Sexta-feira, 27 de Setembro de 2013

No próximo 29 de Setembro é apresentado oficialmente o livro @Noites Europeias.

 

Co-escrito por mim e por @João Nuno Coelho, o livro centra-se nos 115 anos de história das competições europeias de futebol, desde os primeiros torneios disputados à volta do parque do Prater até à febre da Champions League. São mais de 400 páginas de relatos, histórias, personalidades, análises, esquemas e memórias, tudo à volta de um protagonista principal: as competições europeias.

 

A apresentação oficial do livro terá lugar no bar Casa do Livro, na rua Galeria de Paris, na cidade do Porto.

O arranque da festa será às 17h45 e o painel de debate estará moderado por Luis Freitas Lobo. Convidados especiais, vídeos, histórias em primeira pessoa e a presença de vários amantes da "mística" dos duelos europeus são o menu que oferecemos.

 

Contamos com a vossa presença!

 

O livro encontra-se já à venda nas livrarias @Fnac e também na página oficial da editora Amor à Camisola (com desconto de 10% e portes de envio incluídos)!

 


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publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:08 | link do post | comentar

Terça-feira, 24 de Setembro de 2013

Sou um dos grandes admiradores de Juan Mata. Talvez porque o vejo jogar desde os dias do Castilla. Porque sempre vi nele todas as condições para ser um jogador de elite. José Mourinho pensa de outra forma. Para ele o espanhol está uns furos abaixo do que ele quer como elemento central do seu esquema ofensiva. Entre o espanhol e Óscar, o técnico sadino prefere o brasileiro. A maioria dos treinadores agradeceria ter um dilema destes nas mãos. Afinal, são dois dos melhores jogadores do Mundo na sua posição. E para o "Happy One" só há espaço para um.

Guardiola chegou a Barcelona com uma ideia.

Quando há jogadores top, há sempre espaço para todos.

Sob essa filosofia não se importou de colocar muitas vezes a Iniesta como extremo. De deslocar Messi para o centro. De enquadrar no mesmo onze a Xavi, Iniesta, Cesc e Messi, mesmo sendo consciente que ficaria pouco espaço para a improvisação. Se tivesse tido Neymar, para abrir o campo, seria outra conversa. Essa ideia é antiga. Até aos anos 70 o jogador prevalecia sobre o esquema. Ao técnico competia-lhe encontrar espaço para por os melhores em campo. Depois apareceu Herrera, apareceu Rocco, apareceu Michels e o modelo de jogo passou a ser a prioridade. Ou o jogador se adaptava ou, por muito bom que fosse, estava destinado ao banco. A Itália do Mundial de 70 foi alternando Rivera e Mazzolla porque ninguém pensava que dois génios como esses pudessem jogar juntos sem comprometer a equipa. O Ajax de Michels e Kovacs, repleto de grandes jogadores, funcionava porque todos eles se manejavam bem em distintas posições. Quando saíram do clube foram incapazes - até Cruyff - de reproduzir o mesmo nível de jogo noutras paragens. E quando chegou a década de oitenta o sistema tinha prevalecido. O Brasil de 82 foi um reflexo de uma era perdida, o AC Milan de Sacchi colocou cada um no seu sitio e a goleada dos homens de Capello a um Barcelona de Cruyff que procurou vencer um duelo equilibrado através das estrelas em campo selou o destino de quem acreditava no valor do jogador.

Portugal, em 2000, e a Espanha, em 2008, começaram a mudar a filosofia. Guardiola exprimiu-a ao máximo. De repente os génios individuais voltaram a ser valorizados mesmo que isso significasse problemas. Compaginar a Rooney e van Persie na mesma equipa funciona ou cria mais problemas do que soluções? Podem Ozil, Isco, Bale e Ronaldo jogar juntos? Ancelotti pensava que não e facilitou a saída do alemão. E em Munique, apesar da fama que precede Guardiola, há quem não entenda o seu esquema onde Lahm é médio para que os bons joguem todos à sua frente sem conceder um lugar a um jogador que paute o ritmo e o equilíbrio. Em Londres, onde Mourinho tem tido problemas para impôr a sua ideia de jogo (que ninguém ainda entendeu muito bem qual é) o Chelsea vive um desses dilemas: modelo vs jogadores.

