Terça-feira, 31 de Agosto de 2010

Aqueles capazes de fazer memória recordar-se-ão, certamente, do drama desportivo que resultou ser a estância portuguesa na pequena localidade mexicana de Saltillo. Uma memória fácil de evocar quando nos deparamos, quase 25 anos depois, com uma parte activa desse embróglio que destroçou a imagem internacional do futebol português na sua perseguição ao homem que, precisamente, mudou o curso da nau rumo ao abismo.

Haverá muitos portugueses que queiram ver Carlos Queiroz na rua.

Pelo seu futebol defensivo, dirão uns. Pela incapacidade de se impôr como um lider de balneário, preferirão outros. Ou, pura e simplesmente, por acharem que o seu perfil de erudito e estudioso do jogo e das suas variantes não é compatível com a selecção portuguesa, ainda patrocinada por uma Federação Portuguesa de Futebol a roçar o puro amadorismo. A questão central é que, todos os motivos poderiam ser válidos para substituir o seleccionador que logrou o apuramento para os Oitavos de Final do último Mundial, onde caiu diante dos futuros campeões do Mundo sob o olhar critico e dedo levantado de Deco, Cristiano Ronaldo, comentadores desportivos e mundo do futebol em geral.

O despedimento de Queiroz nessas circunstâncias seria igual ao de tantos outros técnicos, face ao poder do determinismo dos resultados, a performance que para muitos mede o real sucesso de um treinador. Os mesmos que se esquecem quem é, realmente, o técnico com mais titulos a nível de selecções com Portugal. Ou até daqueles que glorificam treinadores de muita prosápia e poucos troféus, mas que apostam no marketing apaixonante do jogo bonito, desse beautiful game mágico, que ajuda a esconder a decepção da derrota. Nem Queiroz é Arsene Wenger, nem nunca o poderá ser. Pelo menos em Portugal.

A sua suspensão por seis meses, a tornar-se efectivo, significa naturalmente o final do seu mandato como seleccionador. É impensável que um candidato ao ceptro europeu, a disputar daqui a ano e meio na Polónia e Ucrânia, esteja inabilitado de gerir a sua própria equipa nacional. Especialmente no arranque da fase de qualificação. A sua ausência do duplo encontro desta semana abre já a ideia de que este Portugal será mais um projecto interrompido antes de tempo, depois de suceder a um outro que se eternizou tempo demais.

 

Os insultos que Carlos Queiroz dirigiu aos responsáveis por um controlo anti-doping durante o estágio da Covilhã nunca deveriam colocar em causa a imagem da selecção de Portugal, dentro e fora de portas. Um seleccionador nacional - Luiz Felipe Scolari - agrediu um jogador em pleno desafio, e o máximo que sofreu na pele foram quatro jogos de suspensão, calculados ao milimetro. Nunca o seu posto foi colocado em causa. E, no entanto, a sua agressão fisica, visivel por tudo e tudos, incluindo FIFA e UEFA, parece desvalorizada face à atitude compreensivel de um treinador que vê o seu trabalho - gestor de homens - interrompido sem sentido por uma brigada vampirica que se preparava para antecipar o despertar da comitiva lusa sem qualquer aviso prévio ou noção do ridiculo. Palavras leva-os o vento, lá diz o dito, mas em Portugal a coisa é bem diferente. Uma palavra só pode valer mais que uma agressão? Pode, se atrás do palco se estiver a mover o imenso polvo que é, ainda, a FPF.

Amândio Carvalho foi rotulado como a cabeça do polvo pelo próprio seleccionador, numa entrevista enraivecida e algo inocente. O mesmo homem que ajudou a tornar Saltillo no pesadelo que acabou com as aspirações dos Patricios em 1986, volta agora à carga. O homem que então foi incapaz de coordenar um estágio pré-Mundial, com uma equipa nacional isolada no meio do deserto mexicano, num hotel sem condições, sem ter rivais com que treinar e com uma estância de quase um mês face à curta semana que outros rivais, directos, tiveram de suportar. O mesmo homem que se revelou inapto para coordenar com o então presidente federativo, Silva Resende, a questão dos prémios de jogo, acusando posteriomente o seleccionador de então, José Torres, e o grupo de jogadores - que justamente se rebelou durante um ano - de serem os responsáveis pelo descalabro em que se tornou a precoce eliminação dos lusos. O homem que se tem mantido na sombra de três presidentes da FPF, mantendo sempre o seu posto, misterioso como poucos, e a sua influência. O homem que, em véspera de um play-off decisivo, teve o despeito de dizer ao próprio Queiroz - já contestado - e a quem quisesse ouvir que ele, "não é o meu seleccionador". O homem que lançou os cães e agora se prepara para recolher os dividendos. O homem que encarna na perfeição, o futebol português.

 

Carlos Queiroz, inevitavelmente, está de mãos atadas.

Se é suspenso, finalmente, o seu mandato chegará ao fim, com ou sem indmenização, por muito que recorra à FIFA e UEFA como justamente ameaçou. Se não o é, o seu lugar acabará por ser constantemente contestado por todos aqueles que têm pactado com a campanha mais desprestigiante do futebol luso desde a suspensão muda, surda e inexplicavel de Vitor Baía e João Vieira Pinto da selecção lusa, após o Mundial de 2002. O seu prestigio está já pelas ruas da amargura. O respeito dos jogadores e staff técnico visivelmente afectado. E a necessidade de ter de trabalhar diariamente com as mesmas pessoas agora preparadas para assistir à sua queda, será um verdadeiro suplicio de Tântalo. 

E mesmo que o técnico tenha já dado sinais de que quer seguir em frente, lançando a anunciada renovação que Scolari foi incapaz de fazer e que uma classificação a quente para o Mundial da África do Sul inabilitou, a situação parece estar fadada para um final infeliz. Os Silvio, Varela, Ruben Micael, Beto, Eduardo, Yannick, Paulo Machado, Duda, Fábio Coentrão, Ruben Amorim ou Nuno André Coelho com que Queiroz quer começar a construir o futuro luso, poderão ter de esperar. O quase anunciado regresso de Scolari - ou pior, a inversão de uma aliança espanhola com Luis Aragonés - será também um rude golpe para os que aspiram a uma renovação séria do futebol internacional luso, abandonado durante anos nas camadas mais jovens - que começam a ressurgir, a pouco e pouco - e que deixou uma selecção A esgotada e sem futuro. Um futuro que se vai preparando, sem os Deco, Simão, Paulo Ferreira e afins do passado e com os rostos que se quer do agora e do amanhã. A mesma mudança para a qual o seleccionador foi contratado e que um resultado menos bom para os seguidores das campanhas de Scolari (curiosamente, também ele, eliminado à primeira em 2008) poderá precipitar num final agónico.

Poucos confiam que Queiroz siga no seu posto. O sonho de um José Mourinho a orientar Portugal depende exclusivamente da vontade, já anunciada para um futuro longinquo (seis anos, talvez) pelo próprio. Entretanto, Portugal continua a manifestar uma incapacidade crónica para lidar com as altas expectativas que a imprensa, o público e a própria FPF criam. Queiroz não será o treinador mais popular, capaz e talentoso da história do futebol luso. Mas, ao contrário daqueles que navegam ao sabor do vento, tem uma ideia muito clara do presente e futuro da selecção portuguesa. Só isso deveria ser suficiente. Evitar as guerras civis do passado longinquo ou os regimes ditatoriais de um passado bem mais presente na mente de qualquer adepto deveria ser suficiente. Mas, também por isso, há sempre um polvo por detrás a mover as marionetas. As que continuam a ser o corpo e rosto do futebol luso.



