Terça-feira, 31 de Maio de 2011

 

Guarda Redes

Edwin van der Saar

 

Aos 40 anos esta pode bem ter sido a sua última época se num desespero de causa Alex Ferguson não convence o gigante holandês a adiar o inevitável. Uma carreira maravilhosa daquele que é, talvez, o melhor guarda-redes do Mundo e que vive actualmente uma segunda juventude depois da sua passagem por Itália. Van der Saar soube dizer presente quando a equipa necessitava e transmitiu uma imensa dose de confiança à defesa dos Red Devils mesmo quando Ferdinand e Vidic, por problemas fisicos, davam lugar aos mais novos.

 

Outros: Joe Hart contou com o apoio de Roberto Mancini e deu provas de uma maturidade fora do normal para um guardião inglês. Importante em manter os citizens na corrida pela Champions League, Hart foi melhorando com o passar da época e acabou por mandar um sério sinal a Capello. Em Liverpool o espanhol Pepe Reina sobreviveu ao final da armada espanhola com estoicidade e tornou-se numa peça nuclear para a recperação do conjunto Red com Dalglish à cabeça. O escocês fará de tudo para não o perder.

 

 

Defesas Laterais

Micah Richards e Gareth Bale

 

Depois de muito prometer, Richards finalmente cumpriu. O lateral do Manchester City jogou no eixo central e no flanco direito da defesa e sempre com nota alta. Com um fisico portentoso e um poder de antecipação assinalável, o jovem inglês deu razão àqueles que o vêm como uma das grandes promessas do futebol europeu. Quanto a Bale há muito pouco que dizer, excepto que as melhores exibições do galês foram na Champions League e não na Premier, onde muitas vezes jogou como falso extremo. Mesmo assim o impacto de Bale é indismentivel e estão reunidas todas as condições para que rapidamente se torne no mais completo lateral europeu.

 

Outros: No lado directo da defesa nota muito positiva para a época de Glenn Johnson, sempre em crescendo numa defesa feita em estilhaços. O lateral do Liverpool continua a dar sinais de progressão e maturidade, a mesma que lhe faltou nos seus dias de azul. No lado oposto a grande confirmação do ano foi a de Leighton Baines. O lateral do Everton já tinha terminado a época passada em grande estilo e com as suas corridas pelo flanco, assistências e cortes providenciais, ajudou o Everton a lutar pela Europa até ao último suspiro.

 

 

Defesas Centrais

Gary Cahill e Nemanja Vidic

 

Vidic sobreviveu ás lesões de Rio Ferdinand e confirmou o seu estatuto de defesa de top a um nível tal que hoje talvez só Piqué possa realmente emular. O sérvio foi um seguro de vida constante para o Man Utd e não só pela sua labor defensiva. Os seus golos, decisivos, ajudaram a desbloquear muitos jogos marcados pela tensão no marcador e o seu espirito de combate contagiu os seus parceiros de defesa, este ano, mais jovens do que nunca. No Reebok Stadium a época confirmou também todas as boas sensações que o inglês Gary Cahill tinha dado nos últimos anos. Duro, mas leal, certeiro, mas pontual, o central do Bolton soube medir melhor os seus tempos e acabou por dar a Fabio Capello mais opções para o centro da defesa dos Pross.

 

Outros: Branislav Ivanovic passou a temporada entre o lado direito e a companhia de Terry no miolo da defesa e foi aí onde se deu melhor. Seguro, rápido e determinado, o sérvio deu sinais de estar a pulir alguns dos seus particulares defeitos. A chegada de David Luiz atirou-o, definitivamente, para o flanco e o Chelsea perdeu em segurança defensiva. No City of Manchester o belga Vincent Kompany fez, igualmente, uma época brilhante, qual torre intransponível que foi fundamental para a corrida rumo à prova dos milhões.

 

 

 

 

Médios

Jack Wilshere e Scott Parker

 

Se os media se deixaram levar pelo efeito Bale a verdade é que o grande achado do ano em Inglaterra foi Wilshere. O médio centro já deixava antever que tinha algo especial, mas a forma como carregou com o Arsenal aos ombros, especialmente quando Fabregas baixou gritantemente de forma, é o melhor elogio que se poderia fazer a um jovem que passou num ano de jogar pelas reservas dos gunners a ser internacional. Wenger sabe que tem um jogador especial, com critério na hora do manejo da bola, e que os próximos anos serão fundamentais na sua consolidação desportiva.

Por outro lado, e apesar da lamentável época dos hammers, 2011 foi também o ano de Scott Parker. O médio que Mourinho utilizou a espaços no seu Chelsea demorou largos anos até se encontrar cómodo para explorar todo o seu talento de construção e com o apagar da chama das estrelas dos Pross, Gerrard e Lampard, a sua oportunidade está ao virar da esquina.

 

Outros: Raul Meireles foi o mais regular dos jogadores do Liverpool e a chegada de Dalglish, aliada à lesão de Gerrard, deu-lhe a confiança para se tornar no patrão de Anfield Road. Em Londres, o brasileiro Sandro também precisou de tempo para convencer Harry Redknapp que era o melhor escudeiro para o croata Modric e desde então os adeptos dos Spurs perceberam porque o médio está altamente quotado no futebol brasileiro. Por fim, e no modesto Blackpool, despontou o imenso talento de Charlie Adam, um médio tipicamente britânico box-to-box que seguramente que para o ano viajará rumo ao sul. 

 

 

 

Extremos

Carlos Tevez e Wayne Rooney

 

Se houve um jogador individual que por si só levou, durante todo o ano, a sua equipa às costas até cumprir o objectivo minimo establecido, esse foi Carlos Tevez. O argentino voltou a ser o salvador do Manchester City, tanto com os golos como com as assistências que foi dando ao leque de jogador que Mancini ia fazendo circular à sua volta. O seu caracter continuou a provocar-lhe problemas mas no relvado “El Apache” foi um verdadeiro abono de familia para os citizens que lamentarão, e muito, uma eventual saída no final da época. Olhando para os 10 meses de prova é impossível não eleger Tevez como o Jogador do Ano.

Rooney terminou muito bem a época mas o seu braço-de-ferro com a direcção do clube e as suas ameaças em trocar de bando mancharam uma época que não atingiu os números do ano passado mas que confirmaram o inglês como um dos grandes do futebol actual. Rooney destacou-se em criar espaços e oferecer golos ao duo da frente e sentiu-se mais cómodo do que nunca com uma referência ofensiva ao lado. Para alivio dos Red Devils, o internacional inglês despertou a tempo!

 

Outros: O portugués Nani terminou o reino como o rei das assistências na prova mas Ferguson continua a não confiar nele para os jogos mais importantes o que acabou por lhe retirar protagonismo individual. Mesmo assim foi, claramente, a sua melhor época na Premier League. Uma das grandes surpresas foi a rápida adaptação de Asamoah Gyan. O extremo ganês foi peça chave no jogo extremamente ofensivo demonstrado, essencialmente no inicio do ano, pela equipa do Sunderland, contribuindo com assistências e golos.

 

 

Avançados

Luka Modric e Dimitar Berbatov

 

O croata foi o pendulo perfeito do acordeão ofensivo montado por Harry Redknapp. No miolo, descaído para a esquerda, aproveitando os espaços deixados por Bale, o talento de Modric renasceu das cinzas e deu um plus de qualidade ao futebol do Tottenham. Foi  talvez uma das individualidades mais determinantes no jogo do colectivo e o que surpreende realmente é que nenhum dos milionários do futebol tenha percebido o imenso talento que emana dos seus pés. Ao seu lado outra estrela do leste europeu. Berbatov não teve o protagonismo de Chicharito nem a regularidade de Rooney mas, fiel ao seu estilo sóbrio, confirmou finalmente o porquê da aposta pessoal de Ferguson e sagrou-se melhor marcador da Premier League (empatado em golos com Tevez). Um trofeu que lhe faltava e que salvou o Manchester United de uma época mediana quando Rooney andava entretido a renovar contratos e a estrela mexicana ainda via os jogos da bancada.

 

Outros: O uruguaio Luis Suarez só chegou em Janeiro, mas foi a tempo de revolucionar a temporada. Pegou no Liverpool literalmente às costas e levou a equipa do meio da tabela até às provas europeias com golos, passes e momentos que entrarão em qualquer recopilatório da temporada. Destaque especial também para outra jovem estrela do outro lado do Atlântico. O mexicano Javier Hernandez roubou o protagonismo ao mais fiável Berbatov com os seus golos decisivos e a sua sede de glória. El Chicharrito ganhou por direito próprio um lugar nos melhores do ano e deixa antever que podemos estar diante de um dos mais espantosos pontas de lança dos próximos anos.

