Segunda-feira, 11 de Abril de 2011

O futebol vive de titulos. A história precisa de algo mais para escrever-se com H maiúsculo. O Pep Team desafiou a filosofia blaugrana e ajudou a enterrar, de uma vez, o espirito derrotista do clube de Barcelona. Culminou um trabalho de gerações no presente mas sem nunca descurar o futuro. Thiago Alcântara é o protagonista do amanhã. A referência a seguir, o exemplo perfeito de como uma filosofia subsiste quando a bola entra ou quando a bola bate na barra. Este Barcelona eterniza-se porque jogadores como Thiago estão preparados para tomar o testemunho.

 

 

 

Hoje em dia é fácil ver como a maioria dos clubes procura que as suas camadas de formação actuem como fazem os mais velhos.

Um conceito que parece elementar mas que demorou a popularizar-se por essa Europa fora. Mas uma coisa é ter todas as equipas a jogar num sistema táctico. Outra é criar uma filosofia que os jovens bebem desde o primeiro instante até à sua consagração definitiva. E para isso, acima de tudo, é preciso ter uma filosofia própria. Algo que o futebol, que vive do momento, dos títulos e da inconstância do tempo, dificilmente permite. Qual é a filosofia do Chelsea, do Real Madrid, do SL Benfica, da Juventus, do AC Milan ou do Manchester City?

Ninguém, nem eles mesmos, realmente o sabem. E não é por acaso que falamos de clube sem cantera. Sem filosofia de formação. Sem um espírito de grupo trabalhado desde a raiz. São clubes que vivem do e para o momento, de e para o resultado e que procuram, com o dinheiro, comprar o sucesso. Podem lográ-lo, e alguns conseguiram-no, mas estão destinados, tarde ou cedo, a ceder perante equipas com projectos a longo prazo. Arsenal, Manchester United, Shaktar, FC Porto, Olympique Lyon...Barcelona.

O clube catalão transformou-se na quintessência da filosofia futebolística. Misturou as origens do Futebol Total, adoptou a herança artística culé e a precisão táctica italiana e criou uma verdadeira máquina de vencer. Jogando um futebol atractivo, veloz, dinâmico, o Barça de Guardiola é uma equipa plena e matura. Mas é também o culminar de um processo evolutivo que não quer ser visto como a ultima etapa do caminho. Apenas mais um passo. Guardiola sucedeu a Milla na posição do playmaker e graças a ele La Masia, a escola que definiu o futebol de formação do clube blaugrana, começou a entender o que era preciso para manter o estilo de jogo. Desde Pep, jogador, que ali se treinam os seus sucessores tendo por base o seu ritmo, o seu estilo e a sua precisão. Os rondos popularizados por Rexach e Cruyff criaram Xavi e Iniesta. Mas também De la Peña, Fabregas...e Thiago.

 

Filho do brasileiro Mazinho, um dos mais talentosos jogadores da liga espanhola dos anos 90, Thiago é mais uma etapa na evolução.

Cresceu como jogador seguindo os ensinamentos posicionais que determinam a maturidade dos playmakers catalães. Toque curto, basculação lateral, visão de jogo, tabelas, futebol total com a ponta de uma chuteira. Desde a sua tenra infância que bebeu as mesmas palavras de Guardiola, Xavi, Fabregas e Iniesta. Desde cedo que percebeu que pontos tinha de desenvolver para singrar no Camp Nou. Apesar da sua idade, é já uma certeza. Define o jogo da Espanha juvenil, centraliza já em si o pensamento ofensivo do super-Barcelona quando Guardiola lhe dá, sem medo, a batuta. A sua coragem é também espelho dessa filosofia de nunca desistir. A mesma que evitou que Xavi um dia partisse, que Iniesta conseguisse roubar o lugar a Deco e que Fabregas triunfasse além-mar. Aliás, é o médio centro do Arsenal o mais prejudicado com a maturidade deste fantástico produto da La Masia. Com Thiago a preparar-se para herdar a camisola de Xavi, o Barcelona pode mesmo decidir saltar uma geração (a de Cesc) e esquecer-se definitivamente dos milhões que o Arsenal pede pelo seu capitão. Porque Thiago - e os que vêm a seguir - têm a lição bem aprendida.

O jovem hispano-brasileiro funciona porque o método de treino da Masia garante à primeira equipa que qualquer jogador, dos juvenis ou dos juniores, está preparado para assumir o seu papel no esquema da equipa principal. Guardiola confia na cantera porque é o primeiro a saber o que por ali se cose. Bartra, Fontás, Montoya, Dos Santos, Deulofeu, Soriano e Thiago são nomes de futuro que podem ter um impacto imediato, da mesma forma que Busquets tinha a licção bem aprendida e Pedro sabia o que lhe esperava quando Pep decidiu lançá-lo às feras. Essa forma de preparar o futuro, que começou no Ajax holandês e que Cruyff exportou para Can Barça, garante que este Barcelona é uma máquina de ganhar  com presente e futuro. Ultrapassado o vitimismo típico catalão, agora o Barça é quem é visto como a equipa arrogante que humilha o seu rival histórico, e todos os que se lhe atravessam pelo caminho. Não é por acaso que a sua equipa B, composta maioritariamente por jogadores na casa dos 20 anos, seja a terceira classificada da Liga Adelante. Ou seja, que mostra nível suficiente para subir de divisão, algo a que está vetado mas a que ninguém acabaria por surpreender. Graças ao génio de Thiago mas, sobretudo, graças ao génio de uma ideia.

