A grande lição aprendida directamente da última edição da Taça das Confederações tem pouco a ver com a debacle europeia ou mais um titulo para as vitrines brasileiras. O aviso de que o "soccer" está em grande forma é para ser tomado a sério, apesar de ainda haver uma série de criticos que continua a insistir que o futebol nos Estados Unidos não tem futuro. É certo que a popularidade do "soccer" é infinitamente inferior aos desportos made in USA. Mas também está claro que é não é preciso que seja um desporto de multidões para poder ter uma selecção de primeiro nivel. A equipa de Bob Bradley provou-o este mês na África do Sul.
As condições naturais dos jogadores norte-americanos - desportistas por excelência, muito mais que os outros gigantes económicos adormecidos como a China, India, Japão ou Australia - e a fortissima influência de jogadores de origem latina e europeia provam que o poder do melting pot que tanto sucesso deu ao desporto americano em geral parece finalmente estar a fazer efeito no futebol. Da equipa orientada por Bradley há jogador de origem latina, africana e europeia. Há uma mistura perfeita de distintos estilos, de poderio fisico e capacidade técnica. E acima de tudo uma fomração e disciplina táctica que os americanos nunca tinham demonstrado até hoje.
Depois de terem roubado o protagonismo das provas da CONCAF ao México os Estados Unidos querem dar um passo em frente. Da equipa que em 1994 chegou aos Oitavos de Final no seu Mundial nada sobra. Apesar do campeonato local continuar a ser um negócio mais do que uma verdadeira prova competitiva, a verdade é que a esmagadora maioria dos jogadores actua na Europa onde conseguiram desenvolver uma apuradíssima consciência técnico-táctica. Mesmo os que ainda actuam nos States são já altamente cobiçados por clubes europeus que vêm no mercado norte-americano um potencial filão. O Villareal, por exemplo, apostou na contratação de Jozy Altidore, acabando-o por emprestar ao Xerez, mas para a próxima época sabe que conta com um jogador que depois da sua magnética performance contra (ironia do destino) a Espanha, vale o dobro no mercado. O mesmo se poderá dizer de Spector, Onyewu, Clark os os jovens Bradley ou Beasley, as futuras grandes promessas da equipa do Tio Sam.
Apesar de faltar ao Estados Unidos calibre nas grandes provas, a excelente prestação na Taça das Confederações lançou o primeiro alarme. Na África do Sul os americanos serão um rival duro de roer. Dependerão em muito do grupo em que ficarem colocados, mas sabe-se que fora da Europa as equipas do Velho Continente perdem fulgor e abrem espaço a agradáveis surpresas. Há sete anos os próprios americanos lograram chegar até aos Quartos de Final, só batidos pela finalista Alemanha. Depois da precoce eliminação na fase de grupos do Mundial 2006 os americanos voltam com a ambição redobrada de plantar cara aos grandes do desporto rei e provar que são uma potência mundial em todos os desportos, mesmo quando estes não enchem estádios e dão audiências de milhões.