Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

Hoje em dia todos falam no conceito de manager. Mas poucos sabem como a história começou. É preciso andar atrás no tempo até 1945 para encontrar o homem que criou o conceito moderno de Manager. O mesmo homem que transformou o Manchester United na primeira potência do futebol inglês e que teve o condão de criar, ao longo da carreira, três equipas de sonho. Matt Busby é por isso também um dos pais do futebol moderno.

 

Ainda decorria a II Guerra Mundial. No meio das forças britânicas, Matt Busby orientava o treino dado aos militares. Era um veterano do futebol britânico, um dos mais consagrados centrais dos anos 30. Numa das licenças a que teve direito Busby encontrou-se com o seu velho amigo, Louis Rocca. Este era, nem mais nem menos, que um dos directivos do Manchester United e tinha tentado levá-lo para Old Trafford por duas vezes nos anos anteriores. Em ambas Busby preferiu os eternos rivais, primeiro o  Manchester City e logo o Liverpool. Aí forjou uma notável carreira como jogador, depois de ter chegado com 17 desde a sua Escócia natal a Maine Road. Em Liverpool tornou-se capitão de equipa e lider de uma das melhores defesas da época. Forjou amizade com Bob Paisley antes da II Guerra Mundial ter cortado com a sua carreira. Dando início a outra.

 

A amizade que unia Rocca a Busby era tal que aquele logrou convencê-lo a rejeitar o convite do Liverpool que lhe prometia o posto de treinador assim que a guerra terminasse. Com carta branca da direcção, Rocca fez Busby assinar um contrato de cinco anos como Manager. O primeiro da história. O técnico orientava a equipa, decidia os planteis, estruturava as equipas de reservas e formação e tudo isso sem a intromissão da direcção. Nunca ninguém tinha tido tanto poder no futebol. A direcção aceitou todas as exigências e mal terminou a guerra Busby apresentou-se no destroçado Old Trafford, que ajudou a reconstruir. A sua chegada marcou um antes e um depois na história dos "Red Devils". O técnico prometeu levar a equipa a disputar o titulo e logrou-o logo no primeiro ano, tendo perdido para o Liverpool precisamente. Foi sub-campeão nas três épocas seguintes e em 1948 venceu a sua primeira FA Cup levando à loucura os adeptos locais que há décadas que não tinham motivos para festejar. A sua equipa capitaneada por Johnny Carey estava repleta de veteranos de guerra e progressivamente o técnico e o seu inseparável adjunto, Jimmy Murphy, foram lançando jovens da formação. Em 1952 os "Busby Babes" lograram um histórico titulo de campeões. Na equipa já ponteficavam Bill Foulkes, Mark Jones, David Pegg, Jack Blanchflower e o inevitável Duncan Edwards. Ninguém jogava então na "velha Albion" como eles. Em 1956 e 1957 conseguiram um histórico bicampeonato e começaram a etapa final do projecto de Busby: conquistar a Europa.

 

A vida de Busby podia ter acabado naquela tarde de nevoeiro em Munique. A equipa que se preparava para lograr o tricampeonato e quebrar o reinado do Real Madrid da Europa morreu naquele acidente. Os poucos sobreviventes tiveram de ser substituidos progressivamente na equipa e o próprio Busby esteve perto da morte devido aos ferimentos. A direcção do Manchester comunicou-lhe que entendia se preferisse abandonar o projecto. Mas Busby estava mais determinado do que nunca. Apostou em Bobby Charlton, á época suplente de Edwards, um dos malogrados, e à volta dele voltou a construir uma nova equipa. Foi um processo demorado. No entanto as chegas de Nobby Stilles, Dennis Law, John Ashton e Alex Stepney foram compondo o projecto e em 1963 - cinco após o desastre - a equipa voltou aos triunfos vencendo a FA Cup. Dois anos depois, já com um jovem George Best a completar o trio de ases do ataque, a equipa conquistou o seu quinto título sob o comando de Busby. Os "Red Devils" estavam de regresso e dois anos depois, em 1967, voltaram a repetir o triunfo de forma histórica. Estavam lançadas as bases para cumprir um velho sonho. Depois de uma campanha imaculada, o Manchester United chegou à final de Londres como o grande favorito. Mas o rival, o histórico SL Benfica, era respeitado por tudo e todos. Nos minutos antes do jogo a equipa recordou os colegas perdidos em Munique. Mais tarde Charlton diria que sentiu a presença deles à medida que subiam as escadas rumo ao mitico relvado. O jogo terminou empata a 1 mas no prolongamento Best e o jovem Kid desequilibraram a balança. Dez anos depois Munique estava vingado e Busby tornava-se no primeiro técnico a levar um clube inglês ao titulo europeu.

