Andrea Pirlo
Foi o melhor jogador individual do torneio. Fez a Itália jogar ao seu ritmo, destroçou a selecção alemã, foi fundamental no esquema de Cesare Prandelli e só desactivando-o conseguiram os espanhóis ganhar a superioridade que necessitavam para vencer a final.
Balotelli
O Super-Mario apareceu apenas verdadeiramente uma vez no torneio. Mas foi um aparecimento estelar. Dois golos que acabaram com a resistência da Alemanha e que criaram a ilusão de que este podia ter sido o seu torneio. Não foi. Desaparecido na final, como quase todos os colegas, jurou voltar daqui a quatro anos.
Cesare Prandelli
Foi o técnico mais corajoso do Europeu, o que ousou mudar a forma centenar de jogar de uma selecção e teve o prémio da final. Não merecia a derrota, culpa de ter jogado meia hora só com 10 jogadores por um azar que nenhum técnico é capaz de explicar, e foi sem dúvida a lufada de ar fresco que o futebol italiano necessitava.
Dzagoev
Foi o herói da primeira fase para os russos mas nem a sua veia goleadora impediu uma das equipas favoritas a voltar mais cedo. Apontou três golos, assumiu o peso da responsabilidade às costas e não merecia ter sido eliminado tão cedo. Com os seus três golos fez parte da lista de goleadores do torneio. O prémio seria seu se a UEFA não tivesse alterado o regulamento para priveligiar o goleador com mais assistências em prova.
Emoção
Foi um torneio sem grande emoção. Nenhum dos jogos a eliminar resultou de uma reviravolta no marcador, a final esteve quase sempre controlada pela equipa espanhola e exceptuando os dois jogos que se decidiram em penaltys houve pouco espectáculo para a posteridade. No seguimento de 2004 e 2008, um torneio fraco em emoções.
França
Suprema decepção de uma selecção que chegou à prova com 21 jogos consecutivos sem perder às costas. O conservadorismo de Laurent Blanc ficou evidente do primeiro ao último jogo, do embate com a Inglaterra de Hodgson à rendição sem armas diante da Espanha de Del Bosque. Sem uma ideia táctica coerente e sem nunca mudar o esquema de jogo, Blanc e a sua França entraram como outsiders e sairam como decepção.
Goleadores
O torneio acabou com cinco jogadores com três golos. Muito pouco. Balotelli, Cristiano Ronaldo, Torres, Mandzukic, Dzagoev e Mario Gomez. O prémio ao melhor marcador ficou para Torres, que além de ter sido de todos o que menos minutos disputou, também realizou uma assistência para golo, o primeiro critério de desempate da UEFA (aí esteve empatado com Gomez). Liniker declarou no final do jogo da final que este Europeu pode ter enterrado definitivamente o ponta-de-lança da história do futebol.
Holanda
A grande decepção do torneio. Pela primeira vez desde 1988 os holandeses cairam na primeira fase e com três derrotas e apenas dois golos marcados a favor. A Laranja chegou como vice-campeã do Mundo ao Europeu mas o esquema táctico de Bert van Maarjwick, a solidez táctica de Dinamarca, Alemanha e Portugal e a incapacidade das estrelas holandesas de ajudar em tarefas defensivas condenaram a equipa em quem muitos apostavam como máxima favorita a vencer o torneio.
Iker Casillas
O santo levantou o seu terceiro troféu consecutivo. Foi fundamental salvando a sua equipa contra italianos, croatas e franceses. O jogo contra Portugal, ironicamente aquele que mais custou aos espanhóis, foi onde menos trabalho teve mas a forma como parou o penalty de Moutinho foi o principio da caminhada para o titulo europeu. O que falta a Casillas para ser Ballon D´Or?
