Nos últimos anos tornou-se notícia constante dos pequenos quadradinhos que enchem os cantos dos jornais. Um final indigno para um dos mais letais avançados dos últimos 20 anos. Percorreu meio mundo e atrás deixou uma lista de golos inesquecíveis. Christian Vieri decide parar. De vez!
Para os mais distraídos há largos anos que Vieri deixou o futebol. São os que não leram sobre as suas passagens aceleradas por uma série de clubes onde, por vezes, não sequer chegou a calçar as chuteiras. Os mais atentos sabiam que o mitico avançado que quase deu à AS Lazio um titulo histórico continua por aí, a vaguear pelos relvados europeus, sabendo que os melhores dias já tinham passado. E que dias. Durante uma década foi um dos avançados mais temidos dos relvados europeus. É dos poucos que se podem gabar em ter sido Pichichi e Capocannonieri na sua carreira. E é que o mais dificil foi descobrir Vieri mais de um ano no mesmo sítio.
O avançado que nasceu em Bologna em Julho de 1973 começou a sua carreira no Torino no final dos anos 80. Em 1991 fez a sua estreia pela equipa principal do Toro Negro mas só ficou dois anos no Comunale. Depois de vaguear pela Serie B, onde actuou em Pisa, Veneza e Ravenna, voltou à primeira divisão ao serviço do Atalanta, o clube que acabaria por representar três vezes ao largo da carreira. Em 1995, o seu primeiro ano como titular fixo, apontou 9 golos e chamou a atenção aos olheiros da Juventus que decidiram contratá-lo para substituir Fabrizio Ravanelli. Em Turim conquistou os primeiros titulos. Com Inzaghi formou uma excelente dupla ofensiva marcando 20 golos que lhe permitiram vencer o seu único Scudetto em 1997. Antes tinha já ganho a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental e aberto a sua passagem pela Squadra Azzura onde formaria com Del Piero e Inzaghi um tridente de luxo. Surpreendendo tudo e todos Vieri anunciou que sairía de Turim para rumar ao Atlético de Madrid, recém-campeão espanhol. No Vicente Calderon esteve apenas um ano, mas os 24 golos apontados em 24 jogos permitiram-lhe sagrar-se Pichichi apesar da equipa não ter podido renovar o título de campeão. E Vieri voltava a mudar de ares.
Em 1998 muda-se de Madrid para Roma e torna-se no simbolo da rejuvenescida Lazio. Ao lado de Veron e Mancini forma um eixo ofensivo letal que permite ao conjunto italiano vencer a última edição da Taça das Taças diante do Mallorca e disputar até ao último minuto do campeonato um titulo que lhe escapava à largas décadas. Uma polémica arbitragem acabou por dar o titulo ao AC Milan e foi precisamente para o Piemonte que o avançado se mudou. O Inter, desejoso de formar uma dupla de ataque única, pagou 40 mlhões de euros pelo avançado que tinha acabado de brilhar no Mundial de 1998. Juntar Ronaldo e Vieri era um sonho e foi no clube neruazurri onde ficou mais tempo: seis temporadas.
Só que as constantes lesões de Ronaldo, as entradas e saídas de técnicos e jogadores foram baixando o nível competitivo do Inter e nesse período o avançado acabou por ter de levar várias vezes a equipa ás costas. Em 2003, com 30 anos, logrou finalmente ser eleito Capocanonieri e no ano seguinte venceria o seu único titulo com o Inter, a Taça de Itália. Era a hora do adeus e da traição. Vieri mudou-se para o AC Milan mas a experiência durou apenas quatro meses. Daí passa para o AS Monaco e começa a dar a sua pequena volta ao mundo. Afastado da selecção italiana e dos grandes do Calcio, pela primeira vez voltou à Atalanta mas uma grave lesão manté-no todo o ano fora dos relvados.
Era o ínicio do fim.
De Bergamo passa a Florença mas depois de um ano apagado na Fiorentina decide voltar ao clube que o lançou. A experiência não corre bem com o técnico Luigi del Neri e o avançado rapidamente deixa de ser opção. Teve convites das Arábias e de Inglaterra, mas nenhuma avançou. Perde a vontade de correr e decide parar. Aos 36 anos e com uma carreira marcada por golos 185 de todas as formas e feitios em todos os grandes palcos. Faltou-lhe um grande titulo europeu e a uma vitória a nível de selecções mas é reconhecidamente o último grande 9 puro do futebol italiano. Um verdadeiro animal diante das redes que agora diz finalmente adio!