Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2013

Com o final do ano de 2013 o Em Jogo publica a sua lista particular dos melhores jogadores do ano natural. Uma eleição condicionada pela performance individual, pelos méritos dentro do colectivo e pelo seu talento particular. Aos onze titulares do ano junta-se um leque de sete suplentes de luxo para forjar o plantel perfeito do ano 2013!

 

Os Melhores do Ano (Titulares)

 

Manuel Neuer

É díficil quantificar quem é o melhor guarda-redes do Mundo. Se os veteranos Cech, Buffon ou Valdés ou o alemão Manuel Neuer. Mas não houve um só título que o germânico não tivesse levantado no último ano e muitas das vitórias dos bávaros deveram-se, também, ás suas espantosas intervenções. Com o passar dos anos o ex-Schalke 04 tomou pulso a um posto onde muitos pensavam que não iria durar e já está à altura dos grandes número 1s alemães da história!

 

Philip Lahm

Talvez o jogador de 2013. Não é o mais rápido, o mais goleador, o que mais assistências dá ou o mais mediático. Não vencerá nunca um Ballon D´Or e a maioria dos adeptos até se esquece que já tem atrás de si uma década ao mais alto nível. Mas Lahm é o capitão desta equipa e um jogador que todos gostariam de ser e de contar com. Foi fundamental no esquema de Heynckhes e Guardiola rendeu-se à sua inteligência de jogo, colocando-o várias vezes no fundamental papel de médio defensivo durante os primeiros meses da temporada. É o líder emocional em campo dos bávaros e já um dos maiores laterais da história.

 

Thiago Silva

O brasileiro esteve perto de abandonar a carreira por uma tuberculose que os médicos do FC Porto não souberam detectar a tempo. Desde esses dias na Rússia e o regresso ao Brasil até à explosão definitiva como o melhor central do mundo, o capitão do Brasil tem protagonizado uma sequência de temporadas inesquecíveis. 2013 foi a melhor. Não só pelo título conquistado pelo PSG mas também pela vitória do Brasil na Taça das Confederações. Títulos onde teve um papel fundamental. A sua liderança e capacidade de controlo da área não encontram impar no futebol actual.

 

David Alaba

A evolução do lateral austríaco nos últimos dois anos tem sido épica. Alaba apareceu em cena como um médio interior formado nas camadas jovens do Bayern e acabou reconvertido num dos melhores e mais incisivos laterais do Mundo. O seu ano 2013 foi memorável, como sucedeu com quase todos os seus colegas de equipa. O seu próximo passo é levar a Áustria de volta a um Campeonato da Europa e manter o pulso com outros laterais da escola sul-americana como Marcelo, Felipe Luis, Dani Alves o protagonismo entre os melhores do Mundo!

 

Paul Pogba

Foi o melhor jogador do Mundial sub-20, a grande revelação do Calcio e a melhor notícia possível para o futebol francês. Descoberto por Ferguson, recusou-se a renovar o contrato com o Man United com medo a não ter o protagonismo que sentia que merecia. Tinha 18 anos. Dois anos depois, em Turim, transformou-se no parceiro perfeito de Pirlo. Os seus disparos de longe, as suas recuperações impossíveis e as assistências perfeitas tornaram-no peça fundamental na conquista da Serie A. Para completar um ano memorável, a vitória no Mundial sub20 e a promoção aos Bleus garantem que vamos ouvir falar dele com regularidade na próxima década.

 

Ilkay Gundogan

Há poucos jogadores tão inteligentes no futebol europeu como Gundogan. O médio turco-alemão do Dortmund soube substituir o seu amigo Nuri Sahin de tal forma que quando o ex-Real Madrid regressou ao Westfallen, foi-lhe impossível recuperar a titularidade. Fundamental na manobra de jogo da equipa de Klopp, o médio foi fundamental para a época memorável dos amarelos de Dortmund e a Alemanha de Low conta com ele para dar cartas no próximo Mundial.

 

Bastian Schweinsteiger

O que seria do futebol sem jogadores como "Schweini". Poucos teriam a fortaleza mental de superar um 2012 horribilis, com o penalty falhado na final da Champions League e a eliminação da Mannschaft nas meias-finais do Europeu, parecia que a carreira do médio tinha atingido o seu apogeu. Com a confiança de Heynckhes, voltou a pegar na equipa e lambeu as feridas com o champagne da glória. Superou a Pirlo num mano a mano, anulou (com a ajuda de Javi Martinez) o meio-campo do Barcelona numa histórica meia-final e em Londres voltou a ser fundamental para manter o jogo equilibrado até a conexão Ribery-Robben mostrar-se superior à dos rivais germânicos. O Mundial e um título com a selecção alemã é tudo o que separa Schweinsteiger de tornar-se num dos mais memoráveis jogadores teutónicos de toda a história!