Jordi Alba
A revelação individual do torneio. Já apalavrado com o Barcelona antes de arrancar a prova, Alba provou porque é que cada vez mais técnicos acreditam na filosofia de readaptar extremos a defesas laterais. O jovem que foi dispensado pelo próprio Barça quando adolescente foi um terror pela linha esquerda do flanco espanhol, unindo-se ao ataque sem problemas e isso sem cometer um só erro defensivo atrás. Assistiu o golo de Xabi Alonso no duelo contra a França, foi um pesadelo para Nani e juntamente com Coentrão é, sem dúvida, o lateral-esquerdo da prova.
Khedira
Em Madrid é questionado como poucos. Na Alemanha admiram-no como ninguém. Na selecção germânica Sami Khedira joga sem o espartilho táctico imposto por Mourinho no Real Madrid e por ele passou o melhor futebol da Alemanha no torneio. Foi directo, incisivo, extremamente ofensivo e um pulmão constante. O seu belo golo contra a Grécia confirmou o seu grande torneio e o germânico sai deste verão consolidado como um dos melhores do Mundo na sua posição.
Low
Quarto jogo decisivo perdido (o primeiro como adjunto, em 2006) não é um recorde que muitos técnicos queiram ter. Joachim Low tem feito um trabalho fabuloso com a selecção alemã, mudando por completo a forma de jogar e o rosto da Mannschaft. Mas o certo é que o mais longo periodo sem vencer um troféu desde o pós-guerra foi igualado por um homem que leva seis anos à frente da maior potência do continente. Os seus principais erros foram evidentes, especialmente para os italianos que destroçaram a sua equipa à base do bom futebol que sempre faltou aos alemães. Sem fluidez, confiando demasiado na sua velha guarda pretoriana (e em especial no lesionado Schweinsteiger), incapaz de arriscar e surpreender, Low foi um dos derrotados do torneio e tem agora mais uma oportunidade para mostrar que traz consigo, além do bom futebol o adn ganhador que os alemães tanto gostam.
Momento
Torres, só frente à baliza, prefere tocar para o lado. Aí está Mata, o seu amigo, o seu valedor em Londres, o homem que o apoiou no ano mais dificil da sua carreira. Foi o quarto golo dos espanholes, o que consumou uma goleada histórica, e foi também um gesto de pura amizade.
Nasri
É o rosto do futebol francês actual. Sem ideias, sem educação, sem lider, sem garra e sem coerência. Desde a retirada de Zidane e da sua legião que em França o futebol voltou quarenta anos atrás no tempo até à geração de 70. Apesar dos bons valores individuais, não há conceito de equipa, liderança e espirito de grupo. Nasri é o espelho do futebolista francês que está a destroçar o seu combinado nacional. Mandou calar a imprensa depois do golo inaugural contra a Inglaterra, desapareceu nos jogos seguintes, envolveu-se em discussões com os colegas, foi inconsequente quando entrou para bater a Espanha e saiu pela porta pequena do torneio com mais insultos pelo caminho.
Orgulho
A selecção polaca não chegou aos Quartos de Final e nem venceu um só jogo mas ao contrário dos ucranianos, apresentou um futebol do qual os seus adeptos podem estar orgulhosos. Num país cuja tradição futebolistica remonta aos anos 70, era complicado apresentar uma versão mais competitiva mas Lewandowski e companhia estiveram à altura da situação. Não seguiram em frente mas demonstraram aos polacos que têm uma selecção jovem e com futuro.
Pedro Proença
Nunca um árbitro tinha apitado no mesmo ano a final de um Europeu e de uma Champions League. Só isso prova como Proença está de moda na UEFA. o árbitro português - como todos, contestado em casa - tem sido uma das coqueluches das provas europeias dos últimos anos e depois de arbitrar três jogos no torneio foi eleito para decididar a final, um prémio para a sua carreira e também para a arbitragem lusa. Uma arbitragem bem conseguida apesar do erro no penalty não assinalado a favor dos espanhóis.
