Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2014

Acabou a novela do Ballon D´Or. Felizmente. Lembro-me com nostalgia das segundas-feiras em que passava pelo quiosque e via a capa da France Football. Só aí sabia quem era o vencedor. Nos dias da internet era possível na véspera confirmar os rumores dos jogadores que eram apanhados na foto da capa. Nada mais. Agora vivemos um autêntico circo mediático com posturas tão afastadas que o prémio se transformou numa guerra. No meio de tudo isto Platini volta a demonstrar a sua habitual hipocrisia e oportunismo. Um dos melhores jogadores do Mundo, o actual presidente da FIFA é também um demagogo consumado e dono de uma memória muito, muito fraca.

Começamos esta viagem com um disclaimer. O meu Ballon D´Or teria ido para Franck Ribery.

Nem isso signifique que não ache o ano de Cristiano Ronaldo absolutamente brutal. Nem quer dizer que não considere a Lionel Messi um ET do futebol. Na minha cabeça o Ballon D´Or é outra coisa. Nem é um prémio para o maior goleador (para isso há a Bota de Ouro), nem é um prémio para o Melhor Jogador do Mundo (para isso está a História). É um prémio temporal (365 dias, para a FIFA com alguns trocos pelo meio) e reflecte o que um jogador faz num ano num determinado contexto. O contexto colectivo (títulos, exibições) e o contexto individual (a sua importância dentro dessa dinâmica, o seu valor e o que representa). Esse é para mim o que significa o Ballon D´Or. Não significa que eu esteja certo ou errado. Pura e simplesmente, se pudesse votar, fá-lo-ia debaixo desses princípios. E para mim Franck Ribery representa o que de melhor se viu em 2013.

Dito isto, naturalmente, não posso deixar de me alegrar por Cristiano Ronaldo. Apesar de estar numa equipa milionária o abismo que há entre si e os seguintes melhores jogadores é imenso. Por isso - e porque Mourinho e o balneário merengue cortaram relações mal a época começou - o português não ganhou nenhum título em 2013. O que não o impediu de marcar como nunca, assistir como nunca e transformar-se definitivamente na reencarnação de Alfredo di Stefano que o clube necessitava. Ronaldo merece ter dois Ballon D´Ors pelo o que tem feito nos últimos seis anos da sua carreira desportiva. O prémio assenta-lhe bem, como uma luva. Mas chegou um ano mais tarde. Já Messi, imenso como é, conseguiu terminar em segundo lugar num ano em que só jogou seis meses. É um hino à forma como o argentino capturou a imaginação colectiva. Mesmo quando não está ao seu melhor Messi dá a sensação de ser o melhor. Há poucos futebolistas na história que o podem proclamar. Vencer o quinto Ballon D´Or consecutivo num ano como este seria ridículo mas estar aí relembra a todos que será muito difícil que Messi não vença mais dois ou três prémios destes. Basta não estar lesionado e o Mundo votará nele por defeito. Sentem que é o melhor que há e que o prémio representa isso. Michel Platini pensa de outra maneira. De certa forma estou de acordo com as suas declarações. O problema é que Platini funciona por oportunismo. Tem todo o direito a defender o seu "protegée" como qualquer outro adepto, ainda sendo presidente da UEFA. O que não pode é dizer que o modelo mudou precisamente este ano. Porque mudou. E nem foi este ano nem o ano passado.

 

Desde a fusão com o FIFA Award que o Ballon D´Or perdeu a sua inocência.

Nenhum prémio é perfeito mas o modelo histórico do troféu da France Football, confesso, faz para mim mais sentido. A partir do momento em que se abriram as votações ao Mundo, o prémio descaracterizou-se e transfomou-se num concurso de popularidade entre os dois monstros da nossa era. Façam o que fizerem os restantes jogadores sabem que nos próximos cinco ou seis anos será difícil que alguém se intrometa entre Messi e Ronaldo. O brasileiro Neymar - que acabou num surpreendente, ou talvez não, quinto lugar - é o único com o mediatismo suficiente para ambicionar quebrar essa hegemonia. Nesse contexto os jogadores que fazem parte da coluna vertebral do prémio não têm sentido. Ribery, Iniesta, Xavi e Sneijder teriam sido premiados noutro modelo. Com este estão destinados a aplaudir.