 

Hazard, De Bruyne, Mata e Oscar.

São quatro dos melhores do Mundo. Jovens, ambiciosos, talentosos, jogadores capazes de marcar a diferença. Apesar de algumas diferenças pontuais, não são futebolistas distintos. Uns mais velozes que outros, uns mais cerebrais que outros, mas todos eles com o mesmo principio de jogo na cabeça: o jogo associativo.

Para muitos treinadores, ter tanto talento é uma benção. Para alguém como Mourinho, um problema. O técnico português, desde os dias do FC Porto, sempre fez prevalecer o seu sistema aos jogadores. Nas Antas relegou várias vezes o talentoso Alenitchev para o banco porque já contava com Deco no relvado e preferia a consistência defensiva de Tiago/Pedro Mendes ou a abertura de banda que lhe podia dar Capucho (primeiro) e César Peixoto (antes da lesão) depois. Quando chegou Carlos Alberto, e a sua imprevisibilidade, para substituir o trabalhador Derlei, ficou claro que havia num onze uma função para cada jogador e nada mais. O padrão repetiu-se em Londres (entre Robben e Joe Cole) e em Madrid (em Milão faltavam-lhe opções de talento, salvo Sneijder) com Ozil tantas vezes relegado para o banco em jogos importantes. Para ele, jogadores que se decalcam, devem competir entre si por um dos lugares livres no seu esquema, nunca o contrário. Sendo que o belga Hazard é para Mourinho a sua clara coqueluche (com toda a razão do Mundo) e que De Bruyne se revelou uma surpresa (para os mais desatentos), basta olhar para o passado do português para entender que o MVP da temporada passada, Mata, e o talentoso Oscar - que cresceu muito no último ano e meio - teriam de disputar um lugar.

Mourinho gosta de jogadores possantes (de aí a presença de Schurlle), de jogadores rápidos (a primeira razão da contratação de Etoo) e que desequilibrem com o seu talento natural para a finta (de Carlos Alberto a Willian, passando por Robben e Di Maria vai um largo historial). Do que menos gosta são de jogadores que pautam o ritmo do jogo e muitas vezes impedem que se ponha em prática a sua habitual verticalidade e velocidade. Mata é um jogador de pausa, de procurar espaços, de toques decisivos. Óscar também, com a diferença que o faz mais em grandes planícies do que, propriamente, em apertados vales. Mata move-se melhor perto da área, lendo o jogo. Óscar é um jogador (agora), mais rápido e físico, capaz de vir desde o meio-campo para o ataque em condução ou abrindo linhas de passe com lançamentos em profundidade. O brasileiro é um jogador que se enquadra perfeita no ideário de Mourinho. Mata, talvez melhor individualmente, não o é.

Poderia ter-se desprendido do espanhol no mercado mas a opção de reforçar algum rival (seja na Premier, seja na Champions) com um jogador que ele sabe ser de alto nível não lhe agradava. E Mata ficou. Mas terá muitos problemas para ter minutos. Como Torres, que parece incapaz de conseguir repetir a mesma consistência da sua etapa no Liverpool, é uma vitima de uma ideia de jogo que se enquadra pouco com o espírito espanhol. Obi Mikel, Ramires, o eterno Lampard, o esforçado Óscar, o abnegado Schurlle e o esforço físico de Etoo são mais adequados à "Biblia" do português. Para Hazard e, eventualmente, De Bruyne e Willian, sobra o pouco espaço deixado ao talento genuíno e à improvisação, sempre comprometidos ao esforço colectivo. Apesar de ter prometido uma filosofia de estância larga, Mourinho continua a pensar no curto-prazo.

