Um derby é sempre um derby. Quando em causa está uma presença numa final europeia a tensão sobe ao máximo.
Hoje a Alemanha e Ucrania vão parar durante 90 minutos. Para a semana que vem, poucos serão os adeptos que ainda tenham unhas nas mãos. Está claro que a final da Taça UEFA deste ano é um duelo ucraniano-germanico. Mas isso é o menos. O interessante aqui são as equipas em jogo, dois derbys quentes, muito quentes, que já deram muito que falar no passado. Da mesma forma que ao Real Madrid soube especialmente bem vencer a sua nona Champions League, depois de eliminar o Barcelona nas meias no Camp Nou. Da mesma forma que o Chelsea chegou à final do ano passado tirando finalmente a espinha do Liverpool, que há tanto tempo tinha atravessada, este ano a UEFA dá lugar a dois dos mais emocionantes dueles dos palcos europeus.
O norte da Alemanha sempre foi uma das zonas do país onde o futebol foi visto com grande paixão. Longe do jogo fisico praticado no Leste e Sul, o toque de bola sempre foi uma qualidade habitual das equipas da zona hanseática. E entre elas há dois rivais especiais: Werder Bremen e Hamburgo. O primeiro pratica um futebol ofensivo e extremamente atractivo. Thomas Schaaf pegou na equipa, soube recoloca-la nos lugares de topo, e apesar de este ano estar já fora da luta pelos lugares europeus, a campanha do Werder Bremen tem sido excelente. Boas prestações na Champions, a caminho da final da Taça da Alemanha, é o grande favorito para vencer a prova. Conta com o jogador mais desiquilbrador (Diego, que o FC Porto nunca soube aproveitar) e uma linha ofensiva de respeito.
Mas atenção. Se há equipa capaz de travar o futebol ofensivo dos verdes essa é o Hamburgo. Cidade rival há séculos, os de Hamburgo ostentam uma Champions League e várias Bundesliga no historial. Mas há anos que não estão na alta roda europeia. O vento de mudança parece ser real esta temporada, e depois de uma excelente partida na segunda mão dos oitavos de final, o Hamburgo está preparado para lutar pelo titulo. Resta saber se a derrota contra os rivais de hoje na meia-final da Taça da Alemanha vai servir como motivação...ou como elemento destabilizador de um dos candidatos ao titulo.
Do outro lado está o futebol ucraniano, que recuperou o prestigio perdido desde o desaparecimento da URSS. Nos anos dourados do futebol soviético, o Dynamo Kiev era o emblema mais importante do futebol da Europa Comunista. Agora continua a se-lo, mas apenas do campeonato ucraniano, que tem dominado com relativo à vontade. A morte de Lobanovsky coincidiu com a ascensão do Shaktar Donetsk. O clube rival do Dynamo conquistou tres titulos de campeão nos últimos anos e graças a uma talentosa brigada de brasileiras afirmou-se como um habitual das competições europeias. Mas nunca tinha chegado tão longe. É a oportunidade de fazer história, algo que o seu rival da capital conhece bem, já que conta com duas Taças das Taças e uma Supertaça Europeia nas vitrines. Milevsky liderará o exército de Kiev, favorito neste jogo, mas um duelo do leste da Europa é sempre algo previsivel. O campeonato local é liderado pelo Dynamo com uma ampla vantagem sobre o clube de Donetsk. Mas este jogo é a eliminar e tudo pode passar.
O que é certo é que, seja qual for o vencedor da competição, a vitória terá sempre um sabor especial.