Antes deles houve outros que sim foram celebrados. O modelo histórico do Ballon D´Or premiou a Raymond Kopa, a Josef Masopust, a Lev Yashin, a Florian Albert, a Dennis Law, Gerd Muller, Allen Simonsen, Oleg Blokhin, Kevin Keegan, Karl-Heinz Rummenige, Igor Belanov, Lothar Mathaus, Hristo Stoichkov, Pavel Nedved, Andrei Shevchenko ou Fabio Cannavaro. São todos maravilhosos jogadores. Maravilhosos. E em cada ano fizeram méritos para vencer. Mas se o modelo aplicado à época fosse o vigente, nunca teriam vencido e Zinedine Zidane, Ronaldinho, Ronaldo Nazário, Johan Cruyff, Franz Beckenbauer, Eusébio, George Best, Alfredo di Stefano teriam seguramente bastante mais prémios dos que conquistaram. Para que façam uma ideia, em comparação com os quatro de Messi os geniais Zidane e Ronaldinho tiveram apenas um. A diferença não é tão grande, pois não? E aí entra na equação Michel Platini.

O francês foi, provavelmente, o melhor jogador europeu da sua geração. Até 1995 os jornalistas da France Football não podiam votar a não-europeus, mesmo que jogassem na Europa. Em campo, Platoche media-se com Zico, Sócrates, Maradona e Francescoli mas quando chegava a hora de votar, estava só. Em 1983 venceu o seu primeiro de três Ballon´s D´Or consecutivos. Consecutivos. Sob a sua teoria, esses prémios teriam de ter sido referenciado com algo mais do que o seu talento e charme. Títulos. Títulos colectivos imagino porque foi esse o seu argumento de defesa de Ribery. Em 1985, quando venceu o prémio pela última vez, Platini foi campeão europeu com a Juventus. Confirma. No ano anterior, o francês levou o seu país a vencer a sua primeira competição internacional, o Euro 84. Confirma. E em 1983, o seu primeiro ano como premiado, que venceu Platini? Nada.

A memória de Michel é curta mas nós ajudamos. Nessa temporada, ao serviço da Juventus, o francês ganhou a Supertaça italiana. Mas ganhou-a em Agosto de 1982, fora do ano temporal de 1983 a que se correspondia a votação. Nessa temporada o título italiano foi para a AS Roma. E o europeu para o Hamburgo, depois de ter derrotado a sua Juventus na final. A Platini restou a compensação de ter ganho o prémio ao melhor marcador da Serie A com 19 golos. Nada mais. E na votação final, a sua vitória foi esmagadora. E não sobre um jogador do campeão europeu (Hamburgo) ou italiano (Roma). Atrás de si ficou Kenny Dalglish, um dos melhores jogadores que nunca venceu o troféu, e que tinha vencido algo esse ano: o título inglês. Em terceiro ficou Simonsen, que por então já jogava no Vejle dinamarquês. Não foi a primeira nem seria a última vez que um jogador sem títulos ganharia o Ballon D´Or. Sucedeu com Stanley Matthews (aí o prémio foi mais honorifico que real), com Dennis Law, com Luis Figo ou com Kevin Keegan. A fraca (e selectiva) memória de Platini serve para relembrar que o triunfo de Cristiano Ronaldo afinal não é tão atípico como isso. Afinal, em 2012, não foi o argentino Leo Messi que ganhou (de forma surpreendente) o mesmo troféu com "apenas" um novo recorde goleador num ano mas sem títulos colectivos. Um recorde que superou outro, de Gerd Muller que, quando o conseguiu, não foi recompensado com o mesmo prémio. Nessa época, para vencer o Ballon D´Or, era preciso algo distinto!