 

A equipa de Manchester estava, no entanto, a terminar um ciclo glorioso. Tinham perdido o titulo desse ano no último jogo para o rival Manchester City e no ano seguinte desiludiu de novo os adeptos ao falhar repetir o triunfo europeu e caseiro. Busby achou que era a hora do adeus e anunciou que se retirava, 24 anos depois de ter entrado pela primeira vez em Old Trafford. Com Charlton, Stilles e Law envelhecidos e com Best a perder-se entre bebidas e mulheres, a equipa desfez-se. Busby foi incapaz de resistir aos pedidos dos adeptos e voltou ao banco em 1971 ajudando a equipa a evitar a despromoção. Que se tornou inevitável no ano seguinte. Era o final de uma era de glória e apesar de Matt Busby se ter mantido na direcção do clube, os "Red Devils" entraram num periodo negro. Até à chegada de outro escocês, avalado pelo próprio Busby que o conheceu pessoalmente num épico jogo europeu do modesto Abardeen. Hoje Alex Ferguson é o único sobrevivente do espirito instaurado por Busby e prepara-se para igualar o veterano treinador em anos à frente do clube que ajudou a reformar. 

 

Matt Bubsy tornou-se rapidamente na maior referência do clube, por encima de qualquer um dos seus jogadores. A sua estátua preside alegremente a entrada do Teatro dos Sonhos e a sua figura é constantemente recordada. Forjou três equipas campeãs de gerações bem distintas e abriu a era de conquistas inglesas na Europa. Acabou a carreira com apenas cinco títulos de campeão mas a forma como soube fazer o clube sobreviver aos constantes sobressaltos tornaram-no numa lenda. As suas disputas constantes com Bill Shankly e Don Revie consolidaram-no como um dos nomes mais amados do futebol inglês. E o primeiro Manager da história foi, provavelmente, também o mais completo.



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Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2009

Num desporto onde muitos só vêm o que se passa dentro das quatro linhas é extremamente raro que a personagem que mais se destaque num ano desportivo opere fora delas. Mas em 2009 não há contestação possível. Desenhou a letras de ouro a página mais brilhante da história do seu clube. E provou que a experiência não é um bem essencial quando se é um génio. Único. O ano foi seu. Pep Guardiola e 2009 serão para sempre sinónimos.

Imaginamos os artigos do futuro. Quando se recorde a carreira de Guardiola não existirão páginas suficientes para resumir com exactidão o golpe de autoridade que significou para o técnico catalão a sua primeira época ao serviço do Barcelona. Mais do que as seis taças ganhas - um sucesso que nenhum outro técnico logrou. Mais do que os prémios acumulados por ele e pela sua armada invencível. O ano ficará marcado pelo seu futebol. O seu esquema. O seu jogo. A sua filosofia. E as suas lágrimas.

No final do Mundial de Clubes, enquanto os jogadores celebravam essa conquista histórica, Pep Guardiola chorava. Ele que nunca tinha manifestado as suas emoções nas cinco anteriores conquistas. Ele que não dá entrevistas. Que é corrosivo nas conferências de imprensa. E que vive atrás de um lençol que nada nem ninguém consegue penetrar. Naquele instante toda a pressão de um ano louco caiu finalmente. E Guardiola chorou. Como o menino que em Wembley, 17 anos antes, via o seu clube do coração vencer aquela que era a sua primeira Champions. Nessa época era um miudo, uma aposta pessoal de Cruyff para liderar o seu Dream Team. Agora é o técnico mais respeitado do futebol mundial. Algo que logrou apenas num ano. Um ano que dificilmente, e ele sabe-o, poderá repetir.

 

Guardiola é o Homem do Ano porque o futebol em 2009 se vestiu com o seu traje.