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Domingo, 29 de Agosto de 2010

O anúncio das contratações de Yohan Gourcouff e André-Pierre Gignac por Olympique Lyon e Olympique Marseille confirmam uma tendência que os últimos dois anos têm vindo a reforçar. A Ligue 1, talvez a mais imprevisível do espectro europeu, começa progressivamente a bipolarizar-se entre os dois gigantes do Sul. Esta época será determinante para entender quem ganha o braço de fora. Os "Olympiques" ou...os outros.

São dois nomes obrigatórios do presente e futuro do futebol gaulês.

Se Gourcouff é há muito referenciado como o novo Zinedine Zidane, depois de se ter afirmado no Girondins Bordeaux, já Gignac consagrou-se há duas épocas pela sua tremenda veia goleadora ao serviço do Toulouse. São nomes fulcrais para o novo seleccionador francês, Laurent Blanc, e representam mais do que um sério investimento por parte de Lyon e Marseille. São o espelho de uma estratégia recente que vai esvaziando o poder dos rivais directos, transformando os dois "Olympiques", nas equipas mais fortes da equilibrada Ligue 1.

O Lyon assumiu-se na última década como um clube que vende bem e compra melhor.

Gourcouff é o consagrar de uma longa estatégia que inclui a vários negócios redondos, particularmente de jogadores que destacam em clubes mais modestos da Ligue 1. Se no ano passado foram Lloris, Gomis e Bastos os elegidos, este ano ao médio centro, o criativo que faltou à França no passado Mundial, junta-se ainda o brilhante dianteiro Jimmy Briand, uma das grandes esperanças do futebol francês. Chegado do Rennes, Briand é um avançado temivel, veloz e possante, perfeito para acompanhar Lisandro e Gomis num tridente ofensivo de muito respeito. Com o patron contratado ao Bordeaux ladeado por Toulalan e Kallstrom (sem esquecer Gonalons, Makoun, Pjanic, Ederson ou Delgado), a equipa de Lyon tem, claramente, o mais forte plantel da Ligue 1. Na época passada o sonho europeu impediu o conjunto de recuperar o ceptro perdido à dois anos, depois de sete titulos consecutivos. Agora, o poder económico do clube presidido por Jean Michel Aulas enfraqueceu um rival directo (Bordeaux) e garantiu outra grande promessa (Briand). No meio fica o progressivo afastamento do clube com a sua formação, se bem que Grenier, Taffer e Mehama são já nomes a seguir apesar da sua juventude. Um cenário em tudo similar ao clube que reina sob a Cote D´Azur.

 

O Marseille quebrou a sua longa fome de titulos na passada época graças ao forte investimento feito pela direcção.

Do técnico Didier Deschamps ao argentino Lucho Gonzalez, os marselheses reforçaram-se em toda a linha e aguentaram o ritmo dos rivais até à fase determinante. Este ano, apesar de terem perdido o goleador Niang para o Fenerbache, os azuis voltaram a demonstrar no mercado gaulês que são uma força com um forte poder de persuasão. À parte do espanhol Azpiculeta, uma das grandes promessas do país vizinho, o clube do Velodrome assediou o Toulouse e trouxe Andre Pierre Gignac, o nome próprio da sobrevivência da equipa onde milita o português Paulo Machado. O dianteiro junta-se assim a outra grande promessa francesa recém-chegada, Loic Rémy e a Mathieu Valbuena e Steven Mandanda, outros habituais da selecção gaulesa. Se a esses se juntam André Ayew (uma das revelações do passado Mundial) e o patrão Gonzalez, e fica claro que temos uma equipa de primeiro nível europeu. Construida, tal como o rival de Lyon, à custa dos seus competidores directos.

É portanto fácil de perceber que neste defeso as equipas médias do futebol gaulês sairam a perder. Mais do que é habitual. Só o Lille conseguiu manter as suas duas estrelas maiores (Hazard e Cabaye), enquanto que Toulouse, Rennes, Nice e Montepellier foram despojados dos seus nomes fortes. AS Mónaco e PSG, duas glórias dos anos 90 a anos-luz dos seus melhores dias, sobrevivem graças à sua aposta na formação e em jovens promessas. Quanto ao Girondins Bordeaux, a grande sensação dos últimos dois anos, a saída de Blanc, Chamkah e Gourcouff pode por um ponto final a uma aventura que agora parece mais pontual que eterna. O clube perdeu as suas máximas referências e corre o risco de se afundar na mediania de metade da tabela.

Sem rivais à altura, Lyon e Marseille têm todas as condições para fazer desta época uma luta a dois do primeiro ao último suspiro. Se é verdade que a Ligue 1 é conhecida pelos seus vencedores surpresa e pelo imenso equilibrio que pauta as sucessivas edições, também é verdade que há muitos anos que não existem duas forças tão fortes, no papel, com relação à concorrência directa. França pode tornar-se brevemente num feudo pessoal dos Olympiques. A bipolaridade do sul ameaça a imprevisibilidade da história.


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Sexta-feira, 27 de Agosto de 2010

Confirmados os sorteios das provas europeias, os aristocratos do futebol do Velho Continente sabem já o percurso das longas caminhadas que os esperam antes do seu inevitável destino. As ilhas britânicas só poderão receber quatro equipas, pelo que 76 lá ficarão pelo caminho. Portugal teve direito a um percurso menos espinhoso do que se antecipava, mas neste mundo de reis, duques e condes europeus o estatuto é um erro recorrente. E impiedoso.

SL Benfica, SC Braga, FC Porto e Sporting CP esfregam as mãos.

As graças da fortuna foram gentis para as quatro equipas portuguesas que superaram "cum laude", os primeiros precalços na rota europeia. Se o Benfica é o grande beneficiado (o Olympique de Lyon era o cabeça-de-serie perfeito e o Schalke 04 um adversário do mesmo nível), face aos rivais que poderia ter diante, nenhum dos outros três conjuntos tem realmente sérias razões de queixa.

O Braga, essa grande surpresa da primeira fase a eliminar das provas europeias, terá de olhar para o espelho e medir-se com o seu alter ego, o Arsenal de Londres. Um duelo de iguais nas cores e bem diferente no estatuto que deverá pender, com naturalidade, para os comandados por Arsene Wenger, equipa que habitualmente se apresenta em forma na fase de grupos para depois ir tropeçando antes de tempo quando é a doer. Já Shaktar Donetsk e Partizan Belgrado são equipas acessiveis para os minhotos. Os ucranianos, campeões em titulo e uma das equipas com mais rondas europeias na prova rainha nos últimos cinco anos, têm-se deparado com os conjuntos portugueses, com vantagem claramente para os lusos. É uma equipa bem estruturada e repleto de criativos brasileiros, tal como o Braga. Já o Partizan conta com uma excelente formação e um ambiente demoníaco no seu estádio. E pouco mais. Rivais acessíveis que permitem sonhar com a segunda fase mas que pode terminar em desastre.