 

Marco Reus

Os mais mediáticos seguramente citariam a Mario Gotze, mas talvez a mais incisiva e brilhante novidade ofensiva do Dortmund de Klopp no último ano tenha sido Reus. O médio contratado ao Gladbach foi uma verdadeira confirmação de tudo o que se suspeitava que podia ser. Vertical, directo, perfeito nas assistências, seguro frente à baliza, Reus foi o melhor jogador do Dortmund na corrida à final de Londres e com a saída do seu amigo Gotze para o histórico rival deu um passo em frente e reclamou a sua liderança para transformar-se no mais influente jogador do Dortmund actual.

 

 

Frank Ribery

Se os prémios individuais fossem atribuídos com o seu critério histórico, Frank Ribery era o homem prémio 2013. Lamentavelmente, o poder mediático cada vez mais encontrou forma de sobrepôr-se e o francês - tal como Iniesta ou Sneijder - verá a glória desde longe. Foi um ano histórico para o homem que alguém pensou que podia ser o sucessor de Zidane. Não foi nem nunca será mas vencer tudo em 2013 e ajudar a França a não falhar o Mundial é um feito que poucos gauleses podem reclamar para si. Ribery marca, assiste, distribui, lidera e encarna o espirito deste histórico Bayern Munchen. No ponto mais alto da sua carreira é um jogador imparável!

 

Luis Suarez

Se 2013 acabasse daqui a dois meses, talvez o uruguaio fosse o próximo Ballon D´Or. Na realidade, não estará sequer no top 10. No entanto, o que o jogador do Liverpool tem conseguido é impressionante. Não só realizou um excelente final da época 2012-13 - com muita polémica à mistura - como o seu arranque de temporada tem eclipsado as gestas de grandes nomes que podiam estar neste onze como Ibrahimovic, Lewandowski, Muller, van Persie, Falcao ou Diego Costa. Recorde de golos marcados, liderança na Bota de Ouro e um enfant terrible transformado na última esperança da Kop.

 

 

Cristiano Ronaldo

É díficil olhar para 2013 e não pensar num jogador: CR7. E no entanto o português não venceu um só título em 2013. Fora da luta pela liga desde 2012, Ronaldo conseguiu ser o melhor marcador da Champions League mas no jogo decisivo, no Bernabeu, não marcou o golo que carimbaria o passaporte para a final. Marcou no jogo decisivo da Copa del Rey mas acabou expulso e a equipa derrotada. Foi um mês de Maio negro que no entanto escondia um semestre memorável pela frente. Histórico de golos marcados num ano natural, memorável exibição no play-off de apuramento ao Mundial do Brasil, melhor marcador histórico numa fase de grupos da Champions League e o reconhecimento internacional posterior a uma imitação lamentável de Blatter. Ronaldo ganhou dentro e fora de campo todo o protagonismo de 2013 - sobretudo da temporada 2013-14 - e é a figura mediática inquestionável do ano!

 

 

Menções Honrosas (Banco de Suplentes)

 

Victor Valdés

É díficil não olhar para o guarda-redes catalão e não ver nele o melhor número 1 do futebol espanhol da actualidade. Valdés tem-se revelado tão influente como Leo Messi nos momentos decisivos e nos grandes triunfos dos blaugranas. A sua lesão, no final de 2013, deixou a nú muitas das fragilidades defensivas que Valdés tem tapado com brio. Talvez o seu melhor ano.

 

Matt Hummels

Tem um talento pouco habitual para um central e sabe-o. É a sua fortaleza e a sua perdição. Alguns dos golos sofridos pelo Dortmund em 2013 levam o seu selo, o descontrolo do seu imenso know-how. Mas Hummels é, sobretudo, um central imenso com um sentido posicional espantoso e uma leitura de jogo que faz lembrar a velha escola de líberos alemã iniciada por Beckenbauer.

 

Yaya Touré

Há jogadores que não necessitam de apresentações. São aqueles que qualquer treinador gostaria de ter na sua equipa. Defendem, atacam, distribuem, recuperam, dão calma quando necessário e vertigem se é preciso. E fazem-no quase como vultos fantasmas, deixando o protagonismo a outros. Yaya Touré tem-no feito há vários anos, desde a sua passagem pelo Barcelona até à sua consagração na Premier League. 2013 foi mais um ano de ouro para o marfilense!

 

Koke

O renascimento do Atlético de Madrid sob a mão de Diego Simeone encontrou no talento individual de um jovem produto da cantera colchonera o seu melhor exemplo. Para lá dos golos de Falcao e Diego Costa, do talento de Arda Turan e Mario Suarez, o trabalho incansável do médio espanhol no miolo da equipa de Madrid destacou-se pela sua sobriedade e perfeição. É uma das grandes revelações do ano e um jogador capacitado para liderar o futuro do meio-campo da Roja!

 

Lionel Messi

Há poucos jogadores na história do futebol com o talento de Leo Messi. O jogador argentino estaria em qualquer onze do ano mas 2013 foi o seu annus horribilis. Lesões recorrentes - entre Janeiro e Março e mais tarde, desde Outubro até ao presente - deixaram o génio blaugrana fora de combate em quase metade da temporada. Nos meses que esteve em campo esteve praticamente igual a si mesmo. Mas no duelo directo contra o Real Madrid (Copa del Rey), Atlético de Madrid (Supercopa) e Bayern Munchen (Champions League) não conseguiu ser o elemento desequilibrador a que nos tem tão habituados.