Um traje impecável, como o seu visual cuidado ao minimo detalhe. Um traje com que vestiu a sua equipa, ferida da morte quando o inexperiente técnico foi apresentado por Joan Laporta. Só com um ano de experiência na equipa B do Barcelona, a disputar então a Segunda Divisão B, todos duvidavam da escolha. Conheciam pouco o caracter obsessivo e perfeccionista de um homem que já era treinador há largos anos. No terreno de jogo.

O técnico herdou uma equipa triste e destroçada. Percebeu que havia de forçar uma mudança de atitude e fez o que melhor sabia. Apoiou o seu projecto na cantera de La Masia, do qual ele continua a ser o melhor exemplo. Recuperou veteranos da casa como Valdes, Iniesta, Puyol e Xavi. Repescou Pique, outro jogador feito em Can Barça e lançou vários jovens que treinara nas reservas. Cirurgicamente roubou ao Sevilla as suas duas pérolas, Keita e Alves e garantiu todo o protagonismo a Lionel Messi. Pelo meio livrou-se de jogadores que achava estarem a mais como Deco, Sylvinho e Ronaldinho. Apenas ficou Etoo, mas até aí a sua maturidade foi tal que não hesitou em dar-lhe a titularidade que o camaronês respondeu com golos. E titulos. Mesmo que a contra-gosto. E assim se coseu a mais doce refeição futebolistica do ano.

Se o Dream Team de Johan Cruyff era uma máquina de futebol pura o Pep Team levou a eficácia um patamar acima. Manteve a fórmula básica que criou escola em Barcelona. O jogo de toque. As rápidas tabelas, a transição sustentada e a pressão sufocante. A essa máquina de ataque - que as várias goleadas do ano, incluido os 2-6 no Bernabeu - Guardiola juntou uma total eficácia defensiva, o calcanhar de Aquiles da equipa do seu mentor holandês. Com Guardiola o Barcelona defendia em bloco, particularmente depois de Pique se impor como o parceiro de Puyol. Uma eficácia tal que permitia muitas vezes a Dani Alves jogar como falso extremo transformando o 4-3-3 num 3-4-3 no terreno de jogo. O tridente do lado direito Xavi-Alves-Messi foi fulcral para calibrar a máquina e a fome de golo de Etoo e a subida de forma progressiva de Iniesta fizeram o resto. Numa equipa praticamente sem banco, onde a aposta na cantera era um fenómeno constante, manter o nivel era algo impossível. Mas o Barcelona soube-se aguentar até Maio sempre ao mesmo ritmo. Obra e graça de um técnico motivador por excelência. E hábil a gerir cadas peças do tabuleiro.

 

É notório que o Barcelona desta época ainda está bastante longe da equipa do ano passado. A troca de Etoo por Ibrahimovic mudou o estilo ofensivo da equipa. O genial sueco joga melhor de costas para a baliza, com os colegas, mas é menos selvagem no seio da defesa. As lesões de Henry e Iniesta também não ajudaram mas foi a notória baixa de forma do corredor direito Alves-Messi que levou muitas vezes Guardiola a ter de arriscar. Como em Abu Dhabi. Naqueles em quem mais confia. Os seus jovens da formação. Na final do Mundial de Clubes Pedro voltou a marcar e a provar que é um joker extremamente útil. E Jeffren num quarto de hora logrou mais do que Messi em todo o encontro. Apesar de todos os prémios que acumule o argentino, ele sabe que é apenas uma peça na engrenagem. Que funciona na perfeição. Com ou sem ele.

Riscos assim poucos técnicos são capazes de assumir. E por isso é que nenhum tinha atingido tamanho nível de perfeição tão cedo. Guardiola já ganhou tudo o que havia para ganhar. Não lhe ficou nem uma migalha para o futuro. Não tem outro remédio senão voltar a vencer tudo. Ele sabe que elevou as expectativas até um máximo insuperável e esse será o seu grande desafio. A história está repleta de grandes técnicos com começos prometedores que depois se vão desvanecendo com o tempo. Mas nenhum começou desta forma, tão letal e bela ao mesmo tempo.

