Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2014

Se fosse outro clube. Se fosse outra liga. Se fosse outra realidade. Se. Uma palavra que o futebol conjuga vezes sem conta, muitas vezes de forma quase automática. David Moyes vive no seu particular mundo dos "ses". Ser sucessor a um mito é sempre uma tarefa complexa. Mas nem sempre dramática. O anterior técnico do Everton está a viver um autêntico annus horribilis. Não só porque o seu projecto em Old Trafford não arranca mas também porque em Goodison Park ninguém parece lamentar a sua saída. Em terra de ninguém, Moyes tem sido salvo pela legendária fidelidade do Manchester United.

Vir a seguir a um mito, a um génio, é sempre uma missão (quase) impossível.

Ferguson é um dos maiores treinadores da história. Tem um curriculum que provoca o mesmo efeito de contar ovelhas, não tem fim. Os mais novos lembram-se apenas do velho com cara rosada em Old Trafford mas a sua lenda forjou-se primeiro nos anos setenta, na pequena Abardeen. Foram quase 40 anos nos bancos. Tempo suficiente para filhos, pais e avós terem a sua conexão emocional com ele. Muitos dos seus antigos jogadores transformaram-se em treinadores, um sinal normalmente de que Ferguson não foi só um homem do presente, do sucesso em campo. Foi também um inspirador fora dele. A sua liderança não poderia nunca ser substituida. É impossível.

O Manchester United tinha duas opções, igualmente válidas. Aceitar outro tipo de liderança, outra figura icónica. Ou optar pelo modelo low profile, um treinador sem esse peso que se fizesse valer por si mesmo com o tempo. José Mourinho era a primeira opção. David Moyes a segunda. A decisão foi unânime e o homem que transformou o Everton num projecto sólido foi o eleito. Rapidamente se traçaram comparação com a chega de um "desconhecido" Fergie. Artigos escritos e twitteados, naturalmente, por alguém sem formação nenhuma em história do futebol ou acesso a uma wikipédia. Quando o escocês Ferguson aterrou em Old Trafford estava em melhor situação profissional que o clube. Tinha sido o homem capaz de romper o duelo da Old Firm na Escócia, tinha ganho provas europeias, dirigido a selecção escocesa num Mundial e (quase) todos os clubes ingleses o queriam. Por sua vez, o Manchester vinha de década e meia sem títulos, de um longo deserto de ideias pós-Busby e com a era Ron Atkinson em ponto morto. Ferguson teve tempo para desenhar o seu projecto porque tinha mais peso do que a situação dos Red Devils à época. E porque o clube, em si mesmo, era uma soma de problemas e não um conjunto de virtudes. Uma vitória quase desesperada numa FA Cup, uma Taça das Taças e um tal Cantona deram a volta à história. Moyes não vive na mesma realidade mas tem recebido o mesmo tratamento que o clube tem oferecido a quase todos os seus treinadores.

 

Em 1945 acabou a II Guerra Mundial. E Matt Busby foi apresentado como técnico do Manchester United.

Desde esse momento - há precisamente 69 anos - o clube teve apenas sete treinadores. Desses sete (onde já incluimos Moyes) apenas dois estiveram menos de três temporadas no activo. Ambos estiveram envolvidos no complexo processo de sucessão ao único mito maior que Ferguson na história do clube: sir Matt.

Wilf McGuiness durou ano e meio no cargo. O United, campeão europeu um ano antes, estava em processo de renovação mas o antigo adjunto de Busby não conseguiu liderar o processo. A situação tornou-se de tal forma dramática que o próprio Busby aceitou voltar da reforma para acabar a temporada. Durante esses meses o clube abordou o irlandês Frank O´Farrell, que estava prestes a conquistar o título de segunda divisão com o Leicester. Finda a época, O´Farrell aceitou o posto de Busby mas durou pouco mais que McGuiness, acabando por estar envolvido na histórica despromoção dos Red Devils. Foi o fim dos pequenos mandatos no clube. Tommy Docherty (que treinou o FC Porto), esteve cinco anos no banco de Old Trafford. O seu sucessor, Dave Sexton, durou um menos e "Big Ron" Atkinson foi treinador durante cinco temporadas. Todos venceram títulos (FA Cup, Taça da Liga, Charity Shield), nenhum venceu a liga ou uma prova europeia. Mas tiveram sempre o apoio da direcção e dos adeptos. O mesmo apoio que teve Ferguson durante quatro anos. E o mesmo que Moyes tem actualmente.

