Enquanto a imprensa catalã celebra o regresso às origens de Pep Guardiola, o técnico de Santpedor reafirma-se de forma definitiva como um técnico de futuro, um técnico capaz de marcar um antes e um depois na história do jogo. Para Guardiola o sistema é mais importante que o desenho e aproveitando ao máximo a geração perfeita do ADN blaugrana o seu último passo mais do que uma volta atrás é um salto em frente. Guardiola matou o ponta de lança e deu o passo em frente que muitos ousaram mas nenhum logrou conseguir.
Contra um fraquíssimo Villareal (fantasma do que foi na época passada) foi uma delicia voltar a ver o Camp Nou empolgado com um 3-4-3.
O desenho táctico que Johan Cruyff demorou quatro anos a implementar antes de poder desfrutar quatro anos mais do seu sucesso tinha já sido metamorfoseado pela rigidez táctica de Louis van Gaal antes de cair no esquecimento. Naturalmente, desde 2002 que as defesas de 3, esse ousado experimento que lançou para a ribalta Carlos Billardo a meados dos anos 80, desapareceram do mapa. O Brasil de Scolari foi, de certa forma, o canto do cisne de um desenho que era mais um 3-5-2 do que um 3-4-3 puro, cruyffiano. A herança da escola do Futebol Total (o quarto elemento do meio campo - o eterno número 4 - herdou o papel do libero michelsiano) desapareceu debaixo da capa de verticalidade ofensiva de Frank Rijkaard e, sobretudo, da tremenda eficácia dos desenhos magnificos de Guardiola.
Portanto muitos podiam pensar que o regresso ao 3-4-3 seria um sinal de que Pep, esse filho pródigo do cruyffianismo, pretendia emular o mestre não só em títulos mas também em estilo. Comparação irreal. Não só porque os títulos já foram superados mas, sobretudo, porque o estilo das equipas de Guardiola supera em todos os sentidos (eficácia, estética, rigor defensivo, conceitos de pressing e posse) a cartilha do Dream Team. Um regresso ao 3-4-3 numa equipa marcada, sobretudo, pelas baixas do sector defensivo, foi sobretudo um aproveitamento de recursos (e que recursos) que o plantel dispõe no último terço do terreno de jogo. Algo que se voltará a ver, inevitavelmente, e sobretudo nos jogos em casa. Mas que está longe de ser o desenho que mais entusiasma e que marcará a carreira de Guardiola como um técnico de excepção. Se o 3-4-3 pertence a Cruyff (e de que maneira), a Guardiola poderá analisar-se no futuro o seu papel indiscutível de pai do 4-6-0. O desenho táctico que matou o ponta-de-lança, o desenho táctico da próxima década.
Ninguém imaginava nos anos 50 que o extremo, o jogador da escola de Matthews, Garrincha ou Gento alguma vez pudesse desaparecer do mapa. Era a época da passagem do caduco WM ao 4-2-4 (e mais tarde ao 4-3-3) e o grande sacrificado dessa metamorfose táctica acabou por ser o herói da multidão. Sem tempo para pensar, sem espaços para arrancar em velocidade, os extremos foram forçados a abandonar a linha de fundo pelas diagonais, os centros no limite pelos passes para a entrada da área, o jogo vertical pela horizontalidade.
No Brasil e Inglaterra a metamorfose tardou, no primeiro caso pelo tempo e espaço que ainda hoje se concedem as equipas, no segundo pela teimosia histórica em inovar. Mas quando o resto da Europa começou a adaptar-se a essa mudança surgiu, progressivamente, outra extinção impensável. Talvez a Itália de 1970 já estivesse a anunciar o fim do 10. Talvez a metamorfose do Futebol Total, a colectivização do posicionamento táctico, tivesse deixado pistas suficientes para antever que duas décadas depois o artista vagabundo e solitário seria asfixiado até à exaustão, até tornar-se numa ave rara, dependendo de personagens sui generis como Juan Roman Riquelme para subsistir na mente dos mais novos.