Josep Guardiola sabe que fez história. As suas lágrimas indicam o final de um ciclo. A pressão de vencer as seis taças que se começou a instalar em Agosto, com a vitória da Supertaça Europeia chegou ao fim. Agora a equipa, que se tem mantido em piloto automático boa parte deste Outono, pode desconectar. Já não tem obrigações. Pode voltar a desfrutar e tentar repetir a mesma senda gloriosa. Guardiola sabe que será muito dificil vencer um, dois troféus este ano. E está preparado para isso. E agora terá de preparar a sua armada. Talvez dessa forma, ao som de Viva la Vida como ele bem gosta, os blaugrana voltem a subir ao relvado com aquela fome de comer o Mundo que os transformou em algo especial. Dificilmente Guardiola voltará a ter um ano como este. Dificilmente algum ano voltará a ter alguém tão marcante como Pep.  



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Terça-feira, 29 de Dezembro de 2009

Numa era em que o Celtic reinava na Escócia a chegada de Jock Wallace a Ibrox Park significou uma inflecção na história do futebol escocês. O Glasgow Rangers superou os fantasmas do passado e o seu mentor tornou-se numa das mais amadas referências do futebol britânico.

 

Jock Wallace foi um modesto guarda-redes de equipas das divisões inferiores e poucos dos seus colegas lhe auguravam um grande futuro quando lhes comunicou que queria ser treinador de futebol. Uma ambição que este filho de Wallyford, nascido em Setembro de 1935, há muito acalentava. Filho de um celebre guarda-redes do Blackpool e Derby County, Jock Wallace não sobreviveu à alargada sombra paternal no terreno de jogo. Mas no banco a conversa foi bem distinta. Em 1966, ano histórico para o futebol britânico, assumiu o posto de jogador-treinador do modestíssimo Berwick Rangers. A equipa militava na terceira divisão da liga escosesa e vivia totalmente no anonimato. Até que o seu veloz 4-4-2 surpreendeu um dia o Glasgow Rangers em pleno Ibrox Park. Era um jogo da Taça da Escócia e Wallace entrava pela primeira no estádio que frequentava em pequeno como adepto. E que aprenderia a venerá-lo como a nenhum outro. Nessa fria tarde de Outono o Berwick venceu por 3-0 aos poderosos Rangers e fez história. Rapidamente o seu nome saltou para as primeiras páginas e no ano seguinte o técnico foi contratado pelo Hearts of Middlothian. A experiência durou pouco mas em Ibrox ninguém esquecera a sua ousadia.

 

Em 1970 o manager dos Rangers, Willie Waddell, ofereceu-lhe o posto de treinador adjunto. Jock Wallace aceitou e tornou-se fundamental na reestruturação de um clube que viva à sombra do rival, o Celtic. A equipa sobreviveu ao drama que se abateu sob o estádio - que provocou a morte a 66 adeptos depois de um golo de último hora ter feito muitos dos que já tinham abandonado o estádio a voltar precipitadamente. No entanto, a meio do ano os distúrbios dos adeptos do Rangers num jogo europeu levaram á demissão de Waddell. A direcção, satisfeita com o trabalho de técnico e olheiro de Wallace, entregaram-lhe a equipa de forma provisional até final de temporada. Uma temporada histórica. O Glasgow Rangers continuou a sua caminhada europeia e venceu em Maio a final da Taça das Taças no Camp Nou diante do Dinamo Moskva. Seria a única vitória europeia da sua história e o nome de Wallace começou a ombrear com o de Jock Stein, o grande mentor do eterno rival. A época seguinte, a primeira de Wallace ao comando do clube a 100%, levou o Rangers a novo triunfo, a Taça da Escócia. Na liga terminaram a apenas dois pontos do Celtic que vencia o seu 9 titulo consecutivo. E último. Na época de 1974-75 o Glasgow Rangers voltou finalmente aos triunfos. Uma temporada de sonho onde os de Ibrox mantiveram a sua invencibilidade ao largo de grande parte da época e acabaram com a malapata que os perseguia. O ano seguinte viu o Celtic retomar o triunfo na prova mas os melhores anos estavam para vir. De 1976 a 1978 o Rangers venceu dois Trebles - Liga, Taça da Liga e Taça da Escócia - mostrando uma superioridade insultante.