Já as equipas presentes na Europe League não podem ter razões de queixa. Ambos cabeças de série, FC Porto e Sporting têm um adversário de bom nível (Bessiktas e o regressado Quaresma e o Lille do génio Hazard), e duas equipas tremendamente acessíveis como são Rapid Wien e CSKA Sofia (para os dragões) e Levski Sofia e Gent (para os leões). Os grandes tubarões ficam adiados para uma próxima vez. Para todos.

 

À parte do caso luso, a Europa mantem o seu status quo. A UEFA sabe fazer bem as contas e coordena as suas provas ao mais minimo detalhe.

A forma como os clubes são distribuidos nos potes já garante um equilibrio forçado que mantém a ordem imperial dos gigantes europeus. Na Champions League deste curso há apenas dois grupos tremendamente competitivos. Na Europe League, onde são doze os agrupamentos, não existe sequer um "grupo da morte". Esperam-nos quatro meses de tédio e alguma inevitável surpresa. Os jogos a doer ficam reservados para depois.

Só os colossos de Milão e o Real Madrid podem ter de suar mais do que previsto. Mourinho mantém a sua malapata e o seu novo projecto merengue volta a repetir duelo contra o AC Milan (rival da passada época, que levou vantagem sob os comandados de Pellegrini) agora treinado por Massimo Allegri e eventualmente com Ibrahimovic (por confirmar), Pato e Ronaldinho como tridente de luxo. Tão brilhante como intermitente, um perigo que não sofre o Ajax Amesterdam, de volta a estas lides depois de cinco anos no purgatório. A equipa de Jol, com Suarez, Eriksen, Verthoghen, Hamdouid e van der Wiel é uma faca de dois gumes. Um perigo que não deverá repetir-se no duelo dos espanhóis com o modesto Auxerre, uma equipa que sabe que o seu objectivo real está na Ligue 1 e não nos palcos europeus. Já o Inter, agora treinado por Rafa Benitez, tem um arranque dificil para a improvável defesa da sua coroa. Twente (sem o nível da época passada), o regressado Tottenham e o épico Werder Bremen serão rivais de luxo. Já Manchester United (contra Valencia, Rangers e Bursaspor), Barcelona (Rubin, Panatinaikhos e Kovenaghen), Chelsea (Spartak Moscow, Marseille e Zilina) e Bayern Munchen (AS Roma, Cluj e Basel), os grandes candidatos à final do Wembley, têm o caminho aberto para uns meses de grande tranquilidade.

Na Europe League a presença de 48 equipas abre as portas a um imenso desiquilibrio. O duelo entre uma renascida Juventus e o milionário Manchester City, ou o embate que coloca frente a frente Sevilla e Dortmund são dos poucos aperitivos apetecíveis. Os favoritos seguirão em frente, com maior ou menor dificuldade. A UEFA garante-o. 

Portugal tem portanto todas as condições de manter-se na elite europeia a médio prazo. Os conjuntos na Champions League deverão, pelo menos, atingir o terceiro lugar (que abre as portas da segunda prova da UEFA), enquanto que FC Porto e Sporting são fortes candidatos a vencer o seu grupo e assim manter o estatuto de cabeça de série quando for a doer. Dublin e Wembley são miragens no meio de tantos tubarões, mas os pontos que se vão sumando podem permitir já para o ano a entrada de uma terceira equipa na Champions. O truque é saber estar, segurar bem na chávena de chá, sair com um vénia e de cabeça alta. É assim que funciona a aristocracia europeia. 



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Quarta-feira, 25 de Agosto de 2010

Nem os mais optimistas se imaginavam uma noite assim. Deixando para trás a pequenez que lastra habitualmente as equipas lusas nos grandes palcos, o Sporting de Braga emergiu como uma equipa doutorada "suma cum laude" no espaço europeu depois de um triunfo histórico sobre o imenso Sevilla. Quatro golos certeiros esbateram as dúvidas e abriram asas a um projecto construido com cabeça, tronco e membros.

Domingos Paciência dificilmente contia a emoção enquanto as bancadas do Ramón Sanchez Pijzuan se esvaziavam.

Lima, a sua aposta pessoal, tinha acabado de fazer o 4-2 para o Braga. O golo que tirava toda a angústia dos ombros do técnico portuense. A sua equipa tinha feito um jogo redondo, onde tinha havido tempo para tudo, do céu ao inferno. A consagração definitiva de um sonho que arrancou por esta altura há um ano. Enquanto todos se entretêm nas eternas guerras pelo poder, o clube bracarense consolidou uma ideia que se formulava desde os dias de Manuel Cajuda, talvez o primeiro aviso à navegação de que este Braga tem aspirações mais sérias do que muitos imaginariam. Ontem em Sevilla não estava Carlos Freitas, um dos grandes mentores da revolução bracarense, mas sim a sua aposta pessoal. Domingos venceu o duelo directo com Antonio Alvarez, técnico do Sevilla, e demonstrou ser já um técnico de primeiro nível. Um técnico capaz de dar a volta ao jogo com pequenos ajustes dignos de um olho cirúrgico. Se o trabalho defensivo dos arcebispos já há muito era conhecido, a eficácia goleadora dos "Guerreiros do Minho" foi o confirmar da própria ambição do técnico, um avanço de requinte, em marcar para não ter de sofrer. Acabou por viver ambos os lados da moeda. Para acabar com um suspiro de alivio. E uma sensação de glória eterna.

 

O Braga, tal como em casa, sentiu nos primeiros segundos o peso da força da máquina sevillista, ferida no orgulho pela derrota em Barcelona na segunda mão da Supertaça espanhola. A pouco e pouco os bracarenses foram tomando o controlo do jogo, com rápidas trocas de bola no miolo que procuravam a eficácia e velocidade de Matheus e Alan, dois diabos à solta no relvado hispanilense. Cigarini e Zokora pautavam o jogo no eixo central dos espanhóis, mas a bola raramente chegava à dupla ofensiva composta por Fabiano e Kanouté. O enorme Vandinho, sempre escudado por Leandro Salino e Luis Aguiar, mostrava-se imperial na resolução dos problemas de defensivos, dando liberdade aos companheiros do ataque para lançar sucessivos sustos sobre o eixo mais recuado dos espanhóis. Num desses lances, rápidos e desiquilibrantes, o Braga chegou à vantagem. Paulo César cavalgou, escapando de Fazio, para depois Matheus dar a estocada a Palop. Um golo que deixava o campo inclinado e a eliminatória praticamente sentenciada e que compensava a melhor equipa em campo, apesar da labor da equipa de arbitragem, que insistia em dar primazia ao jogo duro dos espanhóis. Mas nem assim o Sevilla se mostrava perigoso. A anos-luz da equipa da época passada, a mesma que arrancou, in extremis, um lugar neste play-off.

Com a segunda parte chegou o toque especial de Domingos. O técnico lançou Lima, para o lugar do amarelado e escaldado Luis Aguiar, e surpreendeu uma equipa espanhola demasiado balançada para o ataque. Com rápidas trocas de bola e saídas em velocidade, os arsenalistas assustaram uma e outra vez Palop até que o dianteiro brasileiro começou o seu show pessoal. Lance pela direita de Matheus, genial em velocidade, e golpe seco e certeiro de Lima. O jogo parecia ter chegado ao fim com uma vitória categórica da nova sensação euroepia.