 

O Ballon D´Or é cada vez mais um circo mediático e um prémio fechado. Impensável o esquecimento a que foi votado o Borussia Dortmund e muitos dos jogadores do próprio Bayern Munchen. É também um prémio que, se fosse votado ainda só pelos jornalistas, teria ido para Ribery como no passado teria ido para Sneijder em 2010, por exemplo. Na votação final nem no pódio ficou. Não é um prémio que respeite, nos moldes actuais. Não é um prémio bem gerido, a variação nas votações este ano, os votos falsos no ano passado, dão bem conta disso. É um prémio binómio que dista muito da sua ideia original. A que sabia premiar a Cruyff, Charlton e van Basten mas também sabia reconhecer que outros grandes jogadores realizavam grandes temporadas. Tenho saudades dessas segundas-feiras de manhã, desse quiosque e de uma capa com a cara de Philip Lahm, mais surpreendido do que eu. Platini seguramente não tem nostalgia desses dias. Se tivesse, um dos seus troféus estaria agora em casa de Dalglish ou Magath. Poderia oferece-lo a Ribery. Em nome da coerência!

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:53 | link do post | comentar

13 comentários:
De Charles a 15 de Janeiro de 2014 às 15:05
1º só rectificar, que eu saiba a taça do rei é um título colectivo, portanto Messi ganhou sim um título colectivo em 2012. Aliás desde a última Champions de Ronaldo que Messi não fica em jejum num ano. É um pormenor, mas convém, até porque pretende dar a ideia duma época miserável do Barcelona e de Messi, quando não o foi.
2º Falar de hipocrisia de Platini tem alguma lógica, mas o que dizer de Fernando Gomes?
Antes de ganhar: "A bola de ouro é um processo viciado"
Depois de ganhar: "Acima de tudo, para nós, representa que temos um jogador que em 2013 foi considerado como melhor do Mundo"

E como ele houve muitos e muitos a fazer a figura triste de só valorizar o troféu depois de o ganhar. Faz lembrar aqueles putos que quando estão a ganhar na peladinha está tudo bem, quando começam a perder pegam na bola e dizem que têm que ir embora.
Parabéns ao Mourinho por, pelo menos até agora, dizer que não acredita na bola de ouro e como tal, não ter voltado a ir à gala.


De Miguel Lourenço Pereira a 15 de Janeiro de 2014 às 15:16
Charles,

Está certissimo, o Barcelona ganhou em 2012 a Copa del Rey. Certissimo. O erro é meu. Mas também te digo, sinceramente, utilizar uma Copa del Rey como justificação de titulos colectivos para vencer um troféu parece-me ainda mais fraca que aparecer como merecido Bota de Ouro. O mesmo valeria para Ronaldo este ano, se o Real tivesse sabido ganhar ao Atlético. Chegamos ao extremo de considerar que ganhar uma Taça vale o mesmo nesta valoração individual/colectiva que uma liga e uma prova continental. E não me parece que seja o caso.

Eu estou livre para falar porque há anos que tenho dito que este prémio é uma farsa. Já expliquei o meu critério e mantenho-o e por isso acho que se Ronaldo devia ter ganho uma segunda vez o prémio seria em 2012 e não este ano. E que Sneijder ou Iniesta o deviam ter ganho em 2010 e Ribery este ano. É a minha apreciação pessoal e entendo que o Ronaldo esteja satisfeito por finalmente deixar de ser o eterno segundo mas creio que, no fundo, ele também sabe que o circo Blatter e a extensão das votações foram chave para ele vencer.