 

Zlatan Ibrahimovic

Igual a si mesmo, "Ibracadraba" é um dos jogadores com mais talento do mundo. Com a vitória na Ligue 1 ampliou a sua lenda. Dez titulos de campeão em doze temporadas é algo a que poucos jogadores podem optar, particularmente se os titulos foram conseguidos em quatro ligas e seis equipas diferentes. Levou os parisinos até um duelo intenso com o Barça na Champions League, rematou o título em Maio e protagonizou um notável arranque de época em 2013, interrompido apenas pela exibição de Ronaldo em Solna. Um craque!

 

Robert Lewandowski

É um exagero dizer que o polaco eliminou só o Real Madrid mas quatro golos numa meia-final da Champions League é algo histórico. O avançado do Dortmund realizou um ano memorável. Levou a sua equipa até à final da Champions, mostrou ser o avançado mais em forma na Bundesliga e tem os adeptos do clube de Dortmund em suspense sobre o seu futuro. É um dos mais letais avançados do futebol mundial e vale o seu peso em ouro!

 

 

Custou deixar de fora (O resto do plantel)

 

Robbie van Persie (decisivo no último ano de Ferguson), Mezut Ozil (mal tratado em Madrid, herói em Highbury), Andrea Pirlo (não é preciso explicar pois não?), Óscar (determinante na era Benitez, fundamental nos meses Mourinho), Mario Gotze (grande até Junho), Andrés Iniesta (um génio indiscutivel), Heines Weidenfeller (o eterno esquecido do futebol alemão), Thomas Muller (outro grande ano do working class heroe bávaro), Diego Costa (uma verdadeira transformação épica), Neymar (tem tudo para ser um mega-top), Arjen Robben (porque nos esquecemos tanto dele?), Marcelo (continua a ser um jogador especial), Raphael Varane (foi a revelação do final da época 2012-13), Eden Hazard (destinado à grandeza com os Diables Rouges)



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:25 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2013

Anfield Road é pasto de mitos únicos e memorias que ultrapassam qualquer dimensão clubística. É também um estádio que vive esfomeado de títulos depois de um banquete que durou sensivelmente mais de duas décadas. De reis do Mundo a eternos perdedores, a saga triste da Kop encontrou em Luis Suarez o antídoto perfeito à indigestão. Há muito mais neste Liverpool - no seu treinador, na sua gestão directiva, no plantel - do que o uruguaio. Mas Suarez é a alma dos Reds e o único jogador que lhes permite sonhar com regressar ao passado onde foram felizes.

Um estádio que viu jogar, entre tantos, a Keegan, Dalglish, Rush, Barnes, Beardsley, Souness, Owen, Fowler, McManaman, Torres, Gerrard, Alonso ou Toshack deveria contemplar as maravilhas de Suarez como algo habitual. Algo parte do seu histórico ADN. Mas a seca de glórias, títulos e euforias é tal que hoje o que vemos o dianteiro uruguaio conseguir parece saído de um conto de fadas. Como se Anfield fosse St. Mary´s, Craven Cottage, Hillsborough ou qualquer outro estádio que não aquele que povoou a ilusão de miúdos e graúdos durante mais de quarenta anos.

Hoje, seguramente, impulsionados pela euforia, ouviríamos muitos adeptos dos encarnados de Liverpool dizer que Suarez não é menos que qualquer um desses jogadores. Os números poderiam dar-lhes a razão. O seu arranque de temporada não tem igual em toda a Europa. Nem os brutais números de Cristiano Ronaldo se podem comparar ao que Suarez tem feito desde que acabou a sua suspensão. É o máximo candidato a vencer o prémio de Melhor Jogador e Goleador da Premier League...e a ainda vamos pelo Boxing Day. Os seus números podem permitir-lhe sonhar com a Bota de Ouro - mesmo que Ronaldo e Messi, se recuperado a tempo, continuem a ser de outro planeta - e ao Liverpool de pensar em algo diferente. A equipa histórica de Anfield não se qualificou para a Europa, o palco onde a lenda se fez real. Para muitos era mais uma oportunidade para fazer reboot e começar do zero. Para a inteligente direcção do clube foi o ponto de partida para um modelo de gestão racional a médio prazo. Brendan Rodgers, um dos melhores treinadores britânicos, já tinha demonstrado com o Swansea daquilo que era capaz. Em Liverpool apenas precisava de duas coisas: tempo e jogadores capazes de entender a sua filosofia. Conjugados os elementos o resultado está à vista.

 

Não, o Liverpool não é - malgrais tout - candidato a vencer a Premier League.

A qualidade dos planteis de Manchester City e Chelsea - os favoritos reais - e o grande momento do Arsenal estão por cima da gesta de Suarez e companhia. Mas voltar à Champions League - com um Tottenham em hara-kiri e um Manchester United a passar a sua própria fase de transição - é algo perfeitamente possível. Rodgers tem o plantel, a carga de jogos adequada e tem Suarez, um diferenciador fundamental.

