Segunda-feira, 31 de Maio de 2010

Sem pompa e circunstância, como as habituais produções à americana de Florentino Perez. Sem promessas mediáticas para recuperar em Maio do próximo ano. A era Mourinho em Madrid arrancou hoje num tom de low profile pouco habitual no português que reforça ainda mais o seu caracter messiânico. Num clube moralmente à deriva, José Mourinho é um verdadeiro profeta.

Há poucos nomes tão criticados na sempre partidista imprensa espanhola como o de Mourinho. Até que começou a soar para o Real Madrid.

Os criticos, antes habituados a sacar das facas sempre que se ouvia ao longe o nome do português, tiveram de calar a boca e falar baixinho. Jornais da capital criaram uma aura de maestro a um técnico antes tão criticado como desprezado. Na Catalunha, desde a épica meia-final entre o Inter e o Barcelona, Mourinho passou a ser mais do que uma reencarnação do diabo. É Satanás em pessoa.

É neste clima de desprezo, medo e insegurança, essa caracteristica tão espanhola, que chega o setubalense à capital "del imperio". Com a benção de uma comunidade magoada nas profundezas da alma pela acutilância estética e eficaz do braço armado da Catalunha, o lado branco da Força sob o manto de Josep Guardiola, um mentor para a história. Os que antes olhavam para Mourinho como um Darth Vader menor, agora têm de virar o disco e começar a procurar músicas com referências messiânicas. Mourinho é mais do que um São João Baptista.

Como sempre, foi ele quem decidiu os timings do seu futuro. Quando quis chegar a Madrid a máquina já estava de tal forma montada que ninguém poderia negá-lo. Com um titulo europeu debaixo do braço - uma obsessão de um clube que tem nove em casa mas que há sete anos que não passa dos Oitavos - e com aquele ar de superioridade moral que o destaca dos comuns mortais, José Mourinho estava destinado a revolucionar o Bernabeu. Um estádio feito para grandes estrelas. E que, pela primeira vez na sua história, verá uma estrela flamante no banco. Um contra-senso? Definitivamente sim.

 

Florentino Perez é o homem das camisolas.

Será dificil vender equipamentos com o nome de Mourinho mas coisas mais estranhas já se viram. Gastar 300 milhões em oito contratações no passado defeso não garantiu à equipa um só titulo. Nem um. A fantástica época de estreia de Cristiano Ronaldo, frustrado nesta nova aventura que pensava estar revestida de ouro, ficou apagada por mais uma avalhance blaugrana. Esteticamente o Barça foi superior. Moralmente mais ainda. No terreno de jogo, em 180 minutos, nunca perdeu o controlo. É esse o problema que Mourinho tem para resolver.

O homem que resgatou o FC Porto de um triénio de desastres domésticos. O homem que fez do Chelsea uma das máximas forças europeias, 50 anos depois do último titulo. O homem que resgatou o Inter da mediocridade europeia de quatro décadas. Um homem que é mais do um mortal com uma missão superlativa. Vencer em Madrid custa, historicamente, muito mais do que em qualquer outro recinto. Capello, Schuster e até Del Bosque venceram na última década. Mas nunca convenceram a 100%. Vencer e convencer é algo que parece natural num clube como o Barcelona, com um plano de jogo e de estilo ideado há 20 anos atrás. Em Madrid, equipa que vive do glamour, das milionárias transferências e das capas de jornais com pretensões mundiais, é tarefa impossível. Ou quase.

 

José Mourinho chegou hoje à Castellana com a autoridade que emana naturalmente à sua volta.

Uma autoridade tão pouco portuguesa que conquista até os mais reácios. Tem o plantel em suspenso, o presidente Florentino Perez de dedos cruzados (o homem que não gosta de treinadores, como o descreveu um dia Santiago Segurola) e o director técnico Jorge Valdano com um amargo sabor de sapo na boca. O "manager" merengue, que foi melhor treinador que jogador e melhor cronista que director técnico, durante anos destilou veneno contra o português. Até ao fim resistiu em entregar o projecto merengue nas mãos de um homem para quem Mourinho é o anti-futebol. No final engoliu o sapo e a honra que, se a tivesse, teria significado a sua saída. Mas Madrid é assim, uma cidade de estranhos contrastes.

Ao contrário de Cristiano Ronaldo, que sempre disse que nasceu para jogar no Real Madrid, o técnico português sabe que a capital espanhola é apenas mais um cromo na sua mala de viagens. Até agora repleta de boas recordações. Mais do que contratar as peças chave para o seu modelo de jogo. Ou do que resolver os graves problemas de balneário, o técnico terá de apalpar a realidade que o rodeia e carregar na tecla que melhor o favoreça. Sempre surgiu a prometer algo que os adeptos necessitavam. Agora sabe que isso significa vergar o Barcelona, e não só no que a titulos diz respeito. Mourinho terá de fazer de Cristiano Ronaldo o que Guardiola faz com Messi. Terá de contentar os defensores de um futebol de cantera (que apontam o exemplo do rival) e aqueles que defendem o caracter global de um clube milionário com contratações sonantes. E tudo isso mantendo-se fiel a si mesmo. O único truque na manga ao largo de quase uma dezena de anos de carreira profissional.

Desde Leiria que José Mourinho nunca falhou num projecto desportivo. É a essa realidade de 18 titulos em 8 anos que todos se agarram em Concha Espina. Triunfar aqui pode significar para Mourinho mais do que novos titulos. Será a cereja no topo do bolo da sua carreira. Fechará uma década inédita na vida de qualquer técnico. A prova de que, ao contrário de Wenger, Guardiola ou Ferguson, ele é capaz de vencer em qualquer ambiente, em qualquer projecto independentemente das circunstâncias. Um feito só ao alcance dos grandes profetas.



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Domingo, 30 de Maio de 2010

Depois de França ter aberto o Mundial a 32 equipas, a FIFA decidiu começar a emendar o atraso de décadas e levou, pela primeira vez, o torneio ao continente asiático. A dupla Coreia do Sul-Japão emergiu como organizadora e montou um torneio onde houve pouco futebol, menos público mas muita emoção. No final o Pentacampeonato ficou no pano de fundo de uma prova marcada pela arbitragem e pelas misteriosas aspirinas dos velozes coreanos.