Quanto ao Mourinho, estou de acordo a meias. Quando venceu o prémio no primeiro ano não pareceu ter nenhum tipo de problema. Ainda que a vitória me parecesse da mais inteira justiça e sem qualquer tipo de discussão. Desde então não vi nenhum motivo para que voltasse a vencer o troféu e portanto para a sua súbita birra. Ele sabe que se voltar a ser campeão europeu com o Chelsea ganhará o troféu. Aí é que eu quero ver o que ele defende!


De Charles a 15 de Janeiro de 2014 às 15:32
Ninguém disse se a taça valia muito ou pouco. o que disse foi que a ganhou e nunca passou um jejum desde 2008.
Já o recorde de golos parece-me algo de transcendente e inalcançável no futebol moderno, mas se o Miguel não o valoriza, você é que sabe. Também, perder uma taça do Rei em casa, contra o rival da cidade, parece-me uma humilhação que não podia nem deveria ter sido esquecida.
Mas a campanha foi bem feita. Conseguiu transformar um jogo entre 2ºs classificados de fases de apuramento facílimas, numa final da Champions.

Quanto a Mourinho, se fizer isso, será um enorme palhaço. Por muitos defeitos que possa ter, não acredito que a palavra dele valha tão pouco.


De Charles a 15 de Janeiro de 2014 às 15:33
E atenção, por mim também vencia Ribery!


De Miguel Lourenço Pereira a 15 de Janeiro de 2014 às 15:50
Charles,

Odeio esta expressão mas vou utilizá-la porque neste caso parece inevitável "Eu sou do tempo" em que vencer uma taça nacional nem sequer era uma consideração para vencer que tipo de prémio fosse. Por isso, quando se trata do Balon D´Or, nem entra nas minhas equações (é válido para supertaças também, já agora). O que não quer dizer que não tenha o seu mérito e que o Barcelona não tenha tido uma série de títulos brilhantes nos últimos 6 anos que merece uma reverência absoluta.

O recorde de golos parece-me algo importante, sem dúvida, mas como referi no texto e noutros do estilo, para isso já existe a Bota de Ouro. Aliás o recorde original do Muller foi premiado com a Bota de Ouro, não com a Bola de Ouro precisamente porque nessa altura marcar golos não era o mais importante. Focar em excesso a importância de registos goleadores é eliminar definitivamente a possibilidade médios e defesas serem premiados por fazerem o seu trabalho tão bem como os avançados. Parece-me ridiculo que assim seja. Ninguém retira o mérito dos 91 golos do Messi mas não me parece que isso, por si só, justifique uma eleição de melhor do ano. Porque não se votam então o número de jogos que um guarda-redes não sofre golos, que, estatisticamente, está comprovado que é mais importante para vencer provas do que os golos dos Botas de Ouro? Valdés nunca entrou no top 10 (injustamente)!

Mas pelo tom do teu comentário, mais uma vez o que transparece, a nível geral, é que isto tornou-se em mais um pretexto na guerra dos messilibers e dos ronaldlibers. E isso foi, precisamente, aquilo que o Ballon D´Or nunca foi. E a mim nunca me importou tão pouco!


De Charles a 15 de Janeiro de 2014 às 16:32
O tom do meu comentário foi o de corrigir erros factuais do texto e de apontar dirigentes nacionais que fizeram figuras piores do que o Platini.

Já lhe disse que a bola para mim teria ido para Ribery e também acho que o Lewandowski, depois do que fez no confronto directo com o Ronaldo, foi muito injustiçado. No mano a mano foi ele que levou a sua equipa às costas.