Actualmente o papel do uruguaio é único em todo o futebol inglês. Nem o génio de Ozil com os gunners, nem a grande época de Óscar com os Blues, o talento de Aguero dos Citizens ou o apetite goleador de van Persie, que no ano passado salvou os Red Devils - estão à sua altura. Suarez tem marcado, assistido e gerado ilusão. A sua associação com Sturridge permite lembrar outras duplas históricas do passado. Os Fowler/Heskey-Owen, Beardsley-Rush, Toshack-Keegan podem dar a sua bênção a uma parceria que tem feito estragos por onde quer que passa. Mas os homens do golo são apenas o culminar da ideia de Rodgers, um manager que sabe investir e trabalhar os seus jogadores. A ponto de forjar um quarteto defensivo replecto de jogadores de low profile num dos mais eficazes da prova. De dar a Gerrard um novo sopro de ar na sua decadente carreira. E de encontrar espaço para ir rodando entre Coutinho, Henderson, Allen, Leiva, Sterling e Moses. Todos jogadores de classe média, salvo talvez o potencial tremendo do brasileiro, mas que aprenderam a jogar em conjunto de uma forma espantosa. O tempo que o técnico precisava em 2012/13 começou a dar os seus frutos. Com alguns tostões e investimentos a médio prazo, o Liverpool está progressivamente a voltar a sentir-se grande numa liga onde todos os seus rivais vivem muito por cima das suas possibilidades.

No meio deste furacão, Suarez é o íman emocional. Marca de todas as formas, assiste com uma frieza que lhe era desconhecida e até a sua natural apetência para as polémicas foi substituída com uma inesperada prova de devoção (bem remunerada) transformada na renovação mais esperada pela Kop desde que Gerrard rejeitou as investidas de Mourinho para juntar-se a Lampard na sua primeira etapa ao serviço do Chelsea. Com o uruguaio num estado de forma absolutamente demolidor, o Liverpool encontrou forma de somar mais de metade dos pontos dos que já tinha a esta altura em toda a época passada. A dois pontos do líder, o Arsenal, os próximos dois meses serão fundamentais para dar forma a um topo de tabela confuso onde a liderança dos gunners se encurtou abrindo a luta real a Chelsea e City e colocando o Pool e Everton como inesperados contenders. 

 

Suarez é provavelmente uma das melhores noticias para o futebol europeu. O jovem que o Ajax descobriu e trabalhou desde a base a ponto de o transformar num dos mais letais avançados do Mundo é um dos protagonistas individuais do ano. Pertence a essa raça de génios, como Ibrahimovic, van Persie, Ribery, Robben, Iniesta ou Falcao que mereciam um reconhecimento suplementar mas que pagam o preço de coincidir no mesmo tempo e espaço que dois extra-terrestres do futebol. Ainda assim, o uruguaio poderá sentir-se recompensado. Esta pode, muito bem, ser a sua temporada de sonho!

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 16:43 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013

Ás vezes o futebol pode ser aborrecido. Não sei quem tem a culpa. Se a Lei Bosman, se a hiper-mercantilização do beautiful game, se os próprios adeptos ou se a culpa é minha. A maioria dos jogos das grandes equipas tornaram-se meros trâmites. Quem marca mais, quando entra o primeiro, quem bate mais recordes. Tudo aquilo que o futebol nunca foi. Felizmente, todos os anos, há projectos desportivos que nos permitem sonhar com um futuro melhor. Equipas que procuram uma via alternativa para fazer-se notar. E que conseguem a sua recompensa.

 

Não sabemos como os campeonatos vão terminar em Maio.

O mais provável é que o cenário repetido dos mesmos protagonistas nos mesmos lugares seja a tónica. Não é dificil hoje adivinhar campeões e vice-campeões, qualificados Champions e remetidos para a Liga Europa. Os orçamentos, a aglomeração de estrelas, o imenso vazio que se criou entre o topo e a classe média fazem isso por nós. Há ligas mais aborrecidas que outras, ligas mais previsiveis que outras. Mas em todas elas há sempre alguém que quer romper com a monotonia. Em Dezembro parecem um projecto de sonho. A maioria delas, em Maio, está onde muitos imaginariam que estaria. O peso do dinheiro acaba quase sempre a falar mais alto. Quase sempre.

Por esta altura, o ano passado, só se falava da espectacular versão de futebol total do Swansea galês em terras inglesas. A luta entre os dois grandes de Manchester e o Chelsea importava muito pouco. O Arsenal, o Liverpool, o Tottenham e o Everton, os seus habituais escudeiros, continuavam na sua versão recente. Mas o Swansea era o flavour of the season. A equipa acabou por conquistar um título - a League Cup, contra um rival de uma divisão inferior e assim marcar o passaporte para a Europa - mas terminou a temporada lá bem no meio da tabela. Melhor sorte teve a Real Sociedad, o seu equivalente espanhol. Os txurri-urdins conseguiram mesmo o impensável, um lugar na Champions League com uma equipa montada à base de trocos e cantera. Hoje estão a pagar o preço da ambição mas o projecto mantém-se de pé. Ainda bem. Um pouco por toda a Europa vivemos essa relação de amor quase juvenil com Paços de Ferreira, Estoril, Eintracht Frankfurt ou Zulte Waregem. Poucos duraram até ao fim. Mas estiveram lá, a acompanhar o modesto e neutral adepto nesta sua eterna luta contra a previsibilidade. Este ano, inevitavelmente, o cenário repete-se. Só mudam os protagonistas.