 

Na fase de grupos caiu a melhor selecção do Mundo. Aparentemente. Cairam também argentinos e portugueses. A Holanda nem viajou. De um só golpe a ordem establecida de favoritos começou a inclinar-se para o campo das improbabilidades. E assim foi até à inédita final de um Brasil surreal e uma Alemanha demasiado cinzenta para ser verdadeira. Dessa final de Ronaldo, e de poucos mais, ninguém se lembra. Da campanha de ambas formações também não há vivalma que se recorde. Da forma como o Brasil superou a Bélgica, passou por cima da frágil Inglaterra e acabou por derrotar - pela segunda vez - a surpreendente Turquia. Dos alemães a história lembrará apenas os golos de Klose ao passar por cima de Paraguai, Estados Unidos e Coreia do Sul. Paramos aqui. Na selecção coreana. A sensação da prova. Por mil e uma razões.

Quando o torneio arrancou poucos apostavam nas equipas da casa. Eram selecções historicamente frágeis e sem historial de sucesso. No entanto as fichas estavam todas no Japão de Nakata. Ninguém pensou na Coreia de Hiddink. O mago holandês. A pouco e pouco, no entanto, a balança foi mudando. Os coreanos mostraram-se aguerridos. Estranhamento velozes. Irredutivelmente resistentes. E sempre com um piscar de olho ao homem de negro de turno. Assim, a passo e passo, fizeram história. Que provavelmente nunca igualarão.

Primeiro empataram com a Polónia. Resultado normal. Logo a seguir foram vencer os Estados Unidos, que por sua vez tinham espantado o Mundo ao bater um débil, eternamente débil, combinado português. No jogo final o empate servia às duas equipas. João Vieira Pinto deu uma ajuda, Park Ji Sung fez história. Portugal para casa, Coreia do Sul em frente. No duelo dos Oitavos começou a outra parte da história.

 

Na primeira fase poucas equipas tinham realmente entusiasmado. O Brasil mostrou-se eficaz e a Espanha voltou a dar o seu melhor rosto. A Itália, sempre presente, surgia como uma possível outsider graças aos golos de Del Piero e Vieri. Relembrando o feito dos vizinhos do norte, em 1966, os coreanos lograram bater o onze italiano por 2-1. Com a diferença de que, por várias vezes, a equipa de arbitragem foi negando o empate à azzurra depois da Itália ter começado o jogo praticamente a vencer. Começava um debate cruel que, a seguir, levou a Espanha a voltar a cair antes de tempo. O jogo foi um longo e agonizante duelo com vários foras-de-jogo e penaltys por assinalar a favor dos espanhois. Estoicos, os coreanos aguentaram até aos penaltys. Aí a malapata voltou a levar consigo o exército castelhano para casa. E pela primeira vez uma equipa asiática cometia o feito de chegar até às meias-finais. Tudo podia acontecer. Em Seul sonhou-se demasiado. Do outro lado, apesar de cinzenta, estava a Alemanha. Uma equipa que não entende de arbitros ou favoritismos nem de misteriosas aspirnas. O cinismo alemão funcionou, o sonho coreano terminou.

 

O Brasil agradeceu as ajudas externas. Sem grandes rivais pelo caminho suou apenas o necessário e indispensável. Rivaldo esteve a serviços minimos, Ronaldinho ainda não era ele e Ronaldo ia facturando rumo à história. Chegado o dia final já ninguém se lembrava do Senegal, da Turquia ou até mesmo do onze coreano. Mas poucos queriam lembrar-se desde escrete que acabou por conquistar o histórico Penta. O futebol recebeu um fraco favor da FIFA nesta viagem ao Oriente e jurou não voltar a viver tamanha aventura. Agora prepara-se para mergulhar em África.



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Sábado, 29 de Maio de 2010

Até nisto Cristiano Ronaldo, Xavi Hernandez e Leo Messi são um caso àparte. Os três melhores do Mundo são também os raros exemplos de figuras de grandes empresas desportivas que vão actuar na África do Sul com uma camisola da mesma marca das suas flamantes chuteiras. O Mundial de Futebol é também um duelo de marcas e mercados. Nike e Adidas preparam-se para mais um choque. Mas será preciso trocar alguns cromos?

Muitos dos milhões que move o mundo do futebol passam pelo imenso e misterioso mundo das marcas desportivas.

Equipamentos, chuteiras, acessórios, naming, publicidade, anuncios e mais publicidade. Não é por acaso que as vendas aumentam, a publicidade dispara e, durante um mês, Nike, Adidas, Puma e Umbro parecem estar em todo o lado. Uma omnipresença pouco inocente.

Os anuncios televisivos já começam a assaltar a televisão com a sua espectacularidade, tons de irónica comédia e, claro, as inevitáveis fintas e lances impossíveis. O duelo principal, entre Nike e Adidas (juntas congregam 21 das equipas presentes na prova), volta a ser o principal atractivo. No total serão 7 as marcas presentes no torneio (Walon, Chollima, Umbro e Joma contam apenas com uma selecção).

O último Mundial foi um ligeiro parentesis num duelo que tem marcado os últimos 20 anos do futebol mundial. Até 1994 a Adidas dominava à vontade o Mundial de Futebol (do qual é patrocinadora oficial), com quatro finais em cinco só com equipas com as celebres três tiras no equipamento. Na década de 90 assistimos à resposta da Nike. A firma norte-americana foi a primeira a utilizar os clips publicitários para transformar a marca num fenómeno de massas. Abriu a saga de clips com uma colectânea dos melhores jogadores de então num duelo demoníaco e há poucos dias voltou a apresentar um trabalho (dirigido pelo consagrado Alejandro Iñarritu), que roça a genialidade em todos os aspectos. Tanto marketing, no entanto, não deixa esquecer que no último Mundial a companhia se viu suplantada pelas alemãs Adidas e Puma. Só colocou uma equipa nas quatro primeiras. Quatro anos antes, na Ásia, foram duas (as mesmas da Adidas) e no França 1998 tinham sido três em quatro (no entanto, o titulo foi para a Adidas). Se a Nike surge com algumas das grandes favoritas ao titulo, a Adidas parece evocar um passado histórico quase imaculado. No entanto, há 12 anos que os alemães não celebram um Mundial. Este ano têm armas de sobra para sonhar.

