Quarta-feira, 24 de Abril de 2013

Em 2012 a imprensa salivou com a possibilidade de uma final da Champions League entre os maiores colossos mediáticos do futebol europeu. Nenhum chegou ao jogo decisivo. Um ano depois repetiu-se o cenário. E uma vez mais, parece altamente improvável que o cenário se repita. O festival orquestrado pelo Borussia de Dortmund expôs todas as fragilidades do jogo colectivo do Real Madrid. Vinte e quatro horas depois, o representante alemão aplicou quatro golos ao rival espanhol. O golo de Ronaldo dá aos adeptos merengues pouca esperança. Em Wembley começam a esperar uma invasão alemã.

No Westfallenstadion houve uma equipa. Uma grande equipa.

Como já tinha sucedido na fase de grupos, o Dortmund foi categoricamente superior a um rival sem jogo, sem individualidades, sem treinador. Jurgen Klopp soube nos últimos dias que ia perder as suas duas referências ofensivas. Encarou o fado como algo inevitável e exigiu-lhes compromisso. E eles responderam. Mario Gotze foi imenso. Sozinho, fez o que quis de Xabi Alonso e Sami Khedira, e marcou o ritmo do jogo dos alemães. Robert Lewandowski fez aquilo que só Ferenc Puskas foi capaz de fazer na história: marcar quatro golos nas últimas duas rondas do torneio. Quatro golos perfeitos, exemplos do seu maravilhoso reportório. O terceiro, um golpe de magia a lembrar o próprio dianteiro húngaro, acabou definitivamente com a resistência dos espanhóis. O primeiro foi um puro gesto de atacante curtido. O segundo espelho do seu instinto oportunista. O último, concretização de um penalty perfeitamente assinalado pelo holandês Bjorn Kuipers. Da arbitragem o Real Madrid não tem razões de queixa, bem pelo contrário. Tal como sucedeu com o Manchester United e o Galatasaray. Um penalty por marcar de Varane sobre Reus antecipou a confusão que permitiu ao Real Madrid empatar. Foi nos suspiros finais da primeira parte, cortesia do impecável Matt Hummells - já o tinha feito contra o Shaktar - concretizada por Cristiano Ronaldo.

O português foi o espelho da sua equipa. Marcou mas esteve muito longe do seu melhor. Á sua volta o panorama era ainda mais desolador. Gonzalo Higuain, Mezut Ozil e Luka Modric nunca entraram em jogo. Os seus substitutos, Benzema, Di Maria e Kaká, também não. Gastando fortunas o Real Madrid forjou uma equipa que parece ser incapaz de ultrapassar a barreira das meias-finais. Olhando para a formação e para o mercado centro-europeu, a contar cada cêntimo, o Dortmund montou uma equipa quase perfeita.

 

Klopp ganhou a batalha táctica quando condicionou, uma vez mais, o modelo de Mourinho.

O português colocou Modric ao lado de Alonso e entre os dois, como é habitual, houve uma confusão constante de missões e espaços. Ozil, atirado para o lado direito, desapareceu do jogo ao suspiro inicial. Nunca mais se voltou a ver. No meio, Gundogan. O médio centro emulou o papel de Javi Martinez, na véspera, e dominou o meio-campo com autoridade e classe. Há dois anos Nuri Sahin era o dono dessa posição e foi contratado pelo Real Madrid. Não funcionou na capital espanhola e hoje é suplente de mais um turco-alemão com muito futebol nos pés e, sobretudo, na cabeça. Através da sua visão de jogo, o Dortmund controlou o encontro. As diagonais dos extremos destroçaram os laterais espanhóis e Pepe foi incapaz de lidar com Lewandowski que soube sempre fugir do mais certeiro Varane para passear pela área do português, irreconhecível. A máquina alemã estava perfeitamente oleada. Todos sabiam o que tinham de fazer, todos sabiam a que ritmo jogar e nunca, em nenhum momento, se viveu uma sensação de igualdade.

Claro que o Real Madrid teve mais posse de bola, essa condição inequívoca para vencer com categoria um jogo de futebol. Mas raramente soube o que fazer com ela. O Dortmund ocupou todos os espaços onde se moviam os seus criativos. Deixou apenas Khedira livre. E isso significou um congestionamento no jogo ofensivo do rival. Com paciência, o Dortmund manteve o controlo do jogo deixando o rival jogar longe da sua área. Com cada recuperação de bola, os alemães demonstraram que também manejam o contra-golpe com a mesma eficácia que o projecto de Mourinho. O treinador português esteve no banco de suplentes mas nem se deu por isso. Tacticamente foi superado do primeiro ao último segundo do jogo. Apático, previsível, sem soluções, o Special One foi vulgarizado por um treinador alemão que tem no bolso a admiração de toda a Europa.