 

 

 

Thiago é o futuro que pode transformar-se em presente assim que o clube e o seu técnico queiram. Tem maturidade, espírito competitivo e know-how para manter o ritmo qualitativo do jogo do Barça. Supera em classe e talento qualquer playmaker a jogar em Madrid, Valencia, Villareal ou Sevilla. E tem uma imensa margem de progressão. Não chega sozinho, atrás dele há toda uma legião de talentos à espera da sua oportunidade. Como moldou Messi, como moldou Iniesta, como moldou Pique, como moldou Xavi, La Masia voltou a demonstrar que ter uma ideia de futuro é a melhor forma de consolidar o presente. O Barça gasta dinheiro como qualquer outro clube, mas sabe a que joga. E sabe implementar uma filosofia do berço até à idade adulta. Talvez de uma forma inédita na história do futebol. Também por isso ou, talvez por isso, esteja hoje no trono internacional. E sem grandes ganas de abdicar. Thiago está lá para o garantir. 



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Sexta-feira, 8 de Abril de 2011

A humilhação sofrida pelo Inter diante do Schalke 04 apenas confirmou o que já todos sabem. O Calcio atravessa uma grande crise de identidade e a perda do terceiro lugar no ranking da UEFA confirma em númeras as sensações transmitidas há muito pela Serie A. Mas, apesar de tudo, nem tudo são más noticias. A profunda crise economica dos clubes e o grande problema social do futebol italiano está a permitir uma lenta, mas real, regeneração do Calcio.

 

 

 

A meados dos anos 90 não havia nenhuma liga europeia que pudesse ombrear com o prestigio da Serie A.

Foi o culminar de um crescimento mediático e futebolistico que arrancou a meados dos anos 80. Desde 1984 a 1997 as equipas italianas tornaram-se omnipresentes nas provas europeias. Juventus, AC Milan e Sampdoria marcaram presença em finais da Champions League. AS Roma, Inter, AS Lazio, AS Parma, Fiorentina e Napoli em finais da Taça das Taças ou Taça UEFA. Por duas vezes, inclusive, o país dominou uma final com duas equipas. Os melhores jogadores do Mundo procuravam, avidamente, um lugar ao sol no país da bota. Maradona, Socrates, Zico, van Basten, Gullit, Laudrup, Preben Elkjaer, Careca, Voeller, Rummenigge, Matthaus, Platini, Boniek, Rijkaard, Bergkamp, Asprilla, Brolin e companhia pautaram o ritmo do jogo. Mas não estavam sós. Depois de um apagamento progressivo, após o titulo europeu de 1982, o próprio futebol italiano apresentou uma nova geração de multiplos talentos. De Baresi, Maldini, Costacurta, Donadoni e Albertini a Baggio, Vialli, Mancini, Zola, Signori, Casiraghi, Pagliuca, Berti e tantos outros, a Azzurra tinha uma esquadra de respeito. Depois chegou o crash. Primeiro o dos clubes, que começaram a pagar o preço das suas loucuras. Depois dos adeptos, que radicalizaram os seus comportamentos a niveis extremos, transformando os ferverosos estádios italianos em desertos de almas. E por fim, os jogadores, que foram abandonando a liga em busca de melhor sorte. A Premier League e a La Liga acolheram-nos de bom grado. O êxodo terminou com a saída de Kaká e Ibrahimovic há quase dois anos. Parecia que o Calcio já não tinha mais nada que oferecer.

Essa profunda crise moral rapidamente se tornou em crises de resultados. Exceptuando o Mundial de 2006, culminar de uma geração que cresceu a beber o talento da constelação de estrelas, nacionais e internacionais, que deram nome à Serie A, a Itália tornou-se num sinónimo de desilusão. Os próprios clubes italianos perdiam o respeito dos rivais. Exceptuando três Champions conquistadas pelos dois de Milão, os italianos não vencerem nenhuma prova europeia em toda a década. Ultrapassados regularmente por ingleses e espanhóis, mas também franceses, portugueses, holandeses, alemães, russos, turcos e ucranianos, os conjuntos italianos já não conseguiam atrair os melhores. E foram caindo na mais profunda das medianias. Mas, como sempre, depois da tempestade sai o sol. O italiano começa a despontar, a pouco e pouco.

 

Sem dinheiro para comprar estrelas os clubes italianos tiveram de aprender a reciclar-se.