 

Olhar para o catálogo de ambas as marcas (a Inglaterra continua com a Umbro, que por sua vez foi adquirida pela Nike, enquanto Itália e Camarões continuam fieis à Puma), é dividir em dois esquadrões os máximos favoritos ao torneio. A Nike aposta forte, como sempre, no Brasil. O conceito de "jogo bonito" foi inventado pela própria companhia e mesmo com uma formação de choque, como promete apresentar Dunga, o que importa é a mensagem. Numa segunda linha estão Holanda e Portugal, as eternas promessas, mas também Estados Unidos, Coreia do Sul ou Austrália, importantes mercados emergentes.

Ao contrário, a Adidas continua a apostar nos mercados tradicionais. O trio europeu Alemanha, França e Espanha (e outros países do Velho Continente como Grécia, Dinamarca, Eslovaquia ou Ucrânia) e a aposta na América (Argentina, Mexico) são as grandes armas da empresa germânica que é a única que pode presumir de ter tido finais exclusivas com equipas por si patrocinadas, a última das quais em 1990. A terceira força em linha, a Puma, reina no mercado africano. Fruto de uma histórica cisão com a Adidas, a marca alemã patrocina sete selecções e quase uma centena de jogadores.

Aliás, verdadeiramente original será mesmo o duelo de figuras.

Nike e Adidas contam apenas com três das suas maiores figuras no seu catálogo de equipas. Cristiano Ronaldo, para os norte-americanas, e Leo Messi e Xavi Hernandez ao serviço dos alemães.

Ver Kaká (atleta da Adidas), como simbolo de um país intimamente ligado com a Nike é quase o mesmo que olhar para Wayne Rooney, com Umbro ao peito e Nike nos pés. Uma troca que se poderá ver igualmente nos casos de Ribery, Drogba, Iniesta, Eto´o ou Cannavaro. Uma circunstância que, em mais de uma ocasião, dará aos directores da emissão uma forte dor de cabeça. Nestas coisas da publicidade os meandros escuras contam, e muito, e os rumores de favorecimento a esta ou aquela marca são inevitáveis. Particularmente numa prova onde a bola, as bancadas e a maioria das equipas, jogam com as "mesmas cores". Não é também inocente a aportação financeira das grandes companhias às equipas nacionais. O caso Nike (Brasil 1998) está ainda bem presente na memória de muitos e os prémios de vitórias das corporations muitas vezes superam os das próprias federações e até da mesma FIFA. Uma circunstância a ter, sem dúvida, em linha de conta.

Certo é que um duelos mais apetecidos do próximo Mundial será, sem dúvida, a luta Adidas vs Nike. Os alemães venceram o último Europeu (com uma final "perfeita"), e estiveram nas últimas três finais consecutivas. A Nike traz o espectáculo à americana, o grande icone global da prova e um perfume samba que vão torcer para que não se torne nem tango, nem flamenco. A 11 de Julho milhões de adeptos vibrarão com uma histórica final, seja ela qual for. Por detrás da cortina, certamente haverá mais do que um rosto bem preocupado mais com números do que com a história. Até 2014 não terão uma nova oportunidade para brilhar.

 

As camisolas das selecções:

13 - Adidas (África do Sul, Alemanha, Argentina, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, França, Grécia, Japão, México, Nigéria, Paraguai, Ucrânia)

8 - Nike (Austrália, Coreia do Sul, Eslovénia, Estados Unidos, Holanda, Nova Zelândia, Portugal, Sérvia)

7 - Puma (Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gana, Itália, Suiça, Uruguai)

1 - Chollima (Coreia do Norte), Joma (Honduras), Umbro (Inglaterra) e Walon (Chile)



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Sexta-feira, 28 de Maio de 2010

A UEFA parece ter uma necessidade de se reinventar constantemente. Hoje, o máximo organismo europeu de futebol vai anunciar o organizador do Europeu de 2016. Uma edição chave, que significará um claro antes e depois no espectro de uma prova considerada pela esmagadora maioria como o mais exigente troféu de selecções do Mundo. Uma realidade que pode estar prestes a mudar.

França, Turquia e Itália.

Três nações com projectos distintos, esperam ansiosamente a decisão de Michel Platini e os seus pares.

Os analistas consideram que França parte em vantagem já que não organiza o evento desde 1984 e conta com a benção do presidente. A Turquia, por sua vez, traz um toque de novidade e exotismo que a UEFA aprecia. Por fim, a Itália, a candidatura mais modesta, precisa desta prova como de água num deserto. Seria a desculpa perfeita para reinventar um país destroçado por dentro. Mas quem, no país da bota, sabe algo sobre esta candidatura?

Se a UEFA mantém os padrões de exigência, então a França seria favorita. Se optar por levar o futebol a outros pontos do continente, a aposta seria na candidatura turca. Mas provavelmente o trofeu acabará por disputar-se em terras italianas. Um país que oferece muito pouco à partida mas que pode ganhar mais do que qualquer outro. Renovar por completo os estádios empobrecidos. Melhorar as infra-estruturas. E apostar num claro desenvolvimento desportivo são os grandes chamarizes de uma candidatura derrotada há quatro anos por Polónia e Ucrânia. E é precisamente o problema dos atrasos e erros que rodeiam a candidatura vencedora do Euro 2012 que serve de alerta para novas aventuras. Depois de duas provas com um duplo organizador em países sem tradição, a UEFA vai procurar uma nação com história, infra-estruturas e background. Especialmente com as caracteristicas que se prepara para impor.

 

O grande problema à volta do torneio de 2016 passa pelo seu modelo organizativo.

Pela primeira desde 1996, a UEFA vai preparar-se para ampliar o número de equipas de 16 a 24. Um número perigoso. Complicado até. E que desvirtua uma das máximas da prova. Desde que o torneio arrancou com 16 equipas os analistas foram unanimes em considerar o Europeu como a mais dificil prova de selecções do Mundo. Num continente de 54 países, escolher os 16 melhores era escolher la creme de la creme. Ao contrário do Mundial, onde pululam muitas vezes países sem chamam nem tradição, o Europeu é uma prova de exigência máxima do principio ao fim. Foi assim desde o Euro inglês até à aventura austro-helvética. Mas que tem as horas contadas.

A UEFA não ligou às criticas sobre o que pode significar esta mudança. A FIFA sabe, melhor do que ninguém, o que é preciso numa prova a 24. De 1982 a 1994, os Mundiais disputaram-se com esse número de participantes. Isso implicava, entre outras coisas, muita matemática na primeira fase. Deixam de se apurar apenas os dois primeiros, e agora há quatro de seis terceiros que também passam à fase a eliminar. Acaba o efeito surpresa (como o causou as eliminações precoces de França em 2008, Espanha e Itália em 2004 ou Inglaterra e Alemanha em 2000) e dá-se mais margem de manobra ás favoritas. Por outro lado, baixa o nivel exigência da primeira fase. De uma forma assutadora.

