O PSG segue o mesmo caminho que o Manchester City. É o espelho onde se quer ver reflectido. Aos citizens foram precisos quatro anos de sérias inversões para quebrar uma barreira história. O PSG que acelarar os prazos. Depois da derrota mais surpreendente, no sprint final da Ligue 1 do ano passado, o titulo nacional é o objectivo mínimo do clube para esta temporada. Com as novas incorporações a Europa é tudo aquilo que interessa.
Zlatan Ibrahimovic é a última estrela da companhia.
A sua chegada a Paris supõe o consagrar de uma politica de contratações que precisava de um jogador mediático para coroar o seu processo de consolidação internacional. Da mesma forma que as chegadas de Balotelli, Silva e Tevez deram ao Manchester City o pedigree necessário, o projecto pari movia-se na consciência de preencher o seu papel de líder com um jogador que nasceu para ser protagonista. Ibrahimovic era o único no mercado que cumpria esses requisitos. O sueco não traz só glamour e classe ao conjunto da capital gaulesa. Sobretudo traz uma imagem que vender e um bandeira para ondear nos mercados onde o clube se quer mover a partir de agora.
O PSG podia ter adoptado por diversos caminhos no seu sprint rumo ao sucesso imediato, um sucesso pago a peso de ouro. Ancelotti e Leonardo não se contentaram só com comprar muito e depressa. Queriam contratar jogadores contrastados e eficazes. Foi assim com Nené, Gameiro, Menez e Sirigu na época passado e este ano com Lavezzi, Thiago Silva e Ibra. Atletas que terão seguramente dificuldades em associar-se num principio num onze com demasiados nomes próprios mas que acabarão por marcar a diferença, particularmente numa liga como a francesa.
100 milhões de euros gastos mas quase sempre na mesma direcção. Apesar da perda de protagonismo da Serie A, a dupla forjada no AC Milan fez de Itália o seu campo preferencial de recrutamento. Marco Verrati, a grande promessa do meio-campo transalpino, foi a última das sete contratações que chegaram da liga italiana nos últimos dois anos para o clube parisiense.
Da mesma forma que o Manchester City começou a sua campanha de aquisição de jogadores com atletas de perfil médio mas atraidos por excelentes propostas salariais, o PSG sabe que não tem ainda o estatuto internacional para trazer os melhores jogadores disponíveis. A previsão do clube está em criar um núcleo base e ir substituindo progressivamente os jogadores contratados agora por estrelas num futuro imediato.
A ambição do clube é evidente e está muito para lá da Ligue 1. O sonho, tal como do City, é vencer a Champions League mas o (mau) exemplo dos ingleses na passada época levanta vários alertas.
A derrota frente ao modestíssimo Montpellier foi seguramente uma lição difícil de aprender mas extremamente valiosa para os homens da capital. Ninguém espera outro cenário que não seja a vitória do conjunto da capital na próxima edição da Ligue 1. Nem que seja porque Ibrahimovic, se em algo se especializou, foi sagrar-se campeão nacional em todos os clubes onde esteve. Palavra de sueco.
Mas a Champions League hoje tornou-se no alvo de todos os investidores árabes que chegam ao futebol com vontade de triunfar de forma imediata. Face ao nível intocável dos dois grandes espanhóis e a solidez financeira do Bayern Munchen e dos clubes de magnatas de outros países (Chelsea, Arsenal, United), a ambição pode às vezes com a própria realidade.
O facto de nenhuma equipa desde o Olympique Marseille de 1993 ter vencido o torneio é o espelho de uma realidade competitiva com a qual o futebol gaulês não lida bem. A presença na final do AS Monaco em 2004 e do Olympique Lyon nas meias-finais de 2010 foram casos singulares que se deveram mais aos caprichos dos sorteios do que necessariamente a uma tendência que veio para ficar. O PSG, que mais do que representar França representará os petrodolares que deram nova vida a um clube que há anos estava em sarilhos financeiros sérios, quer inverter essa realidade mas para isso precisa mais do que jogadores e técnicos de top. A mentalidade neste tipo de torneios acaba por ser, tantas e tantas vezes, mais importante que os nomes do plantel.
Ninguém duvida que nos próximos anos, se o investimento continuar a este ritmo, possa apresentar uma equipa capaz de tutear os maiores nomes do Velho Continente. Essa é a realidade do peso financeiro que já dictou que o Manchester City vencesse a Premier League depois de 44 anos de fome de títulos. Mas a progressão, por muito que pese a um Zlatan Ibrahimovic, ansioso de levantar o único troféu que lhe falta, tardará e de ser rei da Gália, os parisienses terão de suar muito para proclamarem-se senhores da Europa.