Moyes já foi eliminado da FA Cup e da Taça Liga. Alcançar a Champions League parece missão impossível face à temporada estelar de Arsenal, Chelsea e Manchester City. A quarta vaga parece ser da propriedade do Liverpool mas até o seu antigo clube, Everton, tem mais opções de ouvir o hino da Champions. Uma estranha ironia da vida. Em Goodison Park, onde Moyes se consagrou, todos parecem estar gratos pela mudança. E isso é o pior que pode suceder a um treinador na sua posição. A eventual chegada de Juan Mata dificilmente mudará o cenário actual. O Manchester United tem um plantel extremamente descompensado mas que foi suficientemente bom para ser campeão na temporada passada. Fellaini trouxe pouco a uma equipa que já tinha a Kagawa para a sua posição e o aparecimento de Januzaj foi a única noticia positiva em toda a temporada. Todos os pesos pesados da era Ferguson estão muitos furos abaixo do que sabem fazer, a defesa mancuniana é um desastre e faltam opções, ordem e critério ao meio-campo. Culpa de Moyes, seguramente, incapaz de realizar qualquer negócio em tempo útil no mercado. Mas também uma consequência inevitável da mudança de guarda.

 

Alguns lembram-se das sucessivas heranças deixadas em Liverpool de Shankly para Paisley e de Paisley para Fagan, esquecendo-se de que os três estiveram juntos desde o principio do Boot Room e, portanto, não havia mais do que uma mera sucessão de individuo a realizar. O método permaneceu sempre o mesmo. Com Moyes a situação é distinta e a direcção do clube sabe-o. Os adeptos, habituados a vencer quase por defeito, perderam a noção histórica do clube. Mesmo nos dias de hoje - com donos americanos e uma necessidade constante de fazer dinheiro - parece altamente improvável que Moyes não acabe a temporada. Depois será o treinador quem tenha de avaliar se aguenta o peso do posto. Moyes terá mais algumas vidas para gastar. Resta saber se não é ele quem decide dizer Game Over.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:58 | link do post | comentar

Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2014

Acabou a novela do Ballon D´Or. Felizmente. Lembro-me com nostalgia das segundas-feiras em que passava pelo quiosque e via a capa da France Football. Só aí sabia quem era o vencedor. Nos dias da internet era possível na véspera confirmar os rumores dos jogadores que eram apanhados na foto da capa. Nada mais. Agora vivemos um autêntico circo mediático com posturas tão afastadas que o prémio se transformou numa guerra. No meio de tudo isto Platini volta a demonstrar a sua habitual hipocrisia e oportunismo. Um dos melhores jogadores do Mundo, o actual presidente da FIFA é também um demagogo consumado e dono de uma memória muito, muito fraca.

Começamos esta viagem com um disclaimer. O meu Ballon D´Or teria ido para Franck Ribery.

Nem isso signifique que não ache o ano de Cristiano Ronaldo absolutamente brutal. Nem quer dizer que não considere a Lionel Messi um ET do futebol. Na minha cabeça o Ballon D´Or é outra coisa. Nem é um prémio para o maior goleador (para isso há a Bota de Ouro), nem é um prémio para o Melhor Jogador do Mundo (para isso está a História). É um prémio temporal (365 dias, para a FIFA com alguns trocos pelo meio) e reflecte o que um jogador faz num ano num determinado contexto. O contexto colectivo (títulos, exibições) e o contexto individual (a sua importância dentro dessa dinâmica, o seu valor e o que representa). Esse é para mim o que significa o Ballon D´Or. Não significa que eu esteja certo ou errado. Pura e simplesmente, se pudesse votar, fá-lo-ia debaixo desses princípios. E para mim Franck Ribery representa o que de melhor se viu em 2013.