 

Tele Santana não teria problemas em montar um quadrado entre os futebolistas mais talentosos para mandá-los ao campo a jogar. O seu esquema criou escola, na imaginação dos adeptos, mas não tanto nos relvados. Mourinho sempre foi um técnico com fama de resultadista, uma expressão perigosa num meio onde vencer é tudo. O seu problema não está tanto na busca do resultado mas sim no caminho único para o obter. Com o passar dos anos o português foi abdicando de princípios fundamentais nos primeiros anos por abordagens cada vez mais simplistas e herméticas. Quando o guião não funciona, os problemas são evidentes. O Chelsea com a bola é uma equipa que não sabe o que fazer porque o treinador não quer que a tenham muito tempo. Sem ela sofre porque a maioria dos seus jogadores sente-se mais cómoda com ela. Sem um killer de área, como foi Drogba, e sem um Lampard dez anos mais novo, a equipa londrina sofre porque o seu técnico quer repetir uma fórmula impossível. Continuam a ser uma potência do futebol europeu (com essa equipa, é inevitável) mas deixam mais sombras do que luzes neste arranque de uma nova era que pode ser mais curta do que muitos imaginavam à partida...



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:40 | link do post | comentar

Sexta-feira, 20 de Setembro de 2013

As Taças têm os dias contados? A julgar pela última decisão da UEFA, a tendência é, cada vez mais, para o seu progressivo desaparecimento. Competições sem grande lucro financeiro, as provas a eliminar foram a base da organização do futebol europeu. Hoje são um empecilho para os clubes e o fim da possibilidade de qualificar-se o finalista vencido para a Liga Europa apenas contribuirá a que cada vez menos a taça seja uma forma de celebrar o futebol de cada país.

 

Quando não existiam ainda os meios e as infra-estruturas para alimentar um conceito de liga, a Taça foi a resposta mais eficaz e coerente para os organizadores dos primeiros passos do futebol moderno. A FA Cup não é só a mais antiga competição entre clubes do mundo. É também o espelho dessa era onde jogos a eliminar faziam mais sentido do que rondas intermináveis de todos contra todos. Não é por acaso que muitos dos países europeus onde o futebol se introduziu seguiram esse modelo muito antes de adoptar a ideia de uma liga nacional.

A isso havia que juntar também o facto emoção. Enquanto foi fácil perceber que o modelo de liga iria, inevitavelmente, beneficiar as equipas com maior potencial e recursos, a Taça era uma roleta russa de emoções, sempre aberta a surpresas. A "Festa da Taça" tornou-se num lugar comum com o tempo mas foi, durante décadas, a única forma que muitos adeptos, por toda a Europa, tinham de celebrar um título oficial com o seu modesto clube. Claro que essa cultura mítica permitiu também reforçar a popularidade da Taça dos Vencedores das Taças, uma das mais populares celebrações das noites europeias de futebol. Uma competição que se prolongou durante quatro décadas até que a galinha de ovos de ouro da Champions League acabou de vez com o seu significado. Inicialmente muitos pensaram que deviam ser os vencedores das taças - e não os segundos classificados - a acederem à prova rainha do futebol europeu. Mas essa ideia não acompanha a filosofia do dinheiro e do poder crescente e independente das ligas face às federações. E, inevitavelmente, os vencedores ou finalistas vencidos das taças foram relegados para a futura Europa League. Agora a festa acabou. Se uma equipa, a partir de 2015, ganha a taça e não está no lote de qualificados directos para a "Champions", entra na prova. Mas se a perder, mesmo que o vencedor seja uma equipa da Champions, o lugar passa directamente para o seguinte classificado não apurado via liga. A última réstia de motivação para apostar na Taça para os mais pequenos e modestos, desapareceu.

 

Num calendário cada vez mais congestionado, a Taça é um problema.

Os clubes grandes dão-lhe cada vez menos importância. É um troféu sem prestigio mas inconsequente financeiramente. Nem dá dinheiro que justifique o investimento nem permite aceder à prova rainha da Europa. Portanto os clubes com os maiores orçamentos focam-se em lutar pelo título ou, em último caso, em fechar o lote de lugares de acesso à Champions. Essa realidade podia abrir aos restantes clubes um espaço livre para disputar o troféu. Para eles vencer uma taça significa mais e se essa vitória garantir esse posto na Europa League que tão dificil é de conseguir nas ligas, melhor. Mas sem o atractivo financeiro e com uma exigência maior para sobreviver na dura competição regular - entre esse sonho de entrar em Champions, a prioridade de qualquer clube e a sobrevivência por ficar num lugar de qualificação directa - são cada vez mais os clubes de meio da tabela que confessam o seu desinteresse pela prova. Se até agora algo os motivava era, sem dúvida, o apuramento directo para as provas europeias. Mas que os grandes emblemas não olhem para a Taça como uma prova importante não quer dizer que não a possam ganhar, mesmo ás vezes sem as suas figuras principais. Uma vez alcançadas as meias-finais, pelo menos, não são 180 minutos a mais ou a menos que vão fazer a diferença. Em Espanha isso significa, por exemplo, que nos últimos cinco anos Barcelona ou Real Madrid sempre estiveram na final. Em Inglaterra sucedeu o mesmo com Chelsea, City e United. Em Itália também, com Juventus e Inter, em Portugal com FC Porto e SL Benfica e na Alemanha com Dortmund ou Bayern. Raros são os anos em que nenhuma dessas equipas chega ao derradeiro encontro. E aí, claro, a equipa que perde sabe que o lugar europeu está garantido, jogando sem complexos e muitas vezes, surpreendendo.