 

 

Treinador

Alex Ferguson

 

Prometeu em 1986 acabar com a hegemonia do Liverpool. Cumpriu. Prometeu em 1986 superar os titulos conquistados pelo Liverpool. E conseguiu. 25 anos depois de chegar a Old Trafford, Alex Ferguson pode finalmente celebrar. A sua enésima transformação levou o Manchester United a conquistar a sua 19º liga, uma mais que o Liverpool, e isso sem estrelas no onze e com um plantel que foi gerido à perfeição. Houve espaço para os veteranos, para os operários, para as jovens estrelas emergentes e para os criativos, tudo num estilo conciso, eficaz e imbatível. Sem atingir o nivel de qualidade de outras eras, de outros titulos, poucas vitórias na prova rainha do futebol inglês devem ter sabido tão bem ao técnico escocês como esta. Uma vez mais, Ferguson fez história.

 

Outros: Kenny Dalglish foi para o Liverpool dos anos 80 o que Guardiola é para o Barcelona actual. E foi a sua intempestiva saída que iniciou o hiato de 20 anos sem um único titulo de Liga. O seu regresso permitiu vislumbrar um pouco desse espirito de conquista há tanto tempo distante de Anfield e depois de por a ordem na casa resta saber se o mitico “King Kenny” tem força para devolver a glória ao seu Liverpool. Steve Bruce e Ian Holloway não venceram prémios nem sequer conquistaram um bilhete para a Europa mas o estilo de jogo atractivo de Sunderland e Blackpool garantiram-lhe um lugar nos nomes mais destacados do ano. Enquanto os mais quotados Ancelloti, Wenger e Mancini falhavam os objectivos, muitas vezes por culpa própria, estes dois técnicos britânicos demonstraram que a ideia dos Managers ingleses de ideias antiquadas é, cada vez mais, um mito que vai perdendo força e sentido.

 

 

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 19:23 | link do post | comentar | ver comentários (6)

Pode dizer-se que hoje diz adeus o mais completo jogador inglês dos últimos 20 anos. Talvez Alex Ferguson o saibi melhor do que ninguém. O seu jeito calado, o seu estilo guerreiro, essa pose de miúdo introvertido afastou-o do crédito que realmente nunca teve. A verdade é que houve poucos jogadores que personificaram tão bem a classe futebolística do que Paul Scholes. A bússola de Old Trafford anuncia a retirada e o "Teatro dos Sonhos" nunca mais será o mesmo...

 

Scholes foi, verdadeiramente, único. O mais completo de todos eles.

Houve o Ballon D´Or de Michael Owen. Os flashes à volta de David Beckham. As capas de jornais de Wayne Rooney. A reverência à figura de Alan Shearer. Os duelos entre Frank Lampard e Steven Gerrard e as lembranças de Steve McManamman, Paul Gascoine, David Platt e Paul Ince. Mas nenhum deles, e a lista podia prolongar-se um pouco mais, soube entender de forma tão completa a complexidade do futebol como Scholes.

O número 18 do Manchester United personificou, ao largo da sua carreira, todos os valores que Alex Ferguson procurou evidenciar. Foi um dos seus campeões de juniores daquela célebre geração de 1992. Demorou um ano mais que os restantes colegas a chegar à primeira equipa mas quando o logrou tornou-se imediatamente em peça nuclear na estratégia de jogo dos Red Devils. Enquanto a maioria dos jogadores se tornavam estrelas mediáticas por direito próprio, Scholes viveu sempre no anonimato. Até hoje poucos sabem algo da sua vida privada. Até mesmo a sua retirada, de que se falava em voz baixa, só foi conhecida antes de tempo por Ferguson e Giggs, o seu eterno parceiro.

Paul Scholes definiu com a bola nos pés o futebol inglês das últimas duas décadas. Como toda essa geração faltou-lhe um titulo com a selecção. Era peça importante na estratégia de Glenn Hoddle para atacar o Mundial de França e foi um dos homens de confiança do projecto de Kevin Keegan. Com Sven Goren Erikson participou em duas provas, o Mundial de 2002 e o Europeu de 2004. No final do torneio anunciou a sua retirado quando entendeu que o sueco iria preferir sempre os nomes que a imprensa defendia a unhas e dentes, Lampard e Gerrard. A partir daí a Inglaterra nunca mais teve critério com a bola nos pés. Ao contrário do seu United. Depois de afirmar-se em 1996 como titular indiscutível, a sua grande mágoa foi falhar a final de Barcelona de 1999 por acumular de amarelos na meia-final com a Juventus. Nove anos tirou a espinha da garganta marcando presença na final de Moscovo. Depois voltou a participar em mais duas, ambas perdidas para o Barcelona. Onde jogava Xavi, talvez o jogador que mais se tenha assemelhado ao inglês na última década e meia.

 

Com uma visão de águia de rapina, Scholes sabia onde e como colocar a bola.

Com o passar dos anos foi recuando estrategicamente a sua posição no terreno de jogo onde podia pensar e fazer jogar com mais tranquilidade. O seu magnifico pé direito permitiu-lhe por diversas vezes marcar golos decisivos do nada. Logrou um total de 102 golos em 466 jogos pelo Manchester United. Durante meia década teve invariavelmente o mesmo parceiro, o irlandês Roy Keane. O "carrot" (cenoura) colocava tranquilidade onde Keane semeava o pânico. Com o irlandês, Beckham e Giggs formou o meio-campo mais celebre da história do Manchester United. Um quarteto que se manteve unidos durante seis anos. As saídas de Keane e Beckham significaram uma mutação no estilo de jogo, mais directo, do clube. O individualismo de Cristiano Ronaldo e a chegada de jogadores com mais musculo mas menos critério com a bola, como foram Hargreaves, Carrick e Fletcher, foram isolando Scholes.

Com menos parceiros para associar-se, o número 18 foi perdendo protagonismo. O jogo do United deixou de trabalhar-se no miolo e apostou na velocidade do ataque, menos associativo do que a dupla Cole-Yorke, primeiro com van Nistelrooy e depois com Rooney. Ao seu médio criativo Ferguson passou a pedir mais passes a rasgar e o jogo de Scholes mutou-se uma vez mais e tornou-se, também ele, mais físico. Apesar de nunca ter sido um jogador excessivamente duro, o médio interpretou bem o papel e soube manter-se vivo na equipa principal apesar da idade. Da sua estreia na primeira equipa, aos 20 anos, já só havia longas lembranças. Como Ryan Giggs soube entender os novos tempos e o ritmo dos novos colegas, todos eles recrutados fora do espírito de Carrington Road que tinha apresentado ao mundo o seu talento bem como o de Nicky Butt, os irmãos Neville ou o carismático Beckham. Nas últimas épocas Scholes continuou a ser um dos jokers preferidos do treinador escocês mas o tempo de jogo foi diminuindo consideravelmente. Em Roma, na final de 2009, ficou evidente que Scholes não aguentava já o ritmo intenso da alta competição exigida pelo sangue jovem do Barcelona e desde então a retirada começou a sobrevoar a sua cabeça. Deixou até ao último jogo do ano, o jogo que mais queria ganhar, até fazer pública a sua decisão.

Quase silenciosamente, Paul Scholes recolheu as suas coisas e deixou Old Trafford sem fazer o mínimo de ruído. Com ele - e Gary Neville e muito proximamente Ryan Giggs - termina oficialmente a era mais espantosa dos Red Devils. Durante quase 20 anos o pequeno grande médio centro encarnou o espírito guerreiro da filosofia fergusoniana. Ao mesmo tempo demonstrou que no futebol inglês há muito mais classe e imaginação do que os preconceitos convidam a imaginar. Talvez olhe para o presente e veja Jack Whilshire como o seu herdeiro moral, o passar do testemunho geracional. Em Old Trafford sentirão, e muito, a sua falta. Não há no mundo do futebol um jogador da sua dimensão para tapar o vazio que deixa atrás um jogador que definiu, com os seus pés, muitos capítulos da história do futebol inglês.  



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:13 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Segunda-feira, 30 de Maio de 2011

Alex Ferguson confessou, desalentado mas cavalheiro, que a derrota na final de Wembley frente ao Barcelona significou também a maior "sova" da sua carreira desportiva. Um traço de impotência que acompanha, invariavelmente, todos os treinadores que se cruzam com os homens de Guardiola. O Barcelona rubricou em terras inglesas uma das suas exibições mais convincentes. Uma vez fiel a si próprio. O Man Utd procurou um plano alternativo para travar o rival. Como há dois, como tantas vezes com tantos rostos, foi insuficiente. Caiu na teia de aranha e morreu lentamente...

Ao minuto 10 de jogo Pep Guardiola estava nervoso.

O técnico blaugrana é assim, incapaz de tranquilizar-se durante 90 minutos. Vive o jogo com intensidade e cuida cada detalhe com mimo. E apesar de ter previsto aquele arranque, a situação deixava-o incómodo. Mas não necessariamente preocupado. Sabia o que Ferguson tinha preparado, sabia que não iria funcionar. Era uma questão de tempo. Cinco minutos depois sentou-se e respirou. A partir daí pôde desfrutar de uma noite de glória.