 

A matemática permite sempre sonhar e o Real Madrid foi um clube construído com reviravoltas históricas. Um 3-0 não é um resultado impossível mas contra uma equipa tão bem organizada e letal como o Dortmund parece algo absolutamente utópico. Tal como o seu eterno rival, o clube espanhol sofreu na pele a afirmação definitiva do futebol alemão como o novo farol do futebol europeu. Em Inglaterra esperam uma invasão alemã, um duelo entre duas escolas parecidas mas forjadas com meios distintos. Poucas finais em tempos recentes teriam o condão de colocar frente a frente dois projectos desportivos tão fascinantes.



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Terça-feira, 23 de Abril de 2013

A história do futebol europeu está repleta de jogos que perduram no tempo. Desde a sua primeira edição até à final da temporada que se disputa. A noite de hoje, em Munique, entra directamente para essa galeria. Em 2009, a caminho da sua mais do que merecida consagração, o Barcelona de Guardiola humilhou o Bayern Munchen por 4-0. Hoje, a super-equipa montada por Jupp Heynckhes, aplicou a mesma dose ao projecto herdado por Villanova. Um jogo onde os alemães foram mais rápidos, mais altos, mais fortes e melhores, muito melhores, ao jogo que consagrou o Barcelona na história do futebol.

Falar em hegemonia do Barça na Champions League tornou-se um lugar comum nos últimos anos.

E no entanto, a não ser que a equipa catalã opere um verdadeiro milagre no Camp Nou - o dia do patrono do clube, Sant Jordi, era hoje - a equipa vai completar um ciclo de cinco anos com apenas dois troféus no bolso. Em 2009 foram a melhor equipa do continente com um modelo inovador, fresco, ofensivo e tão apaixonante que permitia esconder os erros de uma meia-final polémica. Dois anos depois eram mais conscientes do seu papel, mais influentes nos corredores de poder e futebolisticamente muito mais maturos. Foram duas finais brilhantemente conquistadas contra o Manchester United, que permitiu coroar Messi, Xavi, Iniesta mas também Busquets, Piqué e Alves, como os melhores do planeta. E claro, Guardiola, o homem que resgatou a herança da posessão e do estilo centro-europeio. Mas esses foram apenas dois de cinco longos anos. No mesmo período de tempo, Real Madrid, Ajax, Bayern e Liverpool venceram entre três a cinco troféus. 

Na história, nem sempre os ganhadores deixam a sua marca. Essa realidade é indismentível, particularmente no caso de selecções como a Áustria, Hungria, Holanda, França ou Brasil, gerações apaixonantes que no momento da verdade foram derrotadas pelo destino. Mas claro, essa derrota permitiu-lhes entrar no panteão pelo estilo de jogo. O Barcelona actual é um projecto ganhador - como foi o de Cruyff e Rijkaard, equipas igualmente brilhantes - e provou saber vencer em campo muitas vezes de forma magistral. Mas com três eliminações em cinco anos numa meia-final - a confirmar-se a ausência de um milagre no Camp Nou, nunca descartado - pode realmente falar-se de hegemonia futebolistica europeia? Naturalmente, não.

 

Hoje o Bayern Munchen não jogou como o Inter ou o Chelsea, equipas que deixaram a nu a dificuldade crónica do Barcelona em jogar com pouco espaço. Hoje o Bayern Munchen jogou como o Barcelona gostaria de jogar mas já não consegue. Porque fisicamente não é a mesma equipa de há dois anos. Porque o modelo se transformou, com o tempo, num vector central em direcção de Messi quando antes se sentia o espirito colectivo coral de uma geração memorável. Porque Guardiola não está - e Tito Vilanova fez o mesmo em Munique que em Milão, onde esteve ausente, ou seja, nada - e sem ele o projecto faz menos sentido. E porque o Bayern não teve medo de disputar cada bola, de procurar cada lance o espaço mas sem abdicar da sua filosofia, de controlar o ritmo de jogo com a bola e sempre numa movimentação colectiva perfeita.

Robben e Ribery defendiam como Alaba e Lahm atacavam. Javi Martinez foi omnipresente no meio-campo, permitindo a Schweinsteiger vigilar Messi e Xavi, figuras ausentes em campo, espelhos dessa condição física deplorável que também se verificou no ano passado. E Muller, ocupando o lugar de Kroos, foi demolidor, movendo-se em toda a linha de ataque, destroçando marcações e abrindo espaços. Em nenhum momento do jogo existiu a sensação de que o Barcelona podia sentir-se superior. Em nenhum momento do jogo ficou a ideia de que a vitória do Bayern estava em risco. No final surgiu em golos e em dinâmica. Mas, tranquilos, em possessão não. 