 

A Europa habituou-se à elite.

Os seus torneios de 16 eram caracterizados sempre por ausências de luxo. As equipas enviadas ao Mundial eram, praticamente, no mesmo número. O que significa que agora passarão a existir oito selecções de segundo nível com possibilidades de ir ao máximo palco europeu. Um cenário que facilitará certamente o trabalho às selecções de leste, aos países nórdicos ou aos estados britânicos, que têm deixado os grandes palcos às potências do ocidente europeu. Os adeptos podem agradecer. Haverá mais jogos (20 no total), mais equipas, mais jogadores e um maior impacto mediático. Grosso modo, metade da Europa estará presente no certame. O Euro aproxima-se assim de provas como a Copa América ou Golden Cup, e deixa de ser um torneio selectivo.

A esta aumento de equipas a UEFA responde com uma contenção de custos. Os países candidatos, por indicação da UEFA, apresentam um dossier com apenas dez estádios, dos quais provavelmente só utilizarão oito. Reduzem-se os tempos, os gastos logisticos, as distâncias. E logo numa edição que será entregue, forçosamente, a países de significativas dimensões dentro do espectro europeu. A Turquia precisa de um evento deste genero para, politicamente, reinvidicar a sua condição europeia. A França vive marcada pela derrota "olimpica" face a Londres e joga com o trunfo de ter, praticamente, tudo feito. Por sua vez, Itália, com o Calcio em queda livre e sem qualquer perspectiva risonha de futuro, encontraria num torneio destas caracteristicas a oportunidade perfeita para reinventar-se. Um argumento de peso que poderá hoje surtir efeito. Mesmo que o torneio de 2016 não tenha o mesmo glamour dos seus antecessores. 

O novo formato do Europeu é a continuação da política de Michel Platini, que já arrancou com o novo formato da Champions League, dando mais armas aos países médios e pequenos para chegarem a um torneio de elites. O formato garante no entanto que a elite europeia deixa de se preocupar em falta às grandes noites. Uma fase de qualificação simplificada, um joker de apuramento na etapa de grupos dará sempre um bónus às equipas de maior prestigio. As boas intenções da UEFA chocam com a inevitabilidade das evidências. Com este novo modo competitivo, o Europeu de Futebol perde (grande) parte da sua magia. 


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Quinta-feira, 27 de Maio de 2010

O tempo voa e estamos agora só a quinze dias do arranque do Mundial. As equipas começam a aterrar em solo africano, as convocatórias definem-se a conta gotas. Já não há volta atrás. A bola está prestes a rolar.

A Austrália foi a primeira a chegar. A Espanha, com o titulo de campeã europeia debaixo do braço, será a última.

Nesta próxima quinzena confirmam-se as aterragens esperadas de centenas de voos, repletos de equipas, bagagens, adeptos, jornalistas e, sobretudo, ilusões. As listas de favoritos versam sempre sobre os mesmos três nomes: Brasil, Espanha e Inglaterra.

Aos brasileiros vale, sobretudo, a tradição e a grande dose de experiência ganha em quatro anos por Dunga. Uma Copa America, uma Taça das Confederações e um apuramento impecável são uma carta de apresentação que nenhuma outra equipa brasileira soube apresentar nos últimos anos. Vem com a polémica das inevitáveis ausências e as esperadas criticas ao hermetismo táctico do seleccionador. E com Kaká, mais um, em algodões.

Do espectro europeu ninguém fala dos crónicos nomes a quem a história dá sempre razão.

Espanha enterrou nos Alpes a "Furia" e ergueu-se como a selecção mais fascinante do planeta. Um estilo de jogo inspirado no modelo barcelonista (serão oito, nove com a possível incorporação de Cesc, os jogadores do campeão espanhol na selecção) que priveligia o toque, o jogo aberto e uma imensa fantasia que sai dos pés de alguns dos futebolistas mais em forma do planeta. Del Bosque, um dos poucos homens que conta com duas Champions League no bolso, é o técnico certo para esta geração que quer emular os feitos de Alemanha e França. Por outro lado, a Old Albion, nunca realmente favorita, beneficia do efeito Capello, um técnico sempre respeitado e raramente perdedor. Uma equipa com jogadores no ponto nuclear das suas carreiras, com um avançado de primeiro nível, que procura esconder as históricas debilidades com um pressing intenso e uma matreirice pouco britânica, para contornar uma inevitabilidade histórica.

 

Numa segunda fila surgem as dúvidas maiores do certame.

Por aí anda a Argentina, onde Maradona parece anular Messi (ou será vice-versa?) ou a Itália que ainda não entendeu que o "fado" histórico nos diz sempre que, depois de chegar a uma final, a prova seguinte é sempre um desaste. Por aí passeiam também a sempre frágil Holanda (este ano sem um killer para rematar o jogo rendilhado de Robben, van Persie, Sneijder, van der Vaart e companhia), a rejuvenescida Alemanha ou a geriátrica França. Também Cristiano Ronaldo, perdão, a selecção portuguesa. Ou a tropa de nações africanas que maldiz que, no seu Mundial, as suas principais armas tenham caído em grupos letais.

As vuvuzuelas já estão na mente dos adeptos e há ainda quem tente memorizar o nome esfingico da nova bola. Os estádios estão vazios, de momento, mas a FIFA garante enchentes, nem que seja à base de bilhetes gratuitos para os operários (que bem os merecem). E o país com maior taxa de criminalidade urbana do "continente negro" continua à espera de uma maré de adeptos que podem preferir trocar as ruas de Joannesburg por uma esplanada qualquer numa cidade europeia, cortesia dos jogos à hora de almoço. A quinze dias só falta mesmo arrancar o futebol, porque, quanto ao resto, a máquina já há muito está preparada para funcionar.  


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Quarta-feira, 26 de Maio de 2010

Não bastava já o Grupo G do Mundial ser um duelo entre três dos melhores jogadores do Mundo (Kaká-Drogba-Cristiano Ronaldo), como agora se pode juntar à lista o ambicioso extremo coreano. Jong Tae-Se é um dos nomes obrigatórios de seguir no próximo mês. Um rebelde inesperado que renegou dois países para poder levar ao peito o simbolo da Coreia do Norte.