O arranque da final do Wembley deixou antever um Man Utd transfigurado. Foi sol de pouca dura. Ferguson viu e bebeu os duelos entre o Barcelona e o Real Madrid de José Mourinho. Percebeu como o português esteve perto de suplantar o rival e quis sacar conclusões que se enquadrassem com o seu modelo de jogo. Apostou na pressão alta e intensa da linha da frente, em lutadores com fome de bola. Colocou Wayne Rooney em cima de Sergio Busquets. Deu ordens a Chicharito para explorar a conexão Piqué-Mascherano, uma dupla com pouca rotina, e colocou Valencia e Park Ji Sung no apoio ao sector defensivo. A ideia era roubar a bola dentro do meio campo blaugrana e não deixar espaço para que os catalães fizessem a bola circular à sua vontade. Se inicialmente o plano funcionou no aspecto defensivo (só aos 12 minutos o Barcelona efectuou o primeiro disparo à baliza de van der Saar), a verdade é que Ferguson caiu no mesmo erro de Mourinho. E de tantos outros. Ao abdicar do seu próprio plano de jogo para anular o rival, o escocês fez exactamente aquilo que Guardiola queria, desatender o seu próprio modelo de jogo, ofensivo e letal. Abdicando da velocidade de Nani, da presença fisica de Berbatov (que nem um lugar teve no banco de suplentes) ou o critério com a bola de Anderson e Scholes, o técnico do Man Utd abdicou antes da luta. A partir do momento em que o Barcelona sacudiu a pressão - que nunca foi asfixiante porque, depois de recuperar a bola, os jogadores do United nunca conseguiam encadear mais de três passes consecutivos - tomou conta do jogo e ditou os ritmos a seu belo prazer. Se as pernas dos Red Devils não iriam durar o jogo todo, como era previsível, foi a mente que claudicou primeiro. 

 

O Manchester United, uma equipa autoritária, de posse de bola, de transições rápidas e, sobretudo, de ataque, tornou-se numa presa fácil quando planteou o jogo da final de Wembley em função do rival. Muitos dirão que é impossível não jogar contra o Barcelona sem pensar duas vezes em como travar Messi, Xavi, Iniesta e companhia. E no entanto, exceptuando os 410 minutos disputados entre Barcelona e Real Madrid, desportivamente um caso à parte, as equipas que realmente colocaram o Pep Team em cheque foram as que se revelaram mais fieis ao seu próprio modelo de jogo.

O Arsenal de Wenger, o Shaktar de Lucescu, o Betis de Pepe Mel, o Villareal de Garrido, o Valencia de Emery, o Hercules de Vigo...equipas que fizeram suar os blaugrana mais do que seria esperado e que deixaram a nu os seus pontos fracos. Exceptuando os alicantinos e londrinos (num dos jogos) todos acabaram derrotados. Mas fieis ao seu estilo de jogo. Em vez de focar-se tanto nos duelos com o seu eterno rival, que futebolisticamente esteve sempre uns furos por debaixo do Barcelona, Ferguson podia ter aproveitado para ver os jogos onde ficavam a nu os problemas defensivos deste Barcelona. Poderia ter revisto o duelo com o Bétis, equipa da segunda divisão que na Copa del Rey realizou talvez a melhor primeira parte de um rival blaugrana no Camp Nou esta época. Ou as muitas oportunidades perdidas pelos brasileiros do Shaktar Donetsk, aproveitando os espaços deixados atrás pelas subidas constantes de Dani Alves. Ou ainda a forma como Unay Emery encontrou de amputar as alas do ataque do Barcelona com a colocação de dois falsos laterais num modelo muito mais próximo do 3-5-2 do que do o habitual 4-2-3-1 que utiliza. E se a vitória do Hercules tem as suas particularidades (aproveitando no entanto outro problema habitual do jogo blaugrana, o jogo aéreo defensivo) já o Arsenal e Villareal limitaram-se a jogar contra a melhor equipa de toque do mundo...tocando. 

Em vez disso, Ferguson preferiu o choque. Preferiu Park e Valencia a Nani e Anderson. E o que ganhou em força, perdeu em clarividência quando a bola caía nos pés dos seus jogadores. Colocar Giggs foi uma concessão ao sentimentalismo. O galês não tinha ritmo para aguentar a movimentação dos rivais e, sobretudo, não tinha colegas com quem se associar. Javier Hernandez, de quem tanto se esperava, nada fez. Normal, não havia nunca um colega disposto a ajudá-lo a superar Piqué e Mascherano. E quanto a Rooney, apesar de tudo, o mais irreverente, salvou com um golpe de génio um jogo onde se assemelhou, em tantas coisas, a um Cristiano Ronaldo abandonado, só e desesperado perante a superioridade do rival.

 

Se o Barcelona venceu jogando ao mais alto nível foi porque se manteve fiel a si mesmo.

O conjunto de Guardiola  manteve a defesa baixa, dando carta branca a Dani Alves. O brasileiro sofreu o acosso de Park no inicio do jogo mas rapidamente começou a soltar-se e a ganhar as corridas a Evra. Com Alves solto pela direita e Pedro bem aberto pela esquerda, o Barcelona colocou em prática a sua teia de aranha, o seu esquema táctico que relembrar mais os planteamentos de basket e andebol (não é por acaso que Guardiola é um fanático da NBA e que, curiosidade, o Barcelona tenha vencido a sua oitava Champions de andebol no dia seguinte à final de Wembley). Messi como pivot, Pedro e Villa abertos, Alves e Abidal (em alguns sprints pontuais mas precisos) ainda mais abertos nas alas. Atrás do argentino o toque de Busquets, Iniesta e Xavi, prontos a descobrir os espaços. Um 3-3-1-3, com Messi como referência individual.

O argentino voltou a ser superlativo, deambulando a seu gosto pelo meio campo do rival. Ferguson, como tantos outros, não entendeu o erro de colocar em campo uma dupla de centrais de marcação individual como são Ferdinand e Vidic...quando não havia ninguém que marcar.

O golo de Messi, um disparo irrepreensível, espelha bem essa realidade. Os defesas parados, sem saber a quem marcar - Villa e Pedro estavam bem abertos nas alas e Iniesta tinha subido para dar o apoio - imutados, enquanto Messi decide se arranca para a enésima tabela (que era o que esperavam) ou dispara. Um golo que espelha bem a superioridade da ideia de Guardiola perante o conservadorismo táctico de Ferguson. Contra este Barcelona uma defesa de quatro jogadores faz pouco sentido, especialmente se um defesa não sobe (como fazia Beckenbauer e como faz, brilhantemente, Pique) para equilibrar a superioridade numérica que causa Messi no miolo. Sem esse planteamento mais corajoso, o Man Utd tornou-se presa fácil do superior futebol de toque e distribuição do Barcelona. Três golos fora da grande área, três erros de posicionamento defensivo por incapacidade de compreensão do esquema apresentado pelo rival. Uma derrota escrita nas estrelas.

 

Se o Manchester United tivesse sido igual a si próprio talvez tivesse perdido por números mais expressivos. É um risco que corre qualquer equipa que decide defrontar o Barcelona sem medo. Mas ao jogar dependendo exclusivamente do rival, o Man Utd hipotecou as hipóteses de vencer e limitou-se a tentar prolongar a agonia. O golo de Rooney não disfarça uma superioridade clara de uma equipa que só precisa de ser fiel a si mesma para vencer. O triunfo do esquema táctico de Guardiola, a evolução moderna do pensamento de Jimmy Hogan, Hugo Meisl, Gustav Sebes, Viktor Maslov, Rinus Michels, Santana, Arrigo Sacchi e Johan Cruyff, reforça o conceito de superioridade do projecto blaugrana. E como todas as grandes equipas do passado, este Barça só poderá ser superado quando surja, do nada, um projecto novo, diferente, herdeiro de outra filosofia e que, sobretudo, saiba ser fiel a si mesmo. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 20:39 | link do post | comentar | ver comentários (10)

Como num filme de espionagem americano o volte-face na guerra de poder que tomou conta da FIFA nos últimos meses vai seguramente prender os espectadores até ao minuto final. Sepp Blatter venceu o pulso com Bin Hamman e forçou a sua retirada e exclusão do máximo comité desportivo da organização que gere o futebol profissional em todo o mundo. Mas se calhar o suíço não contava com a reviravolta protagonizada por um dos seus homens de confiança que está disposto a tudo, menos a ser usado como cabeça de turco. Os documentos divulgados hoje por Jack Warner simplesmente confirmam o que aqui já tínhamos avançado. A podridão que gere a FIFA é agora de domínio público e a organização vive momentos críticos. Os seus directivos estão num encruzilhada e não sabem que peça mover.

 

Não foi há muito tempo que escrevemos aqui sobre o duelo presidencial que se antevia entre Sepp Blatter e Mohammed Bin Hamman.

