Domingo, 31 de Outubro de 2010

Houve muitos jogadores na história do futebol italiano a roçar a perfeição. Mas só um chegou a lograr realmente tocar o céu. Foi uma estrela numa era onde o marketing começava a criar os seus próprios mitos e marcou a magia do Calcio dos anos 80 e 90. Passou pelos três grandes de Itália e em todos deixou saudades. Il Divino só houve um. Roberto Baggio.

 
Houve poucos jogadores tão perfeitos como Roberto Baggio em campo.
O seu estilo de jogo era simplesmente magnético. Foi o maior exemplo do “regista” italiano, o falso ponta de lança criativo capaz de trazer magia a um estilo de jogo iminentemente táctico. Um craque entre vários que povoaram a liga italiana entre 1985 e 2000, o seu período áureo. Retirou-se em 2004 quase com 40 anos, 18 anos depois de ter começado a deslumbrar meio mundo. Com estilo, como sempre actuou.
Quando deu os primeiros pontapés na bola como futebolista profissional, naquele quente Verão de 1986 em Florença, o Calcio estava ferido de morte. As equipas tinham falhado nas provas europeias, a selecção campeã do Mundo em 1982 tinha sido derrotada sem apelo nem agravo nos Oitavos de Final do Mundial do México pela França de Platini e toda a geração de talentosos craques italianos estava a chegar ao seu fim. No meio de tanta maré negra poucos repararam naquele jovem de trato simples, ar honesto e toque genial. Durante a segunda metade dos anos 80 foi a inveja de Itália. Com a camisola viola da Fiorentina elevou á glória o pequeno clube toscano, conquistando vitórias históricas nos campos dos temidos Napoli, Inter, Juventus e AC Milan. Tinha-se estreado com 18 anos e nesse período falhou-lhe apenas um titulo. A paixão que despertava tornou-o em elemento chave da equipa italiana que ia receber o resto do Mundo no seu Mundial. Com uma selecção a anos luz daquela que oito anos antes fora campeã, Roberto Baggio tornou-se o patrão do futebol italiano, apontando golos de antologia como o que derrotou a Checoslováquia. Contra todos os prognósticos a Itália chegou até ás meias finais onde só caiu diante da Argentina de Maradona. Acabaria a prova em terceiro e agora tinha um novo ídolo para glorificar. 

 

A Juventus não perdeu tempo e assinou o contrato histórico no Verão que se seguiu ao Mundial. Baggio era o substituto de Platini no ataque de Turim e durante cinco anos foi o santo e senha do Calcio. A Juve logrou interromper o domínio do AC Milan e em 1995 sagrou-se dez anos depois campeã de Itália. No mesmo ano ganhou a Taça e iniciou uma nova era de triunfos. Baggio, que já tinha sido fundamental na conquista da Taça UEFA de 1993, vivia então o seu melhor momento. Em 1993 venceu o Ballon D´Or, apenas o quarto  italiano a lográ-lo depois de Sivori, Rivera e Paolo Rossi. Foi então que chegou o Mundial dos Estados Unidos. Depois de uma problemática fase de grupos, Baggio pegou na azurra ás costas e arrancou até à final. Eliminou praticamente sozinho Nigéria, Espanha e Bulgária para marcar presença na final de Los Angeles. Aí não logrou bater a bem organizada defesa do Brasil. Na série de penaltis foi chamado a marcar o decisivo. Nunca falhara. Falhou. O Brasil venceu e a Itália caiu em depressão. O rosto abandonado de Baggio no relvado marcou toda uma geração. Seriam precisos esperar mais doze anos para voltar a uma final de um Mundial. 

Com 27 anos, Baggio decidiu que era hora de abandonar Turim. O seu delfim, Del Piero, tornou-se no seu sucessor e o “regista” mudou-se para o eterno rival, o AC Milan, em 1996. No primeiro ano liderou a armada milanesa de volta ao Scudetto mas falhou na Europa e depois de dois anos o médio passou-se para a pequena cidade de Bologna, onde muitos o deram por acabado. A época brilhante que realizou devolveu-o ao onze da azurra disputando o Mundial de 98. Nesta ocasião não falhou o penalti decisivo mas foi traído por Di Biaggio e voltou para casa mais cedo. Mas de cabeça alta. Voltou a Milão mas desta feita para vestir a camisola neroazurri do Inter mas as duas temporadas em S. Siro foram complicadas. Já passada a casa dos 30 decidiu voltar a um clube pequeno, o Brescia. Aí deu o ponto final à sua carreira, mas só após quatro anos notáveis que fizeram mesmo os tiffosi a suplicar pela sua inclusão na equipa que disputou o Euro 2004. Não o foi e nesse Verão disse adeus aos relvados.  

 

 

Durante vinte anos foi o rosto mais emblemático do futebol italiano. Mais, elegido pela FIFA como um dos maiores desportistas de todos os tempos, é hoje natural olhar para trás no tempo e perceber que a magia italiana condensou-se toda em Roberto Baggio ao largo de toda a sua carreira. O espírito latino, a magia de rua, a disciplina táctica, o gosto pelo toque, a destreza técnica, o remate assassino. O jogador italiano perfeito, capaz de superar a magia de génios como Meazza. Mazolla, Riva ou Conti e o fantasma sobre o qual todos os “registas” posteriores tiveram de suportar. Seis anos depois de ter abandonado os relvados é fácil sentir saudades dos lances geniais com a imagem de marca de “Il Codino”, o eterno calciogiocattore.


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Quinta-feira, 28 de Outubro de 2010

Em 1999 Lorenzo Sanz perdeu a cabeça e gastou uma fortuna nunca vista na jovem promessa francesa Nicolas Anelka. O dianteiro tinha impressionado ao serviço do primeiro Arsenal de Wenger e chegou a Madrid rodeado de pompa. Saiu pela porta pequena, com mil problemas no curriculum. Dez anos depois Florentino Perez repetiu a fórmula e o resultado final parece-se cada vez mais com o caso original. Benzema é, cada vez mais, um novo Anelka.

Segundo a doutrina "mourinhiana", Karim Benzema está morto.

O dianteiro leva um ano e largos meses em Madrid com o cartel de goleador. Sem que nunca ninguém se tenha apercebido do seu faro de golo. O jovem que despontou há cinco anos no Olympique Lyon esfumou-se e hoje é uma sombra de si mesmo. Contratado por cerca de 30 milhões por Florentino Perez, o homem das galáxias, o presidente que foi até à sua casa para o convencer a deixar o Ródano pelo Manzanares, Benzema não rendeu nem uma décima parte do seu investimento. No primeiro ano passou ao lado dos golos, apesar das oportunidades dadas por Manuel Pellegrini. Chegou o defeso e o aviso de José Mourinho. Ou o dianteiro gaulês, envolto também em vários escandalos (acidentes de automóvel, problemas de balneário por recusar-se a aprender espanhol, a não convocatória para o Mundial pelo caso Zayra), tinha de se aplicar a fundo para contar para Mou. Uma jogada arriscada porque, tal como Kaká e Cristiano Ronaldo, o francês era um dos meninos-bonitos do "Ser Superior" que controla Madrid com a palma da sua mão (imprensa desportiva incluida), e desafiar um dos homens do presidente era algo que tinha saído muito caro ao técnico chileno.