Os dois golos apontados no amigável de ontem frente à Grécia confirmaram o que se vinha dizendo, à boca pequena, entre aqueles que seguiam regularmente o futebol asiático. Sem mediatismo mas com muito talento, Tae-Se emerge naturalmente como uma das figuras que há que ter em atenção no próximo Campeonato do Mundo. Foram dois golos que espelham o estilo de jogo do extremo. Rápido, directo, habilidoso e repleto de oportunismo, Tae-Se é a grande figura da J-League japonesa, onde brilha há já quatro anos. Já tem 25 anos e só uma série de atrasos burocráticos atrasou o arranque da sua carreira internacional. Que agora é uma inevitável realidade.

Jong foi o grande artifice individual de uma equipa que vale pelo colectivo. Chave no apuramento surpresa da Coreia do Norte na fase de qualificação asiática, é o jogador mais temivel de uma selecção que a maioria dos analistas desconhece por completo.

 

A história de Tae-Se é o espelho do seu estilo de jogo. Repleto de pequenas inesperadas habilidades.

O jovem nasceu no Japão filho de pais sul-coreanos. Cresceu com dupla-nacionalidade mas quando entrou na Universidade, aos 18 anos, começou a simpatizar com a causa comunista. A paixão pelo regime da Coreia do Norte foi imediata. Durante dois anos ingressou em vários grupos de apoio ao regime de Pyongiang no Japão, e quando a sua carreira futebolistica despontou no Kawasaki Frontale, o extremo decidiu que queria representar o país que admirava.

Renegou à dupla nacionalidade dos pais e do país onde nasceu e depois de dois anos repletos de burocracia e problemas legais, conseguiu a almejada cidadania norte-coreana. A tempo de disputar a Taça das Nações Asiáticas onde foi, inevitavelmente, uma das figuras da prova. Continuou a ganhar a pulso o seu lugar no coração dos adeptos norte-coreanos com golos chave no apuramento para o Mundial, ao mesmo tempo que brilhava no Japão com o seu estilo de jogo incisivo e veloz, do alto do seu 1m81, uma raridade para aquelas bandas.

A Coreia do Norte é a grande incógnita do torneio e arranque a perder por começar num grupo de nomes já consagrados. Mas, tal como em 1966, é preciso ter atenção a uma realidade desconhecida. A exibição contra a matura Grécia deixa antever uma equipa mais sólida do que se esperava. E se Jong Tae-Se se lembra na África do Sul de repetir os trovões de magia que destroçaram os helénicos, as outras equipas que se cuidem. Este homem tem talha de herói!  



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Terça-feira, 25 de Maio de 2010

O Em Jogo inaugura esta temporada o nosso particular Top 10.

 

Antes do arranque do Mundial - prova quem tem o condão de desfigurar uma época de dez longos meses - deixamo-vos a lista daqueles que foram, para o Em Jogo, os 10 Melhores Futebolistas a actuar na Europa na época 2009/2010. Uma escolha baseada nas exibições, na constância demonstrada ao longo da temporada e na evolução desportivo face à anterior época. Representantes das principais ligas do continente, figuras chave nas competições europeias, aqui está o nosso Top 10 2009/2010.

 

 

 

1. WESLEY SNEIJDER

 

Em Madrid acusavam-no de tudo e literalmente Jorge Valdano expulsou-o do clube. A pontapé.

360 dias depois Wesley Sneijder voltou a Madrid para coroar-se o Jogador do Ano. Foi uma longa época de um atleta de excelência que recuperou o seu melhor rosto, o do Ajax e da Orange que o levou a Madrid onde passou sempre ao lado dos grandes momentos. Eregido general por José Mourinho, a batuta assentou-lhe que nem uma luva e durante uma época, o médio teve a destreza para liderar as hostes sem um falho. Golos chave, com um pontapé canhão demolidor, e assistências primorosas como as do duelo com o Barcelona, Roma ou da própria final de Madrid. Rei dos últimos passes na prova rainha da Europa, jogador decisivo num Calcio sem fim, Sneijder pode finalmente sacar a espinha atravessada. Este ano ninguém jogou como ele. Por isso foi o melhor.

 

2. ARJEN ROBBEN

 

Durante os 90 minutos da final de Madrid viu-se, uma vez mais, o determinante que pode ser Arjen Robben.

Nessa noite acabou por não sê-lo, mas foi apenas um aparte numa larga época de sucessos de um jogador renascido das cinzas, depois de dois anos sofridos em Madrid. Pelo lado direito ganhou a época, graças às suas demoniacas diagonais. Letal nas bolas paradas, eficaz no remate, determinante nas assistências, o extremo holandês foi uma das grandes noticias do ano voltando a exibir-se como na sua primeira etapa em Stanford Bridge. Enquanto o Mundial espera por ele em Munique já sabem que para o ano podem voltar a sonhar. As bases estão montadas e Robben não vai a nenhum sitio.

 

3. XAVI HERNANDEZ

 

Um ano mais o Barcelona voltou a dominar qualquer ranking de equipa mais admirada. Apesar de ser uma versão menos espectacular da que vimos na época passada, o conjunto culé ganhou em eficácia, o que perdeu em espectáculo. E tudo sob a batuta do mesmo maestro.

Xavi Hernandez continua a puxar dos galões de melhor jogador do Mundo. Foi o rei das assistências do super-Barça, sendo o principal responsável pela notável época goleadora de Messi ou pela explosão do jovem Pedro Rodriguez. Perdeu o seu parceiro perfeito, Iniesta, e teve de trabalhar mais na arrumação defensiva do meio-campo. Mas foi exemplar. Basta ver que em Madrid, no duelo do titulo, sairam dos seus pés as duas assistências para golo. Só parando o número 6 logrou o Inter controlar o carrousell ofensivo dos blaugrana e agora levanta-se a expectativa sob o que se pode esperar no próximo Mundial do jogador que foi eleito o MVP do último Europeu. Tarde ou cedo o Mundo entenderá a classe de jogador que é o cerebro do Camp Nou.

 

4. WAYNE ROONEY

 

Não é dificil perceber que o Manchester United perdeu dois titulos num só segundo. Quando Rooney, então o jogador mais em forma do futebol europeu, se lesionou no confronto da primeira mão com o Bayer Munchen, a época dos Red Devils entrou em suspenso. Haveria sempre um antes e um depois da lesão no tornozelo do avançado inglês.