Os alemães sobreviveram a uma primeira hora que permitia relembrar semi-finais anteriores na história recente do futebol europeu. Três penaltys por assinalar em trinta minutos prometiam uma péssima exibição do húngaro Viktor Kasai, que eventualmente se confirmou. Mesmo com esse handicaap, a equipa bávara manteve-se viva e activa e antes do intervalo abriu o marcador. Um canto - a defesa espanhola nunca lidou bem com este tipo de lances - uma bola que vai de um lado ao outro da área, salto perfeito de Dante que encontra a cabeça de Muller para abrir a noite de gala. Era um resultado tímido para a hegemonia alemã ao intervalo e ao abrir do segundo tempo, Mario Gomez, tratou de ampliar a vantagem. Estava em fora-de-jogo. Talvez Kasai tivesse visto no intervalo algum lance da primeira parte. Ou talvez seja um árbitro realmente mau. O resultado já era bom mas o Bayern nunca desistiu de procurar mais. O ataque blaugrana foi inofensivo, Messi uma alma penada, a melhor oportunidade acabou por ser de Bartra e seguindo o ritmo natural do encontro, Robben marcou o terceiro e decisivo golo. O golo que tornava a eliminatória um monólogo. Minutos depois, com o relógio a dar os últimos suspiros, Muller fechou a contagem para levar o Allianz ao delírio colectivo. O 4-0 de 2009 estava devolvido e moralmente, da mesma forma que os homens de Guardiola tinham sido insultantemente superiores nesse encontro, agora era a vez de Jupp Heynckhes ajustar contas com o passado e, talvez, com o seu futuro.

 

Desde 1997 que o Barcelona não perdia por uma margem tão grande na Europa. Vencer a eliminatória não é impossível mas os próprios jogadores blaugranas têm consciência de que seria necessário uma imagem radicalmente diferente e uma eficácia tremenda para dar a volta a esta situação. Dificilmente se pode considerar o final de um ciclo para os espanhóis. Na época passada o resultado foi o mesmo. Para os alemães, sim, a vitória histórica de hoje entra na galeria das suas noites mais brilhantes nas provas europeias. E depois da brilhante campanha do ano passado, da final perdida em 2010, parece claro que hoje o Bayern Munchen pode presumir de ser a equipa mais forte do planeta futebol. Só falta um título para confirmar, simbolicamente, a qualidade desta geração. 180 minutos para completar um ciclo memorável.



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Domingo, 21 de Abril de 2013

O futuro do futebol português passa por modelos de gestão exemplares, capazes de entender as suas limitações e de planear o futuro dia a dia sabendo que esse modelo poderá ser a diferença entre a falência e o sucesso desportivo. Enquanto os grandes clubes portugueses, cada qual à sua forma, procuram sobreviver a passivos asfixiantes, em Paços de Ferreira e Belém, dois projectos desportivos ensinam os restantes dirigentes portugueses a olhar para o futuro com a consciência de que nem tudo é negro.

 

A quatro jogos do final da época, o Paços de Ferreira tem assegurado um posto europeu. Um posto que pode valer muitos milhões de euros se a vantagem pontual com o Sporting de Braga se mantiver até ao último suspiro do campeonato. Na segunda divisão, um dos clubes históricos do futebol português, assegurou a promoção depois de vários anos afastado da elite com oito jogos por disputar. Uma das maiores margens da história para validar um projecto desportivo desenhado para vencer e consagrado com um mais do que honroso posto nas meias-finais da Taça de Portugal para o clube do Restelo.

São dois clubes que encontraram num modelo de gestão racional e com os pés na terra a base do seu sucesso. Passe o que passar, a aposta parece ser o futuro que os restantes clubes em Portugal terão de seguir. Enquanto FC Porto e SL Benfica, com passivos gigantescos, compram o sucesso e dividem entre si a disputa pelo título nacional sem jogos perdidos, aos restantes emblemas pouco sobra senão sobreviver da melhor forma. O Sporting vive uma profunda reestruturação - emocional e financeira - enquanto o Braga consolida-se como um projecto ambicioso mas que não consegue dar o salto que falta para fazer-se definitivamente grande. Todos os outros começam o ano com medo ao inferno da despromoção e, quase sempre, acabam-no sentindo que vivem num universo circular onde tudo é igual. De vez em quando algum qualifica-se para as provas europeias, de vez em quando algum faz um brilharete. E pouco ou nada mais.