Dito isto, naturalmente, não posso deixar de me alegrar por Cristiano Ronaldo. Apesar de estar numa equipa milionária o abismo que há entre si e os seguintes melhores jogadores é imenso. Por isso - e porque Mourinho e o balneário merengue cortaram relações mal a época começou - o português não ganhou nenhum título em 2013. O que não o impediu de marcar como nunca, assistir como nunca e transformar-se definitivamente na reencarnação de Alfredo di Stefano que o clube necessitava. Ronaldo merece ter dois Ballon D´Ors pelo o que tem feito nos últimos seis anos da sua carreira desportiva. O prémio assenta-lhe bem, como uma luva. Mas chegou um ano mais tarde. Já Messi, imenso como é, conseguiu terminar em segundo lugar num ano em que só jogou seis meses. É um hino à forma como o argentino capturou a imaginação colectiva. Mesmo quando não está ao seu melhor Messi dá a sensação de ser o melhor. Há poucos futebolistas na história que o podem proclamar. Vencer o quinto Ballon D´Or consecutivo num ano como este seria ridículo mas estar aí relembra a todos que será muito difícil que Messi não vença mais dois ou três prémios destes. Basta não estar lesionado e o Mundo votará nele por defeito. Sentem que é o melhor que há e que o prémio representa isso. Michel Platini pensa de outra maneira. De certa forma estou de acordo com as suas declarações. O problema é que Platini funciona por oportunismo. Tem todo o direito a defender o seu "protegée" como qualquer outro adepto, ainda sendo presidente da UEFA. O que não pode é dizer que o modelo mudou precisamente este ano. Porque mudou. E nem foi este ano nem o ano passado.

 

Desde a fusão com o FIFA Award que o Ballon D´Or perdeu a sua inocência.

Nenhum prémio é perfeito mas o modelo histórico do troféu da France Football, confesso, faz para mim mais sentido. A partir do momento em que se abriram as votações ao Mundo, o prémio descaracterizou-se e transfomou-se num concurso de popularidade entre os dois monstros da nossa era. Façam o que fizerem os restantes jogadores sabem que nos próximos cinco ou seis anos será difícil que alguém se intrometa entre Messi e Ronaldo. O brasileiro Neymar - que acabou num surpreendente, ou talvez não, quinto lugar - é o único com o mediatismo suficiente para ambicionar quebrar essa hegemonia. Nesse contexto os jogadores que fazem parte da coluna vertebral do prémio não têm sentido. Ribery, Iniesta, Xavi e Sneijder teriam sido premiados noutro modelo. Com este estão destinados a aplaudir.

Antes deles houve outros que sim foram celebrados. O modelo histórico do Ballon D´Or premiou a Raymond Kopa, a Josef Masopust, a Lev Yashin, a Florian Albert, a Dennis Law, Gerd Muller, Allen Simonsen, Oleg Blokhin, Kevin Keegan, Karl-Heinz Rummenige, Igor Belanov, Lothar Mathaus, Hristo Stoichkov, Pavel Nedved, Andrei Shevchenko ou Fabio Cannavaro. São todos maravilhosos jogadores. Maravilhosos. E em cada ano fizeram méritos para vencer. Mas se o modelo aplicado à época fosse o vigente, nunca teriam vencido e Zinedine Zidane, Ronaldinho, Ronaldo Nazário, Johan Cruyff, Franz Beckenbauer, Eusébio, George Best, Alfredo di Stefano teriam seguramente bastante mais prémios dos que conquistaram. Para que façam uma ideia, em comparação com os quatro de Messi os geniais Zidane e Ronaldinho tiveram apenas um. A diferença não é tão grande, pois não? E aí entra na equação Michel Platini.

O francês foi, provavelmente, o melhor jogador europeu da sua geração. Até 1995 os jornalistas da France Football não podiam votar a não-europeus, mesmo que jogassem na Europa. Em campo, Platoche media-se com Zico, Sócrates, Maradona e Francescoli mas quando chegava a hora de votar, estava só. Em 1983 venceu o seu primeiro de três Ballon´s D´Or consecutivos. Consecutivos. Sob a sua teoria, esses prémios teriam de ter sido referenciado com algo mais do que o seu talento e charme. Títulos. Títulos colectivos imagino porque foi esse o seu argumento de defesa de Ribery. Em 1985, quando venceu o prémio pela última vez, Platini foi campeão europeu com a Juventus. Confirma. No ano anterior, o francês levou o seu país a vencer a sua primeira competição internacional, o Euro 84. Confirma. E em 1983, o seu primeiro ano como premiado, que venceu Platini? Nada.