As dúvidas que deixamos então, em modo de reflexão, tornaram-se espelho da dura realidade. Os dois candidatos, reconhecidos nos corredores do poder como duas figuras altamente ligadas à corrupção no futebol actual, acusaram-se mutuamente, esgrimindo todas as armas que tinham em mãos. Blatter parecia ter ganho a luta quando conseguiu que o qatari, figura chave no processo de eleição do seu país como sede do Mundial de 2022, abandonasse a corrida. Mais ainda, Blatter logrou escapar das acusações de corrupção sobre a sua gestão e aproveitou o momento para limpar os fantasmas do seu armário. Fez com que a FIFA conseguisse passar a imagem de que as ovelhas negras eram Bin Hamman e Jack Warner. O tobaguenho foi o rosto escolhido por Lord Triestman, lider da candidatura inglesa ao Mundial de 2018, para exemplificar a corrupção que se encontra no topo da escada de poder da FIFA. Acusado de suborno, Warner rejeitou as acusações e Blatter defendeu-o, com um discurso profundamente critico aos dirigentes ingleses. Meses depois deixou cair o homem que utilizou várias vezes com emissário juntamente com o asiático que controlava tudo o que se passava nos mercados emergentes do oriente. Pensava assim Blatter que iria sair da eleição de 1 de Junho com um novo mandato e a cara lavada. Mas a jogada não ocorreu como previsto. Como nos filmes, havia uma subplot.

 

Hoje Jack Warner decidiu incendiar o que restava da moral da FIFA.

Divulgou um correio electrónico de Jerome Valcke, o braço-direito de Blatter secretário-geral da FIFA, em que este confessava ao tobaguenho que tanto ele como Blatter tinham conhecimento - e implicitamente aprovado - que Bin Hamman teria comprado os votos necessários para que o seu país fosse eleito organizador do Mundial. O Qatar, o mais pequeno país a quem foi atribuido o mais importante torneio do mundo futebol, não era sequer considerado favorito. No entanto os qataris bateram Estados Unidos e Austrália e venceram a eleição. Nos meses prévios muito se especulou sobre as jogadas dos qataris nos bastidores, que ora incluíam o apoio implícito da candidatura Espanha/Portugal ora a ajuda da candidatura russa, que ganharia a organização para o Mundial de 2018. Lord Tristeman confesso que fora abordado para garantir uma troca de votos e influências entre a candidatura do médio oriente e a britânica. A FIFA então negou todas as acusações. Valcke confirmava neste email que tinham perfeita consciência de tudo. 

Warner não deixa a nu o processo de eleição do Mundial. Também desvela, em palavras de Valcke - que já confirmou a autenticidade do email - que o grupo de influência liderado por Blatter estaria disposto a tudo para impedir a eleição do qatari, incluindo desprestigiá-lo junto dos meios de comunicação e eventualmente nos próprios comités da FIFA, como veio a acontecer. Ao não alinhar com o grupo de Blatter, o tobaguenho foi igualmente suspenso por financiação ilicita de algumas federações caribenhas. No entanto, no passado congresso da CONCAF em Miami foi Blatter quem prometeu mais de 1 milhão de dólares em apoio à federação regional em troca de apoio directo nas eleições, utilizando dinheiro da própria FIFA, no que foi criticado por Michel Platini, presidente da UEFA e um dos mais sérios candidatos a suceder ao suíço em 2016. As suspensões indefinidas de Bin Hamman e Warner - vice-presidente da FIFA à 30 anos, o mais veterano dos membros do comité executivo em serviço - juntam-se às dos dirigentes nigeriano e taitiano, também membros do conselho e peças chave na última votação para a organização dos Mundiais de 2018 e 2022. A FIFA de Blatter suspende quatro dos 24 membros com direito a voto meses depois de os apoiar publicamente, precisamente pelo mesmo motivo.

 

O presidente da FIFA será reeleito por aclamação no congresso do próximo dia 1. Nem Jack Warner nem Bin Hamman estarão em Zurique em pessoa mas os seus fantasmas vão assombrar todo o evento feito à medida para idolatrar o reeleito Sepp Blatter. O suíço não será capaz de esconder do Mundo no entanto os problemas morais e legais que envolvem o seu mandato e que relembram também a crise da ISL, a eleição da África do Sul, a polémica com a MasterCard e agora, o afastamento de alguns dos seus homens-fortes. Tal como sucedeu com o COI, a quem vários analistas comparam a situação actual da FIFA, o fantasma da corrupção está demasiado presente para se ignorar. Olhar para o lado e assobiar ou tomar cartas no assunto são as únicas opções sobre a mesa. Conhecendo o historial do presidente Blatter não é difícil imaginar o caminho que a FIFA irá seguir...



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:47 | link do post | comentar

Por alturas do Natal havia pouca gente que imaginasse Sir Alex Ferguson a festejar o seu 19º titulo. O tal que lhe permitia ultrapassar o Liverpool. A promessa, realizada em 1986, foi cumprida. Demorou 25 anos, mas a partir de agora ninguém pode questionar o titulo de maior clube inglês aos Red Devils. E cuidado, porque Ferguson não tem previsto retirar-se tão cedo...

 

Foi o último ano de Gary Neville e Edwin van der Saar. Também Paul Scholes, Ryan Giggs e Rio Ferdinand estão mais perto do fim das suas carreiras do que nunca. E pelo meio houve a novela Rooney, onde muitos questionavam realmente se Ferguson ainda era capaz de mandar no balneário de Old Trafford. Com uma equipa repleta de gladiadores e miúdos com poucos jogos importantes nas pernas, a debilidade deste plantel do Manchester United parecia evidente. E no entanto este acabou por ser um dos títulos mais fáceis da década para Ferguson.

Ganho com nove pontos de avanço e lado a lado com uma histórica campanha europeia que só terminou aos pés do melhor Barcelona, o triunfo  caseiro do Man Utd destroçou as previsões da esmagadora maioria dos analistas. Muito graças ao Chelsea, que se foi afundando na classificação a partir de Dezembro e, sobretudo, ao espírito (ou melhor, à falta dele) do Arsenal, que a certa altura parecia ser o rival a bater. Os gunners acabaram num deprimente quarto lugar, perderam a final da League Cup e cedo saíram da Champions League demonstrando, uma vez mais, a fraqueza psicológica do projecto de Arsene Wenger. Se essa foi a debilidade do Arsenal (e em certa medida do City de Mancini, mesmo depois de 400 milhões gastos em estrelas internacionais), essa foi também a fortaleza do United. Muitos empates fora, muitos poucos pontos perdidos em casa e uma solidez mental tremenda definiram a temporada. Os golos de Berbatov (ao inicio) e de Javier Hernandez (no fim) confirmaram a tremenda eficácia atacante de uma equipa que contou com o melhor Nani e um superlativo Vidic. O titulo mais do que merecido foi confirmado com uma vitória sobre um Chelsea totalmente perdido nas suas próprias dúvidas existenciais.

 

Se a equipa de Ancelloti parecia talhada para o bicampeonato, o arranque da época confirmou todas as expectativas à volta dos Blues.

O Chelsea não parava de golear, impondo o seu estilo de jogo musculoso e fluido, e abria uma brecha pontual considerável com os rivais. E depois, do nada, começaram as derrotas e os empates em Stanford Bridge e os problemas físicos de Lampard, Drogba e Terry para minar o esqueleto do conjunto londrino. O castelo de cartas montado pelo técnico italiano desfez-se no dia em que Abramovich decidiu intervir e pagou o impagável por Fernando Torres, a agonizar no Liverpool. O dianteiro espanhol marcou 1 golo em meia temporada ao serviço do Chelsea mas a sua presença imposta afastou Drogba do onze e revolucionou a estrutura ofensiva dos campeões. Foi o erro da temporada e Ancelloti pagou caro a sua falta de mão dura perdendo um posto que, mesmo quando há vitórias, parece amaldiçoado desde a saída de José Mourinho.

Por outro lado, em Eastlands, o Manchester City deu um salto qualitativo considerável, mais graças ao jogo de Carlos Tevez do que há gestão de Mancini. O outro Manager italiano da prova nunca conseguiu gerir o imenso balneário (e também teve o seu Torres na forma do bósnio Dzeko) e a hipótese de conquistar o primeiro titulo em 40 anos rapidamente se desfez com tropeções inesperados ainda na primeira volta. O City acabou por salvar a época com um notável sprint final que lhe deu o terceiro posto e o apuramento directo para a Champions League. Graças ao Arsenal, em queda livre absoluta, uma equipa desorientada e perdida que tem de mudar drasticamente a sua politica desportiva se não quer correr o risco de cair no erro do Liverpool. Os Reds viveram com Hogdson dias de inferno e só o regresso de Kenny Dalglish devolveu a ilusão e esperança à Kop. Atrás veio a habitual caravana europeia de Aston Villa, Everton, Fulham, Sunderland, Newcastle e West Bromwich Albion, as equipas que escaparam ao sofrimento dos últimos dias. Num mundo à parte caminhou quase sempre o Tottenham. Com um dos melhores planteis da Premier, a equipa de Harry Redknapp não demonstrou ter pernas para caminhar entre Champions e Liga ao mesmo ritmo e acabou por perder por pouco o acesso aos milhões europeus, conformando-se com um quinto posto que, no entanto, abre boas perspectivas para a próxima temporada.