 

Villareal. Southampton. Lille. Hellas Verona.

Quatro clubes com a sua história, os seus feitos - mais recentes ou não - e ideias desportivas que se assemelham mais ao que o adepto de futebol aprecia. São clubes sem grandes ambições históricas. Entre eles só o Verona e o Lille foram campeões nacionais. Os gialloblu no mágico ano de 1985 e o Lille há quatro temporadas em França, antes da chegada dos milhões dos sheiks qataris e dos russos de férias. Os Saints viveram a sua idade de ouro nos anos 70 e com o mítico Le Tissier tornaram-se numa equipa ideal para os românticos do futebol inglês seguirem. Hoje já não jogam no histórico The Dell e até abdicaram das suas tiras verticais por um equipamento mais neutral. E claro, o Submarino Amarelo, uma equipa que esteve a um penalty de chegar à final da Champions League na sua primeira participação e que representa tudo o que de bom ainda há no futebol espanhol, a começar pela sustentabilidade sem ajudas externas e passivos imensos.

Curiosamente, desta lista, duas equipas são recém-promovidas (Villareal e Verona) e duas vêm de épocas decepcionantes nos seus respectivos campeonatos. E, da noite para o dia, hoje são tudo aquilo que queremos para o nosso clube imaginário. Contrataram bons treinadores, organizaram um plano financeiro sustentável sem gastos loucos e sem comprometer o futuro. Pescaram no mercado óptimos jogadores a preço de custo, sem comissões exageradas pelo caminho. Montaram onzes sem estrelas mas com futebolistas comprometidos e abriram espaço no banco de suplentes a jovens promessas da sua formação. Em ligas onde mandam os milhões, pagam a tempo e horas e fazem-no sem para isso ter de abdicar em ser competitivos. Utilizam modelos de jogo ofensivos, fazem da bola a sua principal arma e são conscientes das suas limitações. Muitos sabem que a posição onde estão hoje acabará sendo ocupada por um gigante quando as contas apertarem. E sobreviverão a isso. O Villareal está no quinto lugar da liga espanhola e tem passado toda a primeira volta em lugares Champions. Com um grande treinador ao leme - Marcelino - e um melhor presidente no palco, a equipa tem jovens promessas (Perez, Pina, Mario), jogadores consagrados (Cani, Bruno) e reconvertidos do esquecimento (Giovanni dos Santos, Kalu Uche, Asenjo). E os pés no chão.

O Verona também já andou pelos lugares Champions e agora fecha a apertada luta pela Europa League. No mitico Bentegodi os golos do eterno Toni e as assistências do jovem Iturbe têm feito as delicias dos que cresceram com Elkjaer Larson e Briegel nos anos 80. Em França o Lille está, surpreendentemente, a ganhar o sprint a Lyon, Marseille e Monaco na perseguição ao PSG com um Vincent Eneyema estelar e uma medular deliciosa. E claro, os Saints de Pochetinno representam o que ainda há de bom na Premier. Excelentes movimentações no mercado, um treinador ambicioso, um público entregado e de repente a equipa da costa sul inglesa aparece nos lugares de topo da classificação. Duas derrotas dolorosas contra Arsenal e Chelsea servirão para colocar água na fervura, mas com alguns dos clubes milionários erráticos, em Southampton sabem que se há um ano para surpreender, é este.

 

Claro que todos sabemos como acaba o filme. Mas o futebol precisa, cada vez mais, destes projectos. Destas equipas. Deste sopro de ar fresco. Precisa sentir-se vivo nos meses em que os clubes milionários olham para tudo e para todos com desdém, preparando-se para meter o acelerador em Março, quando os títulos começam a aparecer ao virar da esquina. É aí que as diferenças dos orçamentos se fazem realmente notar. Ate lá estes projectos, estes adeptos podem sonhar. E nós com eles. Para bem do nosso jogo!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:40 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sábado, 7 de Dezembro de 2013

Ficar satisfeito com um sorteio meio ano antes de ele ganhar forma no relvado é complicado. A insatisfação é sempre um sentimento mais proclive nestes momentos. Fazem-se contas, julgam-se potenciais, especula-se com a forma alheia e cruzam-se os dedos. Portugal é um puzzle nas grandes competições. Historicamente rende mais em grupos complicados mas cada torneio é algo concreto e no Brasil a equipa das quinas voltará a confrontar-se com fantasmas do seu passado. Todos sabemos que Portugal não é candidata ao título mas, até onde pode ir esta geração?