O que parece evidente é que a esmagadora maioria desses clubes avança temporada atrás de temporada sem um modelo desportivo de futuro. Procuraram, apenas, sobreviver. Muitos através de empréstimos e da amizade selectiva de algum dos "grandes". Outros confiando no sucesso do trabalho de prospecção de jogadores desconhecidos ou da sua boa relação com agentes para forjar uma equipa que, entre Janeiro e Junho, se desmantela por si só. A maioria passa a temporada com problemas, salários por pagar, bancadas vazias, treinadores que vão e vêm ao mínimo sinal de desespero. O destino parece repetir-se até que algum dia uma época má pode fazer pagar o preço dessa gestão sem futuro. Na Mata Real e no Restelo, gesta-se essa ideia para o depois de amanhã.

 

O Paços de Ferreira não é só o clube sensação desta temporada. É um clube que surpreende quem o procura conhecer melhor.

Dentro da área metropolitana do Grande Porto - até à bem pouco tempo a mais representada do futebol nacional - os "castores" sempre foram vistos como um bicho raro. A Capital do Móvel fica a meia hora da Invicta, sente-se mais cómoda com o circulo industrial do vale do Ave - o mesmo que nos anos 80 e 90 teve um papel tão importante no futebol português - e convive numa área demográfica dinâmica mas sem grandes referências futebolísticas que não a sombra do FC Porto.

E mesmo assim, sem uma grande legião de adeptos, sem um grande apoio local, o Paços mantém-se vivo entre a elite do futebol português de uma forma superlativa. Começou por fazer-se notar como um clube com bom olho para jovens e ambiciosos treinadores, amantes do futebol de ataque e da aposta em jogadores desconhecidos. Progressivamente, o clube começou a incorporar antigos elementos da equipa no seu gabinete técnico. Nenhum funcionou tão bem como Carlos Carneiro, um dos seus mais emblemáticos dianteiros. Com ele ao leme, desenhou-se o futuro do clube, descobrindo no futebol das divisões secundárias e entre os descartes inesperados do FC Porto, jogadores com potencial suficiente para forjar um bom colectivo. Sob as mãos de Paulo Fonseca, esse colectivo superou-se a si mesmo. E agora está perto de entrar no play-off da Champions League. Mesmo que não o consiga - tem três jogos para gerir a sua vantagem face ao Braga - a presença nas provas europeias já é um logro a que clubes com um orçamento muito superior como o Marítimo, Nacional ou Sporting ainda não podem dar como garantida. Inevitavelmente o Paços sabe que muitos dos seus jogadores e eventualmente, o seu técnico, não estão no próximo ano. Conscientes dessa realidade, já estão a preparar o depois de amanhã. Sabem que não se podem deixar enganar pelo perfume do sucesso. Os adeptos não vão aumentar - demograficamente a zona vive um ciclo estável e a situação financeira do país não permite sonhar com um boom de novos sócios e seguidores - as condições que existem actualmente adequam-se à sua realidade e qualquer dinheiro que entre nos cofres do clube deve ser para o manter longe do fantasma da falência. Pagar os salários a tempo e horas, cumprir com os seus compromissos, poder eencontrar os próximos titulares da equipa são a base de trabalho de um projecto que quer continuar a crescer com os pés na terra. Demonstrando assim aos seus rivais em campo como se pode jogar sem perverter as regras, como o acumular de dívidas eternamente perdoadas pelo fisco, mantendo os salários em dia (Olhanense, Gil Vicente), sobrevivendo sem dinheiros públicos (Nacional, Marítimo) ou sem o apoio directo de um empresário (Rio Ave).

 

O caso do Belenenses é diferente na forma mas não na essência.

O clube do Restelo é um dos cinco grandes oficiais do futebol em Portugal, uma equipa campeã nacional num país onde só duas edições escaparam ao apetite dos três grandes. Mas desde os anos 60 que essa grandeza se tornou uma memória perdida no tempo que só algumas temporadas pontuais - finais dos anos 80, meados da década de 90 - puderam resgatar fotos antigas. Claro que sobreviver como terceiro clube de uma cidade com duas entidades de projecção nacional é praticamente impossível como Boavista e Salgueiros entenderam, também, no Porto com a sombra quase ditatorial do FC Porto.