Recordando a legislação dos anos 60, que impedia os clubes de contratarem jogadores estrangeiros, a Lega italiana proibiu os clubes de assinar com mais de um atleta extra-comunitário ao ano. Os clubes começaram a racionar os gastos e a olhar para o seu futebol de formação. Tarde ou cedo os heróis do virar de século teriam de ser substituidos e apesar dos Del Pieros, Tottis, Nestas e Gattusos sobreviverem ainda à purga, a pouco e pouco os nomes esquecidos do passado passaram a ser as referências do presente.

Montolivo, Cassano, Pazzini, Maggio, Palombo, Di Natale, Pepe e companhia deixaram de ser segundas escolhas. Eles agora são o esqueleto da Serie A. Producto nacional despreciado quando os clubes preferiam recorrer aos Zidanes, Kakás, Ronaldinhos e companhia, mas que agora são os lideres de uma nova vaga. Que começa a viver-se, também, na mutação desportiva da tabela classificativa. A Juventus ainda não recuperou do Moggigate mas a pouco e pouco começa a entender que jogadores devem fazer parte do seu projecto. Nos últimos anos chegaram Quagliarella, Marti, Bonucci e Pepe e também ganharam o seu espaço Chiellini e Marchisio. Uma mutação que os envelhecidos clubes de Milão ainda não entenderam totalmente. Se ambos resgataram as armas secretas da Sampdoria, Pazzini (para o Inter) e Cassano (para o AC Milan), a mutação é lenta. Ranocchia, Santon e Antonini são as únicas reais perspectivas de futuro.

Ao contrário, os clubes de metade da tabela, aprenderam a sobreviver assim. Jogadores de grande projecção futura a baixo custo (Cavani, Lavezzi, Pastore, Sanchez, Jovetic) e producto da casa. A Fiorentina exibe com orgulho Montolivo, D´Agostini e De Silvestre. O Napoli conta com Maggio e Sammarco. A Sampdoria mantém nas suas hostes Palombo e o promissor Poli. A Udinese "recuperou" Di Natale depois de ter perdido a Pepe. Na Sicilia estão Micolli, Nocerino e Sirigu. Na Sardenha é a vez de Lavezzi, Acquafresca e Ragatzu. Pelo meio Gallopa, Candreva e Giovinco pelo Parma e Criscito e Destro pelo Genoa. Razões, boas razões, para que se comece a inverter uma tendência histórica de afunilamento. O poderio financeiro dos grandes diminui à medida que os grandes negócios também desaparecem. O reparto mais justo das receitas televisivas abre as portas aos mais modestos de impor o seu estilo. Com a crise a Serie A recuperou competitividade e aproveitou a oportunidade para reforçar uma nova vaga de jogadores. Não necessariamente jovens, mas todos ignorados até agora, vivendo na sombra das velhas glórias. O seleccionador nacional, Cesare Prandelli, entende essa realidade melhor do que ninguém. Em Florença começou essa mutação e com a Azzurra prepara-se para fazer o mesmo. Cada vez há menos jogadores dos três grandes. E isso é sempre um bom sinal.

 

 

 

Espera-se um crescimento sustentado num país que vive na sua particular gaiola de loucos. Os adeptos começam a voltar aos estádios de forma mais ordeira, os dirigentes começam a olhar para o mercado de forma mais racional. E os fantasistas e goleadores, que nos últimos anos faltaram ao futebol italiano, parecem brotar com naturalidade nestas novas equipas. Tarde ou cedo as jovens estrelas sul-americanas começarão a ditar o futuro e os milhões voltarão. Caberá então aos dirigentes garantir uma sustentabilidade financeira que tanta falta fez ao Calcio na última década. Esse imenso balão de oxigénio pode ser apenas um primeiro passo para recuperar o prestigio perdido. A crise no Calcio é positiva. Pelo menos para os italianos.


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Quinta-feira, 7 de Abril de 2011

71 golos em provas europeias. Números escandalosos para qualquer jogador. Banais se te chamas Raul Gonzalez Blanco. O dianteiro madrileño decidiu que era maior que o Santiago Bernabeu e abandonou a segurança do lar para tentar sorte na Alemanha, destino preferido dos espanhóis quando decidem emigrar. Raul não foi para as minas de Gelsenkirchen mas trabalha como um mineiro na equipa mais tradicional da Bundesliga. Para ele a eternidade é mais do que obsessão. É algo inevitável.

 

 

 

Raul estreou-se em 1995 nas provas europeias ao serviço do Real Madrid e marcou ao segundo jogo, com o Ferencvaros.

Foi há 16 anos e durante todo esse periodo só durante um ano o dianteiro esteve sem marcar nos palcos europeus, 1996/1997, a última época em que o Real Madrid falhou as provas da UEFA. Marcou em duas finais da prova rainha da Europa, que venceu três vezes. Marcou golos fundamentais para compreender a história recente do futebol espanhol. Marcou, marcou e marcou. Raul é definido pelo valor que se dá ao golo.

