Inimaginável há dois anos atrás, inevitável hoje.
A Alemanha confirma-se definitivamente como a potência europeia número 1 no futebol de formação. Um dominio avassalador nos últimos 11 meses que se traduziu num tri histórico. Nunca nenhum país tinha conquistado no mesmo ano as três provas máximas de selecções europeias de formação. A vitória categórica por 4-0 diante da favorita Inglaterra deu aos germânicos o seu primeiro titulo de sub21, vinte e cinco anos depois de ter estado na última final, perdida precisamente com os Pross. E permitiu à federação alemã fazer história. Campeões da Europa de sub17, sub19 e agora sub21.
Num país cujo futebol de formação viveu uma crise profunda nos últimos dez anos, todos se surpreendem com esta rápida metamorfose. A resposta da DBF baseou-se em acabar com velhos preconceitos. No relvado de Gotteborg ontem havia jogador com a camisola alemã das mais variadíssimas procedências. Imitando o exemplo francês que tanto sucesso deu aos Bleus, hoje em dia a selecção alemã é uma eficaz Torre de Babel. Avassaladores sobre o terreno de jogo, os alemães não perdoaram a falta de eficácia britânica. Os ingleses até entraram melhor - eram os favoritos e estavam dispostos a demonstra-lo - mas a teia montada por Hrubesch foi fatal ás aspirações de Stuart Pearce. O truque alemão esteve no posicionamento a meio campo de Matt Hummels, central de grande projecção que ajudou a travar o ataque inglês dando total liberade ao trio ofensivo comandado por Mezut Ozil. O jovem criativo do Werder Bremen foi o maestro que conduziu a orquestra alemã. Foi dos seus pés que saiu a assistência para o primeiro golo (aos 23 minutos quando a Inglaterra ainda dominava) de Gonzalez Castro, futuro reforço do Bayern Munchen. O mesmo Ozil ao abrir o segundo tempo apontou o segundo tento num livre directo que praticamente matou o encontro. E a decisão do titulo.
A Inglaterra nunca soube reagir à pressão alemã a meio campo. O onze dos Pross apostou tudo na velocidade de Theo Walcott - nesta prova uns furos abaixo do que se esperava dele - face à ausência por suspensão da dupla Agbonlahor-Campbell. E não funcionou. O timing perfeito de coordenação da defesa alemã neutralizou o ataque inglês As baixas no conjunto inglês revelaram-se decisivas. Loach não soube estar à altura de Joe Hart - também ele suspenso - e foi presa fácil para o hábil ataque alemão. No segundo tempo foi a vez de Sandro Wagner se transformar na estrela do jogo. O substituto de Askhan Dejagh foi uma seta apontada ás redes de Loach. À primeira falhou, após outra desmarcação genial de Ozil, mas nos últimos minutos não perdoou e de rajada passou o marcador para 4-0. Uma derrota humilhante com a maior diferença de golos da história das finais dos Europeus de sub21.
Uma licção de táctica de uma Alemanha que foi em crescendo ao longo da prova face a uma Inglaterra que não soube conviver com as importantes baixas e que de grande favorita acabou por tornar-se na vitima perfeita desta rejuvenescida Mannschafft, a grande nova potência jovem europeia.