Simplesmente me parece que claramente os feitos de Ronaldo este ano foram estupidamente exagerados face aos restantes concorrentes. Se vencer um play-off é muito bom, vencer um grupo sem ter que ir ao play-off é o quê? Se marcar 69 golos a equipas medianas em Espanha é muito bom, o que é marcar 4 golos ao Real numa meia-final da Champions? E já nem vou falar do campeonato interno onde foram arrasados no campeonato e humilhados na sua própria casa pelo Atlético de Madrid.
Basicamente, respondo-lhe com uma frase sua:
"O recorde de golos parece-me algo importante, sem dúvida, mas como referi no texto e noutros do estilo, para isso já existe a Bota de Ouro. Aliás o recorde original do Muller foi premiado com a Bota de Ouro, não com a Bola de Ouro precisamente porque nessa altura marcar golos não era o mais importante. Focar em excesso a importância de registos goleadores é eliminar definitivamente a possibilidade médios e defesas serem premiados por fazerem o seu trabalho tão bem como os avançados. Parece-me ridiculo que assim seja."

É que além do recorde de golos, o Ronaldo não teve absolutamente mais nenhum 1º lugar em nada.


De Miguel Lourenço Pereira a 15 de Janeiro de 2014 às 17:31
Charles,

Nós estamos totalmente de acordo. Totalmente. A figura triste nacionalista à volta do Ballon D´Or, quer quando se perde quer quando se ganha, é anedóctica. Aqui, na Argentina, em Espanha. O prémio tornou-se um circo quando já foi um fait diver. Um fenómeno alimentado pelas marcas, pelos empresários e pelos próprios clubes e que a maioria dos adeptos engole. E parece que, nos últimos anos, não se pode gostar ao mesmo tempo de Messi e de Ronaldo, não se pode dizer que os dois são brilhantes, que os dois são os melhores do Mundo a larga distância do 3º e que isto não é mais do que um jogo para o ego.

Eu pessoalmente acho o Messi um dos jogadores mais memoráveis que vi com uma bola no pé, ao vivo ou na tv. E acho que o Ronaldo está ao seu nivel agora como já esteve até 2009, e que nos últimos 5 ou 6 anos é o estado de forma (e em muitos casos, o valor do colectivo) quem tem empurrado um para cima do outro e vice-versa. Mas que ache os dois melhores não significa que pense que merecem ganhar um prémio que, para mim, representa outra coisa.

Os meus votos desde 2008, por exemplo, seriam os seguintes.

2008
1- Ronaldo 2 - Lampard 3- Messi
2009
1- Xavi 2- Messi 3- Ronaldo
2010
1 - Sneijder 2- Iniesta 3- Robben/Xavi
2011
1 - Messi 2- Iniesta 3- Ronaldo
2012
1 - Iniesta 2- Ronaldo 3- Drogba
2013
1 - Ribery 2 - Lewandowski 3- Lahm


De espanhol a 15 de Janeiro de 2014 às 18:32
Como acertadamente dijo Don Jorge Mendes, si Cristiano Ronaldo jugase en el FC Barcelona, metería 120 goles por temporada......


De madrileño a 15 de Janeiro de 2014 às 19:23
That's just fucking stupid!


De António Teixeira a 16 de Janeiro de 2014 às 15:00
Lá está Miguel, se você me disser que entende o Ballon D'Or dessa forma, eu dou-lhe razão. Mas pessoalmente eu acho que deve ser um prémio que distingue aquele que é efectivamente melhor. Ganhava sempre o Messi assim, mas curiosamente esteve a maior parte da época lesionado e, neste caso, é bem entregue ao Ronaldo. Só não percebo o seu segundo lugar para o Ronaldo em 2012, porque vai contra o seu critério.
Você também sabe que o que o Messi fez em 2012 é uma das coisas mais memoráveis a nível individual da história do futebol. Isto falando em números. Porque falando de características dos jogadores, você também sabe que o Messi é melhor que os outros todos. Mas isso, aliás, só dá valor ao que faz o Ronaldo, que se mantém sempre muito próximo dele a nível de números, ainda que se distancie a nível futebolístico. A meu ver, o Ronaldo está muito por cima dos outros, e o Messi está muito por cima do Ronaldo.
Sobre o que envolve a atribuição do troféu, toda a gente sabe o que se passou, mas isso não é o importante. O que interessa é naquilo em que se transformou, e que lhe tira o valor. Mas lá está, mesmo que fossem jornalistas a atribuir o prémio, você corria o mesmo risco e ademais o entendimento dos jornalistas sobre o futebol é menor do que o dos jogadores e treinadores. Tornou-se, como bem diz, num circo.