Inevitavelmente esse cenário vai acabar. Com a nova regra, as equipas sabem que só lhes vale a vitória. Mas, sobretudo, que lhes vale de pouco o esforço. Os adeptos perdem um motivo mais para seguir o seu clube pelo país, os grandes sentem-se mais cómodos e, sobretudo, os clubes de linha média-alta, sabem que contam com mais um lugar de acesso na prova regular para sonhar com a Europa. É o triunfo da influência do dinheiro, uma vez mais.

Sem a participação na Europa League via presença, ainda que com derrota, na final, muitos dos clubes europeus nunca teriam tido o prazer de saborear uma noite europeia na sua história. São milhões de adeptos combinados que encontravam neste antigo mas fascinante modelo competitivo uma forma mais de celebrar a sua modesta existência. Platini e os seus sequazes, uma vez mais, trataram de seguir pela via contrária, reforçando o poder da elite financeira europeia pavimentando cada vez mais o caminho para uma competição única composta exclusivamente pelos clubes mais ricos e poderosos das ligas nacionais.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 16:28 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 13 de Setembro de 2013

Diego na Liga. Iker na Champions. O ridículo voltou a tomar conta do Santiago Bernabeu. Durante o defesa a imprensa espanhola - que afiou as espadas e cheirou o sangue do reinado de Mourinho - transformou a Carlo Ancelloti no mais celebrado dos novos treinadores merengues. No primeiro jogo a sério levaram uma decepção. Durou pouco a resistência do italiano. Ao contrário do português, e como tinha feito no passado, Carlo cedeu e deixou-se dobrar pela importância mediática de Casillas e a imprensa de Madrid. O binómio que realmente governa o clube.

Mourinho sempre foi um mal-amado.

No dia em que se cansou das filtrações e dos comentários de Casillas, relegando-o para o banco em Málaga, o mal-amado transformou-se no odiado. Durou meio ano no cargo. A falta de resultados é o principal motivo da sua saída do Bernabeu. Uma meia-final perdida depois de um jogo em Dortmund penoso. Uma liga que desde Novembro já era impossível com um rival habituado a não perder pontos com regularidade. E uma taça transformada em troféu relevante do nada para depois ser ganha pelo maior rival em plena Castellana. A realidade foi bem diferente. Mourinho saiu de Madrid porque tinha perdido o balneário. Porque a imprensa tinha ganho o braço-de-ferro. Outra vez.

A filtração regular de noticias do balneário tinham provocado já a irritação do português que despediu do cozinheiro a Valdano todos os que considerava que estavam a minar o seu trabalho autoritário. Mas havia noticias que só podiam ter sido filtradas pelos jogadores. Procurou o culpado e ano e meio depois encontrou-o. Era Iker Casillas. E o seu grupo dentro do balneário, composto essencialmente por internacionais espanhóis e alguns jogadores estrangeiros com mais anos de casa. Jogadores que garantiam que jornais como a Marca ou o As podiam citar conversas integras e exactas nos treinos fechados à imprensa em que se tornava palpável que o ambiente distava de ser amigável. Quando os capitães pediram ao presidente para ter uma reunião sem o treinador, exigindo que ou saiam eles ou saia ele, o seu destino estava traçado. Mourinho afastou Casillas, primeiro por Adán e depois por Diego Lopez - contratado em Janeiro. Pelo meio já tinha dado reprimendas públicas a Sérgio Ramos, o outro peso-pesado do balneário com quem não tinha relação nenhuma. A lesão de Casillas facilitou as coisas a Diego Lopez. Quando o titular habitual e campeão do mundo voltou teve de suportar um mês e meio de banco. Mourinho foi inflexível. Mas Casillas sabia que as suas horas estavam contadas e que a partir de Agosto tudo seria como antes.