Na cabeça de Paulo Bento provavelmente não esteja agora mesmo Ozil, Bradley ou Ayew.

O seleccionador português estará, seguramente, a pensar nos mais de 5000 kms que a sua equipa terá de fazer em duas semanas. Talvez o grande inimigo de Portugal seja, a esta altura, o destino a que foi vetado por cair num grupo que se move pelas cidades que a maioria das selecções queria evitar. Portugal não passará pelo Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo, os pontos fortes deste torneio. A equipa lusa jogará na Bahia o primeiro jogo e depois passará por dois infernos particulares, o coração da Amazónia - Manaus - e a capital brasileira, a árida Brasília. Pelo meio três viagens largas desde a base até aos recintos. Cansaço antes e depois dos jogos que pode passar factura. Não é por acaso que as equipas europeias se dão mal nos Mundiais fora do seu continente.

No Brasil Portugal terá vários rivais. O Outono tropical - húmido, asfixiante, imprevisível - será talvez o maior deles. Ao contrário de outro dos possíveis "Grupos da Morte", o B, onde os jogos serão disputados na costa sul, Portugal jogará a norte. Até aí perde uma das poucas bases de apoio a que podia acudir. As colónias de emigrantes portugueses estão nas grandes urbes. Jogar no meio do Amazonas, no coração de Goiás é jogar longe de qualquer apoio sentimental dos locais. A selecção vai ser estranha num país que viu nascer das suas entranhas. Ironias do destino.

 

No aspecto meramente desportivo, a sorte é um conceito difícil de julgar.

Claro que Portugal não é a França ou a Argentina - com as vantagens que isso habitualmente inclui - e não teve a oportunidade de jogar a meio gás contra rivais como Equador, Suíça, Honduras ou Irão, Nigéria e Bósnia-Herzegovina. São os grupos mais débeis do torneio e propiciaram a criação de três super-grupos. Portugal pode sentir-se parte de um deles. Afinal terá de jogar contra a grande favorita europeia - a Alemanha - a campeã da CONCACAF, os Estados Unidos, e talvez a mais organizada das selecções africanas, o Gana.

São três rivais de respeito, a níveis distintos. Da Alemanha pouco se pode dizer que não se tem visto nos últimos cinco anos. São a sombra dos espanhóis e procuram desesperadamente o momento de tornarem-se protagonistas. Contam com o melhor plantel europeu - entre Bayern e Borussia podiam montar dois onzes ultra-competitivos - têm um excelente treinador e conhecem bem as fraquezas portuguesas, que exploraram no último Europeu. Como aí será o primeiro jogo e não decidirá absolutamente nada. Há margem de manobra para um arranque tremido.

Os jogos a sério vêm depois. Contra o Gana decide-se tudo e a vitória parece ser o único resultado possível equaciando um possível triunfo dos africanos aliado a uma vitória dos germânicos na ronda inaugural. O Gana não tem as figuras individuais de costa-marfilenses e camaroneses, mas prima pela sua excelente organização táctica. Num jogo no meio do Amazonas, com um clima parecido ao que os ganeses têm na "costa do ouro", à uma da tarde, será um choque de titãs. Quando aos Estados Unidos, uma icnógnita constante nestes torneios, nunca se sabe bem o que se esperar. Não têm grandes figuras mas são uma selecção organizada - que para Portugal habitualmente é um problema - e nos últimos três torneios só por uma vez falhou a passagem à fase a eliminar. Sabem competir.

No entanto, como é normal, que se pode esperar de selecções a quem lhes espera meio ano de temporada? Muito pouco. Uma praga de lesões dificilmente faria a Alemanha uma selecção mais acessível mas Low falhou o assalto à final do último Europeu talvez porque confiou em excesso em jogadores fisicamente desgastados por uma época difícil (os do Real Madrid e do Bayern Munchen). Quanto aos africanos e norte-americanos, como vivem mais do colectivo que das individualidades, dificilmente se poderá prever como estão sem saber como a época passará factura aos seus onzes-tipos. Um raciocínio que se pode adaptar perfeitamente à realidade portuguesa, não fosse por Cristiano Ronaldo. O capitão das quinas colocou a selecção no Mundial no play-off e é a única esperança credível de Portugal para dar um salto qualitativo fundamental para não ser outra vez a equipa da fase de apuramento. O desgaste de Ronaldo durante a época - ao contrário de um Messi que chegará muito mais fresco e poupado - pode ser um handicaap difícil de gerir por Paulo Bento. Talvez o maior de todos.