Cumprimentos


De Miguel Lourenço Pereira a 16 de Janeiro de 2014 às 21:21
António,

O prémio tornou-se um circo. De certa forma sempre o foi mas era um circo simpático, pouco invasivo, sem gerar muita polémica. Eu não digo que os jornalistas tenham mais ou menos know how que os capitães ou seleccionadores. O que sinto é que, por um lado, me identifico mais com essa linha histórica. E por outro sei que muitos dos votos de muitos capitães/seleccionadores é orientado pelo mediatismo. Muitos paises do Mundo, ainda hoje, vêm pouco futebol e votam no que as tv´s lhes mostram. Esses profissionais, que o são, não têm o mismo know-how que jornalistas que há 30 ou 40 cobrem o futebol de elite, por exemplo. Mas isso sou eu.

Quanto a Messi e Ronaldo, já o disse aqui várias vezes. Não acho que o prémio seja o que fizeram dele porque se fosse o mais normal é que entre eles se distribuem tudo o que passou e o que está por vir. Também não acho que Messi seja muito melhor que Ronaldo. Sob quase nenhum critério. Reconheço é que o seu estado de forma é quase sempre magistral, mais regular e que a sua companhia de ajudantes o faz ainda, merecidamente, maior. Mas são ambos extraordinários.

Quanto a 2012, o critério é o mesmo. Ronaldo foi campeão de Espanha com um papel protagonista absoluto, fez o possível e o impossível para que a sua equipa fosse à final da Champions e o mesmo passou com Portugal. Depois de 2008 foi o seu melhor ano a nível de exibição colectiva tanto na selecção como no clube. Messi bateu um recorde histórico de forma absolutamente devastadora. Mas a Bota de Ouro já o premiou, justamente por isso. No seu papel colectivo "falhou" nos 3 jogos mais importantes do ano, onde podia ter marcado a diferença. De aí não estar no top 3.

um abraço


De António Teixeira a 22 de Janeiro de 2014 às 16:34
Caro Miguel, desculpe-me desde já a demora.

Eu compreendo o seu primeiro parágrafo, e aceito o argumento, se bem que com algumas reservas: se é verdade que o selecionador da Burkina Faso pouco deve entender de futebol, não deixa de o ser que os jornalistas, apesar de cobrirem os jogos, entendem tanto quanto ele. Você está nesse meio, e sabe como as coisas funcionam: se muitas vezes nem os analistas sabem o que estão a dizer, quanto mais os jornalistas...E depois, o problema mantêm-se a nível de jornalismo: o lobby, o agenda setting (por exemplo, na TVI), tudo isso têm influência. O mesmo é válido para a imperfeição do jornalista enquanto ser humano (pode ser subornado, pode votar por razões que não sejam válidas, etc etc). Ou seja, a meu ver, o problema mantinha-se (e não quero com isto dizer que não existam jornalistas que percebam muito disto, atenção). É muito difícil encontrar uma solução, porque isso exigia que só votassem pessoas honestas: mesmo que votassem, por exemplo, os 20 treinadores de top, alguns deles iriam votar em função de aspectos inválidos. Ainda assim, pela questão histórica, aceito o seu argumento e será, talvez, a solução mais plausível, apesar de todos os seus problemas.

Acerca do segundo parágrafo, já sabe qual é a minha opinião, e penso que não existe necessidade de discutirmos novamente essa questão.

