Sporting Braga
Os adeptos do Sporting de Braga têm consciência que estão a viver uma época única e têm sabido corresponder à sua equipa. Um fenómeno que recorda, e muito, o vivido pelo Boavista há uma década e que abriu vários pontos de interrogação sobre o conceito de grande clube numa liga marcada profundamente por heranças históricas desfazadas da realidade.
Domingos Paciência superou-se depois de um primeiro ano a todos os titulos notável.
Não conseguiu o titulo que escapou em 2010, perdido apenas no último dia, mas logrou algo mais mediático ainda, uma final europeia, algo a que em Portugal só FC Porto, SL Benfica e Sporting podem presumir de saber o que é. Nem Belenenses e Boavista, clubes com um titulo nacional que falta ainda ao Braga, conhecem essa sensação. A campanha europeia foi o lado mais destacado de um ano memorável e que teve também correspondência a nivel interno. A época foi irregular e começou com alguns tropeções importantes que cedo deram a entender que a luta pelo titulo, e até pelos dois lugares Champions, era complicado. Mas o clube estava aplicado na sua campanha europeia e deixou a Liga Sagres em banho maria até Dezembro onde começou a escalar posições. Em Janeiro Domingos perdeu peças chave na manobra da equipa e soube reinventar-se uma vez mais. O sprint final não garantiu um terceiro lugar que saberia a glória muito por culpa do cansaço acumulado pela prestação europeia, mas deixou no ar a confirmação de que os feitos de 2010 não são um puro acaso.
Este Braga é sobretudo uma equipa de um técnico que já viu chegar e passarem vários jogadores e sempre soube incutir a quem ficava a sua filosofia de trabalho, acente numa solidez defensiva tremenda e uma eficácia ofensiva determinante nos momentos de grande aperto. Silvio, Vandinho, Salino, Viana, Lima, Matheus, Artur, Rodriguez ou Garcia foram nomes próprios importantes ao longo de toda a temporada e deram esse rosto descarado a uma equipa que vale acima de tudo pelo seu jogo colectivo. A vitória sobre o Benfica não só afastou os encarnados do titulo, numa desforra particular do vivido no ano passado que se repetiria na Europe League, mas foi também um dos melhores jogos do Braga em 2011 e deu gás a esse sprint final que permitiu ultrapassar Guimarães e colar-se ao Sporting, que só na ultima ronda, em Braga, soube como travar o impete minhoto.
O grande desafio do Braga estará na próxima época. Sem Domingos Paciência o clube tem o desafio de manter-se no topo sendo fiel à sua habitual filosofia. O sucesso europeu e a boa prova a nivel interno abrem o apetite para mais e depois de duas épocas onde fez história começa a ser claro que o que separa os bracarenses do respeito dos media e dos adeptos dos três grandes, ainda um pouco condescendentes com o fenómeno Braga, é um titulo. A expectativa é legitima, a ambição também.
Vitória Guimarães
A época do Vitória de Guimarães é forçosamente um sucesso desportivo a partir do momento em que carimba a sua passagem para a final do Jamor. Um bilhete europeu de primeira classe e a possibilidade de lograr o primeiro titulo da história do clube vimaranense avala o trabalho de Manuel Machado. Mas houve mais na época do conjunto da “cidade-berço” do que a exitosa campanha na Taça.
O Vitória emergiu em 2010/11 como o melhor dos outros. O lider do pelotão.
Atrás do trio da frente e do inconstante Braga, é certo. Mas diante de toda a legião de médias equipas que procuram consolidar o seu lugar ao sol. Da equipa que logrou um histórico 3º posto em 2008 sobra muito pouco. Mas a resposta positiva a um ano 2010 decepcionante foi certeira. Sem dinheiro para gastar e estrelas a quem confiar os destinos da equipa, Machado fez o que melhor sabe, montar um conjunto equilibrado e fiável.
Em Guimarães nunca houve verdadeiros altos e baixos, sempre uma curiosa monotonia de resultados e performances. A equipa nunca caiu demasiado na classificação para se assustar mas cedo percebeu que o 4º posto era o máximo a que podia ambicionar. Acabou por ficar um posto abaixo na tabela classificativa, dentro dos postos europeus (confirmado através da Taça), e à frente dos conjuntos madeirenses e o Paços de Ferreira, os seus mais recentes rivais institucionais, equipas do mesmo campeonato digamos. E no D. Afonso Henriques isso já é digno de ser celebrado.
Nacional Madeira
A saída de Manuel Machado do Nacional deixou alguma mossa e o conjunto insular demorou a reencontrar-se com o espirito que transformou os alvinegros num claro candidato europeu.
O objectivo de voltar aos postos da UEFA foi conseguido depois de um ano tremido em que muitas vezes ficou a sensação de falta de fiabilidade por parte dos madeirenses. Uma equipa que ganhou muito com a eficácia goleador de Anselmo e a segurança defensiva de Bracalli, dois esteios que equilibraram os falhos pontuais do jogo de construção no miolo. A aposta nos jogadores de leste voltou a funcionar com a chegada de Skolkink que se juntou a Tomasevic e Mihelic no plantel alvinegro.
O técnico Predrag Jokanovic soube manter a nave na rota europeia apesar de ter havido momentos em que parecia que o Nacional se começava a descolar do pelotão europeu. A confirmação do posto europeu do Vitória de Guimarães através da Taça eliminou um candidato directo mas também retirou uma vaga para disputa que transformou a última jornada numa intensa luta a quatro. No final o objectivo do ano foi cumprido mas ainda há muito para fazer no Funchal para repetir os brilharetes da era Machado.