 

Olhando para os restantes grupos, aplica-se o mesmo raciocínio. Até Maio tudo são incógnitas. É certo que entre o grupo B (Espanha, Chile e Holanda) e D (Itália, Uruguai, Inglaterra) um candidato aos quartos-de-final ficará cedo pelo caminho, e que há grupos equilibrados como o C (Costa do Marfim, Colombia e Japão), o H (Bélgica, Rússia, Coreia do Sul) e A (Brasil, Cróacia, Camarões e México) onde tudo pode suceder. Mas nada muito diferente do que se poderia esperar com tantos condicionantes inventados pela FIFA para controlar o sorteio. Isso sim, mais curioso e talvez, mais importante, do que os grupos são, sem dúvidas, os cruzamentos seguintes. Entre Brasil, Espanha e Holanda - três candidatos - pelo menos uma das equipas ficará pelo caminho nos oitavos-de-final. Portugal, se passar em segundo lugar, poderá ter de medir-se aos já conhecidos russos, à sensação Bélgica ou aos imprevisíveis sul-coreanos. E um passo mais, a argentinos primeiro e (hipoteticamente) a brasileiros/holandeses/espanhóis ou italianos/ingleses/colombianos. Ganhando o grupo ganha, portanto, outra importância porque permite desbloquear um caminho mais tranquilo até a umas hipotéticas meias-finais com o Brasil. Mas quem acredita, verdadeiramente, que poderemos lá chegar? O futebol, esse, tratará de nos contar a verdade...daqui a meio-ano!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:54 | link do post | comentar | ver comentários (29)

Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2013

O caso Ghilas nem é novo, nem é mais ou menos grave do que se tem vivido em Portugal. É apenas o sintoma mais claro que a situação não mudou uma só virgula. Portugal continua a ser pasto de corrupção, negócios paralelos, administrações mais interessadas no lucro pessoal que no sucesso colectivo. Um circo controlado por uma oligarquia de poder que arrancou a alma do jogo em Portugal.

 

Ghilas é um avançado muito interessante.

Chegou sem fazer ruído ao modesto Moreirense. Durante dois anos apresentou-se como uma alternativa real aos dianteiros mais populares da liga. Marcava, dava a marcava e fazia trinta por uma linha para evitar o inevitável. Não o conseguiu. O Moreirense acabou despromovido e o argelino, internacional pelo seu país, condenado a continuar a sua carreira no futebol secundário ou noutras paragens. Em Moreira de Cónegos marcou 15 golos em 45 jogos, uma média de 1 golo por cada 3 jogos, nada absolutamente brilhante. Mas o seu nome estava na lista de várias direcções desportivas. Quando chegaram à pequena localidade nortenha, esbarraram com uma cláusula de 3 milhões de euros que o clube não estava disposto a baixar. Curioso. Afinal, o orçamento anual da equipa axadrezada ronda esse valor, o clube ia ser despromovido e precisava de dinheiro como de pão para a boca. Nestes casos negoceia-se, regateia-se. Nunca se paga a cláusula. Nem em Portugal nem em nenhum outro país do Mundo. Mas de certa forma os dirigentes do Moreirense fizeram-se fortes e bateram o pé. Tinham um ás na manga. E que ás.

No Verão apareceu em cena o FC Porto.

A equipa azul-e-branca, com novo treinador e nova filosofia, queria uma alternativa ao colombiano Jackson Martinez. Tinham passado dois anos sem ter um avançado suplente de nível (nem Kléber nem Liedson o foram) e face à tranquila evolução do paraguaio Mauro Caballero e do português André Silva, era preciso ter um nome com alguns créditos firmados para render o "cafetero" e, talvez, preparar a sua sucessão. A escolha parecia perfeita, os adeptos aplaudiram, o negócio concretizou-se. Mas não se falaram em números e todos assumiram que o preço do jogador tinha andado à volta dos valores da sua cláusula. Provavelmente o mastodonte dragão tinha feito os dirigentes do pequeno Moreirense entrar em razão. Estavam tão enganados.

O Relatório de Contas oficial do clube, divulgado esta semana, conta uma história bem diferente. O FC Porto não rebaixou as pretensões do clube nortenho. Ultrapassou-as. Em lugar dos 3 milhões de euros, decidiu pagar 3,8 milhões. Um valor que, como aparece detalhado, nem sequer inclui as famosas comissões e direitos de imagem - esses aparecem num apartado à parte que ronda os 2 milhões, misturados com o negócio de Quintero. O mais grave, talvez, foi que esses 3,8 milhões - que já de por si ultrapassam largamente o máximo legal que o clube teria de pagar - são apenas por metade do passe do franco-argelino. 50% de Ghilas vale 4 milhões de euros. O avançado do modesto Moreirense é o avançado mais caro de todos os tempos do futebol em Portugal num clube fora dos três grandes. Vale 8 milhões de euros. Um valor que empalidece os de Éder, Lima, Hugo Almeida e que se aproxima mais aos de Jackson e Cardozo. Espantoso!

 

Este é o retrato do futebol português.

Parece mais do que evidente - basta ver como está o clube nortenho - que o Moreirense não recebeu 3,8 milhões por Ghilas.