Mourinho puxou por ele e deu-lhe oportunidades. Titularidades, em detrimento do menos dotado mas mais eficaz Higuain, e minutos a sair do banco onde o jogo "se vê melhor", para o português. Nada. Benzema desaproveitou cada uma delas e na goleada ao Racing Santander foi estrondosamente assobiado pelas bancadas do Bernabeu. Mourinho avisou-o. Murcia podia ser a sua última oportunidade. Uma hora depois do arranque do jogo, Benzema foi rendido. Caras largas no banco, nenhum gesto de ambas as partes. O principio do fim está cada vez mais ao virar da esquina.

 

Há dez anos o cenário foi o mesmo. No lugar de Mourinho, o plácido Vicente del Bosque. O homem que nunca arranja problemas.

Há poucas semanas o actual seleccionador espanhol confessou que os piores momentos como técnico foram vividos com Anelka sob as suas ordens. Porque não foi nada fácil. O adolescente Anelka despontou no PSG e foi logo "raptado" por Arsene Wenger para o seu recém-criado Arsenal. Na Premier League o dianteiro explodiu e transformou-se num dos mais letais goleadores do futebol europeu. Com 20 anos era uma estrela cintilante e portava-se como tal. Lorenzo Sanz, presidente então da entidade merengue, não resistiu ao talento do francês, mesmo avisado do seu dificil caracter. E contratou-o por 23 milhões de libras, o recorde máximo à época.

Anelka chegou a uma equipa repleta de jovens espanhóis como Raul, Morientes, Guti, Michel Salgado que vinha de uma série de meses convulsos que terminaram com a nomeação do interino Del Bosque como técnico. A equipa teve um desempenho doméstico sofrivel frente ao Barcelona de Louis van Gaal mas foi escalando eliminatórias europeias até que se viu na iminência de disputar um posto na final com o eterno rival. Nesse jogo, contra o Barça, Anelka foi o que esperavam dele. Estelar. Decidiu o apuramento do Real Madrid para a final espanhola, frente ao Valencia, em Paris.

Entretanto o seu caracter tinha-o tornado já persona non grata no balneário para os jovens espanhóis e para os veteranos Hierro e Sanchis. Recusava-se a falar espanhol, faltava aos treinos com assiduidade e um dia, pura e simplesmente, recusou-se a treinador. Foi o culminar de uma série de braços-de-ferro entre equipa e jogador. Foi multado e suspenso por 45 dias e colocado de parte pela equipa técnica. No final do ano, o novo presidente....Florentino Perez, vendeu o jogador ao PSG por cifras similares à da compra e livrou-se de um problema. O dianteiro demorou quase uma década até encontrar um clube estável e agora no Chelsea é um homem novo. Terá Karim Benzema de esperar, também ele, uma década, para finalmente provar o que vale?

Karim Benzema tem todas as condições técnicas para brilhar. Mas psicologicamente é um desastre, o jogador que gosta de ser a estrela e que a equipa existe em função da sua presença no terreno de jogo. Como ele houve dezenas de casos no passado e continuarão a existir no futuro. Resta saber se o dianteiro emendará a postura até ao final do ano ou se a sua aventura madrileña acabará por ter o mesmo fim que o seu compatriota há uma década atrás.



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Quarta-feira, 27 de Outubro de 2010

No dia em que o polvo Paul partiu desta para melhor, os espanhóis ficarão sem saber qual dos seus sete candidatos terá mais hipóteses de romper com um maleficio de quase 50 anos e emular o feito de Luis Suarez. A FIFA e a France Football anunciaram os candidatos ao renovado Ballon D´Or e, como era de esperar, o Mundial de Paul foi o factor determinante na escolha. Como será, naturalmente, na atribuição do prémio final. Mas a quem?

Xavi Hernandez, Andrés Iniesta, David Villa, Iker Casillas, Charles Puyol, Cesc Fabregas e Xabi Alonso.

Os espanhóis dividem-se sobre quem é o mais justo ganhador do novo Ballon D´Or, entregue em simultâneo pela FIFA e pela revista France Football. No país vizinho a certeza de que o ganhador será um dos seus é absoluta. Queixam-se, como sempre, de que os nomeados eram poucos. Havia que eleger os 23 campeões do Mundo, hombre!.

Desde a vitória, tão longinqua, de Luis Suarez, estrela do Barcelona e Inter de Helenio Herrera, que Espanha não voltou a ver um dos seus artistas triunfar no prémio individual mais cobiçado do mundo futebolistico. Nem Paco Gento, nem Emilio Butrageño, nem Josep Guardiola, nem sequer Raul Gonzalez. Nada de nada. Nem mesmo Xavi Hernandez, superado pelo mediatismo de Cristiano Ronaldo e Leo Messi no ano em que Espanha rompeu um maleficio de 40 anos e se sagrou campeã europeia. Mas agora parece que vai ou racha. O problema é saber quem escolher.

A FIFA (e a France Football, que parece ter saído a perder neste negócio), elegeu a 23 elementos. Todos eles brilharam no Mundial. Todos, menos Cristiano Ronaldo, talvez o jogador mais em forma do planeta. Por muito explosivo que seja o seu renascimento às mãos de Mourinho, o português sabe que dificilmente repetirá o seu quarto pódio consecutivo. Mais hipóteses tem Leo Messi, também ele com um Mundial muito abaixo das expectativas. Mas com um titulo de campeão espanhol e uma Bota de Ouro nas mãos (mais aquela admiração que o argentino é capaz de gerar, ao contrário do luso), pode ser suficiente para desafiar a "armada espanhola". Aliás, para os experts, só mesmo Leo ou algum membro da armada interista, podem dar a surpresa. Num trofeu que encontrou também o seu espaço para o Treinador do Ano. Vicente del Bosque vs José Mourinho, sem margem para dúvidas de que o primeiro pode ganhar como prémio de carreira e o segundo deveria ganhar pela imensidão da tarefa de ressuscitar dois mortos num só ano civil.

 

Wesley Sneijder seria o vencedor lógico do troféu se o mediatismo não superasse, como sempre, o rendimento real de uma só época desportiva (CV incluído).