Queixas
Foi um torneio sem grandes casos arbitrais mas as queixas de croatas e ucranianos não deixam de ser fundadas. No primeiro caso, ficaram dois penaltys por marcar contra a Espanha no jogo decisivo do Grupo C, que podiam ter significado a eliminação precoce dos espanhóis. No segundo, o golo não validado a Devic voltou a levantar o debate da tecnologia no futebol, algo que a FIFA já anunciou que entrará em vigor no próximo Mundial. Todos os outros (pequenos) erros nunca influenciaram o resultado final.
República da Irlanda
As estatisticas dizem que foi a pior selecção do torneio, o pior torneio internacional da história do país. Mas também foi o país com a melhor legião de adeptos, meritóriamente recompensada pela UEFA. Os adeptos irlandeses, como sempre aliás, foram uma das melhores noticias desde Europeu, a prova de que ao futebol se pode ir com um espirito genuino de alegria.
Santos, Fernando
Em Portugal é visto com suspeita. Na Grécia é quase um semi-deus. Depois de ter tido sucesso na carreira a nivel de clubes, Fernando Santos pegou na dificil herança de Otto Rehagel e transformou a Grécia de novo numa máquina de máxima eficácia. Ninguém esperava nada do conjunto heleno e contra todos os prognósticos, a equipa chegou aos Quartos de Final da prova. Mérito para um seleccionador que soube reagir tacticamente muito bem aos erros individuais dos seus jogadores nos dois primeiros jogos e que acabou por ser um dos mais destacados treinadores em prova.
Tsubasa Iniesta
A imagem percorreu a internet à velocidade da luz. Lembrando o mitico desenho animado japonês, Andrés Iniesta viveu o torneio rodeado de rivais a quem destroçava com o olhar. Um grande torneio para o homem que já tinha feito parte da sinfonia de Aragonés e que apontou o golo decisivo na final do Mundial de 2010. Um sério (e justo) candidato ao Ballon D´Or.
Ucrânia
A selecção entrou bem no torneio e saiu pela porta pequena. O país provou que não estava à altura de receber a prova. Desde os problemas politicos que envolviam a prisão da ex-primeira-ministra Iulia Timotschenko, passando pelo movimento de contestação FEMEN que denunciav a influência das máfias de tráfico de mulheres junto do governo e acabando nas péssimas instalações e nos preços das unidades hoteleiras, os ucranianos ficaram certamente com o prazer de realizar uma prova única mas o resto da Europa não ficou agradado com a necessidade de ter de viajar até à Ucrânia para trabalhar ou apoiar a sua selecção.
Vicente del Bosque
O ex-técnico do Real Madrid foi questionado durante todo o torneio pela sua opção de não jogar com um nove fixo e pela postura defensiva da armada espanhola, mas as suas tácticas acabaram por ser determinantes, e as suas substituições fundamentais. É o primeiro treinador na história a vencer um Europeu, Mundial e Champions League.
eXtra time
Apenas dois jogos necessitaram de prolongamento durante todo o torneio, menos um que em 2008 e os mesmos que em 2004. Ambos os choques terminaram os 120 minutos sem golos e foram decididos na marca de grandes penalidades: o Inglaterra vs Itália e o Portugal vs Espanha. Ambas as equipas finalistas acumularam mais minutos nas pernas do que qualquer outra selecção em prova.
Young
Entrará para a galeria infame dos internacionais ingleses marcados por falhar um penalty numa grande competição. Depois do mitico remate de Pirlo os nervos apoderaram-se de Ashley Young, até então a realizar um torneio bastante decepcionante, e o seu remate acabou com as esperanças inglesas de chegar às meias-finais pela primeira vez desde 1996. De Wadle e Pearce a Young vão 22 anos de drama quando os 120 minutos acabam.
Wystula
A batalha do Wystula entre polacos e russos foi o único evento a lamentar durante todo o torneio. Velhas rivalidades, velhas contas a ajudar, o unico momento de violência num torneio exemplar.
Zero
O número de golos de Karim Benzema. Chegou ao torneio como um dos jogadores mais em forma do futebol europeu e saiu pela porta pequena. Terá outras oportunidades.