 

A queda do West Ham Utd acabou por não surpreender ninguém. Apesar de contar com um excelso Scott Parker no miolo, os históricos hammers, sob o comando do israelita Avram Grant, mostraram uma insegurança constante em Upton Park e nunca deram sinais de inverter a queda livre na tabela a partir do Natal. No ultimo dia juntou-se-lhes o modesto Blackpool, a equipa que ninguém queria ver despromovida (muito por culpa do estilo original de Ian Holloway, o seu treinador) e o Birmingham City. Curiosamente os de Birmingham carimbaram, através da Taça da Liga, um lugar na Europe League, onde não estarão nem Liverpool, nem Everton nem os rivais vizinhos Aston Villa.


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publicado por Miguel Lourenço Pereira às 08:23 | link do post | comentar

Sábado, 28 de Maio de 2011

O Barcelona não deu qualquer opção ao Manchester United e confirmou a sua indiscutível supremacia no actual panorama do futebol mundial. Desde os dias do AC Milan moldado por Sacchi e continuado por Capello que nenhuma equipa se mostrava tão naturalmente superior aos seus rivais directos. Numa final em que foram claramente superiores, os blaugrana conquistaram a sua quarta Champions League fieis ao seu estilo e forma.

Aos 10 minutos de jogo acabou a resistência do Manchester United.

A partir desse momento a final funcionou apenas numa direcção, a da baliza de Edwin van der Saar.O Manchester United chegou ambicioso e arrancou muito bem, com uma pressão asfixiante que surpreendia o mais céptico dos seus adeptos. Park Ji Sung, Michael Carrick e Wayne Rooneyeram o rosto dessa atitude que nunca se viu, por exemplo, na final de Roma em 2009. Foi sol de pouca dura. A partir do minuto 10 a bola ocmeçou a fluir naturalmente pelos pés de Xavi, Iniesta, Busquets, Villa, Pedro e, sobretudo, Leo Messi. E nunca mais daí saiu.

Messi foi, sobretudo hoje, um jogador absolutamente estelar. Montou a festa blaugrana e coordenou os festejos com a sua brutal naturalidade para surpreender e decidir. O seu golo, um gesto de absoluta genialidade, foi apenas o corolário de uma grande exibição individual num espantoso concerto colectivo. O argentino reforçou o seu estatuto de melhor jogador do Mundo e foi o espelho perfeito da atitude da sua equipa que, três anos depois, continua a jogar com a mesma fome de titulos do primeiro dia. Da final de Paris de 2006, onde o ciclo negativo do Barcelona se começa a inverter, só Valdés surgiu como titular. Messi e Xavi estavam ausentes por lesão,Iniesta dormia no banco, Puyol ficou no banco desta vez. Mas eles são o esqueleto da estrutura deste modelo de jogo queGuardiolasoube cultivar e desenvolver. A pouco e pouco foram chegada as inclusões da cantera (Busquets, Pedro) e as incursões ao mercado (Abidal, Mascherano, Villa, Alves) para aperfeiçoar o projecto. A ninguém surpreende a vitória de hoje. Desde 1990, quando Arrigo Sacchi se tornou no ultimo treinador a levantar por duas vezes a máxima taça europeia, ninguém o emulou. Mas nunca nenhum treinador deu tanta sensação de superioridade comoGuardiola. O catalão perdeu a hipótese de emular o italiano quando se defrontou com a teia de aranha de José Mourinho. Mas pela segunda vez frente á velha raposa que é Ferguson, o triunfo não lhe escapou. Merecidamente.

 

O Barcelona tomou controlo do jogo para não o largar.

Xavi organizou a orquestra, Iniesta eVilla procuraram os espaços e Messi deixava Vidic eFerdinand sem saber o que fazer. É impressionante como, dois anos depois, os defesas centrais do Man Utdcontinuem sem saber como lidar com o estilo de jogo do argentino. Mas é verdade. Messi foi decisivo nas suas deambulações mas o primeiro golo surgiu de Xavi, a bússola do Barcelona, e do sentido de oportunidade de Pedro, o homem das grandes noites. Era justíssimo o resultado e este podia ter sido facilmente ampliado não fosse o desacerto blaugrana. E do nada, o empate. Wayne Rooney aproveitou um roubo de bola de Valencia e combinou, primeiro com Carrick e depois com Giggs, ligeiramente adiantado, para marcar com um remate espantoso. Valdés não teve opções. Do nada o Man Utdnivelava um jogo profundamente desequilibrado. Mas em vez de funcionar como um plus de moral, o golo apenas espicaçou o Barcelona. Quando as equipas voltaram do balneário, o Manchester foi forçado a esperar cinco minutos no relvado pelos rivais. Minutos que deixaram a dúvida, o receio, os nervos tomarem conta. O Barcelona entrou reforçado pelo grito dos adeptos. E assenhoreou-se do jogo de forma definitiva.

Messi tentou, tentou e voltar a tentar. Do nada sacou um remate colocado, quando a defesa do Manchester esperava nova tabela, e celebrou como se fosse  o golo da sua vida. Sabia bem o simbolismo que lhe atribuiriam, ele que já tinha sido rei em Roma. E que voltava a sê-lo, indiscutivelmente. O Manchester ficou ainda mais nervoso, incapaz de reagir, de oferecer uma resposta digna. O castelo de cartas montado por Ferguson desfez-se e o escocês não soube reagir. O equatoriano Valencia nunca entrou no jogo, o mexicano Chicharito, que tantos queriam ver, defraudou absolutamente e Giggs, por muito talento que tenha, deu claros sinais de não aguentar o ritmo de troca de bola do carrossel rival. Mesmo as opções lançadas do banco acabaram por ser, no minimo, inconsequentes. O 3-1, resultado final, foi o espelho do encontro. Pressão alta do Barcelona, nervos da defesa do Manchester e um golpe de génio individual de Villa para culminar um brilhante trabalho colectivo. A final estava ganha, a história estava reescrita, a superioridade contrastada.

 

O triunfo inapelável do Barcelonareforça a sua condição de equipa número um do mundo. Mais para lá dos debates estéreis sobre a história passada, presente e futuro, o que está claro é que o modelo de jogo, de gestão e de pensamento do Barcelona é hoje o modelo dominador do futebol europeu. A aposta no estilo de toque, o culto da posse de bola, os destelhos individuais de um génio como Messi e a labor de gestão humana de um perfeccionista como Guardiola são os ingredientes perfeitos desta equação. Em Canaletas a noite será, merecidamente, muito longa. E a supremacia de jogo do Barcelona convida a pensar que não será a última nos próximos anos.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 22:13 | link do post | comentar | ver comentários (18)

 

Guarda-Redes

Helton

 

Num ano em que os guarda-redes da Liga Sagres se erigiram, muitas vezes, nos grandes protagonistas, Helton confirmou-se definitivamente como um dos grandes com a sua melhor época desde que aterrou no Dragão. O sucessor de Vitor Baía sempre tinha deixado a impressão de insegurança e displicência em pontuais momentos das épocas anteriores mas com Villas-Boas ao leme mostrou-se um capitão em toda a linha e soube ser o pendulo perfeito para o equilibrio defensivo de uma equipa com profunda tracção dianteira. Olhando para como correm as coisas no Brasil, um regresso à selecção não seria de todo injusto.

 

Outros: Rafael Bracalli, Nilson e Artur foram nomes próprios numa época em que os guarda-redes estiveram em alta (podiamos também falar de Cássio e Patricio). O primeiro continua a mostrar o seu alto nivel ao serviço do Nacional que tem um historial curioso em acertar em cheio nas suas apostas para a baliza (de Hilário a Benaglio). O segundo confirmou em Guimarães o bom que tinha adiantado e é hoje um sério seguro de vida para uma equipa que precisa de dar um passo mais na sua aproximação às equipas do topo. Artur chegou da Roma, onde teve pouco espaço, e superou as expectativas, especialmente depois do fiasco em que se tornou o irregular Felipe. O brasileiro esteve nos grandes momentos do Braga e fez esquecer a sombra de Quim.

 

Defesa-Direito

Silvio

 

É verdade que jogou parte da época no lado esquerdo da defesa mas quando explodiu realmente, no inicio do ano, Silvio era o defesa direito com que contava Domingos. Logo o crescimento de Miguel Garcia e as sucessivas falhas de Elderson desviaram o jovem internacional para o lado esquerdo mas na retina ficaram alguns dos momentos mais entusiasmantes do Braga da primeira volta. O seu nome é já uma certeza no futebol português e uma transferência para o Atlético de Madrid o prémio de uma época imaculada.

 

Outros: Fucile e Sapunaru dividiram as honras no lado direito da defesa portista. Os problemas fisicos de ambos permitiram que fossem alternando no posto (aliado à passagem de Fucile para a esquerda com a lesão de Alvaro) mas sempre a um óptimo nivel. João Pereira mostrou em Alvalade que é um jogador regular e sério, capaz de salvar-se do naufrágio colectivo em que se tornou a temporada dos leões. O brasileiro Baiano foi a grande revelação, jogador com critério e segurança defensiva que ofereceu profundidade de campo ao futebol de ataque do Paços de Ferreira.