A memória de Michel é curta mas nós ajudamos. Nessa temporada, ao serviço da Juventus, o francês ganhou a Supertaça italiana. Mas ganhou-a em Agosto de 1982, fora do ano temporal de 1983 a que se correspondia a votação. Nessa temporada o título italiano foi para a AS Roma. E o europeu para o Hamburgo, depois de ter derrotado a sua Juventus na final. A Platini restou a compensação de ter ganho o prémio ao melhor marcador da Serie A com 19 golos. Nada mais. E na votação final, a sua vitória foi esmagadora. E não sobre um jogador do campeão europeu (Hamburgo) ou italiano (Roma). Atrás de si ficou Kenny Dalglish, um dos melhores jogadores que nunca venceu o troféu, e que tinha vencido algo esse ano: o título inglês. Em terceiro ficou Simonsen, que por então já jogava no Vejle dinamarquês. Não foi a primeira nem seria a última vez que um jogador sem títulos ganharia o Ballon D´Or. Sucedeu com Stanley Matthews (aí o prémio foi mais honorifico que real), com Dennis Law, com Luis Figo ou com Kevin Keegan. A fraca (e selectiva) memória de Platini serve para relembrar que o triunfo de Cristiano Ronaldo afinal não é tão atípico como isso. Afinal, em 2012, não foi o argentino Leo Messi que ganhou (de forma surpreendente) o mesmo troféu com "apenas" um novo recorde goleador num ano mas sem títulos colectivos. Um recorde que superou outro, de Gerd Muller que, quando o conseguiu, não foi recompensado com o mesmo prémio. Nessa época, para vencer o Ballon D´Or, era preciso algo distinto!

 

O Ballon D´Or é cada vez mais um circo mediático e um prémio fechado. Impensável o esquecimento a que foi votado o Borussia Dortmund e muitos dos jogadores do próprio Bayern Munchen. É também um prémio que, se fosse votado ainda só pelos jornalistas, teria ido para Ribery como no passado teria ido para Sneijder em 2010, por exemplo. Na votação final nem no pódio ficou. Não é um prémio que respeite, nos moldes actuais. Não é um prémio bem gerido, a variação nas votações este ano, os votos falsos no ano passado, dão bem conta disso. É um prémio binómio que dista muito da sua ideia original. A que sabia premiar a Cruyff, Charlton e van Basten mas também sabia reconhecer que outros grandes jogadores realizavam grandes temporadas. Tenho saudades dessas segundas-feiras de manhã, desse quiosque e de uma capa com a cara de Philip Lahm, mais surpreendido do que eu. Platini seguramente não tem nostalgia desses dias. Se tivesse, um dos seus troféus estaria agora em casa de Dalglish ou Magath. Poderia oferece-lo a Ribery. Em nome da coerência!

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:53 | link do post | comentar | ver comentários (13)

Quarta-feira, 8 de Janeiro de 2014

A data de fundação do FC Porto sempre foi alvo de debate. O clube existiu em várias reencarnações. Mas apesar de um historial único, a verdadeira invenção do FC Porto moderno aconteceu depois de um aceso debate na pastelaria Petúlia que levou Pinto da Costa a proclamar a sua mítica frase de "largos dias têm cem anos...". O regresso de José Maria Pedroto às Antas foi também o início de um novo clube que rompia com os erros históricos do passado e lançava as bases para o que hoje é a potência dominadora por excelência do futebol português.

Se Eusébio foi o principal embaixador do futebol português nos relvados, no banco de suplentes sentou-se durante duas décadas o seu equivalente entre os técnicos. Portugal é um país historicamente capaz de produzir excelentes treinadores de futebol, desde os dias de Cândido de Oliveira até à consagração mediática de José Mourinho. Nenhum foi, no entanto, tão influente como José Maria Pedroto.

O popular Zé do Boné não se limitou a ser um inovador. Reinventou também um clube e com ele uma cultura futebolista que se prolongou no tempo graças ao trabalho do seu braço-direito emocional, Jorge Nuno Pinto da Costa. Juntos forjaram uma dupla histórica onde ao dinamismo do dirigente se juntava a inteligência e acidez do treinador. Pedroto foi tudo enquanto esteve vivo. Jogador de excelência, um dos mais completos da sua geração. Técnico altamente preparado, o primeiro em Portugal a formar-se no estrangeiro com diploma de excelência. Ideólogo e presidente "de facto", a partir do momento em que regressou às Antas debaixo do olhar corroído de Américo de Sá e de uma cultura futebolística habituada a considerar os azuis-e-brancos como actores secundários.