A péssima gestão financeira do Belenenses levou o clube a roçar várias vezes a despromoção. Por duas vezes o clube salvou-se administrativamente de descer, mas à terceira foi de vez. E durou o calvário. Sem dinheiro, sem ideias, sem ambição, parecia que o "Belém" estava destinado a seguir os exemplos de outros históricos do futebol em Portugal, perdidos nas divisões secundárias para nunca mais voltar. Até que aterrou no Restelo uma nova directiva, coordenada por Rui Pedro Soares e presidida por António Soares, com uma visão de futuro consciente das limitações do presente. O histórico clube lisboeta começou a apostar convictamente na sua formação mas também em jogadores descartados por diversos motivos por clubes da primeira divisão. Vitimas da "brasileirização" excessiva da elite do futebol nacional, esses jogadores encontraram no Restelo um novo lar e sob a liderança do antigo central do Marítimo, o holandês Mitchell van der Gaag, transformaram-se no esqueleto moral de um clube onde a ambição de voltar a ser alguém no panorama nacional conduzia o processo. Essa "aportuguesação" da equipa revelou-se uma ideia de sucesso. Os jogadores são mais baratos, estão mais implicados com o projecto e mantêm a sua projecção futura, mantendo-se debaixo do radar dos clubes grandes. A qualidade de alguns desses futebolistas - e são dezanove num plantel de vinte e cinco futebolistas - como Fredy, Filipe Ferreira, André Teixeira, Tiago Silva ou Rafael Veloso permite pensar que o projecto tem a solidez necessária para subsistir entre os clubes da primeira divisão. Com uma base sólida de adeptos, infra-estruturas de bom nível e um plantel jovem e ambicioso, parece evidente que o Belenenses tem todas as condições para optar por um lugar na primeira metade da tabela no próxima ano.

 

Com o Vitória de Guimarães - forçado também pelas circunstâncias a adoptar uma postura similiar - e com o Estoril, outro clube redesenhado à base do pensamento de gestão empresarial que há alguns anos faz escola noutras ligas europeias - o Belenenses é uma das principais bandeiras dos que acreditam que o futebol português pode encontrar a luz ao fundo do túnel. O sucesso do Paços de Ferreira, tudo menos obra do acaso, junta a cultura de clube modesto mas empreendedor a emblemas habituados a mover-se entre eixos demográficos e perfis de gestão com mais glamour. Por um lado ou por outro, são estes os projectos que potenciam actualmente o rejuvenescimento do futebol português, a sua vertente mais nacional e a resposta a uma política de endividamento e descontrolo que ainda tem em emblemas como o Vitória de Setúbal, outro histórico, um dos seus mais tristes representantes.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 21:02 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 12 de Abril de 2013

Não estranha a ninguém que a final de Wembley da Champions League seja uma questão reservada exclusivamente a dois países. Ninguém no futebol mundial da última década tem tido um trabalho tão intenso e consciente a preparar momentos como este como o futebol espanhol ou alemão. São exemplos perfeitos do que deve ser feito na esmagadora maioria das áreas. O modelo germânico é talvez o mais honesto e estruturado, o espanhol uma consequência habilidosa de uma conjuntura histórica única. Em ambos os casos, modelos de sucesso que deixam claro que o futebol na Europa funciona ao seu ritmo.

Não há petrodólares russos, ucranianos, franceses ou britânicos. Não há equipas inglesas com o seu jogo tão tacticamente previsível. Não há clubes italianos, mais hábeis no tabuleiro de xadrez do que ambiciosos no relvado. Nem sequer há espaço para uma ou outra surpresa. A Champions League de 2013 será uma questão de mérito de gestão desportiva de dois países que definiram um modelo de futuro e estão agora a recolher os louros.

Barcelona, Bayern Munchen, Borusia Dortmund e Real Madrid falam, de certa forma, um idioma parecido. Não são clubes idênticos, os seus projectos têm diferenças significativas, mas ambos enquadram-se bem na filosofia de planeamento que revolucionou o futebol europeu nos anos noventa com o caso gaulês e que seguiu o seu caminho na versão espanhola e teutónica. São duas escolhas paralelas, complementares até, que começaram a degladiar-se ao nível da selecção principal entre 2008 e 2012 e que agora transportam essa batalha para o universo clubístico. O sorteio - casualmente ou não - impediu a realização de dois duelos fratricidas que podiam ter reservado já uma lugar na final para o representante de cada país. Sendo assim, Wembley pode ser uma celebração mista, espanhola ou alemã. Todas as opções estão em abertos em quatro jogos onde o favoritismo não existe. O equilíbrio é total como só poderia ser se os duelos fossem precisamente estes.