 

Defesa-Esquerdo

Fábio Coentrão

 

Se a época do Benfica se avalia-se apenas em critérios individuais a única nota elevada seria para Fábio Coentrão. O lateral-esquerdo ganha em regularidade e influência onde outros são apenas cumpridores. Coentrão desdobrou-se ao longo do ano entre a defesa e o ataque e, muitas vezes, foi o único a manter viva a esperança da revalidação do titulo nas hostes encarnadas. É, sem dúvida, um dos laterais mais em forma do futebol mundial e será complicado que o Benfica não seja forçado a vendê-lo na próxima época se não encontrar forma de melhorar o contrato a um jogador cobiçado por meio mundo. Veloz, goleador, influente, Coentrão salvou-se num oceano de mediania gritante.

 

Outros: Alvaro Pereira foi fundamental no jogo ofensivo do FC Porto mas as lesões deixaram muitas vezes o lado esquerdo dos azuis e brancos coxo no ataque. A sua velocidade e desborde permitiram as diagonais de Varela e a liberdade de Belluschi na primeira parte da época e só quando regressou no final do ano se voltou a ver um FC Porto aberto em todo o campo. Evaldo provou em Alvalade, como João Pereira, que a disciplina e regularidade ganhos em Braga sobreviveu ao caos de Alvalade.

 

 

Defesas Centrais

Paulão e Otamendi

 

Não foi o central que mais jogos disputou mas o seu estilo deixa adivinhar claramente um jogador com um potencial tremendo. Nicolas Otamendi chegou da Argentina para confirmar aquilo que Maradona já tinha adiantado sobre ele há uns meses. Sério, regular e profundamente disciplinado, o argentino foi pedra base nos momentos mais importantes da época do campeão e o seu establecimento definitivo como parceiro de Rolando uma óptima noticia face à inconstância de Maicon.

Paulão esteve para o Braga de Domingos da mesma forma que Moisés tinha estado na época passada. Um verdadeiro seguro de vida, seguro a defender, influente no jogo de transição rápido que o técnico leceiro pediu constantemente à sua linha defensiva, o brasileiro foi um dos jogadores mais em forma do Braga durante a segunda volta.

 

Outros: Rodriguez foi outro eixo fulcral na muralha defensiva bracarense. Um jogador determinante na estratégia de Domingos que certamente seguirá o técnico na sua próxima aventura. O internacional português Rolando foi a figura mais regular da defesa portista mas teve uma época com luzes e sombras que continua a deixar alguma insegurança sobre a sua concentração em momentos chave. O brasileiro Luisão e o português Daniel Carriço foram figuras mais em defesas em constantes problemas. No Benfica pela irregularidade dos restantes elementos do sector defensivo e em Alvalade pela profunda desorganização estrutural que deixaram muitas vezes o jovem central sozinho contra o Mundo.

 

 

Médio Defensivo

Vandinho

 

Voltou a ser o grande pendulo que definiu o inicio de época do Braga 2009/10 e Domingos soube rodea-lo de um leque de grandes interpretes (Salino, Matheus, Mossoro e Viana) que lhe permitiram respirar e fazer jogar com o critério que tão bem sabe. Fundamental a tapar os espaços, determinante a soltar as rédeas do jogo, a excelente recuperação do onze bracarense e a eficácia defensiva dos arsenalistas fica muito a dever ao renascimento de Vandinho.

 

Outros: Enquanto o médio brasileiro não atingiu a sua melhor forma o Braga pode contar com o imenso pulmão de Leandro Salino, uma descoberta de Domingos que foi fundamental em manter o Braga vivo, especialmente nos palcos europeus. Fernando foi também peça nuclear no jogo do FC Porto. O brasileiro deu um salto qualitativo face a 2010 e jogou com mais critério mas continua ainda a ser um jogador excessivamente stopper e com alguma dificuldade em associar-se em tarefas mais ofensivas. A revelação do ano foi, inequivocamente, o jovem André Santos. Num meio-campo repleto de internacionais europeus ele foi o mais regular e constante dos médios leoninos e as suas boas exibições garantiram-lhe, merecidamente, a sua primeira estrela de internacional. Mais um bom producto de Alcochete.

 

Interior Direito

João Moutinho

 

Trocou o Sporting pelo FC Porto porque queria ganhar titulos e conseguiu todos na sua primeira aventura no norte. O jovem algarvio foi uma peça chave no novo rosto apresentado pelo FC Porto e confirmou todo o potencial que fez dele, há três anos, o médio jovem mais cobiçado do futebol europeu. Uma compra por valores pouco habituais para o mercado interno mas que compensou o investimento desde o primeiro momento. A Moutinho faltou apenas aumentar os seus indices de eficácia ofensiva para redondear um ano perfeito em que o seu estilo de jogo combativo e eficaz acentou como uma luva na filosofia futebolistica de Villas-Boas.

 

Outros: O brasileiro Mossoró continua a ser um dos homens mais entusiasmantes do Sporting de Braga e um ano mais voltou a ser um seguro de vida, especialmente quando Matheus se rendeu aos milhões do leste europeu. Joao Alves continua a ser o patrão de jogo em Guimarães e foi peça chave para que a máquina de Machado funcionasse no seu regresso à Europa. O croata Skolnik foi uma das agradáveis surpresas do ano, exibindo-se a um óptimo nivel no Funchal e oferecendo, dessa forma, um herdeiro ao jogo de Ruben Micael no onze do Nacional.

 

 

Interior Esquerdo

Freddy Guarin

 

Só jogou a titular no final da época mas o seu impacto no FC Porto foi de tal forma tremendo que é impossível ignorar o ano que protagonizou Freddy Guarin. O colombiano soltou-se, finalmente, do estigma que carregava de ser uma eterna promessa e ajudou a decidir o titulo com os seus golos certeiros em deslocações complicadas e os seus passes exactos nas combinações com Falcao e Hulk. Herdou o lugar do argentino Bellushi e não o voltou a perder até ao final do ano dando razão aqueles que ainda se lembram dele quando era só uma jovem promessa sul-americana.

 

Outros: Hugo Viana voltou a ser ele mesmo, sóbrio, discreto mas profundamente eficaz. À medida que foi entrando no jogo do Braga foi conquistando o espaço que lhe pertenceu na época transacta e no final da temporada afirmou-se como o pensador por excelência do futebol bracarense. Os argentinos Aimar e Bellushi voltaram a entusiasmar com os seus golpes de classe mas ambos foram vitimas de problemas fisicos e acabaram por sofrer com uma certa irregularidade que só não afectou mais o colectivo, no caso do portista, pela aparição de Guarin. O Benfica pagou o preço de não ter tido uma alternativa à altura do seu criativo. Destaque igualmente para o batalhador Andre Leão, outro nome próprio do Paços de Ferreira de Rui Vitória.

 

 

Extremo Direito

Hulk

 

Foi o jogador do Campeonato, olhe por onde se olhe. Golos, assistências, espirito de liderança, Hulk encarnou o renascimento do FC Porto depois de dois anos onde dava já indicações de ser um jogador diferente. Utiliza o corpo como poucos, explora as transições com segurança mas também sabe aparecer nos espaços certos para definir. Marcou um terço dos seus golos de penalty mas quase todas as faltas sofreu-as ele também o que explica, de certa forma, a sua omnipresença no jogo dos dragões. O espirito do brasileiro, um dos mais agraviados pelos problemas disciplinários que marcaram 2010, ajudaram a liderar o projecto de Villas-Boas e deram ao FC Porto um plus de qualidade dificil de encontrar em todas as restantes ligas de topo do futebol europeu.

 

Outros: David Simão foi uma das mais agradáveis surpresas da Liga Sagres. No Paços de Ferreira passou do meio ao lado direito do ataque com finura e critério e dá a impressão de ser um jogador com um futuro muito interessante. Em Braga o brasileiro Alan continua a mostrar que a sua passagem pelo Dragão foi um lapsus numa carreira em Portugal verdadeiramente admirável. O argentino Jara teve menos tempo do que se imaginaria mas quando apareceu em boa forma deu um plus de qualidade ao ataque do Benfica que Jesus não aproveitou sempre da melhor forma.

 

Extremo Esquerdo

Varela

 

Apagou-se no final da época (deixando muitas vezes o lugar ao jovem James Rodriguez) mas na primeira parte da época foi o rei das assistências e dos golos importantes. O “Drogba” da Caparica revelou-se fundamental na estratégia desenhada por Villas-Boas e ofereceu a velocidade e descaro que faltava a um ataque estelar dos azuis e brancos. Sofreu um abaixamento de forma, alguns problemas musculares e foi-se tornando uma peça menos importante à medida que a prova avançava mas, mesmo assim, deixou bem marcada a sua marca na prova.

 

Outros: Pizzi chegou a Paços de Ferreira emprestado pelo Sporting de Braga e esta época fez méritos suficientes para conquistar um lugar ao sol na formação bracarense em 2011/12. Por outro lado o argentino Salvio mostrou finalmente aquilo que em Madrid tinha ficado por ver e foi importante nas sucessivas reviravoltas do Benfica na etapa mais quente do ano. Faltou-lhe mais regularidade nos momentos decisivos.  