Não tem nenhuma habilidade particular. Nem é rápido. Nem é forte. Nem é dotado de uma grande técnica individual. Não joga particularmente bem de cabeça, não é capaz de aguentar largos sprints e não lhe é conhecido nenhum talento especial nas bolas paradas. Poucos golos marcou de penalty, nenhuns de livres e cantos. Mas, mesmo assim, marcou muitos. Tantos que já é o recordista da Europa. E era de Espanha também, até Villa, o seu sucessor como o 7 da Roja, o ter ultrapassado finalmente. No total Raul Gonzalez Blanco já marcou 340. Em 780 jogos. Quase nada.

O filho predilecto de Madrid, o homem que ainda hoje divide o futebol espanhol, arriscou e muito. Quando anunciou a saída do Real Madrid muitos vaticinavam-lhe um fim agónico no futebol alemão. Se algo diziam de Raul nos seus dias de ouro, nos finais dos anos 90 e antes de ter arrancado o projecto galáctico, é que só funcionava dentro do Bernabeu. Mas chegavam as estrelas milionárias e os golos pícaros e oportunistas do 7 continuavam a decidir ligas. E nos jogos contra os grandes da Europa, Raul raramente falhava. Hoje, como ontem.

 

Quando chegou ao Shalke 04 o espanhol encontrou uma equipa desmotivada.

O regime quase ditatorial de Felix Magath, que tinha surpreendido no Wolfsburg pelo seu futebol de ataque, e a sua postura defensiva, prejudicava o seu estilo de jogo oportunista. Raul jogava longe da área e, portanto, longe do golo. À medida que a equipa foi mudando a sua postura, que apareceram Huntelaar, Farfan e Gabranovic, o espanhol foi tendo mais liberdade para deambular pela área. Onde é letal. O seu estilo de jogo começou a encaixar no modelo dos azuis mineiros de Gelsenkirchen. E os golos apareceram. Frente ao Valencia, nos oitavos de final, o toureiro madrileño fez do Mestalla, pela enésima vez, a sua praça. E em San Siro, estádio onde nunca tinha ganho vestido de branco - e onde jogou o seu rival nisto dos números, Paolo Maldini, a quem superou também em jogos disputados na Europa - também. A exibição de Raul em frente ao Inter é um elogio constante às suas qualidades.

Jogador de grupo, matador, sacrificado, colectivo. Abriu espaços, puxou marcações, triangulou e marcou. Ajudou a destroçar uma irreconhecível defesa neruazurri e ajudou o seu novo clube a fazer história. Será quase impossível ao Inter dar a volta ao marcador e, subitamente, Raul estará de novo bem perto de uma final da Champions League. Algo que ninguém imaginava quando a época arrancou. Os alemães desafiarão o poderia anglo-espanhol da prova com uma arma secreta nutrida nestas batalhas. De tal forma que a eficácia de Raul, que sempre esteve aí, relançou, pela enésima vez, o debate em Espanha sobre a sua presença na selecção. O seu afastamento, depois do Mundial de 2006, deveu-se segundo a maioria a problemas no balneário. Sem a omnipresença de Raul o seleccionador Luis Aragonés pode criar a base da equipa que domina o futebol internacional há quatro anos. Mas a decisão custou-lhe eventualmente o cargo e deixou mau sabor de boca ao clã de Barcelona que agora controla a Roja. Por muito que Raul apresente números que superam em eficácia os de Torres e Villa, as apostas de Del Bosque, o seu regresso está marcado pelo seu passado. E isso torna-o impossível.

 

 

 

Mas mesmo que Raúl esteja destinado a acabar os seus dias dando alegrias às gentes do Schalke 04, a sua missão já terá merecido um louvor especial por um país que sempre teve problemas em aceitar os seus ídolos. Profeta em terra alheia, o eterno Siete sabe que a sua aventura europeia ainda não acabou. E se há algo que Raul sabe fazer, é história. Os rivais que se cuidem, o eterno e teimoso goleador não quer despedir-se tão depressa. E ninguém o irá convencer do contrário...



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Segunda-feira, 4 de Abril de 2011

muito que as trevas tomaram conta do futebol português. A falta de civismo, de fair-play, de exercício democrático por parte de dirigentes, técnicos, jogadores, comentadores e adeptos "argentinizou" ao extremo o futebol em Portugal. A situação chegou a tamanhos extremos que a vitória de um campeonato de um clube invicto passou a segundo plano porque, uma vez mais, o mau perder habitual do dirigente português estraga qualquer celebração meritória. Culpas para todos no cartório numa noite histórica, a titulo desportivo. O SL Benfica falhou na época passada confirmar o titulo no campo do rival. Nesse jogo começou a desenhar-se o FC Porto campeão em 2011. Que não tremeu no terreno do rival e fechou, com chave de ouro, o seu 25 campeonato. A luz durou 90 minutos. Os novos campeões trataram simbolicamente de a apagar. O resto é pura pequenez moral.