 

Subitamente no final da temporada Wallace apresenta a sua demissão para surpresa de todos. Nunca revelou o porquê até à data da sua morte, em 1996, e os adeptos não queriam acreditar. Rumores posteriores falavam em constantes confrontos com Waddell, então director desportivo do clube. Wallace saiu de Ibrox como um dos mais bem sucedidos Managers da história do futebol escocês. Os dois anos seguintes foram passados em Leicester onde transformou uma equipa de segunda divisão numa candidata ao titulo. Levou o Leicester às meias-finais da FA Cup em 1981 e ao quinto posto na liga na primeira época na First Division. Em 1983 não resistiu ao apelo dos adeptos e voltou a pegar no Rangers que durante a sua ausência tinham voltado a cair na classificação. Por então era o Abardeen do jovem Alex Ferguson quem dominava na prova e durante os três anos que esteve em Ibrox o técnico apenas logrou duas Taças da Liga, acabando por sair derrotado de todos os duelos que travou com Ferguson. Despedido em 1986 - precisamente quando o seu novo rival fazia a viagem rumo a Manchester - o técnico ainda foi seduzido pelo calor de Sevilla onde orientou o clube local mas a experiência durou um ano. A doença de parkinson que lhe apoquentava há alguns anos obrigou-o a por um ponto final na carreira. 10 anos depois falecia deixando os adeptos do Rangers em estado de luto.

 

Jock Wallace Jr. marcou um ponto de inflexão fundamental no futebol escocês. O seu estilo de jogo ofensivo e instintivo abriu uma escola que o seu futuro rival, Alex Ferguson, viria a perpetuar. Sob o seu comando o Glasgow Rangers voltou a ser o maior clube da Escócia e ainda hoje em cada Old Firm o seu nome é lembrado com uma tarja em Ibrox, um estádio que nunca o esquecerá.  



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Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009

Com o seu mandato chegou ao fim a era gloriosa do Liverpool. Foi o último guardião dos segredos do Boot Room, a sala onde Bill Shankly e os seus ajudantes lançaram as bases da formação mais importante das décadas de 70 e 80. Joe Fagan foi o último guardião da mistica. A sua saída surpreendente após o desastre de Heysel marcou o final de uma era do futebol inglês.

 

Quando Bill Shankly chegou ao Liverpool decidiu transformar uns velhos arrumos numa sala de chá para o corpo técnico. Aí discutia tácticas com o seu conjunto de adjuntos seleccionados a dedo. A mistica do Pool nasceu aí e nessa equipa estava Joe Fagan. O então fisioterapeuta tinha sido um belíssimo lateral esquerdo no Manchester City dos anos 30. A guerra levou-o até às praias da Normandia e nos anos 50 a carreira já tinha terminado. Começou então a etapa como técnico. Primeiro no modesto Rochdale, onde trabalhou como adjunto de Harry Catterick e a partir de 1958 no Liverpool. Quando Fagan chegou ao clube já lá estavam Bob Paisley e Reuben Bennett. A chegada no ano seguinte de Shankly formou a equipa perfeita. Durante a década de 60 Fagan foi um dos fieis seguidores do técnico escocês. Quando este se retirou muitos consideravam que Fagan era o homem certo para o posto mas o técnico e a direcção preferiram o caracter pacato de Paisley. Este aceitou de forma relutante e nomeou imediatamente Fagan como seu braço-direito. E assim a dupla tornou-se na mais bem sucedida da história do futebol inglês. Até ao Verão de 1983. Quando ninguém o esperava, Bob Paisley anunciou o final da sua carreira. E nomeou o seu sucessor: começava a era de Fagan.

 

O técnico herdava uma equipa que conhecia até à medula. Tinha sido figura chava nas contratações de Dalglish, Rush, Barnes e Hansen que permitiram uma tranquila renovação dos heróis dos anos 70. O seu onze tipo era em tudo similar ao do seu antecessor e Fagan limitou-se a continuar a controlar as contas desde o banco. O Liverpool jogava como nenhuma outra equipa e rapidamente assumiu a dianteira do campeonato. Em destaque estava uma descoberta do técnico, o médio dinamarquês Jan Molby que Fagan tinha contratado durante o defeso. Molby foi fundamental na carreira do Liverpool que nesse ano venceu quase todos os troféus possiveis. Arrancou com o Charity Shield, continuou a vencer a Taça da Liga e em Maio sagrou-se, uma vez mais, campeã de Inglaterra. Mas o momento alto estava guardado para depois. Diante da favorita AS Roma de Falcão e Conti e em pleno território inimigo, Fagan dirigiu o Liverpool até à sua 4 Taça dos Campeões Europeus. Um primeiro ano inesquecível que confirmava todo o potencial de Fagan, então já um veterano de 64 anos. 