 

 

Avançado

Falcao

 

Foi provavelmente o jogador mais importante do ano para o FC Porto e hoje é dificil olhar para Falcao e não ver nele um dos melhores pontas-de-lança do Mundo. O dianteiro colombiano já supera os números de todos os dianteiros portistas pós-Jardel e ninguém duvida que o seu estilo e influência no jogo supera inclusive o instinto assassino do brasileiro. Falcao marcou, deu a marcar e foi decisivo nos momentos mais importantes do ano. A sua lesão inoportuna e a sua espectacular recuperação, mérito inequivoco do trabalho do departamento médico azul e branco, deram pulmão para o final de temporada onde se começou a aproximar da série goleadora do brasileiro Hulk.

 

Outros: João Tomás continua a ser o melhor goleador português e os seus número no Rio Ave não enganam. Apesar da idade, apesar da falta de cartel, o dianteiro continua a falar a linguagem do golo como nenhum outro e afirma-se como o único português concretizador nos primeiros lugares da lista de melhores marcadores. Carlão, da União de Leiria, foi até à sua saida em Janeiro uma das peças mais concretizadores da Liga enquanto que o pacense Rondon mostrou uma maior regularidade aliada a uma profunda capacidade de marcar nos momentos decisivos. Cardozo, Bota de Prata em 2010, e o vimaranense Edgar, foram também nomes escritos na história da edição 2011 à base de golos.

 

Treinador

André Villas-Boas

 

Inevitavel reconhecimento para o brilhante trabalho de um técnico de 33 anos com poquissima experiência como técnico principal que no primeiro ano venceu tudo o que havia para ganhar, dentro e fora de portas, e de uma forma autoritária que, por muito que não o queira, transformam as comparações com José Mourinho em algo absolutamente inevitável. O FC Porto de Villas-Boas manteve o desenho e a estrutura mas mudou o sistema e a mentalidade e com isso devolveu os portuenses de volta ao topo. O futuro é seu e está claro que tem todas as condições para establecer uma nova tirania azul e branca antes da sua inevitável emigração

 

Outros: Rui Vitória merece uma menção especial já que o seu Paços de Ferreira foi, provavelmente uma das equipas que melhor jogou durante toda a época com os poucos recursos que dispunha. Domingos Paciência confirmou todo o seu talento como treinador mantendo o Braga na elite, ao mesmo tempo que apostava forte na Europa, e agora espera-se com curiosidade o seu próximo desafio em Alvalade. Manuel Machado continua a ser um treinador cumpridor. Depois da desilusão vivida em Guimarães no final da época passada o técnico prometeu devolver o Vitória à Europa e logrou-o pela posição na Liga Sagres mas também pela brilhante campanha na Taça de Portugal, a primeira final em 20 anos do clube.

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:59 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Seria difícil que a UEFA tivesse escolhido um estádio tão apropriado para um duelo entre Manchester United e Barcelona. Se os clubes tivessem de eleger um recinto, seguramente que teria sido este. Contém mais do que retalhos importantes da história do beautiful game. Foi também o gérmen dos grandes sucessos da história de ambos clubes e surge agora renovado para o corolário de duas eras inesquecíveis para blaugranas e red devils.

 

Longe vão os dias do cavalo Willy e do público irrequieto que mal deixava espaço para os jogadores respirarem.

O segundo maior estádio da Europa (só superado pelo Camp Nou), conta com 90 mil lugares e lembranças de dias pretéritos inesquecíveis. Já não conta com o imenso espaço entre relvado e bancadas, muito anti-inglês. Nem com as históricas Twin Towers, bandeiras ao vento. Mas mesmo assim é um cenário impressionante, profundamente modernista e de proporções épicas. O imenso arco que rodeia o terreno de jogo funciona como trademark de um recinto reinaugurado em 2007 depois de quatro anos de obras, problemas de financiamento e dúvidas existenciais para um povo extremamente agarrado às suas tradições.

O velho Wembley recebeu alguns dos jogos mais impactantes da história do futebol. Desde a polémica final do Mundial de 1966 à vitória histórica da Hungria sobre a Inglaterra, a primeira em solo britânico, passando por várias finais europeias (a consagração do AC Milan de Rivera, do Manchester de Charlton, do Ajax de Cruyff, do Liverpool de Keegan e do Barcelona de Cruyff, agora no banco) que definiram eras do jogo. Isto claro sem esquecer as históricas finais da FA Cup, durante décadas o evento mais glamoroso do futebol internacional. Mais do que esses momentos singulares, Wembley era o mito de uma era passada. "Estádio do Império", como começou a ser conhecido, era o último reduto da mentalidade imperialista britânica, da grandeza da velha Londres que tanto se rendia para o futebol como para outros desportos e, mais simbolicamente ainda, para concertos e espectáculos que dariam a volta ao mundo na era da televisão. Foi o primeiro estádio de futebol transformado em pavilhão multi-usos quando as instalações ainda nem sequer permitiam sonhar com essa realidade na velha Europa.

 

Mas acima de tudo Wembley é parte da história da Champions League e das vidas de Manchester United e Barcelona.

Os ingleses jogam em casa e não é apenas um eufemismo patriótico. No velho estádio londrino viveram alguns dos seus momentos mais emblemáticos que ajudaram a definir as duas eras históricas do clube. Nos anos 60, quando Matt Busby se predispôs a recriar o seu projecto malogrado no acidente de Munique, o estádio tornou-se um simbolo do renascimento dos Bubsy Babes. Foi perante 120 mil pessoas que a equipa capitaneada por Charlton, com Kidd, Best, Stepney, Foulkes e Stiles, venceu por 4-1 o Benfica de Eusébio. Um jogo trepidante que podia ter acabado com a vitória encarnada, não fosse o falhanço de Eusébio nos minutos finais. Depois do 1-1 do tempo regulamentar, chegou a goleada histórica que deu a primeira Taça dos Campeões a um clube inglês. Seria o último troféu ganho pelo clube em muito tempo. Em 1990, já com Alex Ferguson no banco de Old Trafford há cinco temporadas, a expectativa dos adeptos era muita. Uma derrota e talvez hoje o escocês não fosse um mito vivo. Mas a equipa liderada por Robson ganhou por 1-0 o replay a final da FA Cup contra o Crystal Palace, depois do primeiro jogo ter terminado num agónico 3-3. Depois chegou a era de glória, a Taça das Taças no ano seguinte (contra o Barcelona de Cruyff, precisamente) e mais três FA Cups (4-0 contra o Chelsea em 1994, 1-0 contra o Liverpool em 1996 e 2-0 frente ao Newcastle em 1999). O estádio do império tinha-se tornado no talismã do inefável escocês.

A história de amor do Barcelona com o recinto é mais sucinta mas não menos especial. O clube blaugrana nunca tinha jogado no estádio londrino quando chegou em Maio de 1992 para defrontar a Sampdoria italiana. Era o culminar do Dream Team de Cruyff, que vinha de se sagrar bicampeão espanhol dias antes, depois da inesperada derrota do Real Madrid em Tenerife. A equipa actuou com o laranja catalão (e holandês) e deu-se bem. Sofreu a bom sofrer e só um livre directo de Ronald Koeman a sete minutos do fim decidiu a contenda. Acabava uma malapata de 40 anos dos blaugranas em finais europeias e começava o ciclo de titulos que seguira a ampliar-se em finais disputadas em grandes capitais europeias, Paris e Roma.

 

Para ambas as equipas voltar a Londres é, portanto, voltar onde tudo começou. O estádio pode ser novo (Ferguson sabe o que é ganhar aqui graças aos Charity Shields conquistados em 2007, 2008 e 2010) mas a magia é a mesma de sempre. Londres inspirará fundo e viverá mais uma noite histórica de futebol. As duas equipas mais em forma da última década olham-se olhos nos olhos e sentem o peso dos seus antepassados a empurrá-los para a frente. Passe o que passe, pelo menos uma das equipas continuará a sentir o mítico Wembley como a sua segunda casa.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 09:50 | link do post | comentar

Sexta-feira, 27 de Maio de 2011

 

Explicar o que sucedeu em 2010/2011 com o FC Porto pode resumir-se apenas numa palavra: mistica.

 

Os dragões realizaram na passada época uma das mais suas mais lamentáveis temporadas, reflexo de um profundo desgaste interno com a bem sucedida gestão de Jesualdo aliados à clara melhoria de dois rivais, Braga e Benfica, e também ás polémicas arbitrais que marcaram um antes e um depois no torneio. Sem Jesualdo, mas com o esqueleto do seu projecto, o FC Porto transformou-se radicalmente numa equipa autoritária, possessiva e profundamente atacante. Mérito total de André Villas-Boas, o primeiro técnico portuense (e portista) desde António Oliveira, que soube recuperar essa mistica sem alterar profundamente os cimentos da equipa. Villas-Boas transformou o jogo de transição de Jesualdo num jogo de possessão, adiantou o quarteto defensivo, deu mais liberdade ao duo mais avançado do triângulo do miolo e apoiou-se no espirito goleador do colombiano Falcao e nos desiquilibrios constantes provocados por Hulk. E ganhou.