 

 

 

Há 71 anos que o FC Porto não vencia um campeonato, matematicamente, no terreno do eterno rival.

Um feito pouco habitual no futebol português. Houve jogos que decidiram títulos mas quase nunca sem as matemáticas do seu lado. Tanto encarnados como azuis e brancos sabiam de antemão o desfecho desta época. Uns queriam antecipar a festa, outros atrasá-la o máximo de tempo possível. Era uma questão de honra e de orgulho, não de matemática. Uma premissa que se tinha vivido na época transacta. Então a "máquina de matar" de Jorge Jesus chegou ao Dragão com a ambição de fazer história. Foi derrotado em toda a linha e teve de sofrer até aos instantes finais do último jogo para confirmar um titulo que a imprensa (e o próprio técnico encarnado) tinham anunciado com meses de antecipação. Desta vez o cenário não se repetiu. O FC Porto de André Villas-Boas nunca necessitou do consenso popular e dos meios de comunicação social para explicar, no tapete verde, a sua imensa superioridade na época corrente. Dezasseis pontos de avanço sobre o segundo classificado, a cinco jogos do fim, explicam bem a dimensão do 25º titulo azul e branco. A invencibilidade (dois empates, tudo o resto triunfos), é uma curiosidade estatística mas também demonstra a autoridade com que os dragões entram em campo. Na Luz repetiu-se o cenário.

O FC Porto foi sempre a equipa menos nervosa, aquela que tinha a faca e o queijo na mão. Agradeceu a Roberto a inestimável ajuda, uma constante na época, soube sofrer com o golo do empate e com um jogador a menos durante boa parte do segundo tempo e matou o jogo de forma cirúrgica. Podia até ter ampliado a vantagem em vários lances de contragolpe. Podia também ter sofrido o golo do empate, quando o Benfica, à desesperada, como tem sucedido demasiadas vezes este ano (com o evidente desgaste físico e mental acumulado) tentou o tudo por tudo. Jesus não teve argumentos tácticos - como sucedeu na excelente vitória nas meias-finais da Taça de Portugal no campo do rival - nem paciência para sofrer. Podia-lhe mais o orgulho de não cair diante dos seus. Os adeptos não souberam empurrar a equipa - à distância de muitos quilómetros, ouviam-se mais os gritos de raiva dos adeptos visitantes - e nem a constante violência do onze encarnado (quase todo amarelado, com direito a expulsão de Cardozo, que só jogou metade do encontro) serviu para estragar um espectáculo futebolístico. O FC Porto selou a sua superioridade desportiva depois de ter mostrado que era a equipa mais constante, mais organizada e mais preparada para o choque. No ano transacto o Benfica venceu metade dos jogos com os rivais directos (SC Braga e FC Porto). Este ano os novos campeões trataram de selar a sua superioridade ao bater Benfica e Braga nos dois encontros, sem deixar grandes margens para dúvidas. O titulo, desportivamente, não tem qualquer contestação.

 

 

 

Mas quando em Portugal se devia falar de futebol jogado - que não vive, propriamente, na abundância - tudo acaba por derivar para o futebol politizado, estragado pela postura de directivos e profissionais do disparate. A semana prévia ao Clássico tornou-se no microcosmos perfeito que define o futebol português actual. Houve proibições ilegais, anuências das autoridades competentes desrespeitando os seus próprios regulamentos. Houve apedrejamentos de parte a parte, incitação à violência, declarações de guerra pouco transparentes. Houve jogadores que entraram em campo sem dar a mão a 11 meninos que destas guerras ainda entendem, felizmente, muito pouco. Houve frangos, bolas de golfe, petardos e cargas policias. Houve dureza no relvado e falta de hombria nas declarações finais dos perdedores. E, acima de tudo, houve aquele gesto que define bem o portuguesismo contemporâneo, o chico-espertismo e o mal perder de um país que se tornou na América Latina do futebol europeu há muitos anos e que continua a mostrar à Europa, à Europa a que anseia pertencer de pleno direito, que vive num planeta à parte. Em primeiro lugar fica por explicar a atitude da Liga de Futebol Professional, que gera a competição Liga Sagres.