O dinheiro pode nem sequer ter sido movido. Entre agentes, dirigentes e fundos desportivos montou-se nos últimos anos uma teia de negócios onde os números publicados raramente se aproximam dos que estão sobre a mesa. Muito desse dinheiro move-se por debaixo da mesma. Outro, pura e simplesmente, permanece no sitio para maquilhar contas. Os clubes devem-se uns aos outros, os agentes e fundos alimentam o jogo de especulação e os adeptos limitam-se a baixar a cabeça em resignação. No Porto, trinta anos de sucesso desportivo de Pinto da Costa serviu para amordaçar a consciência de muitos adeptos e sócios do clube perante situações como esta. Ghilas nem é o primeiro caso nem será seguramente o último. Faz parte de uma linhagem de negócios tão mal explicados que surpreende como é que há tão pouca gente a colocar o dedo na ferida. Em Lisboa, o cenário não é diferente.

O Benfica tem-se especializado em imitar a gestão do FC Porto nesse sentido e a sua associação com um fundo especial tem ajudado a maquilhar contas com compras e vendas fantásticas, jogadores que aparecem e desaparecem dos quadros do clube conforme dá jeito e compras que se transformam em empréstimos para acabar em dispensas sem que os adeptos encarnados entendam como é que todos os anos o plantel muda, o dinheiro é gasto e a falência técnica ainda não é uma realidade.

Ghilas ou Roberto, nomes próprios para casos concretos mas generalizáveis. Movem-se cifras impossíveis para a realidade social do futebol português. E por jogadores cujo valor em campo está a anos-luz dessa etiqueta que clubes e agentes decidiram colar. Aos adeptos vende-se a obrigatoriedade de ceder moralidade face aos tempos modernos para sobreviver. Mas sobreviver onde?

Nos últimos anos têm sido várias as vozes que sancionam o uso de fundos e de agentes como a única ferramenta que Portugal tem para se manter competitivo na Europa do futebol. Seguramente que essa noção de competitividade é discutível. Afinal as exibições desta temporada (e da do ano passado) na Champions League dão sinal de tudo menos de competitividade. Clubes de ligas periféricas como a Bélgica, Grécia, Áustria, Chipre ou Escócia têm sido capazes de vencer ou roubar pontos aos dois grandes portugueses. Na Europa League a situação é exactamente a mesma. Portanto, seja para o que for, o uso recorrente de fundos para inflacionar transferências, salários e comissões não é o que o futebol português precisa para ser competitivo. Porque o modelo não está a funcionar. Qual é a alternativa se os resultados já são maus suficientes assim?

Para clubes com passivos na ordem dos 200 ou 400 milhões de euros, gastar todos os anos entre 30 a 40 milhões em jogadores é algo incomportável e impossível de entender. A não ser que os dirigentes dos clubes não se preocupem com o futuro e consigam encontrar algo de rentabilidade no momento. Muitos deles podem até estar associados, indirectamente, aos mesmos agentes que movem jogadores a valores que não se praticam em mais nenhuma liga europeia a não ser por clubes que são detidos por grandes fortunas. Herrera, Reyes, Quintero, Ghilas, Markovic, Djuricic, Fejsa e Lisandro só podiam ter sido pagos pelos valores que são pagos em Portugal. Analisando jogadores do mesmo perfil noutras ligas - financeiramente mais fortes, sociedades mais desenvolvidas - e ninguém encontra essa soma de quase 60 milhões de euros em oito jogadores quase adolescentes sem nada demonstrado.

Claro que há outro caminho. Mas os comentadores, dirigentes e alguns opinion-makers colocados pelos clubes em espaços de reflexão dirão que não. Que o futebol português precisa destes fundos, destes agentes e destes jogadores se quer seguir no caminho certo. Fazem lembrar as empresas que nos dizem que sem um GPS não podemos conduzir, esquecendo-se de que o prazer da condução muitas vezes está em seguir pela estrada fora sem ter um "grilo falante" a dizer-nos o que fazer. Esse grilo afastou o futebol português da sua essência e entregou-o a uma meia dúzia de personagens que tem sido responsável directa pela sua decadência e que enquanto se encontrar em situações de poder perpetuará as suas acções. O dinheiro gasto (mal) nestes e noutros negócios (e o que desaparece, sobretudo) poderia ter abatido passivos, reforçado a formação, servido para baixar o preço de entradas para levar adeptos ao estádio ou para pagar museus sem recorrer a financiamentos de empresas estrangeiras. Poderia ter sido utilizado em reduzir o custo do merchandising, para criar iniciativas de conexão com a sociedade local ou para reforçar a massa salarial dos melhores jogadores para evitar a sua venda. Mas sem venda não há comissões. Sem preços de entradas altas os adeptos nos estádios poderiam ser mais humildes e mais exigentes do que os que encaram hoje o futebol como uma ópera a céu aberto. E poderiam começar a fazer-se mais perguntas para as quais as respostas são como as salsichas. O FC Porto gastou 30 milhões em quatro jogadores que não ofereceram nada à equipa mas deram muito a quem a gere. O Benfica e a sua armada sérvia (e algum sul-americano que chega e parte sem dizer olá) está na mesma situação. Começa a ser hora que as rivalidades desportivas entre adeptos sejam postas de parte e que alguém pare o jogo e comece a indagar e a fazer as perguntas que alguns têm medo de ouvir!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:21 | link do post | comentar | ver comentários (6)

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