Por essas alturas Rooney era o jogador de moda. Liderava a corrida pela Bota de Ouro, liderava a equipa que se preparava para um histórico Tetra e tinha tudo para sonhar com o titulo europeu. Nesse instante perdeu tudo mas é impossível esquecer a sua época fabulosa. No primeiro ano sem o seu amigo Ronaldo ao lado, Rooney explodiu literalmente. Com golos, com assistências (ele que voltou ao centro do ataque) e com a raça que o caracterizou desde os primeiros dias no Everton. No mundo dos "ses" tinha tudo para ser o Jogador do Ano, mas o futebol não perdoa.

 

5. CRISTIANO RONALDO

 

Depois de seis anos em Inglaterra o extremo madeirense tornou-se no jogador mais caro de sempre e mudou-se, de malas e bagagens, para Madrid. Cristiano Ronaldo fez valer, centimo por centimo, os 100 milhões que o clube merengue pagou pelo seu passe.

Não fosse uma larga e inoportuna lesão e ninguém sabe realmente se o impacto teria sido maior. Mas em campo, o novo CR9 foi imparável. Apontou 26 golos na Liga espanhola e sete mais na Champions League - a sua segunda melhor marca goleadora de sempre - e rapidamente tornou-se no lider em campo (e no balneário) do exército desalmado de Madrid. Fica marcado pelo ano em branco da sua equipa e talvez no próximo ano acabe com uma racha de três épocas sucessivas a disputar os mais importantes prémios individuais, mas ninguém pode questionar que chegar e impor-se de esta forma a uma liga estrangeira é algo ao alcance de muito poucos. Um clube onde Ronaldo entrou sem ter de pedir licença.

 

6. LIONEL MESSI

 

Não é fácil a alguém que ganha tudo superar-se. Mas Lionel Messi logrou-o.

O extremo argentino é forçosamente um dos nomes próprios da época. Bota de Ouro com 34 golos, a sua melhor cifra de sempre, Messi foi o espelho mais evidente da transformação táctica que sofreu o Barcelona, no segundo ano de Guardiola. Abandonou a posição de extremo direito, onde brilhou na época passada, e passou a deambular pelo meio do terreno de jogo. Um processo em tudo igual ao de Cristiano Ronaldo na sua última etapa em Old Trafford e que lhe permitiu, como ao português, marcar mais e entrar na construção do jogo ofensivo desde o coração da equipa. Golos, assistências e atitude, foram as palavras-chave do ano de Leo, consagrado pela imprensa como o melhor do Mundo. Apesar do estéril debate sobre a eternidade, é mais do que certo que o jovem de 22 anos está aí para ficar durante muito tempo.

 

7. DIEGO MILITO

 

Aos 30 anos, Milão teve direito ao "seu" Diego.

Um goleador que nunca teve nada de precoce e fácil. Herói de Avellaneda, Diego Milito chegou a Genoa no pior momento da história do clube. Marcou mas não chegou e, face à despromoção dos genoveses, emigrou para Espanha apenas para reviver o mesmo drama, no Zaragoza. Viagem de ida e volta a Génova com destino Milão. Foi mais eficaz num ano que Zlatan Ibrahimovic em três temporadas e ergue-se como o sniper perfeito para o exército de Mourinho. Marcou golos determinantes nos jogos chave. Numa semana fechou três titulos para o seu Inter com quatro golos. Em Madrid ergue-se como um avançado monumental, ganhando, quase sozinho, uma final inteira. No Mundial esperem pouco dele porque o outro "Diego" há muito que deu sinais de ter os seus favoritos. 

 

8. HUGO LLORIS

 

Desde que chegou a Lyon o jovem Hugo Lloris ainda não saboreou qualquer titulo. Algo anormal, tendo em conta que o clube francês tinha-se revelado, até há um ano, uma máquina de ganhar. No entanto o guardião não pode estar arrependido, especialmente depois do notável ano que acabou de cumprir. Melhor jogador da Ligue 1, um dos mais determinantes na última edição da Champions League, o guardião é hoje indubitavelmente um dos cinco melhores guarda-redes do planeta. Alto, ágil, rápido e certeiro nos timings, Lloris promete acabar com uma longa malapata de um país que nunca teve um guardião de elite. A sua imensa juventude só deixa adivinhar que o seu mandato será longo e que, tarde ou cedo, se desenrolará noutras paragens.

 

9. LUIS SUAREZ

 

É impressionante como este prodigío uruguaio tenha passado os últimos dois anos no Ajax Amsterdam quando meia Europa gasta milhões em jogadores com metade do seu calibre de jogo. Porque apontar 35 golos, mesmo na liga holandesa, é muito. Porque fazer 20 assistências, na mesma prova, também é muito. E porque Luis Suarez está chamado a ser uma das estrelas desta década.

Um ano pautado sem grandes titulos (apenas a vitória da Taça da Holanda) mas com uma qualidade de jogo incomunsurável e um espirito colectivo fora do vulgar num jovem de apenas 21 anos. O Mundial espera por ele (uma dupla Suarez-Forlan é sempre temivel), e será um crime se, no próximo ano, o pequeno grande génio esteja ainda no Amsterdam Arena. Os adeptos ajaccied vão agradecendo.

 

10. GERARD PIQUE

 

Há defesas que marcam décadas. Foi assim com Moore nos anos 60, Beckenbaeur nos anos 70 e Baresi nas décadas de 80 e 90. A próxima poderá ser, indubitavelmente, a década de Gerard Pique.

O jovem espanhol está no restricto lote de campeões do Mundo em anos consecutivos por dois clubes distintos (Man Utd e Barcelona), mas é no conjunto blaugrana que, finalmente, se erigiu como o lider defensivo número 1 do Mundo. Uma posição que acumula também na selecção espanhola, onde estamos mais habituados a concentrar-nos no trabalho dos pequenos génios do meio-campo. Pique encarna o espirito do defesa moderno. Implacável na marcação (Cristiano Ronaldo já o provou por várias vezes), excelente a sair com a bola sem perder posição, o central até já demonstrou ter dotes de goleador. Completo como poucos, este ano também foi seu!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:21 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 24 de Maio de 2010

Talvez seja fácil de entender o que define um treinador marcante. É como Átila. Por onde passa, dificilmente o relvado do tapete verde volta a crescer de forma tão intensa e vigorosa. Nesse apartado chave, tão marginalizado entre disputas estéticas, nenhum é capaz de superar José Mourinho. Não é o homem das longas declarações de amor a uma causa. É um ganhador em qualquer ponto do Planeta. Pela terceira vez voltou a exemplificar quão básica e elementar é a sua cartilha. Uma causa vencedora à partida.