Talvez por isso hoje muitos se escandalizem com a ideia de um futebol sem ponta de lança. Afinal é o golo a linguagem do jogo, o objectivo suprema, o santo Graal que todos buscam (uns mais que outros). Mas essa imagem histórica dos gigantes de área, dos predadores letais, começa a desvanecer-se progressivamente precisamente quando o pressing defensivo de Sacchi ensinou as equipas a encurtar o terreno de jogo até à linha do meio-campo. A mudança da lei do fora de jogo, o pressing defensivo e, sobretudo, o ritmo de jogo alto característico do final dos anos 90, começaram a dar o toque de finados para um jogador que foi, até então, exemplar único (e altamente sobrevalorizado) em qualquer equipa. Cruyff entendeu-o e começou com Romário o que hoje Guardiola logrou de forma definitiva com Messi. A diferença? O ADN blaugrana.
Guardiola não foi o primeiro técnico a tentar fazer do 4-6-0 uma realidade. Tanto Alex Ferguson como Luciano Spaletti tentaram recriar o esquema no terreno. No caso dos Red Devils o desenho parecia um vulgar 4-5-1 mas na realidade o papel de Rooney era o de falso dianteiro. O inglês recuava, puxando consigo a marcação e abria espaços para Ronaldo, Tevez, Giggs, Scholes, Hargreaves/Park/Anderson ou Carrick, explorarem. Também a Roma tentou emular o mesmo modelo com Totti de falso dianteiro, cercado por Vucinic, Perrota, Mancini e Tadei apoiados por De Rossi. Mas foram tímidas tentativas. Guardiola transformou a ideia em realidade.
Ajudou, é certo, o trabalho do técnico a excelente colheita de jogadores made in La Masia.
Guardiola conhece, encarna melhor dizendo, o ADN blaugrana como nenhum outro jogador. Encontrou à sua chegada veteranos de guerra com quem jogou (Xavi, Puyol), confirmações da era Rijkaard (Valdés, Iniesta) e lançou jovens que conhecia bem como Busquets, Pedro a que se juntou o repescado Piqué. Mas foi sobretudo Messi quem se transformou no jogador nuclear do primeiro Pep Team e que provocou a profunda metamorfose táctica de um 4-3-3 mais convencional (dois avançados abertos, um ponta de lança apoiados por dois interiores e um médio mais recuado) num claro 4-6-0.
Messi foi criado na Masia como um filho mais e bebeu desde cedo a filosofia local, tanto como Pique, Fabregas, Xavi ou Iniesta. A sua condição de estrangeiro é apenas circunstancial e isso nota-se cada vez que o número 10 veste a camisola da albiceleste. Ali ele é mais estrangeiro do que no seu Barça. La Pulga cresceu na Masia como extremo e foi aí que Rijkaard o posicionou, como o outro lado do espelho do genial Ronaldinho. Mas como Cruyff, Di Stefano, Pelé ou Maradona, o argentino é um jogador livre, sem posição fixa. A sua velocidade, finta, capacidade de reacção, determinação e, sobretudo, a sua capacidade de ler o jogo a uma velocidade laudrupiana transforma-o num jogador completíssimo que encaixa em qualquer desenho, em qualquer situação. Especialmente se quem o rodeia joga e pensa à mesma velocidade que ele.
Guardiola compreendeu isso de uma forma clara e depois de um ano transicional - e de uma aposta falhada em Ibrahimovic, incapaz de dar à equipa a mobilidade exigida - decidiu transferir o jogo de Messi para o miolo, reestruturando o carrossel ofensivo blaugrana. Com Messi no meio como receptor e emissor o técnico pode montar um quinteto de falsos médios, falsos avançados, capazes de manter a bola, imprimir o ritmo e encontrar os espaços necessários para controlar e dominar cada jogo.