Sobre o último não posso concordar. Aceita que a nível de rendimento o ano do Messi foi superior ao do Ronaldo, certo? Provam-no os golos, e as exibições (com a excepção dos jogos com o Chelsea e com o Madrid, porque falhou um penalty e andou desaparecido). Mas o Messi não ganhou nada, a não ser a copa... Desse modo, você diz que o Ronaldo devia ter ganho...
Mas repare, pelo mesmo argumento, o Ronaldo este ano tinha que ficar atrás do Messi, senão vejamos: fez mais golos (ainda que não seja um feito tão extraordinário quanto os 92 do Messi), foi superior a nível de exibições (não é justificação, mas que fique desde já sublinhado que o Messi jogou lesionado, e parou em virtude de lesões), mas não ganhou nada...O Messi ganhou o campeonato (tal como o Ronaldo em 2012), e também deu tudo para ganhar (jogou manco, por exemplo)... Então segue-se que o Ronaldo ficava atrás do Messi, o que seria injusto.

Cumprimentos,
António Teixeira


De Miguel Lourenço Pereira a 22 de Janeiro de 2014 às 19:38
António,

Quanto aos treinadores/capitães seleccionadores vs jornalistas, sucede como em tudo na vida. Todos são expostos a pressões, subornos e interesses pessoais. Naturalmente que jornalistas de conglomerados com interesses no futebol (Canal+, por exemplo) podem ter o seu voto pressionado por um jogador que esteja associado à companhia. Eu não acredito que o Paco Aguilar, por exemplo, vote sem estar contaminado pela sua paixão clubistica. E isso vale para muitos outros. O problema é que abrir os votos a todos os seleccionadores/capitães, como muito, triplicou esse problemas e reduziu em muita as opções de dezenas de jogadores porque nesses países o futebol só existe em duas caras, a preto e branco. É o que mais me incomoda com o prémio (a prova seria a vitória de Sneidjer e Ribery com o modelo anterior, por exemplo).

Quanto à questão Messi vs Ronaldo, não acredito que o rendimento de Messi tenha sido superior ao de Ronaldo nos últimos dois anos. Desde 2011 que a aproximação me parece evidente e nos últimos 2 anos é apenas uma questão de forma pontual (fisica, lesões, etc) que permite que um vá ultrapassando sucessivamente o outro. Nos duelos directos, nesse periodo de tempo, o Ronaldo tem estado melhor. Nos jogos europeus também. Na liga espanhola o modelo de jogo do Barcelona é tremendamente mais eficaz e o Messi leva vantagem. Com as selecções é ela por ela. Não vou crucificar o Messi por ter estado desaparecido sucessivamente contra Madrid, Chelsea e Bayern (os 3 jogos mais importantes do Barça em dois anos) da mesma forma que me é indiferente para avaliar o jogador que um meta 68 golos e o outro meta 91. Nas condições do futebol espanhol actual não me admira nada que cheguem aos 100 brevemente.

Em 2012 o Ronaldo venceu a liga, foi determinante para isso e levou a equipa até às meias-finais da Champions. Depois repetiu o mesmo com Portugal. No mesmo ano o Messi perdeu a liga, perdeu a Champions League e realizou uma série de jogos de qualificação tão polémicos que até os jornalistas argentinos se chateram a sério. Nesse ano, se algum dos dois poderia ter ganho o prémio, seria Ronaldo. Este ano, Messi não podia vencer o prémio pelo simples facto de que jogou apenas meio ano (sem culpa, naturalmente) e portanto qualquer média de golos, assistências que tenha está condicionada da mesma forma que, por exemplo, para se vencer o Zamora em Espanha o guarda-redes tem de ter um minimo de 28 jogos como titular. O título do Barcelona estava no bolso ainda em 2012, antes do Vilanova ter ido para Nova Iorque e até foi nesse sprint final que o Messi lançou a sua candidatura, mais do que merecida, a ganhar outra vez a Bota de Ouro.

Portanto não encontro nenhum critério possível para que no pós-2011, onde ganhou muito bem, o Messi fizesse méritos para estar no pódio do prémio!


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