capital do reino e princesa do Báltico. Poucos ouviram falar dela até há uns anos atrás um clube ter catapultado de novo o nome da localidade para as capas de jornais. O AIK, de amarelo e preto, quebrava a hegemonia do trio de grandes do futebol do sul composto por IFK Goteborg, Malmo e Norkoping e abria uma cisão entre o passado e o presente do futebol nórdico. Fundado no popular bairro de Solna, então pertencente à capital, o clube consolidou o seu poderio nos anos 30 onde venceu 7 dos seus actuais 11 titulos. Nos anos 50 Solna tornou-se uma localidade independente e o AIK permaneceu fiel aos seus terrenos históricos. Mudou o nome mas manteve-se habitué do Rasunda Stadion, o mesmo da selecção nacional. Então começou o seu declive desportivo, tanto contra os rivais da capital - Hammarby e Djurdgarden - como com os clubes do sul. Durante 60 anos a equipa não voltou a saborear um titulo apesar de continuar a ser tratada com a reverência de um grande. Um grande adormecido! 

 

No arranque desta época o conjunto de Solna não estave entre os favoritos. Uma formação baseada em jovens locais e apenas cinco estrangeiros (dois argentinos, um eslovaco, um brasileiro e um holandês) destoavam da formação tipicamente sueca. O técnico Mikel Stahre tinha um árduo trabalho pela frente, até porque o IFK Goteborg, também longe dos seus melhores dias, exibia-se de forma demolidora no arranque do torneio. A pouco e pouco o AIK foi trepando na classificação e quando chegou ao primeiro posto nunca mais o deixou. Com uma equipa sem estrelas nem grandes promessas da temível selecção sueca de sub-21, aos amarelos bastou-lhe um conjunto homogéneo e sólido. Foi aguentando as investidas dos rivais e amealhando pontos preciosos em terrenos complicados. Kalmar, Elfsborg, Hammarby, Helsinborg e companhia tentaram acompanhar o ritmo do conjunto amarelo mas só os rivais de Goteborg se dispuseram a lutar até ao final. Este fim de semana decidia-se tudo e os dois grandes voltavam a olhar para a classificação e a fazer contas.

O AIK tinha perdido sete jogos contra seis do IFK. Mas partia com um simples ponto de avanço graças à maior regularidade, particularmente na segunda volta. O jogo no mitico Ullevi em Goteborg ia decidir o título. Era o duelo que todos esperavam. Os adeptos locais encheram o recinto para apoiar a sua equipa mas o dia era dos eternos rivais. Um jogo disputado, do principio ao fim, e um resultado determinante. Vitória por 1-2 dos visitantes e o titulo celebrado, mesmo ali, no relvado do eterno rival. A equipa até tinha estado a perder. Mas o caracter ganhador veio ao de cima. A conexão Antonio Flávio-Ivan Obolo voltou a funcionar. E ambos fabricaram o golo do empate. O golo do titulo. Para evitar contas perigosas surgiu Daniel Tjernstrom. A poucos minutos do final fechou o campeonato de forma definitiva. E ajustou as contas pendentes com todas as derrotas da última década do histórico clube do norte.

 

Para o próximo fim de semana há taça e repete-se o duelo, agora em Estocolmo. Poderá ser o ano da dobradinha e em Solna a euforia é total. Vem aí o duro inverno e o campeonato termina. Para o ano já se sonha com repetir o feito. Na capital pede-se que chegue depressa a Primavera. Pelo menos este Inverno será mais fácil de suportar. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 17:15 | link do post | comentar

Quinta-feira, 01.10.09

Numa das mais movimentadas ruas de Sliema encontramos a sede do clube com mais história da paradisíaca ilha de Malta. A porta abre-nos para um mundo de recordações, com equipamentos de outras eras expostos e um convite a provar alguns dos pratos tipicos. Com os olhos postos no porto de La Valleta, os adeptos suspiram. Depois de uma década gloriosa o mitico Sliema Wanderers atravessa uma grave crise desportiva. aGORA espera ter dado o golpe de efeito necessário para voltar aos melhores dias.