Vencedor da Serie A, Taça de Itália, Champions League e finalista vencido do Campeonato do Mundo, é de todos os jogadores nomeados aquele que chega com o melhor palmarés. Mas é também fruto da labor de Mourinho e estrela de uma equipa pouco ou nada amada. E não é espanhol, que hoje em dia parece ser condição sine qua non para receber o elogio de turno. Outro holandês destacado é Arjen Robben. Tem o mesmo curriculum que o seu colega de selecção, exceptuando a Champions, perdida na final de Madrid. Robben tem mais perfil de "Balon D´Or", mas o seu timido arranque de época, entre algodões, e os falhanços na final de Johannesburg jogam contra si.

Sem Diego Milito ou Wayne Rooney, jogadores chave na última edição da Champions mas que não existiram no Mundial, nota-se a predominância do trofeu patrocinado pela própria FIFA. Daí sai o quinteto germânico composto por Philip Lahm, Miroslav Klose, Bastian Schweinsteiger, Mezut Ozil e Thomas Muller. Os três do Bayern Munchen têm atrás de si uma época doméstica imaculada, um grande ano europeu e um Mundial asfixiante (Muller foi melhor marcador e melhor jogador jovem da prova). Ozil é o rosto do novo Madrid de Mourinho e da nova Mannschaft de Low. São projectos de vencedores futuros, mas aquela meia-final contra a omnipresente Espanha ditou a sua sentença.

Asamoah Gyan, do Sunderland, Samuel Etoo, do Inter, e Didier Drogba, do Chelsea, representam o continente africano mas são cartas fora do baralho como os brasileiros Dani Alves, Maicon e Julio César. Quanto a Diego Forlan, MVP do Mundial e vencedor da Taça UEFA, espera-se uma votação simbólica. Mas sem opções reais. Porque depois há os espanhóis.

As divisões clubisticas fazem-se sentir na imprensa do país vizinho (a eterna campanha pró-Casillas em Madrid) mas há quatro nomes consensuais (Fabregas, Puyol e Xabi Alonso são um mistério na lista). O guardião do Real Madrid foi determinante na campanha espanhola (salvou um penalty frente ao Paraguai e dois golos certos da Holanda na final) e é, consensualmente, o melhor do Mundo na actualidade. O goleador David Villa demonstrou a sua eficácia no arranque do Mundial para depois desaparecer nos jogos decisivos (um pouco como agora lhe sucede no Barcelona e como sucedeu no Europeu). E ficam os artistas bajitos do Barça. Quem deles ganhará o pulso?

Andrés Iniesta foi o homem da final e isso conta (e muito nestas coisas). Marcou um golo determinante e confirmou-se como um dos mais determinantes jogadores do futebol actual (que o diga o Chelsea). É um jogador de low profile, "campechano" e muito apreciado onde quer que vá. Um fora-de-serie que teve um ano para esquecer e um Mundial de sonho. E depois há Xavi. Hernandez. O professor. O maestro, a régua e esquadro que definem um jogo de futebol. Para Xavi é a última oportunidade. Ele que é, sem dúvida, o melhor jogador espanhol da história. Ele que é, sem dúvida, o mais determinante jogador dos últimos cinco anos. Ele que é, sem dúvida, a razão de ser deste Barcelona tão idolatrado. Mas para Xavi um Ballon D´Or se calhar era pouco. Seria preciso criar um de diamantes, para se poder entender a diferença entre ele e o resto.



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Terça-feira, 26 de Outubro de 2010

365 dias a imprensa nacional deliciava-se com a fome de golos do renovado Benfica de Jorge Jesus, então a viver o seu expoente máximo na sua bem sucedida corrida ao titulo nacional. Um ano depois o bom futebol e a febre goleadora viajou rumo ao Norte e instalou-se, uma vez mais, no relvado do Dragão. O massacre aplicado à União de Leiria confirma um arranque de época imaculado para uma equipa que já sonha com os festejos de um São João antecipado.

Não há qualquer volta possível a dar a esta equação.

Com a excepção do demolidor Real Madrid de José Mourinho, não há nenhuma equipa no espectro europeu que apresente números tão convicentes e devastadores como o FC Porto. Os 5-1 aplicados a uma sempre dificil turma leiriense são apenas a cereja no topo do bolo. O culminar de dois meses de máximo nível que começaram com a vitória na Supertaça, frente ao eterno rival (que a partir daí entrou num estado vegetativo de que só a agora, a pouco e pouco, vai recuperando). E que se prolongaram com as imaculadas prestações europeias (cinco jogos, cinco vitórias) e com a liderança doméstica, com mais sete pontos que o rival mais próximo. Com 19 golos marcados e apenas 4 sofridos. Melhor ataque, melhor defesa, melhor onze, melhor técnico...

O dificil é realmente imaginar que a situação que agora se vive na Liga ZonSagres pode alterar-se significativamente até ao final do ano. Se o Benfica encandilava a época passada mas quem liderava a prova era o surpreendente SC Braga, agora parece que os dragões (que até já venceram os arsenalistas) têm as portas do titulo escancaradas. Faltam os duelos directos com os dois clubes da capital e ainda vinte e dois jogos pela frente. Muito. Mas a sensação dada no terreno de jogo não deixa muito espaço para recuperar terreno perdido. Não só pela solvência fisica com que os soldados de André Villas-Boas têm demonstrado, mas também pelo povoado banco de suplentes dos azuis e brancos, uma das principais falhas apresentadas na gestão desportiva da era Jesualdo. Não joga Rodriguez, joga Varela. Não joga Belluschi, joga Micael. Não joga Falcao, joga Walter. Não joga Moutinho, joga Souza. Não pode estar Rolando, entra Otamendi. Duvida-se na direita, há Fucile e Sapunaru. Quer-se abrir o terreno de jogo, aquecem Ukra e James. O incombustível Fernando não pode? Que se prepare o jovem Castro. Mais anéis do que dedos, num cofre que o técnico portista, a grande revelação da temporada, tem sabido gerir com precisão suiça.

 

Na noite de ontem, o Dragão voltou aos dias das goleadas do arranque da era Mourinho.

No mandato jesualdino vencer em casa foi sempre um problema e com números pouco expressivos. Fazia parte da sua mentalidade. Com Villas-Boas a equipa segue o espirito de Bobby Robson, o killer instinct que define os campeões. Aos 20 minutos o jogo estava resolvido com mais um golo de Hulk, realmente incrível neste arranque de época (ele que, na época passada, quando suspenso pela Liga era dos mais fracos jogadores da equipa azul). Desde o seu regresso, em Março, que os dragões não perdem. Vitórias em casa e na Europa para espantar fantasmas. E aliciar os grandes da Europa. O brasileiro é o elemento fundamental na estratégia azul. Marca e dá a marcar. Leva uma média goleadora que ombreia com o renascido Cristiano Ronaldo. Na noite de ontem, foram dois mais para a conta pessoal. Já são 13, divididos entre Liga (8) e Europe League (5). Números irresistiveis para uma equipa que conta, além do mais, com o resto do tridente ofensivo no top 3 dos goleadores da Liga. Inédito. 