É fácil não gostar de José Mourinho. Demasiado até. E isso torna impossível não o adorar neste mundo de idolos de pés de barro.

O técnico da década - inevitavelmente - é também o nosso Homem do Ano. Pela terceira vez nos últimos dez. Depois de fazer de um destroçado FC Porto uma potência à escala europeia (sete titulos em dois anos) e de ressuscitar um velho clássico como o Chelsea (seis títulos em três épocas), agora coube a vez de fechar o ciclo de Milão. Porque Mourinho é um homem de etapas, não de compromissos.

Vive num mundo diametralmente oposto aos Ferguson e Wenger, técnicos capazes de permanecer uma larga eternidade ligados a um só projecto, uma só ideia. José Mourinho gosta de desafios. É fácil não gostar de saltimbancos. As pessoas admiram a estabilidade, a coerência, a fidelidade. E Mourinho só é fiel a si mesmo. Mas nunca engana ninguém. O seu amor eterno ao seu Chelsea, ao seu Inter (no caso do FC Porto reiteradas vezes lhe lembraram que não era dele...) é etéreo. Não presencial. As suas tácticas, os seus mind games, a sua postura choca com o politicamente correcto que grassa e apesta no mundo de hoje. Um mundo onde o melhor não pode dizer que o é, tem sempre de esperar à maioria. Um mundo onde a eterna ambição de ganhar é castrada com a eterna aspiração de beleza. Mourinho é diferente, não vai nessas cantigas, boas para vender jornais e alimentar conversas de café.

 

Quando Mourinho chegou ao San Siro, muitos duvidavam sobre o sucesso da sua incursão no Calcio.

A eliminação europeia tão precoce na sua primeira temporada deixou muitas dúvidas no ar. Mas foi um mal necessário. Com essa licção aprendida Mourinho rodeou-se dos melhores. Não dos mais mediáticos, mas sim dos jogadores capazes de seguir a sua filosofia até ao fim. Adriano, Julio César, Mancini, Quaresma, Maxwell e companhia foram postos de parte, depois do técnico entender que eram incapazes de sentir as regras do colectivo como fundamentais para vencer. Remeniscencias do velho Helenio Herrera, o homem que deixou Kubala tantas vezes na bancada por troca com o mais colectivo Luis Suarez.

Com uma legião de homens fieis até ao suspiro final, Mourinho tinha o exército que precisava. Dotou-o das armas necessárias (psicologicamente preparou-os para tudo e isso percebe-se no rosto de cada um dos seus jogadores) e montou o esquema de campanha. Poderia ter caído na fase de grupos mas a resistência dos neruazzuri era maior do que aparentava. Contra todos os prognósticos humilhou o Chelsea e vergou o Barcelona. Tudo graças à licção, sempre oportuna, do sadino. Secou as suas antigas glórias e calou os amantes do jogo bonito blaugrana. Chegou a Madrid e aí, nos 90 minutos finais, não ofereceu a minima hipótese ao seu velho amigo, van Gaal. Deu-lhe a bola, ficou com o espaço. Abriu o jogo, marcou. Fechou o jogo, controlou. Voltou a abrir, voltou a marcar. Uma cartilha que a muitos enoja, mas que faz parte do "b-a-b-a" dos ganhadores. E não há um homem tão nascido para ganhar como Mourinho.

 

Quebrada a quarta etapa na sua carreira, começa agora o sonho de Madrid. Num clube que está nos seus antipodas. Num ambiente pouco propicio para a sua tábua dos mandamentos. Tal como em Itália, onde não foi feliz, em Espanha Mourinho não terá o respeito da critica e público. Recebe agora os elogios dos jornais oficiosos do clube merengue, mas espera-o a mesma recepção fria, distante e critica que teve, o ano passado, outro ganhador nato português. Juntos, a dupla Mourinho-Ronaldo pode tornar-se parte da história. Mas não a esperem demasiado longa. O tempo de vencer uma Liga e uma Champions e completar o Poker de três. Porque ninguém espere esse amor eterno a Madrid que muitos juram e perjuram. Mourinho é um homem de desafios. E haverá sempre um novo ao virar da esquina. Por essas e por outras é que ele acaba sempre por ser o mesmo. Sem defraudar. Sem perder. Mais especial, impossível!



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 13:32 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Domingo, 23 de Maio de 2010

A vitória da França no seu Mundial não foi apenas o primeiro triunfo gaulês na história do torneio. Foi a consumação final da evolução desportiva do jogo para um evento global. Um triunfo de uma selecção com elementos dos quatro cantos do Mundo num torneio onde brilharam selecções de todos os continentes. No final o herói foi um filho de argelinos transformado em principe da Europa. E rei do Mundo. O Hexágono adormeceu em paz consigo mesmo à medida que nos Champs Elysées a foto de Zidane iluminava o Mundo.

 

O Brasil tentou voltar a ser uma equipa especial mas algo batia mal no ritmo cardíaco de um conjunto que misturava a classe dos virtuosos como um espirito obreiro inusual. A velocidade substituiu o toque de bole e as vitórias foram mais dificeis. Mas iam chegando. A conta-gotas. A Holanda, fascinante em cada movimentação, voltou a cair no momento mais temido. Às portas da glória. Itália, Argentina e Alemanha, em versões bem mais soft de outras edições, não superaram os Quartos, enquanto que a ambiciosa Nigéria, a veloz Dinamarca e a ousada Croácia iam pondo emoção a um torneio global. Os naturalizados começaram a emergir com naturalidade. Os representantes dos quatro cantos do Mundo mostraram que o futebol se estava a tornar mais competitivo onde menos se esperava. A Nigéria mostrou um ar da sua graça. O México voltou a provar ser uma formação temível enquanto que a França acabou por resumir em cada traço do seu jogo o espirito do Mundo. A vitória dos Bleus foi sentida como uma vitória de todos. Não pelo longo historial de malapatas passadas que ainda persegue equipas como Holanda, Espanha ou Portugal. Mas pela forma como Aimee Jacquet, odiado por tudo e todos, abdicou do galicismo tradicional e abriu as portas da sua selecção a jogadores vindos de todos os lados. Até mesmo do Hexágono. À medida que confeccionou um onze multi-racial, Jacquet mandou uma mensagem ao mundo. A cor, raça e origem não contam quando a bola começa a rolar.