 

Então chegou Ancelloti.

A imprensa espanhola recebeu-o como o "Pacificador", o homem que ia voltar ao status quo. Trataram-no como um rei, relembrando sobretudo que um homem que tinha colocado em campo onzes escolhidos por Berlusconi e Abramovich não seria difícil de lidar por Florentino Perez - desejoso de impor mais uns galácticos ao treinador de turno, depois de três anos em que Mourinho controlou o mercado de transferências - e com os pesos pesados do balneário. Mas no primeiro jogo a sério, Casillas foi suplente. E Diego Lopez continuou a demonstrar ser um brilhante guarda-redes. Espanha parou. Então não era suposto voltar a ser tudo como antes?

A resistência de Ancelloti, louvável, foi de curta duração. Um mês para ser mais preciso.

O técnico manteve a confiança em Diego Lopez até à paragem para os compromissos internacionais. A imprensa voltou a cumprir o seu papel. Começaram a sair sondagens sobre o apoio dos adeptos a Casillas, a ameaças suas em sair do clube onde se formou para reforçar o Barcelona ou o Manchester United. Os seus jornalistas de bolso, os mesmos que trabalham diariamente com a sua companheira, cumpriram a sua missão e minaram uma vez mais a opinião pública contra o técnico e Diego Lopez. O golpe de misericórdia foi aplicado por Del Bosque. O seleccionador espanhol não convocou Lopez - como tinha sucedido na Taça das Confederações - e colocou Casillas a titular no jogo contra a Finlândia, apesar de levar três meses sem um jogo oficial nas pernas. Mesmo com Valdés numa forma irrepreensível a mensagem ficou. Casillas joga por decreto, seja onde for. Ancelloti percebeu o sinal.

O técnico italiano tinha tido um mês para perceber que arrancar o ano com três vitórias era insuficiente se a imprensa se posicionasse contra a sua gestão. Atacado pela saída polémica de Ozil, com o problema de combinar no mesmo onze Cristiano Ronaldo e Gareth Bale, juntamente com Isco, Benzema, Modric, Di Maria, Khedira, Xabi Alonso (entretanto lesionado), Illarramendi e Casemiro, o menos que precisava era de um debate diário na baliza. Ancelotti rendeu-se e declarou que Casillas era o guarda-redes para os jogos da Champions League. Uma rotação inédita nas suas opções - e na história do clube e dos principais emblemas europeus - que não é mais que um aquecimento prévio até que Casillas se torne, definitivamente, no guarda-redes titular. Lopez tem a batalha perdida e sabe-o. Mas cairá de pé enquanto a sombra do jogador preferido dos espanhóis o engole.

 

Casillas será o titular e tudo estará bem. Regressarão os artigos elogiosos à gestão de balneário de Ancelotti, os pesos-pesados do balneário deixarão de filtrar histórias comprometidas e Florentino Perez deixará de receber perguntas incómodas sobre um jogador que nunca quis mas que também nunca soube dominar. Casillas, como antes dele Guti e Raúl, foi acusado ao longo dos anos por vários treinadores e ex-jogadores de ser um problema no balneário do Real Madrid pelo seu excessivo peso mediático e contactos com a imprensa. Sobreviveu a Capello - que preferia Lopez - a Mourinho e prepara-se agora para sobreviver a Ancelotti. Demonstrando uma vez mais que em Madrid não manda o presidente, não manda o treinador e não mandam os adeptos. O Real continua a ser um clube governado pelos jogadores e a imprensa. E assim seguirá!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 20:12 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Quinta-feira, 5 de Setembro de 2013

"Não se pode ganhar nada com os miudos". O escocês Alan Hansen, estrela do Liverpool, foi o autor da polémica frase no arranque da temporada 1994. Não tinha razão. Nesse ano o campeão inglês apresentava uma média de idades surpreendentemente baixa. Criou-se um novo paradigma. Mas nesta equação o protagonista era Ferguson, não Arsene Wenger. Ao francês criou-se o mito de ser um treinador especializado em vencer com jogadores jovens e promissores mas o seu sucesso nasceu com base em futebolistas no pico da sua forma. Mezut Ozil cumpre a sua velha máxima à perfeição.