O colombiano Falcao, depois de mais um inicio de época timido, reencontrou-se com o golo. Dois tentos, muito trabalho e uma ovação das bancadas. Varela, o terceiro em discórdia nesta matemática de resultado fácil, culminou a goleada amenizada por um tento de penalty, convertido pelo leiriense Carlão. Vitória indiscutida, liderança asfixiante e com o derby ao virar da esquina. O Benfica sabe que, qualquer resultado que não seja uma vitória no Dragão é um sério revez na corrida pelo bicampeonato. A pressão está toda do lado dos encarnados. E o renovado FC Porto já provou que sabe jogar bem quando tem o Mundo em contra. Uma renovação de mentalidade, mais do que modelo de jogo, que conseguiu capturar o espirito de injustiçados que já tinha permitido a brilhante recta final da última etapa de Jesualdo Ferreira no banco das Antas. E que sofreu os ajustes necessários (uma defesa alta, um toque de bola ao primeiro toque no miolo, um menor recurso ao contra-golpe como cartilha básica...) para dar o murro na mesa esperado.

Como qualquer lider à 8º jornada, é impossível pensar na ideia de encomendar faixas. Mas as sensações são importantes porque determinam a tendência de futuro. Um bom trabalho de pré-época e uma estruturação adequada permitiram ao FC Porto cumprir sem mácula a sua corrida rumo ao titulo. Os rivais facilitaram a tarefa com erros de palmatória que permitiram abrir uma brecha de sete pontos, quase um ponto por jornada. Resta agora a Villas-Boas gerir essa vantagem durante os sete meses que decidirão, inevitavelmente, a temporada. Mas os rivais sabem que este FC Porto está reformado por dentro e por fora. Este Dragão não tem vontade de brincar.



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Segunda-feira, 25 de Outubro de 2010

Houve uma época em que viajar à "Banheira" de Roterdão era mergulhar no próprio Inferno. Hoje quem vive escaldado debaixo da terra são os adeptos do Feyenoord. O primeiro grande do futebol holandês vive há largos anos uma crise financeira que ameaça já a própria sobrevivência do clube. A derrota humilhante por 10-0 em Eindhoven apenas reforça o inevitável. O gigante de Roterdão fez-se imensamente pequenino.

Em 1983 o Feyenoord perdeu por 8-2 contra o PSV. Naquela equipa militava já um jovem flamante Gullit. A derrota destrozou as opções do clube na corrida ao titulo mas a curto prazo significou um "reboot" da equipa. Dois anos depois o clube de Roterdão dava a volta por cima e fazia história. Mas aquela tarde foi como uma pequena excursão ao inferno.

Foi a última vez que o gigante de Roterdão viveu uma noite de enfarto. Até hoje. A era de ouro já tinha passado mas a pouco e pouco os de Roterdão foram recuperando o seu prestigio perdido. Mas nada era como antes. Em 1969 os vermelho e brancos tinham feito história ao sagrar-se campeões europeus, o primeiro clube do norte da Europa não britânico a lograr um feito que marcaria tendência para a década e meia seguinte. Foi o inicio de uma era de quatro ceptros europeus consecutivos para a Holanda. Mas seria o único do Feyenoord. Superado pelo Ajax de Johan Cruyff, os de Roterdão passaram a um inevitável segundo plano interno e europeu. Mesmo assim reconquistaram o ceptro holandês várias vezes durante a década e em 1974 voltaram a uma final europeia, a Taça UEFA, ganha diante do Tottenham Hotspurs. Em 1984 o clube viveu a sua última grande época. Com Johan Cruyff e Ruud Gullit no ataque, os de Roterdão fizeram a dobradinha pela última vez na sua longa história e quebraram uma fome de dez anos de titulos domésticos. A ascensão financeira do conjunto patrocinado pela empresa Philips, o PSV Eindhoven, durante os inicios dos anos 80 foi um duro golpe para o conjunto do imenso De Kuip. O PSV sagrou-se campeão europeu em 1988 e o Ajax voltou a vencer em oito anos três provas europeias (a Taça da Taças em 1987, a Taça UEFA em 1991 e a Champions League em 1995), relegando definitivamente Roterdão para o terceiro posto na lista dos grandes clubes orange. Uma queda acompanhada por graves problemas financeiros que foram abalando as estruturas do "gigante adormecido". A equipa especializou-se em ganhar Taças da Holanda (sete em nove anos) vendo-se no entanto incapaz de acompanhar o ritmo dos eternos rivais na Eredivise. Em 1999 a equipa surpreendeu tudo e todos e voltou a sagrar-se campeã nacional. Pela primeira vez desde 1984. Pela última, até hoje.

 

Não foi na majestuosa "banheira" de Roterdão. Foi no estético Philips Stadion, transformado em inferno durante 90 minutos.

O Feyenoord chegou a Eindhoven com problemas. Seguia 14º (numa liga de 18) e sem grandes perspectivas de voltar a lutar por um posto europeu, uma realidade cada vez mais utópica para uma equipa habituado às altas andanças. Os graves problemas financeiros dos últimos anos significaram a aplicação de uma politica de zero investimento. O Feyenoord sobrevive, hoje, graças às suas pérolas de formação. Luc Castaignos e Georginio Wijnauldum têm as horas contadas no De Kuip. O clube sabe que terá de os vender para abater o gigante passivo mas sem as duas grandes promessas do futebol holandês a situação adivinha-se ainda mais critica. Ontem estavam os dois no relvado. De pouco lhes valeu.

O PSV, lider invicto da prova com 21 pontos, estava na máxima força para o derby. Ao intervalo os de Eindhoven já venciam por 2-0, com golos de Jonathan Reis e Ibrahim Afellay. A expulsão de Leerdam facilitou o trabalho aos eternos rivais mas foi a apatia dos jogadores de Roterdão que acabou por fazer toda a diferença. No segundo tempo o PSV marcou oito golos em....40 minutos. O brasileiro Reis voltou a fazer o gosto ao pé por duas vezes (47 e 59), e o sueco Toivonen (49), os holandeses Lens (55 e 87) e Engelaar (69) e o hungaro Dzsudzsak (62 e 77) juntaram-se à festa. Perante o olhar impávido dos cinco mil adeptos do Feyenoord que não sabiam como reagir perante o desmoronar histórico da sua equipa. A maior derrota de sempre, uma goleada imprópria, até para uma liga onde os golos costumam fluir em abundância. 10-0, impensável, inevitável, bem real. Um aviso muito sério para o duro amanhã de uma equipa que já roça os postos de despromoção com um quarto da época já ultrapassada.