O Bayern Munchen mostrou-se claramente superior ao Real Madrid, o Borussia de Dortmund é uma equipa que sofre muito com modelos como o do Barcelona e os catalães têm demonstrado no último ano civil que ganhar ao Real Madrid deixou de ser um hábito para transformar-se numa quase utopia. Em sete encontros, venceram um e empataram dois. Um quadrunvirato que faz lembrar os mais excitantes duelos do mundo do ténis onde Nadal sabe ganhar a Federer, que por sua vez controla bem os movimentos de Djokovic, um tenista que soube explorar os poucos pontos frágeis do espanhol. Um circulo vicioso de grandeza que nos afasta da suposta hegemonia exercida pelo Barcelona nos últimos quatro anos, período onde venceu dois troféus e ficou por duas vezes às portas da final contra rivais teoricamente inferiores. 

 

No caso do modelo alemão, ainda que Bayern e Dortmund sejam tão diferentes entre si como o são Barcelona e Real Madrid, está claro que a Bundesliga se tem convertido no modelo ideal a seguir.

É a liga com mais espectadores da Europa, algo a que ajudam os preços modélicos, os estádios perfeitos, os horários adequados às famílias, a ausência de jogos em aberto e a qualidade do espectáculo. No futebol alemão há poucas estrelas capazes de protagonizar anúncios mas há uma nova geração de jogadores chamados a marcar uma década. Essa aposta na formação, desenhada a final da década de noventa, tem dado progressivamente os seus lucros na reestruturação do futebol da própria selecção. Ao nível dos clubes há vários exemplos de identidades modestas que têm crescido apoiados nos seus jovens talentos mas as duas escolas mais emblemáticas estão em Dortmund e Munique. No caso dos amarelos, o génio de Klopp e os problemas financeiros do clube forçaram a instituição a olhar para baixo e a cuidar dos seus jovens como nenhum outro clube na Europa. Não só os formados na sua cantera mas os contratados, em tenra idade, a clubes rivais. Dessa forma nasceu a geração de Pieszceck, Schmelzer, Hummels, Bender, Gundogan, Sahin, Grosskreutz, Reus, Gotze e Lewandowski, futebolistas tremendos e com uma margem de progressão imensa. Na Baviera, o poder financeiro do Bayern foi o suporte necessário para remodelar por completo a sua filosofia desportiva e o Hollywood FC tornou-se no exemplo de estudo ideal para um clube com nome capaz de mudar numa curta década toda a sua imagem mediática. Á geração de Lahm e Schweinsteiger juntou-se agora a de Badstuber, Alaba, Kroos e Muller, jogadores que têm crescido com espaço e tempo ao lado de figuras da liga germânica (Dante, Boateng, Neuer, Mandzukic, Gomez) e futebolistas de nível internacional como são Ribery e Robben. Não estranha que este seja o projecto de futuro de Guardiola como também não surpreende que depois de dois anos de transição da etapa mais exigente do van gaalismo, o clube tenha encontrado a fórmula perfeita. Com o título no bolso, a final perdida em 2012 atravessada e uma campanha imaculada, os vermelhos do sul da Alemanha são, para muitos, o grande candidato a levantar o troféu e nada melhor que um duelo com o Barcelona para medir realmente o seu potencial. Na época passada controlaram perfeitamente todos os movimentos do Real Madrid e levaram a eliminatória até onde queriam. Agora terão de lidar com o Camp Nou, o baluarte do clube blaugrana numa campanha europeia mais do que tremida.

 

O sucesso do modelo alemão transforma a Bundesliga num torneio cada vez mais mediático e apetecível, superando os milhões e o espectáculo que a Premier League oferecia antes de muitos dos seus jogadores mais emblemáticos a tenham abandonado e, sobretudo, antes que o dinheiro tenha definitivamente desequilibrado a balança. Em Espanha, tudo está na mesma. Vencer é a palavra de ordem no país que domina o futebol mundial com uma autoridade que nos força a viajar até aos anos setenta para ver algo parecido.

O modelo de sucesso em Espanha partiu sobretudo de três premissas. A aposta consciente na formação, que tem permitido o aparecimento de jogadores extraordinários nos mais inesperados dos lugares, a elevada qualidade técnica e táctica de jogo da esmagadora maioria das equipas do campeonato e o peso mediático que o país conseguiu através dos duelos entre Real Madrid e Barcelona, equipas que pela primeira vez desde a década de cinquenta disputam de igual para igual a hegemonia do seu futebol. Da mesma forma que Kubala e Puskas, Suarez e Di Stefano eram os reis desse virar de década, agora são os duelos entre Ozil e Iniesta e Messi e Ronaldo os que colocam os adeptos de todo o mundo colados ao ecrã. Todos querem ver, finalmente, um Clássico transformado em final de Champions League. Pode ser que, à terceira tentativa, o sonho se faça realidade. Mas o caminho será duro.