 

Quando chegou ao Arsenal, Wenger vinha com o rótulo de ser um treinador capaz de sacar o melhor de jogadores desconhecidos. Independentemente da idade. Em Highbury provou-o. Prolongou em meia década as quase acabadas carreiras da sua linha defensiva (Bould, Keown, Adams, Seaman) e aproveitou os últimos sopros de magia de Ian Wright e Ray Parlour para conseguir a dobradinha em 1998. Sobretudo, contou com Dennis Bergkamp no pico da sua carreira. O holandês tinha-se apresentado ao mundo uma década antes, como um jovem adolescente em quem Johan Cruyff confiava poder utilizar para render o pletórico Marco van Basten. Depois de triunfar no Ajax e de uma passagem complicada pelo Inter dos holandeses (com Jonk e Winter, sucedendo ao trio alemão Mathaus, Bremeh e Klinsmann), o jogador apaixonado pelo Tottenham Hotspurs (graças à qualidade ofensiva da geração de Ardilles e Hoddle) aterrou no campo dos gunners para mudar a história do clube.

Tinha 26 anos. Demorou duas temporadas a adaptar-se e a partir de aí transformou-se no farol ofensivo do melhor futebol praticado nas ilhas. Quando Wenger remodelou a sua equipa, apostando de novo por jogadores na casa dos 23-25 anos quase desconhecidos do grande público (Petit, Viera, Pires, Ljunberg, Edu, Wiltord e o "recuperado" Henry) o seu papel de lider espiritual foi fundamental para recuperar o título e lançar a base dos Invencibles de 2004. Essa equipa era uma soma de grandes individualidades, já consagradas, com muitos anos como gunners nas pernas. Não uma equipa de jovens promessas, como ficou associada a imagem a Wenger, talvez por ter lançado Anelka (logo vendido), recuperado um jovem Henry do exílio em Turim e depois ter apostado em Reyes, Fabregas, Walcott e Nasri, mais por necessidade do que outra coisa. Bergkamp foi sempre o seu olho direito em campo, cumprindo um papel fundamental. Por ele passava todo o jogo do Arsenal. Pautava os ritmos, desbloqueava os jogos mais complicados e dava esse perfume de classe que consumou a transformação moral do clube do "boring, boring" ao "champagne Arsenal". Desde o seu adeus o clube nunca mais voltou a ter um futebolista desse perfil. Até agora.

 

Ozil pode não ser, à partida, o jogador que mais necessitava o Arsenal. Mas é fundamental para o estado emocional em que vive o clube!

Giroud não tem concorrência para a posição de avançado e a defesa continua a ter demasiados buracos por preencher. No caso do avançado, o francês foi batido pela esperteza de Mourinho que simulou deixar Demba Ba fazer a curta viagem pelo Tamisa de Stamford Bridge a Ashburton Grove para cancelar o negócio no último segundo. Na defesa, Wenger já demonstrou confiar no recuperado Mertesacker ao lado de Koscielny, para o bom e para o mau. E com Viviano na baliza a fazer concorrência directa ao intermitente Sczesny, o alsaciano parece estar satisfeito. No meio-campo havia jogadores de qualidade disponíveis. Mas nenhum fora-de-serie. E Ozil é, sobretudo, um jogador estelar.

O seu preço - 50 milhões de euros, a mais cara transferência de sempre do clube, segunda maior da Premier - está de acordo com o seu talento. Actualmente, no futebol mundial, não há um jogador do seu perfil. Os seus dados estatisticos em três anos de liga espanhola não têm igual. Supera em golos e assistência a Iniesta e juntando Xavi a essa equação a diferença é mínima. Com Cristiano Ronaldo assinou a mais letal parceria da história do futebol espanhol das últimas duas décadas, forjando entre ambos 33 golos. A chegada de Modric e Isco foram reduzindo a margem de erro a um jogador que, como Bergkamp, tem tanto de genial como de irregular. Ozil pode realizar exibições para o "hall of fame" durante semanas e depois desaparecer durante um mês. Mas nos clubes top, onde há habitualmente soluções para tudo, essa realidade não é um problema sério. Em Londres será diferente. Ozil será a única estrela da companhia.