 

Para os mais despistados o futebol maltês é um misterio. O pequeno país mediterrânico é, no entanto, pela sua influência anglo-italiana, um dos primeiros países europeus a regularizar aquele que viria a ser o desporto do século. A Federação Maltesa e a liga de clubes, hoje conhecida como BOV Premier League (pelo patrocinio do Bank of Valleta) é das mais antigas da Europa e data de 1901. Uma prova mais do que centenária e que, no entanto, nunca teve repercursão internacional. Os clubes locais contam com poucos jogadores estrangeiros e as suas perfomances nas provas europeias saldam-se por eliminações precoces. Apesar de ser um campeonato longe do nível de muitas das ligas do continente, o futebol em Malta é vivido com paixão. A antiga colónia inglesa segue com paixão o futebol britânico mas também o Calcio da vizinha Itália. Pelo meio estão os clubes locais. Pequenos, humildes e sem grandes estrelas. Mas que também levantam paixões.

 

O mais marcante dos clubes da ilha é sem dúvida o Sliema Wanderers.

Conjunto fundado em 1909, celebra este ano o seu centenário. Mas sem grandes motivos para festejos. Na cidade hoteleira por excelência da ilha, de olhos voltados para a histórica capital, vivem-se dias angustiosos. A bela cidade portuária celebrou já 26 titulos de campeã da ilha. O clube é um dos grandes orgulhos locais especialmente por ser o conjunto maltês com mais trofeus, entre liga e taça. A primeira vitória remonta a 1920. A última a 2005. No novo século o Sliema mandou na Premier League de Malta com autoridade quase ditatorial. Um tricampeonato sem hipóteses para os rivais históricos de La Valleta e Floriana, as duas cidades vizinhas. Mas desde 2005 a equipa caiu em picado. Mudaram-se os técnicos, renovou-se o plantel mas os resultados continuam sem chegar. Hoje a equipa logrou o seu primeiro triunfo da época, já lá vão quatro jornadas. Num jogo contra o modesto Msida, o conjunto venceu por 2-0 mas continua na parte baixa da tabela da classificação. Numa liga composta por 10 clubes (no total há 50 clubes na ilha, incluida a vizinha Gozo que tem uma liga própria e uma selecção dos melhores jogadores que disputa a liga de Malta) que se disputa em duas rondas. A primeira, a duas mãos, define quem se apura para a pool de campeões, onde só participam os seis primeiros. Os restantes conjuntos lutam para evitar a despromoção. O histórico Sliema sempre lutou pelo titulo. Agora luta para não descer.

 

A liga maltesa este ano voltou à ribalta pela chegada de Jordi Cruyff, filho do mitico técnico e ex-jogador do Barcelona e Manchester United, que trabalha como jogador-treinador do rival La Valleta. A presença da selecção no grupo de Portugal (com quem fecha a fase de apuramento em Guimarães) despertou também a curiosidade de alguns adeptos. Na ilha a qualificação para o Mundial é um tema secundário, estão habituados a sofrer dissabores. Na prova interna a questão é bem distinta. O Birkirkara FC, clube da cidade mais populosa da ilha, é a nova sensação da liga. O Hibernians FC conquistou o décimo trofeu mas parece ter dificuldades em revalidar o titulo. O Sliema sofre e os seus rivais históricos, Floriana (25 ligas) e La Valleta (19) sonham em alcançar a cifra mágica de lider do futebol da ilha. Todos os fins de semana a emoção desperta os adeptos locais que têm de deslocar-se habitualmente ao Ta´Qali, o estádio nacional. Exceptuando o Hibernians, todos os clubes malteses disputam os seus jogos no Estadio Nacional, disputando dois jogos ao dia. Localizado no coração da ilha, o recinto recebe todos os encontros e é a casa de devoção dos adeptos locais. Incluindo os do Sliema que hoje celebram o regresso aos triunfos.