Sem rumo, o projecto do Feyenoord começa a entrar numa perigosa espiral. Ausente da Europa, ausente dos primeiros postos, suplantado pelos renovados projectos dos eternos rivais e pela ascensão de equipas sem um passado glorioso mas com um sustentado projecto de futuro, o clube de Roterdão começa a correr sérios riscos de sobrevivência. Entre planos megalómanos de um novo estádio de 130 mil lugares, os adeptos desesperam. A equipa corre o risco de descer de divisão, pela primeira vez na sua centenária história. Perder 10-0 pode ser só uma anedócta. Mas é também um simbolo. O inferno desceu à terra em Roterdão.



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Sábado, 23 de Outubro de 2010

Chegou a Janeiro de 2007 envolto em mistério e polémica e nunca caiu no goto da exigente massa adepta merengue. Quatro anos depois Marcelo já é, por direito próprio, um dos mais determinantes laterais do futebol internacional. Uma mutação progressiva que se acelerou nos últimos quatro meses. Marcelo é o exemplo perfeito da metamorfose mouriniana.

Ramon Calderón resgatou-o das garras do Sevilla e apresentou-o com Gago e Higuain numa tarde fria de Janeiro de 2007.

O Real Madrid de Fabio Capello vivia à sombra do (ainda) grande Barcelona de Frank Rijkaard e os adeptos pareciam não perdoar ao presidente e ao seu director.técnico, Pedja Mijatovic, contratações tão low profiles. Capello usou-o, Schuster abusou dele e Juande Ramos deu-lhe um posto como falso extremo do seu controlado ataque. Durante quatro anos o jovem Marcelo (hoje com 22 anos) já fez todo o corredor esquerdo do Santiago Bernabeu. Como lateral, como interior e como esquerdo. E nunca acabou por convencer aqueles que viam nele o sucessor natural de Roberto Carlos. Que o é. Basta ver as suas últimas e quase perfeitas exibições.

Mourinho também duvidava. Quando chegou a Madrid o posto de lateral esquerdo era, para ele, uma prioridade. Falou-se na veterania de Ashley Cole, na destreza táctica de Aleksander Kolarov ou na irreverência de Gareth Bale. Nomes em cima na mesa que nunca passaram de especulaações, sonhos frustrados ou rumores. O certo é que, rapidamente, o sadino se convenceu que tinha em Marcelo a matéria prima para moldar um jogador à sua medida. O técnico português tem, no seu historial, jogadores feitos à sua imagem e semelhança. No Leiria trabalhou Derlei até se tornar no seu protótipo perfeito de dianteiro, algo que reeditaria, a outro nível com o marfilhenho Drogba. No FC Porto foi Maniche, o mal-amado ex-capitão encarnado, que se transmutou às ordens do português para se tornar num dos médios mais desiquilibrantes do futebol europeu. Ou o brasileiro Carlos Alberto, conflituoso, rebelde e instável, mas determinante às ordens do luso. Em Londres foi Lampard que se tornou no seu homem de confiança, passando de um médio centro talentoso a um super-centro campista, sem limites. E por fim foi a vez de Sneijder erguer-se como o seu braço-direito no campeão europeu neruazurro. Em Madrid o homem que Mourinho melhor soube trabalhar, até ao momento, é sem dúvida o lateral brasileiro.

 

Marcelo está num tal estado de graça que a sua superioridade é palpável a cada movimento. 

Rigido a defender, com uns rins insuspeitos, é cada vez mais dificil ganhar um duelo individual com um jogador que há um ano foi presa demasiado fácil do eléctrico Jesus Navas. Hoje o elemento electrizante é o brasileiro, que trabalha à perfeição com Pepe e Ricardo Carvalho, formando uma conexão com sotaque português que se tem revelado como o vector fundamental da manobra defensiva do Madrid.

Para Mourinho, Marcelo é fundamental porque se transforma no seu Maicon, num lateral reinventado. A sua segurança na defesa permite o funcionamento exacto do relógio da retuguarda e a sua aptidão ofensiva, da velha escola de laterais brasileira que remonta a Djalma Santos na década de 50 e se extende até Roberto Carlos, dá a margem de manobra para os desiquilibrios tácticos que Mourinho imprime durante o jogo.

Marcelo sobe e muda o desenho. Marcelo penetra no centro e rasga o jogo. Marcelo recupera e restaura a ordem táctica. Movimentos simples e coordenados à perfeição e que têm sido imagem de marca deste renascido onze madrileño. A sua velocidade e facilidade de comunicação com Cristiano Ronaldo permitem-lhe galgar toda a banda e transformar-se num autêntico extremo ou interior, mudando o desenho do 4-2-3-1 para um 3-4-3 ou um 2-3-4-1.

Aproveitando a capacidade de Cristiano Ronaldo e Di Maria em puxar para si as marcações defensivas, o brasileiro tem via verde para desiquilibrar e associar-se com Ozil e Higuain no ataque. Um truque já utilizado por Mourinho com Maicon e que Guardiola usa e abusa com Dani Alves. Todos filhos da mesma escola, todos laterais fundamentais para o rigido futebol táctico que pauta o jogo contemporâneo. Se antes Marceloa ia e dificilmente voltava, agora Mourinho transformou-o num elevador supersónico, capaz de manter a frieza mesmo com marcações mais complicadas. Frente ao AC Milan foi o lado direito (onde vagabundeava Arbeloa) onde surgiram as brechas. Pela esquerda viveu a dinâmica de jogo merengue. Não foi a primeira vez, nem será a última.

Marcelo é, hoje em dia, o lateral mais desiquilibrante do futebol europeu. Um verdadeiro salto de maturidade e uma licção de ensino capaz de fazer corar os mais criticos do brasileiro. Mourinho elegeu-o como o homem a moldar e acertou. O brasileiro mostrou ter a disponibilidade mental e a força fisica para dar o salto e passar de um jogador interessante a uma certeza abrumadora. O seu lugar entre a elite está assegurado. Só falta imaginar qual será o próximo passo.



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Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010

A consagração de uma grande equipa logra-se nos palcos europeus. Se o Barcelona de Guardiola ou o FC Porto de José Mourinho não tivessem aliado o seu esmagador domínio interno à vitória na Champions League, hoje olhar-se-ia para essas duas equipas de forma bem distinta. Wenger tem essa assinatura pendente, Ferguson viveu durante muitos anos nesse vazio e o "Chelski" continua fora da elite porque falhou o assalto à "orelhona". O Benfica tinha, esta época, a oportunidade de ouro para demonstrar que a época passada não foi um acaso. Até agora a desilusão não podia ser maior. Este campeão está na prova errada.

Três pontos, os mesmos que o estreante Braga (nestas andanças) ou que o Cluj, Basel FC ou Marseille.