 

Mas não. Esse eterno medo que parece rodear as equipas lusas nas grandes provas surgiu, por breves instantes, nas tremidas mãos do brasileiro Felipe.

O guarda-redes não agarrou um remate fácil de Luis Fabiano e concedeu o 1-2 para os locais. O avançado brasileiro quase nem celebrou o golo (faltavam três para conseguir o apuramento), mas a equipa espanhola começou a acreditar. Alvarez lançou José Carlos, Negredo e Renato para asfixiar a amarelada defesa bracarense, com um Silvio superlativo a desdobrar-se como podia, e o jogo complicou-se. Navas empatou, ao minuto 84, garantindo um verdadeiro final de enfarto. O espirito das "remontadas" espanholas começou a assombrar a defensiva bracarense, mas esta revelou-se mais dura do que seria de prever. Um antes quebrar que torcer que desconcertou os espanhóis e que acabou por arrancar a equipa para uma vitória histórica quando as coisas mais se complicavam. Lima, no seu melhor jogo desde que chegou a Portugal conseguiu um brilhante 2-3, depois de uma saída em falso de Palop, para dois minutos depois, já com o público a esvaziar o recinto, a desviar de cabeça um canto ao primeiro poste para o histórico 2-4. Que não seria o resultado final já que Frederic Kanouté, ao fechar o pano, ainda teve a habilidade para reduzir a goleada que não tapa, no entanto, a imensa superioridade do conjunto português face à equipa espanhola. Um desiquilibrio raramente visto, especialmente se temos em conta que o Braga não é, propriamente, um habitué do circo europeu onde o Sevilla também se doutorou em grande, vencendo entre 2006 e 2007 duas Taças UEFA de forma consecutiva. Um ponto mais para reforçar o agigantamento deste pequeno grande Braga, desta aventura de um técnico que trabalha tudo ao mais minimo detalhe e que, apesar de não ostentar o carisma de outros colegas de profissão, não deixa de ser a partir de hoje uma das máximas referências dos bancos portugueses.

O Sporting Clube de Braga imita assim o Boavista e torna-se no quinto clube português a pisar os relvados da Fase de Grupos da Champions League. A equipa entrará para aprender, beneficiando já do enorme encaixe financeiro que a prova garante aos qualificados, e certamente terá a espinhosa missão de defrontar alguns dos colossos do futebol europeu. No entanto o apuramento, para muitos impossível, para outros impensável, é o corolário de um épico futebolistico dificil de lograr num país pequeno, mesquinho e sem ambição. Uma equipa de desconhecidos, contratados a zero e com um rendimento de verdadeiras estrelas. Afinal não é esse também um motivo para dar um 20 a este "Super Braga"?



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Segunda-feira, 23 de Agosto de 2010

Como é possível que um projecto tão sólido se desmorone como um castelo de cartas à primeira brisa? A persistência no erro é o primeiro passo para a derrota e os factos destroçam a mais simples das lógicas. Um pequeno ajuste transformou-se num imenso problema e no meio de tanta confusão, essa pequena alteração foi suficiente para transformar a galinha dos ovos de ouro num novo idolo de pés de barro.

Depois de ser consagrado, de forma unânime, como o guarda-redes do ano, Quim viu o seu treinador dispensá-lo em directo, num programa desportivo. A forma como Jorge Jesus se referiu ao seu ainda guardião deve perseguir agora o técnico da Amadora, noite após noite. O pequeno Quim não tinha o carisma e atitude necessários para transformar-se num guardião que ganha jogos, pontos...titulos. Já durante a época o técnico tinha promovido uma inusitada dança de guarda-redes, entre Julio César (e os seus erros europeus) e Moreira, o eterno subaproveitado. Mas nenhum o tinha convencido, realmente. Nem o jovem contratado há vários anos ao Salgueiros, nem a sua expressa petição pessoal, nem muito menos o titularíssimo da Luz.

Com Quim fora do baralho, as opções no mercado extendiam-se aos pés do recém-consagrado campeão nacional. O feito histórico de devolver o Benfica ao primeiro lugar transformou o competente treinador na nova "galinha dos ovos de ouro" para os encarnados. As suas decisões tornaram-se inquestionáveis.

Dessa forma, poucos foram os que realmente sairam a dar o peito às balas quando o técnico e o seu director desportivo, Rui Costa, anunciaram que o tal guarda-redes com carisma, atitude e capacidade para ganhar titulos era o relativamente desconhecido Roberto. Uma escolha (a terceira em Madrid) que custava o que nenhum guardião, com a excepção do imenso Gianluigi Buffon alguma vez custou. Um preço modesto para tanto talento que tinha, entretanto, passado desapercebido por essa Europa fora onde a posição do número 1 é sempre um caso sério a rever. Afinal, não tinha o Bayern Munchen chegado à final da Champions League com um tal de Hans Jorg-Butt nas redes?

 

Roberto foi sempre um erro de casting, já aqui o dissemos.

Nem faz parte da geração de elite de porteros espanhóis, nem sequer é um nome consensual entre os seus. A sua chegada, rodeada de pompa e circunstância, a uma equipa a quem muitos tinham otorgado o papel de dominador absoluto do futebol luso para os próximos anos. O projecto milionário encarnado tinha, depois de quatro anos, dado os seus frutos e, nas palavras do seu treinador, a Champions League era um objectivo tão real como o "Bicampeonato". Para isso, para essa ambição europeia, a mesma que destroçou o Benfica pós-Erikson e pós-1994, trocou-se o seguro pelo duvidoso. Um erro, sem dúvida. Um erro crasso que os primeiros jogos do ano, a valer ou não, foram desmontando.

A insegurança do espanhol é evidente, a sua incapacidade para comunicar-se com os colegas do sector notória. No entanto, os erros técnicos que evidenciou na pré-temporada e no jogo de sábado, na Madeira, são mais preocupantes do que qualquer problema de comunicação. Demonstram uma inépcia que atormentam alguns guardiões por essa Europa fora, como vimos o ano passado, repetidamente, com o polaco Lukas Fabianski. A diferença é que nenhum deles foi um recorde de transferência nem uma aposta tão pessoal de dois homens que gostam de reforçar a sua eterna fome insaciável pela glória.

Numa equipa já de por si debilitada pelas transferências do pulmão e da alma criativa da versão-campeã, contar com um guarda-redes que só transmite intranquilidade é um risco que o Benfica não pode correr. Roberto não é o único erro de Jorge Jesus na planificação da época em que esperava a sua consagração europeia. Gaitán, um jogador sem espaço no modelo de jogo do ano passado e na variação táctica em 4-3-3 que Jara poderá obrigar a tornar-se realidade, é outro problema sem solução à vista. Tal como o débil sector defensivo, onde a primeira linha não tem soluções à altura (que dizer de Sidnei ou César Peixoto) ou a fraca forma fisica e mental de jogadores que foram pilares no conjunto campeão, como o espanhol Javi Garcia ou a dupla argentina Saviola-Aimar. A fome de titulos para alguns está aparentemente mais saciada que para outros e o crime de cair no laxismo desportivo sempre foi o hara-kiri do conjunto encarnado desde que o FC Porto lhe arrebatou em meados dos anos 80 a supremacia do futebol luso.