Pedroto revolucionou um clube preso ao amadorismo de outros tempos. Por um lado espicaçou a moral dos adeptos portistas com declarações públicas violentas contra o poder instituído do centralismo, os "roubos de Igreja" e a preferência política pelos clubes da capital. Uma ideia que defendeu sempre, mesmo enquanto jogador, a partir do momento em que assinou não pelo FC Porto mas sim pelo Belenenses. Ao vivo testemunhou com o circuito político do futebol português se concentrava entre os grandes da capital e não esqueceu a lição. Mas Pedroto não teria triunfado se a sua mensagem fosse apenas de conflito. De portas para dentro trabalhou para mudar a mentalidade pequena de um clube que não vencia um título nacional há quase duas décadas e que antes, no seu tempo de jogador, tinha estado quase igual período de tempo sem triunfar. A mentalidade pequena, provinciana, o medo de atravessar a ponte rumo a sul para jogar longe dos adeptos teria de ser alterada para uma forte cultura de clube inspirada no modelo que Shankly tinha aplicado em Liverpool. As Antas tornou-se um fortim com Pedroto mas foi a melhoria de prestações fora de casa que permitiram a uma equipa nas horas baixas, ultrapassada pelo seu rival local, voltar ao topo da classificação.

 

O técnico começou a sua carreira a principio dos anos 60.

Formou-se no estrangeiro - o primeiro treinador luso em consegui-lo - e com a selecção portuguesa de juniores alcançou um título internacional que hoje seria o equivalente do Mundial sub-20. De aí passou para a Académica e o Leixões antes de finalmente chegar ao banco principal nas Antas. Foi a maior lição da sua vida. Numa época em que Benfica e Sporting dominavam a liga - com vitórias europeias à mistura - Pedroto montou uma equipa capaz de lutar pelo título pela primeira vez em quase uma década. Mas um tiro no pé do próprio clube, reflexo da gestão quase amadora de alguns dirigentes e do comportamento pouco profissional de vários jogadores, colocaram-no em posição de ruptura com o clube. Num feito quase sem precedentes uma quente Assembleia Geral levou a direcção a expulsar Pedroto de sócio e a proibir a sua entrada nas instalações do clube. Foi um golpe quase mortal na sua ambição de devolver os dragões aquela que ele confiava ser a sua posição natural.

Sem Pedroto o clube da Invicta foi de mal em pior enquanto o Zé do Boné se tornava célebre nas suas passagens por Setúbal e pelo Boavista, equipas modestas com que venceu Taças de Portugal e colocou a lutar pelo título. Foi o primeiro treinador a aplicar os conceitos básicos do 4-4-2, a cultura do futebol de posse, a troca posicional de extremos e laterais para jogar com a perna trocada. Criou uma cultura de balneário impar, um corporativismo quase britânico, e exigiu apenas aos seus jogadores que encarassem cada jogo como se fosse o último. Pelo meio foi também seleccionador nacional, conseguindo um histórico empate em Wembley contra a Inglaterra. No Porto alguns viam o seu sucesso com inveja mas Pinto da Costa, sagaz, começou a fazer os possíveis e impossíveis para o devolver ao seu posto natural. Em 1975 uma nova Assembleia Geral finalmente levantou a suspensão ao sócio e um ano depois Pedroto era treinador da equipa principal do clube apesar das suspeitas de um desesperado Américo de Sá. Condição, só uma: Pinto da Costa seria o seu braço-direito, o director desportivo na área do futebol.