Busquets e Keita consagram-se como os médios de controlo (muito mais do que Mascherano, mais eficaz quando joga como central adaptado). Xavi e Iniesta continuaram a ser eles próprios, interiores incisivos e letais com os seus passes a régua e esquadro e a sua fome de bola (poucas duplas na história tiveram tanta qualidade) e Pedro e Villa foram transformados em falsos extremos. Jogam colados à linha de fundo como fariam Garrincha ou Best, mas usam a sua velocidade, precisão no remate e leitura de jogo para estrangular as defesas contrárias. Eles abrem o campo para as diagonais dos interiores e fecham-no para asfixiar e cercar as defesas. Nunca jogam no ataque como figuras estáticas, nunca ficam muito longe da última linha defensiva quando defendem. No meio Messi, sem ordem que não seja a de criar o caos, um verdadeiro rebelde com causa, capaz de encontrar nos interiores, nos extremos ou nos laterais ofensivos, parceiros para dar e receber em dois, três toques rápidos, subtis e plenos de intenção. A mecanização de movimentos, depois de anos e anos de treino permitiram aos jogadores blaugranas criarem um entendimento único (por isso se entende o grande arranque de época de Fabregas e Thiago e a progressiva, mas mais lenta e individualista, adaptação de Alexis) e ao seu técnico abdicar definitivamente da figura do ponta de lança. Na filosofia de Guardiola não pode haver jogadores estáticos, incapazes de jogar em equipa. Se até Valdés é mais libero que guarda-redes como poderia haver um dianteiro que não fosse ao mesmo tempo extremo, médio e até mesmo defesa?
Inevitavelmente o ponta de lança continuará presente em equipas que privilegiam o jogo directo, que preferem o jogo aéreo contradizendo o velho dito de Brian Clough de relva nas nuvens. Mas à medida que o futebol se torna num jogo cada vez mais complexo, físico e intenso, o modelo blaugrana torna-se na evolução natural de algo que já a Hungria de Gustav Sebes anunciava, há mais de 50 anos. Naturalmente em Can Barça reuniram-se as condições (modelo implementado, tranquilidade institucional, classe dos jogadores, génio da equipa técnica) necessárias para aplicar o 4-6-0 com uma taxa de sucesso inquestionável. E mesmo isso não garante, como dissemos ao inicio, que perante rivais mais encerrados a aposta num modelo mais ofensivo como um 3-4-3 seja mais prática. Mas o passo dado em frente é inevitável. Na final da Champions League de Wembley o posicionamento de Messi (mas também de Pedro e Villa...os três marcadores) deixou a defesa do United desenquadrada por não saber a quem (e como) marcar. Chamam-lhe o "falso nove" mas a realidade vai mais longe. Mais do que recuar o nove o que o 4-6-0 de Pep consegue é involucrar no movimento ofensivo de concretização todo o acordeão do meio-campo, o que permite a Fabregas, Thiago, Iniesta ou Xavi estarem tão ou mais perto do golo que Villa, Pedro ou o próprio Messi. A função de atacar deixa de recair sobre um homem só para passar a ser coisa de muitos, permitindo uma constante superioridade em qualquer zona do terreno de jogo. E a história do futebol ensinou-nos que os mitos são homens mas quem faz a diferença são sempre as equipas
De Anónimo a 6 de Setembro de 2011 às 19:37
Muito Bom, Parabéns.
No entanto, na final da LC com o Man. Utd, foi tanto o "falso 9", como o "falso 7", estes "abananaram" por completo a leitura de jogo de Ferguson e por consequência Evra, e as duas ultimas linhas defensivas.
No fundo, neste Barcelona tudo é falso, tal não é a mobilidade com capacidade de ser compensada, interpretada e adaptada por todos em todos os momentos...
O facto de Valdés ser tanto Jogador de Campo quanto GR é demasiado relevante para não ser discutido.
Este Barça só não pode ser considerado uma maquina, apenas porque as maquinas por vezes também falham, ao contrário deste!
Abraço e Parabéns mais uma vez.
Jorge D.
Jorge,
É precisamente essa "falsidade" que transforma o 4-3-3 num 4-6-0.