Jorge Jesus vive na eterna encruzilhada do medo. Medo a falhar, a demonstrar que também erra, ao optar por preterir Roberto e voltar a lançar as suas duas apostas falhadas em 2009/2010. Ou medo a continuar a insistir no erro inicial, arriscando-se a novos sobressaltos e tropeções na corrida aos titulos que ainda discute. O erro tem um poder destructivo. No caso deste SL Benfica, o poder de destroçar a ilusão de que uma equipa campeão não se torna na bitola por onde se mede a qualidade da noite para o dia. No meio disto tudo, o infortúnio de Quim parece uma gota no oceano de desespero do idolo de pés de barro.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 09:28 | link do post | comentar | ver comentários (8)

Sexta-feira, 20 de Agosto de 2010

A ronda europeia deste inicio de época, a que só escapou o SL Benfica, voltou a demonstrar, pela enésima vez, que o futebol português é incapaz de lidar com a maturidade e tranquilidade necessárias as grandes competições. Duas vitórias bem diferentes e duas derrotas inexplicáveis que reforçam o mau papel europeu a que as equipas lusas nos têm habituado...desde sempre.

Um país com a história de Portugal que soma apenas cinco competições europeias ganhas em quase 150 provas (a dividir entre Champions League, UEFA e a extinta Taça das Taças) é, claramente, um país com um grave problema competitivo.

Mas o problema nem está até nas finais ganhas e perdidas (uma o FC Porto e Sporting, seis o Benfica), mas sim na prestação habitual das equipas fora do quadro dos grandes. Se Portugal caiu a pique nos últimos anos no celebre ranking da UEFA, essa situação deveu-se essencialmente ao imenso desiquilibrio entre as equipas que se classificavam para as provas europeias e as que realmente tinham estofo para as disputar. Clubes de pequena dimensão como Estrela da Amadora, Salgueiros, Farense, União de Leiria, Beira-Mar ou Paços de Ferreira tiveram direito a brevíssimas passagens pelo circulo europeu, sem deixar a sua marca. O seu futebol pequeno, lento, complexado e sem qualquer pingo de ambição até podia ser a excepção na regra de uma liga com estrutura hábil o suficiente para oferecer, anualmente, um conjunto de equipas com estofo para medir-se com os seus principais rivais na Europa. Leque de países que, no caso português, é composto por Holanda, Roménia, Ucrânia e Rússia. Sem obrigatoriedade de bater-se de igual para as grandes potências económicas e desportivas das cinco principais ligas (apesar do mérito do FC Porto em tê-lo feito, de forma sucessiva, nos últimos anos), é nesses duelos entre iguais que se mede o verdadeiro pulso do futebol luso. Um duelo em que saímos, claramente a perder.

 

O rescaldo da noite de ontem, deixa ainda outra imagem preocupante.

Já não existe apenas a dificuldade eterna em bater-se de igual com os seus rivais directos. É o de cair, sem margem para injustiças, com equipas de ligas e condições claramente inferiores. A derrota em Alvalade do Sporting não surpreende. O clube leonino vive uma verdadeira crise de identidade (mudança técnica, mudança de politica desportiva, longa ausência de titulos) e depois do sofrimento exagerado contra o onze dinamarquês do Nordjsland, chegou a confirmação de que os ares do norte não se dão bem aos de Paulo Sérgio. O Brondby, o clube mais titulado da Dinamarca, fez do que quis uma formação que, até à época passada, se tinha exibido regularmente na Champions League. Desiquilibrou uma eliminatória que só aqueles que acreditam que os nomes ainda ganham rondas estava a favor dos verde-e-brancos.

Os clubes portugueses continuam a viver mais do passado do que do presente. O Sporting, que foi a última equipa portuguesa presente numa final europeia (perdida no seu estádio, em 2005, face ao CSKA Moscow) nunca teve expressão europeia, se exceptuarmos a vitória na Taça das Taças em 1966 e a brilhante época na Taça UEFA de 1990. A sua crónica falta de capacidade de lidar com rivais mais determinados e aplicados foi o espelho do que se viveu na passada noite.

Espelho diametralmente oposto ao FC Porto, um clube habituado a fazer da atitude competitiva, um oásis no futebol português, a sua grande arma. A transformação do FC Porto como grande dominador do futebol luso a partir de 1976 é, acima de tudo, uma transformação na imagem de equipa sem ambição num conjunto com uma fortissima atitude competitiva. De tal forma que os azuis e brancos rapidamente se transformaram numa referência europeia. Duas Champions League, uma Taça UEFA, duas Intercontinentais, uma Supertaça Europeia e uma final da Taça das Taças perdida depois, o FC Porto é hoje em dia, provavelmente, o único clube português capaz de ganhar um jogo na Europa com base, apenas, no seu faro competitivo. Viu-se ontem, frente ao Genk, que nunca foi inferior como se poderia prever, mas que não teve o estofo e a calma de um clube que detinha, até este ano, o recorde de participações na prova rainha europeia, onde se doutorou anualmente como presença assidua na segunda ronda. O clube da Invicta jogou mal e ganhou bem. Como se exige neste tipo de eliminatórias.

 

Se Sporting e Porto são a cara e a cruz do problema de atitude das equipas portuguesas lá fora (a campanha do Benfica foi, no ano passado, a excepção a um passado recente de desastres sucessivos que deixam lá na memória as finais perdidas de 1988 e 1990 na Champions League), o mesmo se passa com Braga e Maritimo.

Os bracarenses são os herdeiros de Vitória de Setubal e Boavista, as únicas duas formações portuguesas fora do núcleo dos três grandes que conseguiram transmitir uma atitude competitiva e ganhadora no espaço europeu. Os sadinos na década de 60 e 70, graças ao trabalho cirúrgico de José Maria Pedroto e Fernando Vaz, e os axadrezados no principio dos 90 e uma década depois, foram equipas com verdadeira projecção europeia graças aos projectos bem estruturados e ambiciosos que os apoiavam. Os do Bessa, que despontaram na Europa nos dias de Manuel José, confirmaram a sua afirmação como "Quarto Grande" nas suas notáveis campanhas na Champions League e nas meias-finais da Taça UEFA de 2003 sob o comando de Jaime Pacheco. Eram formações descomplexadas, concentradas e com uma atitude bem distinta da esmagadora maioria dos onzes lusos que, ao atravessar a fronteira, começavam já a perder. A vitória categórica do Braga de Domingos frente ao Sevilla, depois da vitória sobre o Celtic, coloca os "Guerreiros do Minho" nessa tradição, sem esquecer a brilhante campanha da equipa então orientada por Jorge Jesus. No entanto, mesmo um projecto destas caracteristicas é capaz de tropeçar duas vezes na mesma pedra. As rápidas e sucessivas eliminações europeias nas últimas épocas, tal como se viveu na passada época, é o sinal claro de que há ainda muito a fazer.