Muito pouco, demasiado pouco para uma equipa que regressava à Champions com ambição e um discurso que apontava mesmo à final de Londres, a 28 de Maio. Prosápia para vender jornais que não encontra qualquer tipo de justificação no relvado. Chegados ao equador da primeira fase o Benfica tem ainda abertas as portas do apuramento. Mas se o primeiro lugar do grupo é já uma miragem (o Lyon leva mais seis pontos e basta-lhe apenas uma vitória para carimbar a liderança) a verdade é que mesmo o segundo lugar começa a tornar-se algo bem mais complicado do que muitos previam. Num grupo claramente acessível, talvez o que mais na primeira fase, o Benfica apenas venceu o adversário mais débil, os israelitas do Hapoel Tel-Aviv. Uma derrota convincente na Alemanha, frente ao mais fraco Schalke 04 de que há memória em terras germânicas, e um repasso futebolistico em França, contra um renascido Lyon (que há um mês andava também pelos últimos lugares da Ligue 1) foram suficientes para deixar a nu todas as debilidades de uma equipa sem estofo para a alta-competição. Tal como se vai observando no desenrolar da Liga SagresZon, o Benfica planeou mal a época em que sabia que ia ter quatro frentes de combate bem abertas. A legitima ambição europeia empolgou os adeptos mas não encontrou eco na reestruturação do plantel depois de perder os dois elementos chave na reconquista do titulo nacional, RamiresDi Maria. O técnico Jorge Jesus perdeu a profundidade de campo que os dois sul-americanos lhe davam e teve de confiar nos regulares e nada espectaculares Carlos Martins, Ruben Amorim e Nicolas Gaitan para dar a volta. Sem sucesso.

 

Contra o Lyon o Benfica voltou a ser uma equipa mansinha, facilmente domada e, acima de tudo, tremendamente infantil.

Os franceses, semi-finalistas da época passada, são uma equipa de verdadeiro estofo europeu e levam já oito anos (a contar com este) com uma presença assegurada na fase a eliminar. Mesmo nos maus momentos, é uma equipa capaz de bater o pé a qualquer um. Que o diga o Real Madrid, na época passada. O Benfica chegou com um discurso de facilitismos e saiu com a licção bem aprendida. Gaitan viu em solo francês os cartões que habitualmente ficam no bolso em Portugal e deixou os colegas em inferioridade numerica contra uma equipa astuta como uma raposa e ferida no orgulho. O primeiro golo dos Gonnes surgiu das habituais desatenções do sector defensivo encarnado. Excelente remate de Michel Bastos, bola no poste, o lance continua a meio-campo, Gourcouff recupera a bola perdida infantilmente (uma de tantas) por Carlos Martins, e com o brasileiro monta um contra-golpe rápido e letal. Jimmy Briand, uma das grandes promessas do ataque gaulês, fez o mais fácil. Percebia-se bem a diferença de atitude, a mesma que levou ao repasso futebolistico em Liverpool na passada temporada, onde a falta de maturidade de Jesus e as desatenções do sector defensivo terminaram, abruptamente, com a campanha uefeira dos encarnados.

No segundo tempo o Olympique Lyon continuou o seu dominio claro e o Benfica continuava sem arranhar.  O jogo a meio campo era ganho pelo músculo de Pjanic e Gonalons, e pelo imenso talento do jovem Gourcouff, fundamental na campanha europeia do Bordeux no ano passado. Tal como contra o Hapoel (onde só o golo de Luisão evitou o escândalo) e contra o renascido Schalke 04 (com um Raúl já recordista), no desafio contra os franceses percebeu-se que a este Benfica falta algo mais que profundidade. Sem velocidade, sem espirito matador (um golo em três jogos) e sem concentração, foi fácil a Lisandro Lopez, o dianteiro, ex-FC Porto, que conhece bem a defesa encarnada, ampliar a vantagem. Um lance onde a defesa encarnada, pela enésima vez, viu jogar e acabou com as mãos na cabeça. 2-0, e obrigado.

Mais do que a derrota, ficou a imagem de que o SL Benfica é, realmente e ainda, uma equipa de Europe League. Não mostrou grandes diferenças em relação ao estreante Braga e deixou a nu a grande dificuldade das equipas portuguesas em medirem-se de igual para igual nos grandes palcos europeus. Vencer os próximos dois jogos torna-se portanto, fundamental, para sonhar com os Oitavos. Com o calendário a apertar, cada segundo conta. E este Benfica, há muito se nota, começou a época já a correr contra o tempo. Mau sinal, depois de tanta ambição!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 08:11 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Quarta-feira, 20 de Outubro de 2010

Exibição de gala europeia merengue era algo há muito não visto. O Real Madrid repetiu o melhor arranque da prova que data de 2003/2004 e espanta os fantasmas das decepcionantes campanhas recentes. Tudo obra e graça de um treinador que chegou com o rótulo de técnico defensivo e calculista e que vai armando, a pouco e pouco, uma equipa de primeiro plano internacional. O dedo de Mourinho já faz girar a Castellana...

Os mais criticos, porque sempre os há, passaram o último mês a contar as horas para o duelo de ontem, no Santiago Bernabeu.

Defendiam que o renascido Real Madrid funcionava com equipas de baixo perfil (leia-se Real Sociedad, Deportivo e Málaga), mas que ainda não tinha tido um rival à altura. E o AC Milan era-o, nem que fosse, pelo nome. Ou só por isso.

A resposta no terreno de jogo foi conclusiva e não deixa lugar a dúvidas. Em quatro meses de trabalho o português José Mourinho revolucionou o futebol do gigante espanhol. A sua fórmula de trabalho já se nota em todas as linhas e apesar de ter ainda muito que trabalhar, o sadino pode estar satisfeito. A adaptação e assimilação da sua cartilha foi lograda em tempo recorde. Os adeptos madridistas recuperaram a velha ilusão de grandeza que o último Barcelona, talvez o mais completo de sempre, lhes usurpou meritoriamente nos últimos dois anos. Hoje voltam a sentir-se importantes. Grandes. Reflexo da atitude dos jogadores e da postura de um técnico que é também um lider com dons de profeta. A exibição contundente do clube branco frente aos rossonero não permite outras leituras. O AC Milan não é o gigante que já foi, é certo. Mas tem um projecto igualmente ilusionante que mistura unidades individuais desiquilibrantes por natureza (Ronaldinho, Robinho, Pato, Ibrahimovic), com um nucleo medular estoico e irrascível representado pela velha guarda do futebol italiano (Nesta, Zambrotta, Gattuso, Pirlo). Uma conjunção que encheu a moral de Massimiliano Allegri para o confronto com Mourinho. Que perdeu, naturalmente.

 

A cartilha de Mourinho foi demasiadas vezes acusada de defensiva. Vistas curtas chamemos-lhe.