O primeiro grande técnico a falar na inevitabilidade dessa mutação foi Carlos Alberto Parreira, há uma série de anos atrás. O Barcelona de Guardiola demonstrou como se faz. Tanto Messi como Pedro deixaram Evra tonto e as subidas de Alves mudavam o desenho do 4-6-0 com Busquets recuado como central e Piqué deslocado para a direita com Alves a subir para abrir ainda mais o falso sexteto do miolo-ataque.
Nesse desenho Messi é o eixo nuclear como podiam ter sido Romário, Saviola ou Etoo. Não puderam sê-lo porque lhes faltava essa inteligência cultivada na Masia que permite a Messi saber, de memória, algo que quem chega, por muito bom que seja, demora eternidades a aprender.
um abraço
De Livramento a 6 de Setembro de 2011 às 22:24
Muito bom, mas o melhor foi esta parte: "...a sua capacidade de ler o jogo a uma velocidade laudrupiana ...". O melhor, porque Michael Laudrup foi o maior.
Livramento,
Para mim se houve um jogador na história do futebol subvalorizado foi Michael Laudrup. Um génio que trabalhava numa velocidade mental exclusiva, sempre um segundo à frente dos demais. O prémio Ballon D´Or perdeu todo o sentido quando renegou, ano após ano, consagrar este génio made in Dinamarca. Nos últimos 20 anos talvez só Ronaldinho tenha chegado ao seu nível mental a ler o jogo. Nem Xavi, nem Pirlo nem mesmo Zidane estiveram ao seu nivel.
Contava o agente de Laudrup que quando estava a discutir as condições do contrato do dinamarquês com o Madrid de Valdano (que entendeu que para ganhar àquele Barcelona precisava de alguém que soubesse pensar o jogo ao mesmo ritmo) num restaurante de Barcelona, aproximou-se Guardiola que tinha ouvido a conversa a perguntar-lhe se Laudrup realmente se ia embora. Quando este lhe confirmou Guardiola começou a chorar copiosamente, pedindo-lhe que o convencera a ficar, que tinha aprendido tudo dele e que sem Laudrup se sentia perdido em campo. Esse era o real impacto de um génio como Laudrup noutro como Guardiola e a queda do Dream Team começou quando Cruyff começou a abdicar do génio dinamarquês pela irreverência de Romário e Stoichkov.
um abraço
De Miguel a 7 de Setembro de 2011 às 15:05
Boas
Adorei ler o texto, sobretudo porque confirma uma ideia que os jogos do Barça me dão. Sempre achei invulgar ter tanta bola nos pés e tão pouca gente "na frente". Pareceu-me contraproducente pois de que serve ter a bola, mastiga-lá ate a exaustão, se depois não há quem se sirva dela à frente da baliza. Acho que a mesma perplexidade assola os defesas e médios que defrontam o Barcelona...Eles também não percebem muito bem o que vai acontecer em seguida, só o Barcelona é que sabe.
Sinceramente não gosto de ver o Barça jogar, reconheço que é a equipa que melhor trata a bola que já alguma vez vi e que infelizmente para o ego Luso, de facto, Messi é fabuloso, mas... O jogo deles parece-me um catenaccio em posse! São minutos, atras de minutos em que jogadores incríveis tecnicamente, trocam a bola entre si e tal como referido num dos comentários, quando chega a altura de rematar são máquinas autenticas.
É um jogo em que não há risco, tudo o que acontece é feito porque as probabilidades de a coisa dar para o torto são quase nulas. É um jogo soporífero, sem emoção, o único que se pode esperar é que eventualmente um daqueles craques finte alguém ou penetre numa triangulação irrepreensível que resulte no que todos sabemos.
Já me calo,só queria deixar a ideia que esta inovação do Guardiola vai matar o prazer em ver futebol, ninguém vai jogar peladas para ver quem triangula melhor, nem ganha o jogo quem passa mais vezes ao médio centro, o melhor jogador é o que dribla para rematar, não o que finta para aumentar a probabilidade de não falhar o passe para o lateral esquerdo.