Já o Maritimo representa o verdadeiro espirito do futebol luso lá fora. Uma equipa com recente tradição europeia, apesar da perda de protagonismo para o rival directo, o Nacional da Madeira, incapaz de levantar cabeça e bater com o pé. Se o BATE Borisov é uma equipa dominante no seu pais, a verdade é que lhe faltam argumentos para lutar no espaço europeu. A todos os niveis é uma formação inferior ao conjunto maritimista. No entanto, essas diferenças desaparecem, invariavelmente, no terreno de jogo. Como aconteceu com Nacional, Vitória de Guimarães, Belenenses e outras formações, as equipas de segunda linha da liga lusa caem invariavelmente nas primeiras rondas europeias. Não pelo peso dos rivais (não houve, desta vez, um Valencia, Leeds ou Roma no sorteio para ninguém), mas pela sua própria incapacidade de competir para lá do rectângulo ibérico onde o jogo pára constantemente, onde os árbitros não têm critérios, onde os treinadores são medrosos e onde o público não exige, simplesmente critica. O futebol português já não se disputa em campos pelados, mas o treino, os dispositivos tácticos, o trabalho de formação e a mentalidade pequena de técnicos e jogadores, muitos deles estrangeiros de terceira linha, falam por si. Os resultados nunca mentem.

A subida portuguesa no ranking nos anos 90 deveu-se, sabe-se, quase em exclusivo ao sucesso europeu do FC Porto.

Por cada vitória dos azuis e brancos, durante largas épocas, iam caindo as restantes equipas (que chegaram a ser até seis). Quando os azuis e brancos baixavam de forma, não havia ninguém para tomar o seu lugar. Portugal perdeu prestigio, posições e equipas na Europa (principalmente no caso da Champions League, onde chegou a haver duas com classificação directa e uma terceira no play-off). Nos últimos dois anos houve uma ligeira recuperação, fruto do regresso do FC Porto, mas também das boas épocas de Braga e Benfica nos últimos dois anos e na perda inevitável de pontos pelos países que ultrapassam a liga lusa, incapazes, também eles, de lidar com tantos onzes no futebol europeu. O resultado desta primeira ronda não é definitivo, mas quase. Portugal corre o risco de seguir o resto da época europeia com apenas três equipas. Muito pouco. Mas desnecessariamente justo. Porque enquanto não houver uma nova postura e atitude por parte das equipas portuguesas quando saem do seu pequeno Mundo, mais vale mesmo seguir apenas com quem tem argumentos reais para competir. É a lei da sobrevivência.    



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:38 | link do post | comentar | ver comentários (13)

Quarta-feira, 18 de Agosto de 2010

José Mourinho nunca foi um treinador conhecido pela sua aposta na juventude. Um rótulo que funciona bem nos modelos criativos de Arséne Wenger, Louis van Gaal ou Josep Guardiola mas que, para muitos, entra em confronto com o perfeccionismo táctico que exige o técnico português. Uma teoria bem afastada da realidade e que o Special One está prestes a desmontar na sua aventura espanhola.

Que o autor do primeiro golo na final da Champions League de 2004 tenha sido um jovem brasileiro de 19 anos contratado por petição expressa do técnico mais mediático do Mundo, é algo que parece apenas ser um detalhe para os criticos de um treinador a quem a obsessão de ganhar fez perder os admiradores do futebol purista. Aqueles que, além da estética no rectângulo também se apaixonam com as constantes ondas de novos talentos que os técnicos lançam às feras. Sim, José Mourinho seria incapaz da temeridade de Guardiola ou Wenger, capazes de alinhar em jogos a eliminar uma equipa que podia passar perfeitamente pelos júniores. O seu gene ganhador impede-o. Mas isso não faz, nem nunca fez, de Mourinho, um técnico que não aposta na formação e na juventude, como contraponto à experiência, que ele sabe (não sabemos todos?) ser vital para aguentar um longo ano ao mais alto nível.

Carlos Alberto no FC Porto (e, porque não, Paulo Ferreira ou Ricardo Carvalho, então praticamente desconhecidos), foi o primeiro exemplo de um jogador jovem moldado pelo técnico para vencer. Na sua vida pós-Mourinho o pequeno génio que destroçou Manchester United e AS Monaco eclipsou-se, como tantos outros. Mesmo em Londres, rodeado de compras milionárias, o técnico luso teve tempo e paciência para armar uma equipa de futuro. John Obi Mikel, roubado das garras do Man Utd, Salomon Kalou, Lass Diarra ou Shaun Wright-Philips, foram apostas constantes do treinador quando ainda davam os primeiros passos na alta roda. Já em Milão, a última etapa da sua odisseia desportiva, o técnico não duvidou no primeiro ano em lançar aos leões o jovem David Santone, uma das grandes promessas do Calcio. Uma aposta que só não deu os seus frutos porque na sua segunda temporada em San Siro uma grave lesão afastou o lateral dos relvados durante largos meses.

 

Um repasso que ajuda também a explicar as motivações de Mourinho na preparação desta nova época desportiva, a sua estreia na liga espanhola. No inicio do Verão a imagem do técnico que só apostava em veteranos constatava-se facilmente pela lista de jogadores supostamente pretendidos pelos merengues. De Ashley Cole a Steven Gerrard, de Maicon a Ricardo Carvalho passando por Michael Ballack ou Didier Drogba. Veteranos dos quais só o central português, num negócio apalavrado há um ano com Roman Abramovich, se tornou em realidade soldado do exército merengue. Num plantel onde os veteranos não abundam (Casillas, com 29, é o mais antigo e um dos jogadores mais velhos do plantel), e em que até os simbolos máximos da formação local, Guti e Raúl, foram convidados a conhecer outros ares, há uma autêntica reviravolta na aposta no mercado, depois dos 320 milhões gastos no ano passado em jogadores consagrados no mercado.

Do jovem Sérgio Canales (contratado muito antes da chegada do português) à promessa espanhola Pedro León, passando pelo argentino Angel Di Maria e os alemães Sami Khedira e Mesut Ozil, este novo Real Madrid é uma equipa mais fresca, jovem e ambiciosa.

Se Mourinho encontrou essa ambição de ganhar tudo em jogadores desconhecidos no Porto, jogadores desprezados em Inglaterra e veteranos ignorados em Itália, em Espanha a fórmula parece ser mesmo apostar em jovens lobos sedentos de sangue de vitória. A mesma táctica que o Barcelona, com a diferença que o producto é de importação, e não de fabrica próprio. Pelo menos, até ver.

La Fabrica, a rival madridista de La Masia, produz mais futebolistas de primeira divisão que o centro de formação blaugrana. O problema é que só três deles estão no plantel principal do Real Madrid. O trabalho de Mourinho, como tem sido visivel na pré-época, é recuperar esse espirito, responsável pelos triunfos da Quinta del Buitre ou da geração de Raul, Guti, Morientes e companhia, antes do inicio das Galáxias milionárias. Se para isso o português precisa de tempo, já as apostas claras em jogadores jovens para escudar Cristiano Ronaldo (25), Kaká (28), Gonzalo Higuain (23), Sérgio Ramos (24), Pepe (27), Xabi Alonso (29) e Iker Casillas (29) manda um forte sinal de golpe na mesa. De jogadores que nunca ganharam nada num clube que quer ganhar sempre.