Depois de anos a adiar ao ano seguinte a entrega do troféu, em 2010 determinou-se, e com toda a lógica, a entrega do troféu de campeão no acto a quem de direito. Uma prática corrente em vários países europeus e que permitiu ao SL Benfica celebrar, diante dos seus, com toda a naturalidade o titulo do ano transacto. No entanto, sabendo da possibilidade matemática, concretizada, do FC Porto repetir o feito, não houve sequer uma referência das autoridades em repetir a mesma sábia postura um ano depois. Em Espanha e Inglaterra, quando uma equipa se sagra campeã, não se lhe entregam o troféu, como o rival tem de fazer o chamado "pasillo", por onde os campeões desfilam vitoriosos. Uma prática de fair-play que em Portugal se torna cada vez mais, inimaginável. Não só a Liga permitiu a não entrega das faixas no dia adequado como deixou passar em branco o súbito apagão, e o despertar "imprevisto" dos aspersores de água à la Camp Nou, que ensombreceu mais a alma torturada do adepto benfiquista, forçado a contemplar um feito histórico no seu recinto, do que a festa azul e branca. O acto, insignificante à priori, porque os festejos naturalmente continuaram na Luz e noite fora, por todo o país, diz muito dos dirigentes encarnados, os principais responsáveis pela escalada de violência verbal e física em que vive o futebol português nos últimos anos. Uma realidade indesmentível e que esconde uma outra, desportiva, que não deixa mentir. Nas últimas 15 épocas o clube encarnado venceu a prova por duas vezes, tantas como o Sporting e uma mais que o Boavista. As restantes 10, já se sabe onde foram parar.

 

 

 

A cultura de sobrevivência do FC Porto voltou a vir ao de cima. Desde 2002 que os azuis e brancos não passam mais de um ano sem saborear o titulo de campeão. Estão a sete dos espantosos 32 troféus ganhos pelo Benfica com a adenda de que, nos últimos 30 anos,  mais de metade dos troféus foram parar à Invicta. Como apontou André Villas-Boas, um dos artesões deste regresso dos dragões ao topo da Liga Sagres, esse é um facto cultural e social indesmentível pelos números. O resto, as notas artísticas, as vitórias épicas, a superioridade moral e o discurso da suspeita, no final de contas, e no tapete verde, à vista de todos, onde o resultado final se decide, conta muito pouco. O espectáculo chegou ao fim, o último a sair apague a luz por favor!



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Domingo, 3 de Abril de 2011

Matador. Instinto assassino. Letal. Tiro. Bala. A linguagem do golo é uma linguagem acente na brutalidade da acção. O futebol é um dos poucos desportos que se decidem, habitualmente, por números minimos. O golo tornou-se portanto, com o passar dos anos, em algo cada vez mais raro e precioso. Para reforçar esse conceito de raridade o vocabulário tornou-se cada vez mais bélico, guerreiro...mortal. A mitica frase de Shankly falava em vida e morte...só se esqueceu de dizer que mais do que futebol, o que ele queria explicar era a essência brutal do golo.

 

 

 

Os goleadores são especies raras. Aves em vias de extinção que valem o seu peso em ouro. Em golos.

Longe longe vão os dias das goleadas semanais que demonstravam com claridade a diferença entre os jogos tranquilos, verdadeiros passeios no parque, e as batalhas duras e encarnecidas entre rivais do mesmo nivel. Os golos nas goleadas eram cantados pelos relatos radiofónicos com uma certa ternura inocente. Não eram necessários logo não eram violentos para quem os sofria e para quem os marcava. Um status quo emocional que liberava a mente. Mas quando o jogo era a doer, quando o jogo era visto como uma batalha, começavam a brotar as palavras aprendidas de memória nos anos da guerra: franco-atirador, sniper, matador, killer, ponta-de-lança, bombardeiro...

O futebol moderno é o mais parecido que o Mundo ocidental conhece das guerras desde 1945. As guerras acabaram nos campos de batalha e os confrontos entre nações, as guerras civis entre regiões e cidades, os confrontos de rua entre clubes da mesma terrinha, tudo isso mudou-se para um relvado com umas dimensões fixas a lembrar os dias das arenas romanas. A Alemanha tornou-se no principal dinamizador da CEE junto com os franceses, holandeses e belgas, velhos rivais de frente, mas no campo de futebol manteve a chama da rivalidade bem viva. Os jogos entre selecções passaram a ser ajustes de contas de politicas economicas, de fracturas sociais e de velhas inimistades. Quando Franz Beckenbauer se queixou do penalty assinalado na final de 1974 ao árbitro inglês Jack Taylor disse-lhe, categoricamente, "Você é inglês!". Não questionou a falta, questionou a nacionalidade. A guerra tornou-se a base do futebol moderno e nem os mitos do fair-play conseguiram distinguir essa brutal realidade. Muller logrou no quente México de 70 o que a Luftwaffe não conseguiu nos céus de Londres nos anos 40: bombardear a Inglaterra de volta a casa. O "bombardeiro", talvez o mais completo e letal - letal, imagine-se - goleador da história podia ser visto como qualquer coisa, menos um soldado. O seu ar pacifico, a sua personalidade tranquila ter-lhe-ia custado a vida na frente. No relvado transformou o seu killer instinct numa preciosidade que fez história. O simpático Gerd Muller tornou-se no mortal Gerd Muller. E no herói de guerra para os seus, claro está.

 

Marcar mata o rival. Se o resultado está a zero, mata um rival igualado.