Respeito o Barcelona e quem gosta de o ver jogar..Mas os jogos são uma seca!
Miguel,
Quando a Espanha ganhou o Mundial escrevi um artigo que se revelou bastante polémico em que falava dos espanhóis como a nova Itália. A ideia era precisamente essa embora muita gente não a tivesse entendido bem.
O futebol espanhol e o Barcelona viveram muitos anos uma crise de identidade. O Barça até à chegada de Cruyff tinha um curriculum ridiculo para um clube da sua estatura. E sobretudo, não tinha uma ideia. Michels, Lattek, Weissweiler, Menotti, Venables, todos pensavam o jogo de maneira diferente e de dois em dois anos o Barça mudava da noite para o dia. O mesmo passou com Espanha, habituada a imitar os melhores, sem perceber quais eram realmente os seus pontos fortes.
O que Cruyff ensinou - ter sempre a bola nos pés - não era novo. O seu jogo era muito mais directo, atrevido e, portanto, bativel. Mas este Barça, como a Espanha, aprendeu a mecanizar o jogo tendo em conta a própria fisionomia dos seus. Num jogo vertical, de toma e dá, frenético, de perda e posse, a Espanha é uma equipa com poucos argumentos face a equipas mais fisicas, mais rápidas, mais imponentes. A grande virtude dos bajitos é fazer a bola correr antes que eles, evitar o cansaço fisico e psicológico de um jogo intenso. Essa filosofia foi a que Guardiola entendeu, mudando o registo do Barça de Rijkaard, mais similar ao de Cruyff e portanto, mais vertical.
Este catennacio de posse é real mas isso não é sequer uma ideia despreciativa. Eu, pelo menos, admiro muitissimo o catenaccio italiano e conseguir fazer o mesmo com a bola nos pés é de se tirar o chapéu. Naturalmente que é um jogo mais cerebral, mais imprevisivelmente previsivel e, sobretudo, mais letal. Para o espectador que gosta de rasgos individuais, jogos intensos, é um soporifero da mesma forma que a Itália o é sem a bola mas com a ocupação dos espaços.
O que o Barça fez não é novo porque como disse antes já se matou o extremo puro e o número 10, elementos fundamentais para o espectáculo puro, para a semelhança com o futebol de rua. Mas o futebol sobreviveu, transformou-se e continuará a ser assim. Jogar a este nivel será sempre complicado e muitas equipas nem sequer o irão tentar da mesma forma que há ligas onde o 10 e o extremo ainda são realidades. Mas o caminho do futuro é precisamente esse, a inversão da pirâmide táctica.
um abraço
De Santos a 7 de Setembro de 2011 às 15:15
Parabéns pelo artigo, penso que descreve quase na perfeição o que é esta equipa do Barcelona... E o que não descreve, é a magia futebolística que os seus jogadores aplicam e que não foram feitas para ser explicadas pela palavra.
Há apenas um jogador de que não falaste e que para mim é muito importante na dinâmica da equipa dentro e fora de campo: Eric Abidal, cuja disciplina posicional, espírito de liderança - apesar de não ser da casa - e o facto de ser, quanto a mim, um dos jogadores mais "frios" da equipa, me faz gostar mais de o ver jogar partida após partida.
Já agora, falo também do assunto do Michael Laudrup :) Concordo completamente quanto às qualidades do dinamarquês. Mas na minha opinião, o Zizou é o jogador com a melhor visão de jogo que vi jogar.
Mais uma vez parabéns pelo artigo.
Saudações
Santos,
Obrigado pelas palavras.
O Abidal tornou-se importante sobretudo quando teve de encontrar o seu espaço no centro da defesa. Como lateral é um jogador seguro e que vive um processo de maturidade táctica único, mas é como central que ele transmite essa tranquilidade, especialmente na ausência de um lider como Puyol.