O técnico gosta de uma defesa sólida e compacta, sem margem para o erro. Não é por acaso que é a única equipa sem golos sofridos na Champions League e a melhor defesa da Liga Espanhola (3, contra 6 dos rivais directos, o dobro). É uma equipa montada de trás para a frente, com a precisão como palavra-chave. Talvez por isso a contratação mais elogiada na ressaca do festim ofensivo tenha sido, precisamente, Ricardo Carvalho. O central português foi imperial e formou com Pepe uma dupla intransponível. Ao lado de Marcelo, que merece uma menção à parte, permitiu a Casillas passar uma noite tranquila que só teve de lidar com dois sustos pontuais. Já Arbeloa mostrou que continua a ser um elo fraco neste plantel, mas tendo em conta que é uma clara segunda opção para o eixo defensivo, não se torna realmente num problema a corrigir. A partir daí, dessa defesa sempre avançada, com os laterais rapidamente a incorporarem-se nas manobras ofensivas, Mourinho consegue encolher e ampliar o campo a seu gosto. O 4-2-3-1 com que arranca o jogo é, tantas vezes, um 2-3-4-1, com Arbeloa e Marcelo ao lado de Khedira, dando redea solta a Xabi Alonso para se juntar ao concerto ofensivo. Ou mesmo um 3-4-3 claro, com Marcelo a galgar o corredor e Xabi Alonso a fechar à direita, dando espaço a Ozil para vir atrás e começar a combinação no miolo. Durante o jogo Mourinho muda por completo a disposição da equipa. Sempre com os olhos na baliza contrária. Usa extremos puros a perna trocada - Di Maria pela direita e Cristiano Ronaldo pela esquerda - para ampliar o poder de fogo, com Higuain como pivot involuntário. Ozil tem carta branca e classe suficiente para dar outro pedigree a uma equipa a que lhe faltava um pensador natural. O alemão foi o melhor no terreno de jogo, pautando o ritmo e permitindo a exibição superlativa de todos os colegas. E se Higuain foi o de sempre, se Di Maria foi incansável a defender e tosco a atacar, Cristiano Ronaldo voltou a ser ele mesmo. É um dos três grandes méritos do técnico português desde a sua chegada ao banco do Bernabeu. O renascimento desportivo de Ronaldo é a melhor noticia para os merengues. Golos, assistências, tabelas ao primeiro toque, sprints endiabrados, jogo colectivo misturado com lances individuais. Um jogador completo, a anos-luz da imagem deixada na época passada. Os golos surgem, naturalmente, mas é nas assistências que o renascido CR7 se tem mostrado eximio. Boas noticias que o AC Milan teve de sofrer na pele com dois golos num só minuto, ambos com a chancela do português. Golo e assistência. Um hábito já.

A vitória, os 9 pontos, o melhor goal-average e a qualidade de jogo avalam o mandato de Mourinho. O técnico defensivo transformou uma equipa temerosa numa máquina de ataque. Preocupa-lhe a falta de eficácia (ainda se perdem muitos golos e bastantes passes no último terço), mas a perfeição das movimentações e a segurança defensiva são uma realidade indismentível. José Mourinho já revolucionou Madrid. O próximo passo é ir actualizando os upgrades que o programa precisa para manter o nível até ao sprint final. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:10 | link do post | comentar

Terça-feira, 19 de Outubro de 2010

O abelhudo micro da reporter da Sexta espanhola apanhou um avispado Cristiano Ronaldo farto das perguntas sobre a sua falta de pontaria. Chamou-lhe "la puta ansiedad". Um problema que a imprensa gosta de hiperbolizar ao extremo e que afecta, num momento ou outro, qualquer jogador que viva do golo. Uma crise goleadora que já deixou de afectar o português mas que grassa por meia Europa deixando vitimas ilustres pelo caminho...

David Villa fintou o problema da "ansiedade", reforçando a ideia de que ele, como qualquer goleador de top que se preza, vive com ela desde que tocou pela primeira vez na bola. E é a mais pura realidade. No mundo do futebol jogam 11 contra 11 mas só há dois modelos de jogadores com os focos constantemente em cima: o guardião e o goleador.

Uma relação intimamente ligada com a sua evidente productividade. Um médio centro pode perder bolas e compensar com recuperações. Os extremos podem baixar o volume de assistências e resolver o problema com golos. Os centrais podem falhar marcações mas emendar-se com cortes cirúrgicos. Os guarda-redes e os ponta-de-lanças. Não vivem com a opção. O guara-redes é o eterno bode espiatório das derrotas, o homem que raramente é alabado pelas suas defesas e que acaba facilmente crucificado pelos erros. E vive com isso, melhor ou pior. Já o avançado pode trabalhar para a equipa, e aliás, esse dianteiro corporativo ganhou popularidade nos últimos anos com os técnicos mais disciplinados, mas o adepto nunca o perdoará se passa por um daqueles periodos de seca angustiado, de pólvora molhada. De perda do instinto assassino que faz parte do seu ADN. Sem golos o avançado perde a chama. Ele perde a confiança, o técnico duvida, o público assobia e o defesa rival cresce. É uma equação de fácil resolução. Basta a bola entrar. Uma vez. Mas, primeiro que entre...

 

Cristiano Ronaldo viveu esse estigma no inicio do ano.

O Bota de Ouro 2007/2008 tardou vários meses - e milhões de remates disparatados depois - até encontrar-se com o golo. E agora é o Pichichi da Liga Espanhola (e o rei das assistências também) e o jogador mais em forma do campeonato do país vizinho. E no entanto, há poucas semanas, tinha de conviver com a "puta ansiedad". Um problema que a imprensa desportiva diária, na eterna busca pela sobrevivência/lucro, gosta de enfocar. Comparativas, estudos, análises, flashbacks. Tudo vale para despojar o dianteiro do seu orgulho até que a bola não rompe com a lógica e establece a tranquilidade do golo ao seu dono, o goleador.

Agora são outros os "ansiosos". Em Espanha, David Villa, tem de viver com o peso da sua chegada a um clube que arrancou a época de forma mais titubeante que se imaginava. Nem o goleador do ano passado, Leo Messi, nem David Villa parecem encontrados com o golo. O argentino está numa forma deficiente desde o Mundial. O espanhol, goleador do torneio e contratação mais cara do defeso estival, já marcou com a camisola blaugrana. Mas pouco, demasiado pouco. Contra o Valencia, a sua antiga equipa, tiveram de ser Iniesta e Puyol a salvar a honra do convento. Pela equipa espanhola, só de penalty, na Escócia, o dianteiro conseguiu marcar. Depois de dezenas de oportunidades clamorosas ao lado. O seu companheiro de selecção, a meias entre lesões e um clube em pleno estado comatoso, Fernando Torres, é outro caso se ânsia incontrolada. O seu treinador, Roy Hogdson, menos compreensivo que Guardiola ou Mourinho, já deu a receita ao desinspirado homem golo. Mas até a bola não entrar, as palavras servirão de pouco. E que dizer de Diego Milito, o Principe que Mourinho ergueu em San Siro e que agora vive à sombra do vazio. Não marca, não faz jogar, não ilusiona. Esfumou-se no espaço e no tempo. Edin Dzeko e Ivica Olic, promessas eslavas cumpridas da Bundesligas vivem também o seu divórcio com o "thor". Como os Gomis, Lisandro, Gervinho e companhia na Ligue 1. Ou o inefável Wayne Rooney, que há meio ano que não marca a não ser de penalty. A ansiedade é um virus internacional.