Se o resultado está a favor, mata qualquer esperança de reviravolta. Se está em contra, mata o sentido de superioridade. E se vai a caminho de goleada, mata a moral definitivamente. Matar deixou de ser uma palavra perigosa. Sem sangue nas mãos a metáfora do jogo aliviou a descarga emocional da sociedade ocidental. Os americanos gostam de desportos com muitos pontos (ou golos) porque nunca deixaram realmente de matar. Os europeus não. A partir do momento em que limparam as mãos, começaram a procurar um novo escape. A guerra da tribo do futebol, como apontou sabiamente Morris no seu imperdível livro, é um ritual quase tribal de sacrificio aos deuses. Os adeptos não aplaudem uma defesa, aplaudem um guardião que esquiva o tiro com uma sapata de super-heroi. Os adeptos não têm paciência para o futebol de toque e dá, para os sprints, qual corrida da cavalaria. Mas exaltam-se orgasmicamente com cada disparo certeiro no peito do rival. Com cada golo brutal.

Os capocanonieri, os killers, os matadores tornaram-se em peças nucleares destas guerras que duram nove meses, de Agosto a Junho. Tornaram-se nos novos gladiadores, coroados com a coroa de louros e aclamados pela multidão. Não se sabe se a eles, ao contrário dos césares, há alguém ao lado a soprar-lhes ao ouvido que são apenas humanos. Porque se esquecem rapidamente da sua condição. E ás vezes perdem-na até. Acaba a pólvora, diz a giria, acaba a fome de matar. O goleador perde essa força divina e vulgariza-se. É mais um entre muitos, não serve para esta luta brutal.

A UEFA e a FIFA continuam a defender o fair-play e a verdade é que o futebol é dos desportos mais limpos. Mas não deixa de ser um espelho dessa luta de classes moderna, desse confronto de nações. Um Mundial ou um Europeu funciona, sobretudo, porque é visto pelos adeptos como um torneio medieval. Onde cada país defende a sua bandeira, onde cada imprensa transforma cada segundo de jogo numa questão nacional, racial, cultural, economica. Os pequenos podem vingar-se dos grandes. Os periféricos podem desforrar-se dos paises centrais. O sul do norte. Os velhos inimigos ajustam contas e ninguém sai ferido. As balas são brutais mas de pólvora seca. E no final todos voltam para casa. Só o orgulho resulta ferido.

 

 

 

A brutalidade do golo é o espelho da linguagem bélica do beautiful game. No basket, andebol, hockey, baseball, rugby ou nos desportos motorizados há um discurso mais tranquilo. Mas a voracidade a que a bola circula lembra os guerreiros nos campos de batalha a saltar de flanco para flanco para abater o rival. Os treinadores tornaram-se nos novos estratages, nos novos Napoleão e Alexandre. Os jogadores nos guerreiros intrépidos. Há soldados, legionários e capitães, como num qualquer regimento. O golo é suposto ser um momento de alegria, uma ejaculação desportiva. Mas a linguagem da bola que entra é, paradoxalmente, uma linguagem de morte. Emocionalmente festejamos tanto a alegria da vitória como a tristeza da derrota do rival. Afinal, o golo é tão primitivo como o Homem.

 



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Sexta-feira, 1 de Abril de 2011

A improvável vitória da Sampdoria na Serie A de 1991 foi o culminar de uma campanha demoníaca dos legionários de Vujadin Boskov. O Luigi Ferraris transformou-se na caixa de pandora do Calcio e na ressaca mundialista o clube pequeno de Génova tornou-se no clube grande de Itália. Uma história de glória efémera mas com feitos extraordinários que a história jamais apagará.

 

 

 

Pagliuca. Vierchwood. Mannini. Lana. Pellegrini. Toninho. Katanec. Mikaylichenko. Lombardo. Vialli. Mancini.

Onze nomes que a cidade de Génova nunca poderá esquecer. Durante dois anos a cidade portuária da Ligúria, berço da primeira grande equipa italiana da história - o eterno rival Genoa - voltou a ser o coração do Calcio. Um fábula que provou que no futebol - ou pelo menos, no futebol pré-Bosman - tudo era verdadeiramente possível. O conjunto genovês com o equipamento mais belo, quiçá, do futebol europeu, conseguiu em dois anos o que muitos clubes tardam toda a vida em lograr. A vitória na Serie A, a uma jornada do fim, em 1991, foi histórica. A final da Champions League perdida, no ano seguinte, frente ao Barcelona, o principio do fim. Entre esses dois anos os Blucerchiatti puderam sonhar.