Com Pedroto ao leme os títulos regressaram. Um bicampeonato entre 1977 e 1979. E com eles uma nova cultura de clube. Jogadores formados em casa como Fernando Gomes, António Oliveira ou Rodolfo foram associados a jovens promessas de zonas circundantes (Jaime Pacheco, António Sousa) e a homens da confiança do técnico das suas passagens pelo Bonfim e pelo Bessa (Octávio, Duda e Freitas). Os mesmos princípios que tinham sido a base da sua carreira foram aplicados nas Antas com maior sucesso e a cultura de clube saltou do relvado para os escritórios do estádio. O choque era inevitável e o Verão Quente atrasou em quase uma década a afirmação definitiva dos azuis-e-brancos. Pinto da Costa continuou a luta política e Pedroto exilou-se em Guimarães, com Artur Jorge ao seu lado, esperando o momento certo para voltar. Em 1982 o antigo director desportivo tornou-se presidente graças ao apelo de Pedroto aos sócios e adeptos do clube e o Zé do Boné voltou para a sua terceira e última etapa no clube que durou até à sua morte, a 8 de Janeiro de 1985.

 

Pedroto mudou para sempre a história do futebol em Portugal. Transformou um clube de mentalidade provinciana na máxima potência do futebol português. Inculcou nos jogadores, mas também nos dirigentes e nos adeptos a crença de que não existia nenhum rival superior se eles assim quisessem. Paralelamente minou sempre que pode o centralismo crónico do futebol em Portugal com declarações e posturas que se enquadravam perfeitamente no espírito de um país em estado ainda revolucionário. À sua morte poucos podiam imaginar no que o FC Porto se iria tornar. Poucos sim, mas Pedroto seria seguramente um deles. Com os seus discípulos - o dirigente, Pinto da Costa, e o treinador, Artur Jorge - o FC Porto não só recuperou o título nacional como iniciou a sua saga europeia. Vinte e nove anos depois a história permanece igual ao sonho de um homem que na década de 70 inventou um clube moderno do nada.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 13:08 | link do post | comentar | ver comentários (6)

Domingo, 5 de Janeiro de 2014

Com a morte de Amália Rodrigues foi-se o Fado. O adeus da irmã Lúcia colocou um ponto final no mito humano de Fátima. Sobrava o terceiro F que definiu o sentimento português de um regime que se armou de ícones populares para sobreviver. Eusébio da Silva Ferreira encarnou esse F como nenhum outro jogador teria podido. Ele era o império, ele era o português humilde, ele era o super-herói. Ele foi, durante largas décadas, o Futebol. Há muito poucos - e contam-se com os dedos de uma mão - os jogadores que podem reclamar terem sido melhores, em campo, do que ele. Todos os outros, os seus iguais e os seus inferiores, sabem que hoje não morreu um Homem. Foi-se o Mito!

Não é preciso ser-se português ou moçambicano. Ter vivido o Mundial de 1966 em directo, ter assistido às épicas Noites Europeias via televisão ou rádio. Eusébio ultrapassou há muito a necessária condição de acompanhar em vida os méritos de um homem para fazer dele uma personagem mitológica. No dia em que deixou de jogar, depois de anos entre as Américas e modestos clubes portugueses, Eusébio já fazia parte da elite desse desporto que é muito mais do que um jogo de vida ou morte. Maradona, Pelé, Di Stefano, Cruyff? Talvez. Talvez eles tenham sido melhores, em traços gerais, do que Eusébio. Mas salvo "El Pibe", de outra geração, todos eles defrontaram a Pantera Negra em campo...e perderam.

Não há um só jogador que possa reclamar ser imensamente superior a um homem que marcou um antes e um depois na vida do futebol mundial. Ele foi o protótipo do jogador moderno. Atlético, com um físico preparado para as exigências do jogo malgre aquele joelho. Um jogador com um sentido posicional único, capaz de pressionar o rival para conseguir a sua oportunidade. Um jogador tacticamente culto e fisicamente inumano. As suas arrancadas épicas precederam as de Maradona. O seu disparo letal não tinha rival nos de Pelé. A forma como se movia em campo nada devia a Cruyff ou Di Stefano. A sua humildade ganhou-lhe o respeito e o carinho do mundo. Eusébio era inimitável.

Hoje em dia nenhum jogador seria capaz de fazer o que ele fazia. No mítico jogo contra a Coreia do Norte - e ainda hoje nenhum futebolista marcou 4 golos nuns quartos-de-final de um Mundial de futebol depois dele para operar uma reviravolta no marcador - foram precisos três entradas dos coreanos para o travar. Qualquer ídolo das massas de hoje teria ido ao chão na primeira das faltas sofridas. 