É fácil ver que Mourinho terá nos veteranos os seus braços-direitos. A figura de Carvalho e de Casillas será preponderante no equilibrio mental de uma equipa em formação, ao contrário do projecto já há muito consolidado do Barcelona. O esquema táctico será o de menos num conjunto onde o técnico apostará forte no comportamento competitivo. Uma equipa mais equilibrada de que a da época passada, mas sem tempo para experiências. Se Ozil terá a batuta e Di Maria a responsabilidade de abrir o campo, já Khedira, Canales e Pedro León terão todo o tempo do Mundo para assimilar os processos do técnico sob a sombra de Alonso, Ozil e Cristiano Ronaldo. Um trabalho que no relvado será dificil de apreciar mas que será o grande desafio de Mourinho, o homem que rompeu com a política suícida de Florentino Perez e o auto-deslumbramento de Jorge Valdano. Talvez o único homem capaz de perceber a verdadeira realidade por detrás do Real Madrid. Só por isso, seguir o desafio da progressiva maturação da sua esquadra, será um dos pratos mais apetecidos do ano. Porque Mourinho nunca defrauda. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:54 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 16 de Agosto de 2010

Com a bola a rolar finalmente sobre os relvados no pouco de erva por chamuscar que sobra num país suícida, os três grandes deram os primeiros sinais das suas reais fortalezas e debilidades, enquanto que o imperial Braga demonstra dar sinais de que a época passada continua e a paragem de Verão foi apenas um mero aparte na sua irresistível ascensão desportiva.

Dois candidatos ao titulo arrancam a prova a zero. Os restantes com vitórias que deixam sensações distintas.

Se o Braga tem a Champions League e esse sonho complicado na mente, o FC Porto começa a nova época a bom ritmo. Depois do repasso futebolistico aplicado a um desmembrado Benfica, tocou sofrer na Figueira da Foz. Um sofrimento demasiado habitual no ano transacto mas que a equipa azul e branca desta vez soube resolver. Com paciência, maturidade e audácia. O onze do FCP foi incapaz de repetir contra a Naval a mesma exibição de gala que lhe permitiu vencer a Supertaça. O jogo lateral não funcionou e no meio João Moutinho ainda não demonstrou que a sua inteligência sem bola é contagiante quando o esférico lhe chega aos pés. O meio-campo a três do Porto viu-se superado, perdendo a chama que tinha marcado a diferença face a um Benfica bem peneirente, e só quando André Villas-Boas percebeu onde estava o erro é que a vitória se tornou inevitável. Surgiu de penalty (uma raridade na época passada) e dos pés de Hulk, o mal amado. Inconsequente no terreno de jogo, o brasileiro resolveu com a sua habitual fúria o problema do golo. Um triunfo suado, mais do que deveria ter sido, e que espelha bem o processo de construção que ainda sobrevoa a mente do técnico portuense. Este FCP é um ganhador em metamorfose ao contrário do Braga, uma equipa que vence pela convicção e pelo hábito de ganhar. É um triunfo de ânimo, mais do que classe. Mas também é dessa, a matéria dos campeões. Por muito glamour que se queira ver, o arranque é sempre uma etapa complexa numa equipa ainda demasiado rodeada de indefinições, de trás para a frente.

Talvez por isso também se entenda melhor a derrota do Sporting.

O azar, o manifesto azar, impediu Paulo Sérgio de voltar a vencer no estádio onde se deu a conhecer de forma categórica como um técnico de arrojo. O Paços de Ferreira foi fiel ao seu espirito combativo que tem permitido à equipa da Capital do Móvel passar, sem grandes apuros, pelas últimas edições da Liga dos dois patrocinadores oficiais. Rui Vitória, outro técnico com passado interessante e uma clara ambição, soube que era na raça e na inferioridade que assentava a superioridade dos pacenses. Uma equipa em construção, como é a do Sporting, com o peso do nome em cima é um rival complicado. Débil na origem, inevitavelmente forte no nome, as expectativas que o Sporting levanta, dá pouca margem de manobra. A veteranização de um clube nos últimos anos marcado pelo seu caracter juvenil é um processo de complexa assimilação. Apostar em jogadores marcados, mas com menos fulgor nas pernas, é uma faca de dois gumes. Paulo Sérgio inventou com Daniel Carriço no eixo do miolo defensivo, mas não foi nesse detalhe que os leões naufragaram. A ineficácia ofensiva de um conjunto muito débil nos derradeiros metros custou caro. Nem a maturidade dos novos nomes pode valer, quando os niveis de concentração se arrastam pelo relvado. Do previsivel ao inevitável, a saga leonina arranca titubeante.

Na Luz viveu-se a grande surpresa da jornada. Ou talvez não. O Benfica exuberante da época passada durou três meses, de Setembro a Dezembro. A partir daí viveu-se uma fase musculada e marcada por inevitáveis golpes de asa dos pés de alguns dos seus mais ilustres virtuosos. O mérito de Jesus foi saber manter a equipa na linha, com os niveis de motivação sempre altos, mesmo contra os rivais mais débeis. Mas essa mentalidade perde força quando a equipa abdica do musculo (Ramires) e do génio (Di Maria) que resolveram os grandes problemas do ano do titulo. Sem a velocidade do argentino a equipa é coxa e, portanto, previsivel. A falta de uma alternativa a Fábio Coentrão no eixo defensivo corta a asa esquerda da águia. A incapacidade de encontrar um jogador tão presencial como o internacional brasileiro, corta o pulmão da equipa. Os restantes elementos continuam presentes, mas são vitimas claras de uma equipa descompensada perigosamente em posições chave. Abdicar de jogadores insubstituiveis e colocar outros, de caracteristicas diametralmente opostas (Gaitan pela esquerda, Carlos Martins descaido na meia-direita) é forçosamente desmembrar uma equipa que encantou, precisamente, pelo seu estilo. Jesus provavelmente terá de apostar no falso 4-3-3, dando protagonismo a Jara. Abrirá o jogo, uma vez mais, mas debilitará o combate a meio que tantas vezes ganhou com o esforço de Ramires-Javi Garcia na época passada.

 

No meio dessas dúvidas existenciais que assaltam a mente do campeão, a Académica de Jorge Costa emulou o seu treinador. Ferreamente disciplinada, soube dar o golpe no momento certo, aguentar fileiras. O golo de Laionel foi a cereja no topo do bolo. Desta arranque de prova.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:33 | link do post | comentar

Sábado, 14 de Agosto de 2010

Com o esperado regresso do Newcastle United à Premier League os adeptos poderão voltar a ver com regularidade o imponente St. James´ Park. O estádio mais importante do norte de Inglaterra, é um verdadeiro farol desportivo que surge orgulhoso com a planicie de York a um lado e a vista da muralha de Adriano do outro. Um santuário britânico por excelência.

O Newcastle Utd nem é um dos mais antigos clubes ingleses. 

O clube que hoje domina a localidade mais importante do norte inglês é resultado da fusão de dois pequenos clubes locais, em 1892. Quando nasceu o clube, já existia o St. James´ Park. Mas a história de amor entre ambos forjou-se ao longo de mais de 100 anos de tal forma que hoje um e outro são, naturalmente, indissociáveis.