Como sempre as ondas vão e vêm e o mar segue igual. O goleador que não marca hoje inevitavelmente marcará amanhã. Se exceptuarmos os casos dos dianteiros pontuais, com um ano em alta, a maioria dos grandes avançados do futebol internacional vivem de altos e baixos. Épocas de grande productividade vão caminhando ao lado de épocas de longas secas goleadores. Mas é preciso vender, interessar o público, dividir para reinar. Falcao, Liedson e Cardozo deixaram de valer porque a bola deixou de entrar? Villa, Torres, Rooney, Milito e companhia já não fazem parte da elite? Ilusões vendidas em papel barato de baixo custo. O futebol vive a sua própria linguagem, e no campo não há espaço para a "puta ansiedade".



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:46 | link do post | comentar

Segunda-feira, 18 de Outubro de 2010

Uma tremenda tempestade galopa ferozmente sobre os céus do "Teatro dos Sonhos". Um verdadeiro pesadelo sob a forma de Wayne Rooney que deixa a nú todas as debilidades de um clube que foi perdendo poder e voz no altamente competitivo mundo da Premier League. A nefasta gestão da familia Glazer abriu as portas de um vendaval que pode deixar danos colaterais dificeis de reparar.

Quando Cristiano Ronaldo abandonou Old Trafford pela porta pequena (deixando 90 milhões de euros nos cofres e um mau sabor de boca para os adeptos) o clube encomendou-se à figura de Wayne Rooney. O rebelde dianteiro que tinha explodido em 2004 estava há quatro anos à sombra do extremo português. Ronaldo era santo e senha para Ferguson e Queiroz e o avançado, contratado ao Everton assim que despontou na Premier com os toffees, era relegado para um segundo plano nada cómodo. Tanto que outra figura de dificil carácter, Carlos Tevez, fulcral naquela equipa campeã da Europa em 2008, foi incapaz de suportar. Tevez partiu para o rival de Manchester mas Rooney ficou. E prometeu amor eterno ao clube mancuniano. Ferguson agradeceu o gesto e prometeu montar uma equipa à sua volta. E cumpriu. O arranque do Man Utd 2009/2010 foi obra e graça de Wayne Rooney. Marcou como nunca na sua carreira - agora finalmente deslocado para o centro do ataque - e tornou-se na figura e simbolo de um Manchester regenerado. Mas imensamente débil. A sua lesão, no momento critico da época, deitou tudo a perder. A eliminação diante do Bayern Munchen (num jogo que estava ganho ao intervalo mas onde Ferguson teimou em alinhar um lesionado Rooney) e depois a derrota frente ao Chelsea hipotecaram os titulos a que o clube ambicionava. Rooney regressou a tempo de viajar ao Mundial mas aí esteve apenas como figura de corpo presente. Desde Março que não marca um golo sem ser de grande penalidade. Demasiado para qualquer dianteiro, mais ainda se é alguém que vive sempre no olho do furacão como Rooney, homem marcado pelos escândalos da sua vida fora dos relvados. A sua relação com uma familia marginal, o tormentoso casamento, as sucessivas lesões. Tudo isso levou a uma constante degradação da relação entre o técnico e o jogador. Até que estalou. Provavelmente, de vez.

 

Ferguson já perdeu grandes figuras e sempre seguiu em frente.

Teve de enfrentar a retirada precoce de Eric Cantona, os problemas com Paul Ince, David Beckham, Jaap Stam e van Nistelrooy. Sobreviveu até à birra de Cristiano Ronaldo, obrigado a um ano de castigo (com titulo de campeão incluido) pela sua tentativa falhada em forçar uma saída não prevista para Madrid. Porque em Old Trafford prevalece a palavra do mister. Sempre o foi. Até hoje.

Rooney quer sair porque está farto do ambiente que o rodeia num clube que se parece cada vez menos aquela estrutura autoritária que há 20 anos domina o futebol inglês. Não porque Ferguson tenha mudado. O técnico até evoluiu tacticamente - passou do esfingico 4-4-2 a uma variante hábil do 4-3-3 e do 4-2-3-1 - e passou a confiar mais no trabalho de pesquisa dos seus olheiros que lhe foram descubrindo várias pérolas ao longo da última década. Mas a chegada da familia Glazer ao clube retirou-lhe o poder financeiro que sempre lhe permitiu controlar cada minimo detalhe da vida do clube. A venda de Cristiano Ronaldo fez entrar 90 milhões de euros nos cofres do clube. Desde então as inversões no mercado foram minimas e pontuais. Valencia, Chicharito, Bebé, Obertan Smalling foram as suas únicas movimentações. Nenhum jogador de nome para ganhar os adeptos e liderar o projecto. Nenhum jogador com experiência e caracter para aguentar a cada vez mais dura concorrência dos clubes de Londres. Apenas promessas que precisam de tempo e espaço para crescer.

No meio de tudo isso o técnico aproveitou para criticar o mecanismo do mercado actual e defender os valores do futebol de formação. Manobras de distração. Enquanto isso, e desesperado por não contar com as mesmas armas que os rivais, foi prolongando a longa carreira dos seus tenentes Scholes, Neville e Giggs, mesmo quando a sua frescura já não permite pautar o jogo como antes. Até Berbatov, o mal amado, recebeu uma dose extra de confiança - pelo menos até que o jovem mexicano e o italiano Macheda se tornem goleadores a sério. Tudo porque a direcção recebeu milhões para tapar os seus buracos financeiros que fizeram do mais rico clube do Mundo o maior devedor. A ponto da oferta de renovação de contracto de Rooney ter ficado a anos-luz do que o dianteiro de 24 anos esperava. Outro motivo para a rebelião.

Se perder Wayne Rooney o mais certo é que Alex Ferguson saque um coelho da cartola. Sempre o fez. Mas os sinais dados por Old Trafford nos últimos anos não enganam. O clube já não é o que era e sem essa estructura que custou tanto ao escocês criar começa a desfazer-se como um castelo de cartas. O Man Utd não tem hoje nível para ser considerado favorito na Premier e na Champions. Tentará sobreviver, o melhor que pode. Sem Rooney será uma luta mais dificil. E com o vizinho de Liverpool a mergulhar numa crise sem precedentes, fica dado o aviso. Uma gestão americana num clube inglês não tem sido um sinónimo de sucesso. A tempestade aproxima-se velozmente!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:24 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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