 

A forma autoritária como o FC Porto arrancou para a época dictou os tempos posteriores.

Beneficiando do atraso do Benfica, que foi perdendo pontos inimagináveis por culpa própria, a goleada frente ao rival no Dragão praticamente fechou as contas do titulo e obrigou os azuis e brancos a gerir, com tranquilidade, uma vantagem que acabou em números absolutamente escandalosos e que não reflectem a real diferença entre os rivais directos. Villas-Boas, motivador por excelência da escola de José Mourinho, soube também gerir um plantel que conheceu apenas três adicções significativas relativamente ao ano anterior. Se a Otamendi e James Rodriguez o técnico foi dando tempo, revelando-se fundamentais na segunda metade da temporada, já João Moutinho foi o interprete perfeito do seu ideário desportivo, a balança que permitiu a fluidez de jogo dos novos campeões nacionais, afastando definitivamente os fantasmas dos seus últimos anos em Alvalade. Num plantel sólido e bem preparado o técnico soube igualmente explorar os momentos de forma ideias dos seus jogadores. Recuperou Belluschi na primeira parte da temporada para entregar-se a Freddy Guarin, um dos nomes próprios da segunda volta da equipa. Viveu do pulmão de Varela até que este não aguentou mais e cedeu o palco a Cristian e James Rodriguez que se foram alternando em grande parte do final da época.

 

Pouco se pode apontar a uma equipa que olha para trás com a consciência de que logrou fazer história. Vencer um campeonato de 30 jogos sem qualquer derrota (93 golos marcados, apenas 16 – a metade do segundo classificado – sofridos) é um feito em qualquer liga europeia. Mesmo no profundamente debilitado campeonato português não deixa de ser um logro espantoso. Basta recordar que só o Benfica de Haggan logrou o feito, já lá vão quase quarenta anos. Se ao titulo ganho de forma simbólica no estádio de Luz se juntam as vitórias em mais três provas (Supertaça, Taça e Europe League) é fácil entender que estamos ante uma das equipas mais importantes da história do futebol português. Anos asssim são como os cometas. Mágicos e que se repetem de tempos a tempos para espanto dos comuns mortais...



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:55 | link do post | comentar

Ferguson montou a sua primeira grande equipa baseando-se em fieis e disciplinados legionários. Vinte anos depois recorre ao mesmo esquema deixando para trás duas décadas em que as individualidades sempre souberam destacar do colectivo de uma forma ou de outra. Rooney, o anti-divo por excelência, liderará a mais dura das legiões mancunianas para um definitivo assalto à história.

 

Os analistas da Premier League coincidem em que esta equipa do Manchester United é talvez a mais débil da última década.

E no entanto, depois de vencer categoricamente a Premier League (algo que só Ferguson seria capaz), esta mesma equipa apresenta-se em Londres para um dos jogos mais importantes da história do clube. As contas são fáceis de fazer. O Man Utd já ultrapassou o Liverpool em títulos domésticos e está a dois troféus europeus de igualar o registo dos reds. A um de juntar-se a Ajax e Bayern Munchen, as restantes equipas com 4 troféus na prova rainha europeia e um pouco mais perto do pódio. A meados dos anos 90 Ferguson percebeu que o seu projecto só iria funcionar se tivesse reconhecimento fora das ilhas. Como Busby no passado, como Shankly, Paisley ou Clough. Naquela época já se percebia que era questão de tempo até o clube juntar-se ao Liverpool na cabeça dos títulos domésticos mas a Europa era outra coisa. Em 1999 chegou o primeiro e agónico troféu, em dois minutos de êxtase futebolístico frente a um Bayern Munchen que foi muito melhor durante 90 minutos. Nove anos depois - e ultrapassados os falhanços de 2000, 2002 e 2007 - a equipa voltou a uma final para ganhar, de forma ainda mais agónica se cabe, de novo o titulo frente ao Chelsea. Foi derrotado em Roma pelo rival de sábado, um clube que com Cruyff entrou na mesma espiral de pensamento que o Man Utd com o handicaap de que o seu eterno rival, o Real Madrid, está muito mais longe em títulos domésticos e europeus. E agora, sem estrelas, está de volta. Com a mesma ilusão do passado.

Provavelmente será a última final de Giggs, Scholes e Ferdinand, figuras-chave do clube durante o mandato de Ferguson. Seguramente que será o último jogo de Edwin van der Saar com a camisola dos Red Devils, tal como Schmeichel em 1999. Só que desta vez não há o mediatismo de Beckham e Ronaldo, figuras chave nas vitórias de 1999 e 2008. Em vez disso, um grupo heterogéneo de guerreiros preparados para morder as pernas dos jogadores do Barcelona e não largar durante 90 minutos. O Manchester United vai à luta de faca na mão. E não mostrará o excessivo respeito pelo rival que o Real Madrid exibiu durante quase 400 minutos.

 

Se há um Manager do futebol contemporâneo impossível de prever, esse é Ferguson.

Adivinhar um alinhamento do escocês é um exercício de perspicácia e sorte que não está ao alcance de qualquer um. Com um plantel sem nomes sonantes mas com muitos e variados recursos, o exercício complica-se ainda mais. Fergie foi o homem que consagrou o 4-4-2 quando muitos já o tinham enterrado. Foi também um dos primeiros Managers da liga inglesa que explorou o potencial do 4-3-3 e talvez aquele que melhor entendeu a importância moderna do 4-5-1. Como Mourinho, não é um inovador táctico, mas adapta-se rapidamente às circunstâncias. E molda as suas equipas tendo em conta cada momento em particular. Surpreendeu com uma abordagem agressiva no duelo contra o Chelsea que lhe deu o titulo - e em que tinha mais a perder do que a ganhar - e foi extremamente conservador no duelo a eliminar com o Arsenal na FA Cup. Usou duas tácticas, dois modelos e dois sets de jogadores diferentes. Ganhou ambos os jogos e conseguiu o seu objectivo. Além do mais, tem a lição aprendida.

Em 2009 o grande erro de Ferguson chamou-se Cristiano Ronaldo. O extremo português actuou como figura central do ataque, relegando Wayne Rooney para o flanco esquerdo onde foi presa fácil para o imenso Charles Puyol. Ronaldo foi o mais rematador dos Red Devils - como é seu hábito - mas contribuiu pouco para a construção de jogo ofensiva e nas ajudas defensivas dando a Busquets e Piqué muitas facilidades para incorporar-se no ataque. O jogo do Man Utd ficou amputado de profundidade de campo e acabou por ser presa fácil para um imenso Etoo e um sobrenatural Messi, assistidos primorosamente por Xavi Hernandez, no seu melhor ano de azulgrana. Ninguém espere um planteamento similar. O Barcelona será uma equipa diferente (já explicamos porquê) mas o Man Utd mais ainda. A equipa que suba ao relvado do Wembley será, sobretudo, solidária. Rooney não tem agora a sombra mediática de Ronaldo com que se preocupar e a sua associação com Chicharito e Berbatov é tremendamente eficaz. Mas, sobretudo, o dianteiro pode servir igualmente de pivot para um miolo sobrepovoado com o intuito de anular a hábil circulação de bola blaugrana. Recorrer ao 4-5-1 que eliminou o Chelsea significa incluir Fletcher, Carrick ou Anderson, Scholes ou Giggs, Park e Valencia no apoio ao inglês. Giggs jogou em 2009 e não teve ritmo para o jogo de Xavi e Iniesta mas os seus passes letais dão um plus de qualidade que Fergie não tem. Scholes, provavelmente, verá o jogo do banco. Outra opção, mais descaradamente ofensiva, e com Ferguson nunca há que descartar nada, é alinhar um 4-3-3 com Valencia, Rooney e Chicharito (o português Nani não é de confiança para estes jogos, a julgar pelo último ano da cartilha fergusoniana) e Fletcher, Carrick e Park a morder no miolo os pés de Xavi e Iniesta. O risco deste esquema chama-se Messi. A vantagem, Chicharito.

 

O jovem mexicano é o puzzle desta final. Foi uma das figuras mais determinantes do final de época dos Red Devils e tem a garra e ilusão que muitas vezes decidem finais. É também o homem certo para dar liberdade a Rooney e manter os defesas do Barcelona ocupados. Mas apostar por um dianteiro fixo abre espaços atrás e Ferguson sabe que isso pode revelar-se letal. De uma forma ou de outra Alex Ferguson sabe que chegar a Londres, ao estádio onde conquistou o seu primeiro titulo com o clube (a FA Cup em 1990), é já o corolário perfeito a uma temporada onde todos descartavam o Manchester United dos títulos. Vencer a prova seria um coup de grace que só um homem como o escocês seria capaz de realizar.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:09 | link do post | comentar | ver comentários (7)

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