A equipa que arrancou a época de 1990 era praticamente a mesma que disputara, na Primavera anterior, a sua segunda final consecutiva da Taça das Taças. Os genoveses tinham perdido contra o Barça, a sua besta negra como se veria, em 1988 mas no ano seguinte bateram o Anderlecth para conquistar o seu primeiro trofeu europeu. Uns meses depois, frente ao todo poderoso AC Milan, Boskov e companhia estiveram perto de vencer, também, a Supertaça Europeia. Era o prenúncio da formação de uma equipa altamente competitiva. A equipa mantinha a estrutura e reforçava-se com o soviético Mikhaylechenko, pedra basilar do Dynamo Kiev de Lobanovsky que finalmente dava o salto rumo ao Ocidente. A equipa arrancou o ano com uma modesta vitória frente ao Cesena mas demorou a arrancar. A 28 de Outubro, em San Siro, uma vitória por 1-0 frente ao AC Milan (golo inesquecível do brasileiro Toninho Cerezo) deu a entender que a dinâmica dos azuis mudava a pouco e pouco. A partir daí a Sampdoria entrou numa serie de jogos decisivos sempre a ganhar (exceptua-se a derrota no derby, por 1-2) em que bateu expressivamente o Napoli de Maradona, a campeã equipa do Inter e a AS Roma de Voeller e companhia. A liderança do campeonato, algo inédito no historial do clube, tardou algumas jornadas em chegar por culpa de tropeços inesperados (derrotas com Torino e Lecce) mas chegou com uma vitória face à Juventus de Baggio. A partir daí os homens de Boskov tornaram-se no alvo a abater.

 

Alinhando num 4-4-2 profundamente dinâmico, com Lombardo e Toninho no apoio directo ao duo de ataque mais celebre do futebol italiano (e com Vierchwood, Katanec e um jovem Pagliuca a comandar, imperialmente, o sector defensivo), o Luigi Ferraris transformou-se com a sua equipa e tornou-se num verdadeiro inferno. A equipa recebeu - e venceu - AC Milan, Napoli e Inter, os três últimos campeões, e a 19 de Maio, a uma jornada do fim da época, confirmou o titulo com uma desforra expressiva face à Lecce. A vitória por 3-0 confirmou o titulo e também o prémio de Capocanonieri, com 19 golos, para o flamante Gianluca Vialli. Era a consagração definitiva de um estilo que tinha abandonado o catenaccio puro para abraçar um jogo ofensivo e dinâmico que teve a sua devida recompensa. A Samp falhou apenas a dobradinha por cair diante da AS Roma na final da Taça de Itália - a sua prova fetiche dos anos anteriores - depois de se revelar incapaz de dar a volta na segunda mão, em Génova, ao mau resultado do primeiro jogo (3-1, derrota no Olimpico da capital).

Com 20 vitórias e 57 golos marcados, a Sampdoria foi a equipa mais ofensiva do último ano da era Sacchi (que se manteve como a melhor defesa da prova). Mas a glória caseira acabaria por revelar-se sol de pouca dura. Na época seguinte Boskov decidiu colocar todas as fichas na ambição europeia do presidente Mantovani e esqueceu-se do dificil que era manter o Scudetto numa liga com tantos pretendentes. Na Europa a missão dos genoveses foi superado contra toda a expectativa. Depois de destroçar Rosenberg e Honved nas fases prévias, os italianos foram colocados no mesmo grupo que Panatinaikhos, Anderlecth e Estrela Vermelha, os campeões europeus em titulo. As duas vitórias no confronto directo com os jugoslavos revelaram-se decisivas para o histórico apuramento de Mancini, Vialli e companhia para a final do Wembley. A noite que consagrou o Dream Team de Cruyff (que em 1988 tinha ganho o seu primeiro trofeu europeu precisamente contra os italianos) podia ter sido a noite da Sampdoria não fossem os pouco habituais erros de Lombardo, Mancini e, sobretudo, Vialli, à frente de Zubizarreta. A amarga derrota, a poucos minutos do fim, culminou um final de ano para esquecer. Na Serie A os genoveses há muito que estavam afastados da rota do titulo (com direito a derrota e goleadas impostas pelo futuro campeão, o AC Milan de Capello) e na Copa de Italia uma eliminação precoz fui tudo o que os adeptos puderam lamentar. A partir desse Verão de 92 a histórica formação, que durante quatro anos tinha levantado a moral dos tiffosi, foi-se desfazendo.

 

 

 

Boskov partiu e deixou o posto para Sven-Goren Eriksen, incapaz de devolver o clube ao topo da tabela. Rapidamente as grandes estrelas partiram para outros campeonatos. Mancini para a AS Lazio, Vialli para a Juventus e Mikaylichenko para o Rangers...Nem as chegadas dos promissores Jugovic, Amoruso e Chiesa permitiu ao clube inverter a tendência. Até à histórica campanha de Luigi Del Neri, na passada época, nunca mais o Luigi Ferraris se transformou num recinto demoniaco, capaz de destroçar a mente dos rivais antes de entrar em campo. A Sampdoria passou a década e meia seguinte a lutar por sobreviver na parte baixa da tabela classificativa. As lembranças dos dias de glória ficaram, mas a ascensão do duo romano, da Fiorentina e da AS Parma transformou o fenómeno genovês num episódio de um passado longinquo. Um passado grandioso mas desenhado na pedra, perdido nos confins do tempo. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:11 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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