O quarto maior recinto desportivo em Inglaterra (apenas superado por Wembley, Old Trafford, Emirates e o Millenium), o estádio dos Magpies tem uma longa tradição desportiva e ainda hoje é visto como a jóia da coroa do norte inglês. Foi construido em 1880 como um pequeno recinto desportivo para os conjuntos locais num território comunitário, rodeado de parques e casas dos novos senhores ricos da cidade, bem junto do limite da cidade. A construção das primeiras bancadas levou a vários protestos dos locais, que acreditavam que o recinto manchava a imagem distinta da zona no espectro urbano de Newcastle. Mas o progresso desportivo falou mais alto e o nascimento da Gallowgate End, o celebre topo norte. Vinte anos depois, já com a equipa establecida na First Division, a capacidade do estádio foi ampliada para 60 mil lugares com o nascimento de mais duas bancadas, incluindo a Millburn Stand, local onde, desde então, se juntaram os adeptos mais fanáticos dos Toons. Ao seu lado foi construida uma piscina para os filhos dos adeptos passarem as horas em dias de jogos. O estádio começava a ganhar vida própria.

 

Durante a primeira metade do século o St James` Park emergiu como um dos mais importantes e bem construidos estádios de futebol em Inglaterra. Recebia jogos de rugby com regularidade e em 1930 o estádio foi coberto pelo engenhoso arquitecto Archibald Leitch, responsável pela construção de Craven Cottage, Old Trafford, Anfield Road ou Hampden Park. A evolução do recinto estagnou no pós-guerra e isso acabou por levar a FA a vetar o estádio para a lista do Mundial de 1966. Uma decisão que motivou várias disputas entre o clube e o mayor local. Foi mesmo equacionado abandonar St. Jame´s por um novo e multifuncional estádio conjunto com o eterno rival e vizinho Sunderland. A ideia foi abandonada em 1971 quando se começou a trabalhar na renovação do recinto. À medida que o histórico clube nortenho perdia importância dentro do espectro competitivo, mas complicada era a própria renovação do campo. Os topos foram demolidos, especialmente depois do estádio ter sido vetado em questões de segurança pelo relatório Taylor, e a chegada ao clube de John Hall, um milionário local que adquiriu o clube, significou uma lufada de ar fresco para o recinto dos Magpies. À medida que a equipa recuperava a sua importância desportiva, durante o primeiro mandato de Kevin Keegan, o estádio era totalmente renovado e aumentado até chegar a uma capacidade de 53 mil lugares. Suficientes para acertar contas com a história e receber três jogos do Euro 96. Mesmo assim a direcção do clube ponderou construir, pouco tempo depois, um estádio totalmente novo a 1 kms de distância. O projecto foi abandonado e desde então o recinto tornou-se num exemplo de renovação progressiva, algo que nem a súbita descida de divisão dos Magpies alterou.

Este fim de semana, com o arranque da Premier, a bola voltará a rodar num dos seus palcos mais fascinantes. Já utilizado em séries, filmes (a saga Goal) e estádio talismã da selecção inglesa (nunca perdeu sempre que jogou em Newcastle), o St. James´Park continua a ser um verdadeiro farol arquitectónico no tranquilo norte inglês. E um espelho perfeito da evolução de um dos mais antigos santuários do beautiful game.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 08:56 | link do post | comentar

Terça-feira, 10 de Agosto de 2010

A saída de David Silva abriu um buraco na orquestra valenciana. O clube espanhol foi rápido e garantiu os serviços de uma das maiores promessas do futebol gaulês. Feghouli tem nos pés a irreverência e atrevimento de quem joga sem nada a perder. Depois de dois anos ao melhor nível no modesto Grenoble, a Europa espera mais um candidato a suceder a Zizou...

Milhões de pessoas tinham acabado de abrir os presentes quando Feghouli quis nascer. Essa festa não era nada com ele. A sua viria depois. 

O jovem de ascendência argelina, mais um dos muitos que povoam o hexágono, nasceu a 26 de Dezembro de 1989 em Levallois-Perret, um desses muitos banlieus povoados de imigrantes magrebinos que dão outra cor à bela Paris. Como todos, Sofiane Feghouli cresceu a ver de perto a miséria e com a sede de conquistar a Mundo da única forma que sabia. Com uma bola nos pés.

Começou a jogar em pequenos clubes de bairro e em 2005 apresentou-se no Paris Saint-Germain para uma prova. O clube dos seus sonhos, aquele que Paris ainda não aprendeu a amar até à exaustão, disse-lhe que não. Demasiado baixo, demasiado magro, demasiado árabe, talvez. O rapaz não desistiu. Cresceu, alimentou-se, mas tornou-se mais magrebino do que nunca, rumando para sul. Nos Alpes encontrou o seu recanto particular. E começou a despontar como uma nova e brilhante estrela no firmamente juvenil gaulês, em periodo de reinvenção.

 

A estreia com o Grenoble Foot 38 surgiu num dia chuvoso de Abril de 2007. Contra o Stade de Reims, um dos duelos quentes da Ligue 2. Tinha 17 anos.

A boa exibição deu-lhe confiança. Em vez de voltar ao banco, o técnico apostou nele para os restantes jogos que da época. Convenceu. De contracto amador passou a profissional, assinando até 2010 com o clube. Com uma pequena cláusula de rescisão. Sempre a pensar no futuro. Em 2008 explodiu e começou a ouvir a expressão "petit Zidane" por todos os lados. Capa de L´Equipe e Onze, o jovem tornou-se na mais quente sensação da liga francesa. O seu futebol vertical desarmava as defensivas contrárias. Rápido, solicito, sempre hábil no disparo, Feghouli tornou-se na estrela da companhia e liderou o conjunto alpino a uma história promoção. Algo que ninguém esperava e para o qual as suas oito assistências e três golos foram fundamentais. O clube segurou-o das investidas locais, particularmente do Olympique Marseille, e viu-o estrear-se pela selecção sub-21 francesa contra a Bosnia. Para desespero dos pais, que o queriam ver com a camisola argelina. Um sonho de todos e de ninguém.

Durante dois anos Feghouli tornou-se, por definição, num dos enigmas Ligue 1. No seu primeiro ano como profissional na alta roda actuou em 24 jogos até que uma gravíssima lesão, no duelo contra o Veledrome, o impediu de terminar o ano. Perdeu a pré-época da última temporada, ainda a recuperar-se do golpe, e quando quis voltar, em Outubro, voltou a recair na lesão. O menisco cedeu e teve de voltar à mesa de operações. Quando todos pensavam que iria explodir, o corpo pediu descanso. Até ao final da temporada, agónica para o Grenoble, o jogador foi mantido à parte. A direcção não gostou de que o Valencia se tivesse entrometido entre as negociações de renovação de contracto. O clube espanhol levou a melhor e assinou com o jogador em Maio, antecipando já a saída de Silva. Ao jovem franco-argelino foi prometido o papel de criativo mor de uma equipa que regressa pela porta grande à Champions League. Resta saber se o corpo de Feghouli aguentará o desafio.

Desde que Zidane se afirmou que França clama pelo seu sucessor. De Nasri a Ben-Arfa, muitos foram já os que ostentaram o rótulo de sucessor do idolo gaulês por excelência. Sofiane Feghouli é um jogador radicalmente diferente, vertical e rápido, mais apto para equipas que jogam em velocidade e não conjuntos que gostam de parar e pensar excessivamente o jogo. O seu modelo adequa-se bem à velocidade de Mata e Dominguez, os seus futuros parceiros de ataque, e agora terá de ser o alto nível de exigência da Liga BBVA a ditar sentença.  



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 09:17 | link do post | comentar

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