Por isso, pelo golo mítico contra a Checoslováquia na fase de apuramento, pelas exibições históricas não só na Luz mas também nas Antas, em Alvalade, no Bernabeu, em Paris, Amesterdam, Milãõ ou Turim, Eusébio era uma estrela global quando esse termo ainda não fazia todo o sentido.

 

Eusébio encarnou sempre tudo aquilo que o futebol tinha de positivo.

Era competitivo, um apaixonado do seu clube (algo que os adeptos dos clubes rivais, em vez de criticarem deveriam admirar, provavelmente porque gostariam que ele tivesse professado a mesma devoção à sua equipa) mas também era humilde, com um sentimento de fair play único e, sobretudo, era um entre muitos. Nunca se transformou na estrela solitária e pretensiosa em que acabaram os da sua condição. Di Stefano governava com chicote o balneário do Bernabeu. Pelé transformou-se com o tempo numa máquina de fazer dinheiro e Cruyff e Maradona criaram personas bigger than life. Tal como o seu rival e amigo Charlton, a simplicidade era o seu traço.

Venceu um Ballon D´Or - essa obsessão moderna - e ficou a um ponto de vencer um segundo no ano em que brilhou no Mundial de Inglaterra, algo impensável se fosse outro jogador qualquer. Venceu uma Taça dos Campeões e podia ter vencido outras três, finais perdidas em que deu tudo o que tinha para dar. A nível nacional era impossível acompanhar os seus registos, a sua ferocidade. Era um jogador de outra dimensão e permitiu ao Benfica - que o logrou reter com a cumplicidade de um Estado Novo que viu nele a esperança de se eternizar no poder com o beneplácito do povo - protagonizar a etapa mais brilhante da sua história. Os "ses" não nos permitem se não sonhar o que teria sido o seu impacto mundial se tivesse actuado em Inglaterra, Itália ou Espanha. Que tenha sido capaz de fazer-se mito vestindo apenas a camisola das Águias é testemunho da sua grandeza.

Não vale a pena falar dos números, dos momentos marcantes, dos títulos conquistados. O debate sobre se é ou não o melhor português de todos os tempos também não faz sentido. Foi o produto de uma era, o melhor de uma geração de génios que fizeram das equipas portuguesas uma das linhas avançadas da época dourada das noites europeias. A memória é hoje a única coisa que conta. Cada português, cada amante do futebol terá a sua. Os benfiquistas perderam um pai espiritual. Os adeptos dos rivais uma "besta negra" que muitos, no entanto, respeitaram pelo seu valor individual. Os que não talvez gostem mais do seu clube do que de futebol. Lá fora o Mundial de 66 não se esqueceu provando que não é preciso vencer para conquistar o troféu mais importante de todos: o respeito dos teus.

 

Eusébio era o meu jogador preferido quando era pequeno. E no entanto nunca o vi jogar. Não era necessário. Também não fazia falta que fosse do meu clube ou que eu tivesse sido um seguidor apaixonado da equipa das Quinas. Para mim era como Maradona ou Cruyff, jogadores que valem pelo que são, pelo o que nos fazem sentir e pelo que conseguem transmitir, como se tivessem sido os primeiros a lograr algo. Talvez não seja verdade, o tempo ensinou-me que houve outros pibes, génios centro-europeus e pérolas negras antes deles. Mas Eusébio para mim será sempre um dos poucos nomes deste jogo capaz de me evocar sensações únicas. Isso é talvez o mais importante. A morte de um mito custa sempre a aceitar, coloca toda a nossa vida em perspectiva. Onde estavas, o que fazias quando soubeste. Mas quando passa o choque, há uma sensação de paz interior que fica. O mito já era mito antes de partir. E continuará a sê-lo depois. Eternamente, como a própria magia do jogo sem o qual não sei viver!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:57 | link do post | comentar | ver comentários (6)

Quinta-feira, 2 de Janeiro de 2014

"Um pequeno passo para o Homem. Um grande passo para a Humanidade". A 20 de Julho, Neil Amstrong transformou-se no reflexo humano na lua. Não estava só. Com ele levou a alma do Independiente, o único clube que pode dizer com orgulho que esteve na superfície lunar.