Ao contrário do equilibrado modelo alemão, em Espanha há quase uma especie de doping financeiro entre os dois grandes clubes que permite anualmente que o fosso com as restantes equipas seja maior. O dinheiro gasto nos últimos anos por ambos os clubes supera quase todo aquele gasto por clubes alemães. Financeiramente, são os reis do futebol europeu, e valem-se desse poderio para atrairem la creme de la creme. A essa vantagem, o Barcelona alia uma espantosa política de formação - estanque já há três temporadas - enquanto que o Real Madrid conta com o espírito táctico de uma velha raposa, capaz de transformar uma diferença abissal entre os merengues e o resto da Europa num trâmite. Para o clube de Madrid será a terceira final em três anos, os mesmos que leva Mourinho no clube. Nos sete anteriores o clube não tinha passado dos Oitavos de Final. Para o Barcelona é a sexta meia-final consecutiva, sinal de que há uma política de continuidade e um projecto desportivo que não oferece reparos. Ambos se defrontarão com equipas à sua medida. O Dortmund foi superior no duplo duelo da fase de grupos mas o Real Madrid sente-se mais cómodo nos duelos a eliminar. Mourinho exige-se a si mesmo tensão e aos restantes e nada melhor que 180 minutos para decidir um finalista para despertar uma equipa que realizou uma campanha doméstica lamentável. Contra o Bayern, o Barcelona encontra o seu alter-ego europeu. Um clube com formação e livro de cheques, um clube com um modelo de jogo atractivo e um peso histórico tremendo. Um clube que a partir de Julho será orientado pelo homem que resgatou o Barça das sombras. Serão duas finais para os espectadores neutrais, dois jogos destinados a entrar na posteridade da história do futebol europeu.

 

Dois gigantes espanhóis, financeiramente titãs, culturalmente sedutores, defrontam os dois clubes mais emblemáticos dos últimos 20 anos da história de um renovado e refrescante futebol germânico. Duas escolas tão diferentes mas unidas pela consciência de que o futuro conta tanto como o passado. Quatro clubes que são, indiscutivelmente, parte do melhor que o futebol europeu tem para oferecer. Em Maio, na final de Wembley, só poderão estar dois e muito ainda terá que passar para conhecer os finalistas, mas as meias-finais da Champions League há alguns anos que não despertavam tanto fascínio.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 13:21 | link do post | comentar | ver comentários (15)

Segunda-feira, 8 de Abril de 2013

Dezoito clubes. Quantos deles com a corda ao pescoço? Quantos deles com salários em atraso? Quantos deles com dividas incomportáveis? Quantos deles com bancadas vazias nos jogos em casa? Quantos deles com meio autocarro de apoio nos jogos fora? Quantos deles com jogadores estrangeiros de terceiro nível e um sistema de formação abandonado? Dezoito clubes. A solução que encontraram para resolver uma injustiça desportiva e um erro de legal. Mas nada que possa resolver os problemas estruturais do futebol português.

O Boavista tem as portas escancaradas para voltar á elite do futebol português.

Ironicamente, ou talvez não, no fim-de-semana que se seguiu à aprovação pela Liga de Clubes da repesca dos axadrezados, a equipa perdeu o seu duelo com o Desportivo de Chaves. Um duelo na II Divisão B, uma divisão onde o clube do Bessa nunca venceu neste seu hiato pelo futebol das divisões secundárias. Diz muito do estado actual da vida do quinto grande, do quinto campeão do futebol em Portugal. Sem a ratificação da Federação Portuguesa de Futebol e com os créditos financeiros de inscrição por pagar, ainda não é certo que o futebol português volte a contar com todos os seus campeões na sua primeira divisão. Mas o cenário nunca esteve tão perto de suceder desde que a equipa do Porto foi utilizada como bode-espiatório de um dos maiores escândalos consumados do futebol luso.

Depois de muito barulho à volta do Apito Dourado, não houve forma de provar, nos tribunais, o que as escutas posteriormente divulgadas deixaram claro à opinião pública. Para os mais precavidos, o que tinha sido divulgado nesse longo e penoso processo estava longe de ser uma novidade e como escutas posteriores comprovaram, algo exclusivo dos clubes imputados. Como o futebol português está, como sempre esteve, corrupto até à medula, a sensação de polémica soava a falso e como tal, também a suspeita de que um clube do prestigio do FC Porto podia ser realmente penalizado. Se o fizessem, tarde ou cedo, os restantes campeões seguiriam o mesmo caminho, a fruta e o café com leite eram coisa de muitos. O Boavista, no entanto, mal gerido desde que João Loureiro tomou as rendas da herança de Valentim Loureiro, foi a presa ideal para quem queria sangue. Um clube campeão com polémica, um clube onde o dinheiro entrava e desaparecia a uma velocidade assustadora, um clube com uma base de apoiantes relativamente pequena para poder gerir o mesmo tipo de revolta social que implicaria punir outro clube. O Boavista pagou o preço de estar no sitio errado à hora errada. E daí o descalabro.