 

O conjunto azul e branco quer terminar o seu ano centenário da melhor forma. Os adeptos ainda acreditam que o conjunto de Stephen Azzopardi pode dar a volta por cima. Nas suas filas só há quatro jogador estrangeiros. O costa-riquenho Victor Coto, o australiano Daniel Severino, o italiano Valerio Mottola e a estrela, o sérvio Kosta Bedjov. Mas nesta vitória histórica os golos tiveram a marca da casa. Depois de um auto-golo rival após um centro do capitão, coube ao substituto John Mintoff a honra de confirmar o triunfo. Jogador da formação do clube, como a esmagadora maioria das apostas do técnico para esta ronda vitoriosa. A eles coube o papel de heróis. Os adeptos do centenário maltês esperam que esta vitória não seja um oásis. E sonham de novo com as marchas de vitória num dos passeios maritimos mais hipnotizantes do globo terrestre.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 20:15 | link do post | comentar

Domingo, 23.08.09

É claramente uma das melhores surpresas deste arranque de época mas os mais atentos ao futebol oriental já o conhecem há algum tempo. A grande promessa do futebol japonês, Keisuke Honda é hoje um alvo apetecido pelos grandes clubes europeus, não só pelo possivel marketing que possa gerar no mercado oriental mas pela sua técnica e velocidade que fazem dele um extremo demoniaco.

O VV Venlo deve estar a esfregar as mãos de contente. Arriscaram num desconhecido e podem ter ganho a loteria. A imprensa já fala num interesse do Liverpool e Chelsea, mas é indismentivel que qualquer clube europeu quererá ter nas fileiras o mais promissor futebolista do sudeste asiático, o maior mercado emergente do mundo. No entanto, e ao contrário de alguns antecessores como Ono ou Inamoto, este demoniaco extremo tem magia nas pernas. E há cinco anos que vai amadurecendo o seu futebol de forma a tornar-se hoje num alvo a abater por qualquer defesa rival. Mas pará-lo é que é o grande problema. Em 53 jogos pelo conjunto holandês apontou 22 golos e fez mais 10 assistências. Os seus niveis de eficácia são absolutamente espantosos e aos 23 anos tem ainda uma larga margem de progressão. E tudo começou no pequeno Settsu Club em Osaka, onde aos 12 anos começou a brilhar. Foi eleito com 15 anos uma das grandes promessas nipónicas e assinou pelo Nagoya Grampus onde explodiu verdadeiramente com 20 anos. Em 55 jogos apontou 12 golos e fez 20 assistências. Tornou-se assiduo da selecção sub-23 japonesa e marcou presença nos mundiais de 2005 e nos jogos olimpicos do ano seguinte. Hoje já é titular indiscutivel da equipa principal japonesa.

Depois de três anos em Nagoya deu o salto para a Europa. O desconhecido VV Venlo da Holanda descubriu-o numa das muitas viagens feitas pela Ásia do clube e não hesitou em contratá-lo. Tinha então 21 anos e um potencial tremendo. Numa época logrou impor-se apesar do clube estar então na segunda divisão. Utilizado a extremo mas também a defesa esquerdo (uma tendência habitual na Holanda que o Ajax também utiliza com Emanuelson e o PSV com Zonneveld) o jovem impressionou pela capacidade técnica e velocidade. Graças a ele o clube realizou uma época notável tendo sido promovidos à Eredevise. Começaram a surgir rumores por essa Europa fora que havia ali um diamante em bruto e o Liverpool terá mesmo feito uma oferta, mas que foi pequena demais para o levar para Anfield. Este ano, já com a liga holandesa quase com um mes de prova, tem sido o jogador mais em destaque da prova. Apontou já cinco golos incluindo uma bomba de 30 metros ao Utrecht e ainda teve tempo para mais três assistências. É graças ele que o pequeno conjunto está agora no 11 posto sem derrotas concedidas. E a época está só agora a começar para o "Keizer" Keisuke como lhe chamam no país das tulipas.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:53 | link do post | comentar

Sábado, 01.08.09

A partir do próximo dia 4 de Agosto o Em JOGO começará a analisar as principais Ligas Europeias que arrancam ao largo do mês. Uma análise ao contexto de cada competição, aos craques e jovens promessas que subirão aos relvados e também às equipas em prova.

 

Uma análise e antevisão que arranca com a Bundesliga e que englobará também a Ligue 1, Premier League, La Liga, Serie A e a Liga Sagres, que terá direito a uma cobertura especial nesta sua edição 2009/2010.

 

Sejam portanto bem vindos ao arranque de mais uma época desportiva do beautiful game aqui no Em JOGO.

 

 

Nota: Em relação ás transferências citadas, o Em Jogo realizou uma compilação actualizada até ao dia 1 de Agosto de 2009, pelo que podem existir dados desactualizados, pelos quais pedimos antecipadamente desculpas pela imprecisão. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 09:35 | link do post | comentar

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