Parece mito mas não o é. Algures no solo rochoso da Lua, há um pedaço de um clube argentino para a posteridade. Um clube chamado Independiente, a alma de Avellaneda, um dos subúrbios mais apaixonados pelo "futbol" de Buenos Aires. Um clube que fez de Neil Amstrong, o primeiro astronauta a pisar o solo lunar, o seu mais célebre embaixador. E no momento mais histórico do século XX, quando a voz de Amstrong pronunciou a sua célebre frase, e as suas pisadas na rocha lunar foram vistas por milhões através da televisão, o que podia ser uma pequena anedota transformou para sempre a vida de um clube de futebol. O único que esteve na lua. Quando a tripulação do Apollo 11 voltou à Terra, os dirigentes do Club Atlético Independiente fizeram pública uma surpreendente notícia. Amstrong tinha deixado na lua uma prova da sua ligação com o clube, uma marca para o resto dos tempos: uma bandeira do Independiente na superfície lunar.

Ninguém acreditou na Argentina na fábula de Héctor Rodriguez. Não só porque parecia ridículo que três norte-americanos se preocupassem com um clube de futebol (e ainda para mais, argentino) como parecia fora de qualquer protocolo deixar um elemento terrestre na lua sem um objectivo concreto para a NASA e o governo norte-americano. E assim, durante meses, os adeptos rivais do Independiente, os seus vizinhos do Racing, divertiram-se com novos cânticos que gozavam com a viagem à lua do mais famoso adepto "rojo", utilizando paralelismos com os falhanços das tentativas dos soviéticos - também eles, os "rojos" - em lograr o feito. Mas em Novembro de 1969, meses depois da histórica viagem, a tripulação do Apollo 11 chegou a Buenos Aires numa tour mundial coordenada pela NASA para apresentar os heróis dos tempos modernos ao mundo. Algum jornalista lembrou-se de perguntar a Amstrong se a louca história contada pelos dirigentes do Independiente tinha algum sentido. A resposta deixou a todos surpreendidos!

 

Amstrong confirmou publicamente tudo aquilo que tinha sido contado pela direcção do Independiente.

De um momento para o outro a rábula mais fantástica ganhava forma e dimensão de novela épica. Com o relato a ser dado pelo próprio protagonista da aventura. Meses antes do lançamento da nave espacial, o clube argentino abordou a embaixada norte-americana em Buenos Aires. Como reconhecimento à missão espacial, o Independiente queria associar-se ao projecto e fazer dos três astronautas elegidos - Neil Amstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins - sócios do clube. A embaixada entregou ao clube fotos dos três astronautas (com o equipamento espacial) e o Independiente fez da tripulação parte da família do clube, respectivamente os sócios 80399, 80400 e 80401.

A história podia ter acabado aí, um golpe de relações públicas. Mas não. O "Rey de Copas", nome pelo qual o clube de Avellaneda é conhecido - é o terceira emblema com mais títulos internacionais do Mundo, 15, (atrás de Boca Juniores e AC Milan, com 18 cada, ainda que os milaneses contam com quatro Supertaças Europeias) queria marcar a sua presença fisicamente na viagem à lua. Semanas antes da viagem lunar, a NASA recebeu uma caixa enviada pela embaixada norte-americana na capital argentina. Dentro vinham várias bandeiras, cachecóis e camisolas do clube para os três tripulantes e a família. Chegavam com um pedido especial: deixar uma das bandeiras enviadas na superfície da lua naquela que seria a mais importante viagem da História. A carta sensibilização a tripulação e os três concordaram em levar uma bandeira a bordo junto a outros elementos que seriam depositados na lua. Quando a 20 de Julho o módulo espacial aterrou na superfície lunar, a bandeira foi colocada, juntamente com esses objectos, no satélite terrestre antes do regresso da tripulação. Amstrong confirmou então por carta à direcção do clube que tinha cumprido a promessa. Meses depois, em pessoa, voltou a fazê-lo para surpresa de todos os presentes na cerimónia organizada na embaixada norte-americana.

Até hoje, a viagem à Lua tornou-se parte do folclore emocional dos adeptos do clube. Quando o astronauta faleceu - a 25 de Agosto de 2012 - os adeptos do Independiente homenagearam-no com uma ovação póstuma de vários minutos no primeiro jogo em casa da equipa. Afinal, graças a este estranho americano, podiam olhar para a Lua de noite sabendo que parte da alma do clube também os iluminava durante a noite.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:54 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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Miguel Lourenço Pereira

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