O clube podia ter sido despromovido e voltado dois anos depois à elite se tivesse sido gerido com correcção. Mas não foi. A queda no precipício deixou a nu todos os problemas reais do clube que nada tinham a ver com a polémica do Apito Dourado, por muito que dirigentes e adeptos tenham tido razão quando se queixaram de tratamento especial para outras instituições. O Boavista caiu injustamente mas não se soube levantar, e afundou-se mais, por culpa exclusivamente sua.

 

E no entanto, a justiça assim o exige.

Depois de quase cinco anos sem o demonstrar em campo, o Boavista poderá voltar a saborear as grandes noites de futebol num dos mais belos estádios do futebol português. A aprovação de uma liga a 18 - num ano em que regressa também o Belenenses à elite - devolve o futebol português para o mesmo cenário onde estava quando o Apito Dourado surgiu nas capas dos jornais.

São dezoito equipas demasiadas para um país como Portugal, com uma liga onde a esmagadora maioria dos seus clubes são incapazes de cumprir com os mais básicos compromissos exigidos a uma instituição desportiva. Nos últimos anos vimos problemas para pagar salários em clubes ao nível de FC Porto, Sporting e Benfica. Nos últimos anos entre avisos de greve, a clubes que desapareceram do mapa e emblemas despromovidos por falhar os seus compromissos, o futebol português transformou-se numa jangada onde se morre de sede e de fome.

O caso da União Leiria na época passada foi o culminar de uma realidade que já se sentia em vésperas do Euro 2004. O desaparecimento de clubes como Salgueiros, Farense, Estrela da Amadora era algo sintomático do estado real do futebol português. As horas de agonia de históricos como o Belenenses, Vitória de Setúbal, Académica e Vitória de Guimarães tocaram o próprio esqueleto de base do desporto lusitano. A Liga Sagres transformou-se numa competição onde na mesma jornada competiam entre si jogadores que levavam meses sem cobrar o seu salário. Uma competição onde a dependência dos empréstimos e favores de fundos e empresários eram fundamentais para sobreviver. Quando as conexões extra-desportivas acabavam, os clubes tremiam, e caíam.

Os pequenos emblemas que subiam da II Liga cheios de esperança voltavam rapidamente para o ponto de partida sem nada que ganhar. Passou com Trofense, Leixões ou Feirense, apenas para citar os casos mais pontuais. Enquanto projectos como o Paços de Ferreira encontraram coerência na sua gestão desportiva e clubes como o Rio Ave se entregaram à benção de patronos poderosos, os restantes limitam-se a sobreviver. São dezasseis. Faz sentido juntar mais dois ao mesmo cenário?

Pode o futebol português ganhar algo com uma liga a dezoito?

Estarão os estádios mais cheios? Os contratos televisivos valerão mais? Haverá mais jogadores jovens portugueses de futuro nesses projectos? A competição será mais emotiva? Os clubes grandes deixaram de passar temporadas inteiras sem perder um só jogo? Será que duas equipas a mais vão significar tanto para a liga lusitana? Ou será, pelo contrário, que serão duas novas bocas para alimentar, dois novos estádios vazios, dois novos planteis repletos de jogadores sem nível e sem dinheiro nos bolsos?

 

Um país como Portugal - que vive, pensa e respira a pensar apenas no trio de clubes grandes que compõe o 99% do coração dos adeptos e o interesse dos media - poderia ter uma liga de oito equipas que ninguém realmente se importaria. Essa é a crua realidade. Essa hegemonia asfixiante dos grandes já matou o futebol do interior, já matou o futebol dos pequenos clubes das grandes cidades e já matou a formação do futebol português. Se uma liga a dezoito fosse a resposta para essa ditadura, então venha ela. Mas não o será. Como não o é uma liga a dezasseis, a catorze ou sequer a doze. O futebol português tem um problema muito mais sério e grave para resolver que o número de equipas da sua liga principal. Enquanto esse problema não for resolvido o resto é apenas folclore. Nada mais do que folclore.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 20:44 | link do post | comentar | ver comentários (8)

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