 

Barthez, Guivarch, Deschamps, Petit, Dugarry, Lebouef e Blanc eram os únicos gauleses puros. Tudo o resto misturava o perfume das pampas argentinas (David Trezeguet) com as areias do deserto do Magrebe (Zidane). Havia espaço para os ecos das montanhas arménias (Djorkaeff), das ilhas das Caraíbas (Thuram, Henry) ou de recantos escondidos de África (Vieira, Desailly, Makelelé) ou do País Basco (Lizarazu). A mistura de tantas etnias e filosofias foram a chave para definir o modelo de jogo francês. Uma defesa sólida, um meio-campo que misturava a força africana, a cerebralidade europeia e a magia magrebina e um ataque veloz com as aves das Caraíbas. Com esta formação os gauleses foram ultrapassando os obstáculos. A expulsão de Zidane manchou a primeira ronda, mas a equipa superou sem sobressaltos os principais rivais. Depois sofreu, e mostrou saber sofrer, até a cabeça de Blanc inaugural o infame historial de golos de ouro. Os penaltys, outro sofrimento largo demais para o majestuoso Stade de France, valeram o apuramento face à Itália. E nas meias-finais, o eterno carrasco não apareceu. Em seu lugar a Croácia do genial Suker, o homem que podia ter definido o torneio com a sua eficácia. Não fosse, claro está, o perfume veloz de Guadaloupe a surgir pelos pés do improvável Thuram, convertido em herói por uma noite. Longa noite parisina.

 

No dia da grande final a polémica tomou controlo de tudo e todos. O Brasil de Ronaldo esteve para não o ser. As voltas e reviravoltas valeram de pouco ao escrete. O "Fenomeno", ainda o era, estava lá. Mas ausente. Passou ao lado do jogo. Mas não esteve só. Nem Bebeto, Rivaldo ou Djalminha souberam sambar o onze gaulês. E Zizou, sempre ele, desaparecido durante boa parte do torneio, emergiu de cabeça, essa cabeça calva de berbere do deserto, e levantou o Mundo. Dois golpes e um soco dado por Petit bem no estomago de Taffarel. O Mundo descansava sobre os gritos de eternidade de um país que nunca percebeu realmente o que era e quem lá cabia. Naquela noite, em França viveu o Mundo. Viveu o futebol global. Viveu o presente e o futuro. E os gritos não tiveram dialecto. Só emoção.  



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 20:56 | link do post | comentar

Sábado, 22 de Maio de 2010

Contra e tudo e contra todos. Contra as criticas em Itália e o desprezo do resto da Europa. Contra as conotações negativas de um estilo de jogo que mais não é que o acordeão perfeito que sabe como abrir e fechar no momento certo. 45 anos depois o Inter voltou a saborear a glória europeia. Graças a um homem que há muito deixou de ser apenas um técnico de primeiro nível.

Há noites onde vale a pena começar pelo final. As lágrimas de Mourinho, um gesto expressivo diametralmente oposto ao da noite da sua primeira conquista, espelham bem o sofrimento que esteve por detrás desta campanha do Inter. Contra o Mundo. O português montou uma equipa de jogadores descartados da mesma forma que o seu FC Porto era um conjunto de jogadores baratos e com espírito de soldados. Moldou o seu exército, definiu todas as manobras militares e partiu para a guerra. Esteve perto de cair, derrotado nas primeiras batalhas. Mas aguentou e deu a volta por cima. Guardou-se para os momentos decisivos enquanto outros faziam a festa antecipada. Quando foi a doer, ninguém parou o Inter. Nem o milionário Chelsea, versão rica e melhorada da criada pelo próprio Mourinho. Nem o difícil CSKA e o seu Inverno russo. E nem o poético Barcelona, incapaz de aguentar a serpente milanesa em 180 minutos de extremos. O último obstáculo era, talvez, o mais tenaz dos rivais. Mas nunca deu a sensação de quebrar a dinâmica ganhadora dos italianos. Um golo em cada parte, um par de ocasiões mais. Um domínio que, mais uma vez, não precisou de ser ratificado pela posse de bola. O treinador defensivo venceu a sua segunda Champions com um pecúlio de cinco golos a favor e nenhum contra. Nada a dizer.

 

O Inter entrou melhor que o Bayern, fiel ao seu ideário em 4-3-3, com Sneijder a conectar com Milito e Etoo e Pandev como extremos bem abertos. Os alemães, magistralmente treinados por Louis van Gaal, ganharam o controlo da bola aos quinze minutos e não o perderam até ao final do jogo. Mas de pouco lhes valeu. As duas linhas defensivas do Inter tornavam impossível o ataque continuado dos bávaros. Era Robben contra o Inter, com Olic mais esforçado do que determinante. E no lado esquerdo, o turco Altintop e o alemão Schweinsteiger, nunca souberam conectar para criar o necessário desequilibro. Resultado, o ponto morto de meia hora que antecedeu o primeiro golo de Diego Milito. Gesto genial a receber, assistência perfeita de Sneijder e o golo de um ponta de lança com um faro impressionante. O filme do primeiro tempo não seria muito diferente do segundo. Milito voltou a fazer a diferença num golo que, a ser do seu compatriota Messi, estaria no lote dos melhores do ano. Aí está o poder mediático das equipas que o Inter mais esforçado deixou para trás. Mas foi o conjunto neruazzuro que manteve o controle. Durante 45 minutos aguentou as investidas alemãs e nunca pareceu soçobrar. No final, celebrou. Um grito que estava guardado há 45 anos.

Pouco importa agora para onde vá Mourinho ou se o conjunto italiano será capaz de repetir o feito do Barcelona e vencer mais três troféus. Contra as expectativas, e eliminando os dois melhores planteis da Europa, o Inter acabou uma maldição que prosperava desde a partida de Helenio Herrera. Para Mourinho não fez falta ser um mago tão metódico e perfeito como o mítico técnico argentino. A vitória do Inter, a equipa que ninguém parece gostar, é a vitória de algo que só o futebol é capaz de oferecer. O espírito de um colectivo que, desde o principio, acreditou ser o melhor. Depois foi só preciso aguentar 1170 minutos até o resto do Mundo se dar conta. A magia do futebol é também a força do querer. E nessa cadeira, o Inter aprovou com 20. E o resto são detalhes.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 22:57 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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