Ao seu lado Wenger poderá montar finalmente um esquema similar ao que utilizou com os Invencibles e que tem sido forçado a abandonar com o passar dos anos. Naquela que foi talvez a mais brilhante equipa da história do futebol inglês, o francês alinhava dois médios-centro (Vieira e Edu/Gilberto) no apoio a um trio de criativos que podiam ser Bergkamp, Pires, Ljunberg, Reyes e o próprio Henry, quando Wiltord jogava na frente de ataque. Mobilidade total, imprevisibilidade e um ritmo de jogo alto suportado por uma coesão defensiva notável.

Olhando para o plantel actual é fácil perceber que Cazorla, que nunca foi um médio centro, poderá sentir-se cómodo de novo na ala esquerda, com as suas diagonais, e Oxlade-Chamberlain e Walcott abrirão o campo no lado direito permitindo a Ozil bascular livremente à frente de Whilshire, Ramsey ou Arteta, no apoio directo a Giroud. Ozil terá espaço, terá colegas com quem associar-se que entendem o futebol da mesma forma que ele. E, desde o banco, Wenger encontrará o seu alter-ego no relvado.

 

Acusado de não saber gastar dinheiro no mercado, Wenger conseguiu o brinde do ano. Vender Ozil, seja porque motivo for, é mais um dos muitos erros de gestão de um clube como o Real Madrid que pensa primeiro no mercado e só depois no futebol. 50 milhões por Ozil, como poderiam ser por Iniesta, é um investimento destinado ao sucesso. Com um golpe de asa, o Arsenal demonstrou que está preparado para voltar à filosofia original de Wenger. A mesma que transformou para sempre a história do clube!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:43 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Quarta-feira, 4 de Setembro de 2013

"O projecto Gamechanger Bucket foi implementado a finais de 2010. Entre a população foram distribuidos 5000 baldes reutilizáveis com capacidade para, cada um, servir uma centena de pessoas com água potável. Os baldes permitem que as autoridades locais possam recolher a água e fazê-la chegar ao maior número de pessoas possíveis graças ao seu filtro de conservação. Mas com cada balde chega também uma bola de futebol da marca Nike.


Um sinal de esperança para o futuro. Uma forma de devolver o sorriso aos mais pequenos, de distrair os graúdos e de devolver a alegria e os gritos de diversão às ruas destruídas de um país que procura sobreviver a um dos maiores cataclismos naturais da sua história."

 


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publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:50 | link do post | comentar

Segunda-feira, 2 de Setembro de 2013

Dia um do novo projecto editorial português @Amor à Camisola, uma editora fundada exclusivamente para divulgar e publicar trabalhos relacionados com a área do futebol. O livro de estreia, Noites Europeias, estará à venda a partir de meados de Setembro. Chegará com o som do hino da Champions, com a ansiedade do relógio, pontual às 19h45, para um inesquecível pontapé de saída.

 

O livro Noites Europeias debruça-se sobre a evolução do futebol europeu a partir da evolução das suas competições de clubes. Desde os dias do amadorismo do século XIX à final entre Dortmund e Bayern, a viagem é longa e cheia de momentos sublimes. De gestas heróicas, de dramas, de celebrações e lágrimas. É também um espelho do que é e foi a Europa, o continente e as suas gentes. Um reflexo da sociedade, da cultura, da política e da economia do "Velho Continente".

 

É uma digressão de mais de 400 páginas de dados, informações, histórias que poucos conhecem e protagonistas únicos. É também o único livro em toda a Europa a dedicar-se exclusiva e exaustivamente à história das competições europeias de clubes. A aventura começa agora. A bola passa para o vosso lado.

 

Podem conseguir mais informação sobre o livro através das contas oficiais de Twitter (@noiteseuropeias) e da página de Facebook!

 

Bem-vindos ao apito inicial!

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:28 | link do post | comentar

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