A segurança de Abidal permite a Piqué soltar-se com a bola e Alves jogar a seu gosto pela banda direita. Entende-se bem com Busquets que compensa o posicionamento ofensivo dos laterais e integra-se já perfeitamente no adn barça. É um jogador exemplar na metamorfose adquirida, algo similar a Keita.
um abraço
PS: Considero o Ronaldinho o melhor jogador das últimas 2 décadas e uns furos acima de Zidane e Laudrup, dois génios brutais. O Barcelona começou a perder quando Cruyff preferiu o jogo directo de Romário ao pensamento puro de Michael e ainda hoje aqueles 4-0 em Atenas devem lembrar-lhe disso mesmo.
um abraço
De Rui Almeida Rodrigues a 7 de Setembro de 2011 às 17:27
Muito bom artigo, profundidade e paixão diria.
Não entendo apenas, como se pode escrever tantas linhas sobre o futebol do Barcelona, sem falar de Daniel Alves.
Cumprimentos
Rui,
Obrigado pelas palavras!
O Dani Alves é peça importantissima no esquema do Barcelona mas era-o mais quando a equipa jogava ainda num 4-3-3 declarado que, com ele, se transformava num 3-3-4 em situações extremas. Alves abria o campo quando nem Etoo nem Ibrahimovic tinha condições para fazê-lo. Com Villa, um jogador que entende perfeitamente a cartilha de Pep, o trabalho ofensivo de Alves, apesar de importante, já não é tão fundamental.
O seu posicionamento no 4-6-0 é, ainda o posicionamento de lateral ofensivo que pode, com o recuo de Busquets e reposicionamento de Pique, como vimos em Londres, ser fundamental. Mas é sobretudo um jogador de 4-3-3. Com as opções Thiago, Cesc e Sanchez o técnico blaugrana tem novos e diferentes recursos para o posicionamento original de Dani.
O pior de Alves é que, ao contrário de Abidal, continua a cometer muitos erros defensivos de posicionamento o que obriga Pique (e por arrasto a Mascherano ou Busquets) muito mais atenção. Exemplar a forma como "secou" Ronaldo na Supertaça com a ajuda do "Jefecito" mas com rivais que o motivam menos ainda comete alguns erros imperdoáveis.
Com um 4-6-0 consolidado, especialmente com Cesc e Sanchez, e a capacidade de Pique em sair com a bola, o jogo do Barcelona manteria a sua excelência mesmo com outro lateral direito que não o brasileiro.
um abraço
De ismas a 7 de Setembro de 2011 às 23:20
Miguel so uma pergunta viste o jogo real madrid-villareal do ano passado?a segunda parte do jogo digo?
Ismas,
Vi claro, depois de um dominio esmagador com a bola do Villareal na primeira Mourinho decidiu jogar num claro 3-4-3 com uma defesa bastante adiantada, Di Maria e Marcelo a fazerem todo o flanco e Ronaldo solto na frente. Ganhou superioridade no miolo, opções na frente de ataque e asfixiou por completo o Villareal.
Foi talvez o melhor jogo que vi fazer o Real Madrid no Bernabeu na época passada e a prova de que Mourinho é um treinador que sabe ler o jogo como poucos. Foram 45 minutos absolutamente vertiginosos.
um abraço
De Nuno Anjos a 20 de Setembro de 2011 às 12:35
Primeiro q tudo dar-lhe os parabens por esta magnifica análise e a emoção q transmite.
Falando com adeptos de futebol das mais diversas gerações, quase todos são unanimes em identificar como a melhor equipa que já viram jogar e tão esmagadora.
De facto, o q me mais fascina é inteligencia em todos os momentos de decisão e na criação de espaços, a ausencia da referencia atacante só é possivel com uma tremenda capacidade de posse de bola.
Mais uma vez muitos parabéns.
NA
Nuno,
Obrigado pelas visitas e pelo comentário!
Este Barcelona é uma equipa tacticamente revolucionária, muito mais do que se possa imaginar. A possível estandardização do 4-6-0 só poderá acontecer quando se reúnem condições comuns a um leque de projectos que ainda não as têm, mas a maternidade deste modelo será exclusiva do Pep Team!
um abraço
Comentar post