A descida de divisão, especialmente quando se trata de um histórico, pode revelar-se traumática. Alguns nunca mais voltam tal é o dano que a queda provoca. Mas em Newcastle ninguém quer morrer na praia. A prova é longa mas os "magpies" estão determinados a fazer a festa. Com um terço da Championship cumprida a equipa de Chris Hughton é líder. E ninguém os consegue travar...
Dezzasseis jogos. 33 pontos. Um excelente saldo que dá ao Newcastle dois pontos de avanço do seu mais directo perseguidor - o também despromovido West Bromwich Albion - e, o que é mais importante, seis da primeira equipa fora dos postos de subida. Uma vantagem que até pode parecer curta, mas na liga mais competitiva do futebol inglês - onde o equilibrio tem sido a nota dominante na última década - é fundamental para sonhar com uma subida sem problemas. A Coca Cola Championship funciona de uma forma particular. As duas primeiras equipas na tabela classificativa logram classificar-se directamente para a Premier League. As equipas entre o 3 e o 6 posto disputam um play-off para garantir o último lugar. É desse cenário que o conjunto de Chris Hughton quer fugir quanto antes. E para tal liderar, categoricamente, até ao Inverno, é fulcral.
Com os problemas financeiros que atravessa a instituição, desde Agosto que parecia dificil que o Newcastle garantisse o regresso à Premier League logo no primeiro ano no "inferno". Para lá dos outros rivais despromovidos - Middlesborough e West Bromwich Albion - terem melhores condições, houve grandes investimentos em conjuntos históricos da liga que ansiam desesperadamente pelo regresso à elite. Casos do QPR, Nottingham Forrest, Ipswich Town, Derby County, Leicester ou Sheffild Wednesday. Olhando para a lista de equipas em prova era até fácil simular uma Premier League dos anos 80 ou 90, tal é o número de clássicos em prova. O Newcastle conhecia bem o chão que pisava e o técnico decidiu rapidamente pressionar o acelarador. E a equipa fugiu aos perseguidores. Hoje apenas 10 pontos separam o líder do 15 classificado. Isso diz muito do forte nível de competidores. Mas em Saint Jame´s Park o cenário é de optismo. A equipa manteve muitos dos bons jogadores que tinha no plantel e formou um conjunto coeso. Hughton trouxe motivação e equilibrio táctico. E acima de tudo vontade de ganhar. Diante de Steve Harper o técnico prefere apostar num quarteto composto por José Enrique, Fabio Collocini, Steven Taylor e Danny Simpson. No miolo do terreno Nicky Butt e Kevin Nolan acompanham Jonás Gutierrez e Harewood, com Geremi e Barton como suplentes de luxo. E na frente, com ordem para fuzilar, a dupla Ameobi-Carroll.
A equipa abriu a época com um empate com o West Brom. Seguiram-se seis vitórias consecutivas com Ameobi e Guthrie em grande forma. Um tropeção em Blackpool e logo depois em Peterborough deixaram as contas mais equilibradas mas a equipa voltou rapidamente aos triunfos. A goleada a Ipswich e o empate diante do QPR voltaram a colocar o conjunto na liderança da prova onde ainda hoje está. Apesar disso - em 16 jogos - a equipa conta com quatro derrotas. Algumas delas injustificáveis para o técnico que defende que a equipa deveria ter um avanço mais confortável. Mas os tropeções dos rivais directos evitaram males maiores. Agora a equipa prepara-se para dois jogos complicados - frente ao Preston e logo diante do Swansea, orientado por Paulo Sousa - e duas vitórias podem supor um golpe de autoridade. A seis jornadas do final da primeira volta é fundamental chegar ao mitico Boxing Day com uma vantagem confortável. Aí disputam três jogos em seis dias e tudo pode passar. Hughton sabe-o bem. Já ganhou e perdeu ligas nessa série de jogos complicados. E não quer facilitar.
Contra todas as expectativas - a imprensa britânica passou mesmo o Verão a traçar paralelismos entre o Newcastle e o Leeds United, outro grande que agora milita na Division II - os "geordies" seguem na frente e a bom ritmo. A época é longa e muito pode passar, mas está claro que o Newcastle United morrerá com as botas calçadas.