O ano seguinte acabou por ser diametralmente oposto do que a época anterior. O Liverpool caiu nas meias-finais da FA Cup, e perdeu as finais da Supertaça Europeia e da Taça Intercontinental. Na liga a luta pelo título foi cerrada até ao final mas na última jornada o eterno rival, Everton liderado por Gary Liniker, desiquilibrou as contas e terminou com a hegemonia Red. Por essa altura já estavam todas as cabeças postas em Bruxelas onde o Liverpool ia disputar a sua segunda final consecutiva da Taça dos Campeões diante de outro rival italiano, a Juventus de Platini. Uma tarde que marcou um antes e depois na história do futebol inglês. O desastre de Heysel Park não só acabou com a hegemonia inglesa no futebol. Acabou com o próprio Liverpool.

 

Profundamente afectado pelo desastre que presenciou de forma incrédula, Fagan anunciou de imediato que se ia retirar do futebol. Apesar da direcção lhe ter oferecido um novo contrato por mais duas épocas, Joe Fagan foi inflexível. Ele era o último de uma geração que tinha dominado e controlado o clube por dentro durante 25 anos. Depois dele não havia mais nenhum guardião do Boot Room. Consultado pela direcção recomendou Kenny Dalglish, um dos seus jogadores preferidos, para o posto. O escocês aceitou, sob condição de continuar como jogador. O Liverpool viria a ganhar ainda dois titulos sob o mandato de Dalglish, mas as sensações já não eram as mesmas. Em 1989 o clube entrou numa espiral de auto-destruição que levou à perda do trofeu no último minuto do jogo contra o Arsenal. Começaria uma seca de 20 anos que ainda subsiste. E que Fagan não chegou a ver. Faleceu com 80 anos em 2001, pouco depois de ver o seu nome adicionado ao Hall of Fame onde os seus dois amigos e companheiros de sempre já tinham lugar.

 

Joe Fagan não foi um génio táctico como Shankly nem um tranquilo pastor de homens como Paisley. Mas esteve sempre por detrás de todos os grandes triunfos do clube durante quase três décadas. A sua etapa como técnico ficou marcada por uma das melhores épocas da história do clube. Mas também pelo desastre de Heysel e tudo o que significou. Fagan era o último dos grandes Managers e o seu espirito de gentleman impediu-o de continuar perante um mundo que começava a caminhar perigosamente para o caos absoluto. Anos após ter-se retirado Paisley confessou que nunca tomava uma decisão sem consultar Fagan. Quando lhe comunicaram esta declaração Fagan sorriu e apenas respondeu: "Ali eramos todos um só". E com ele se foi o Boot Room. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:51 | link do post | comentar

Domingo, 27 de Dezembro de 2009

As comparações com Didier Drogba tornaram-se inevitáveis. É provavelmente a carreira jovem mais surpreendente de todo o ano. Com apenas 16 anos Romelu Lukaku é hoje a mais cobiçada pérola do Velho Continente. Valores astronómicos rodeiam o jogo que provou ser uma autêntica força da Natureza.

Romelu Lukaku está nas bocas de meio mundo. A sua precocidade parece não ter limites e não há gigante europeu que não tenha enviada a sua oferta milionário ao Constant van der Stock. Mas, de momento, o Anderlecth mantém-se imutável. E o jogador concentrado. É a sua primeira época como profissional. Apesar da sua estreia oficial ter ocorrido em Maio do ano passado, no final da liga belga, só este ano Lukaku foi promovido à equipa principal do Anderlecth. O culminar de uma história de sonho de um jovem que conta com 16 anos recém-cumpridos e uma vontade férrea de engolir o mundo.

Lukaku é filho de um internacional congolense mas nasceu em Bruxelas em Maio de 1993. Faz parte de uma geração de jovens promessas da formação belga que tem despertado o interesse dos grandes europeus. Mas o seu caso é especial.

Descoberto por um olheiro do FC Bruxels, aos 13 anos enquanto jogava pelo Lierse, o jovem Lukaku começou a treinar com a equipa juvenil do modesto conjunto da capital da Bélgica. Em 68 jogos pela equipa juvenil apontou 68 golos e tornou-se no máximo goleador do futebol de formação belga. Rapidamente foi convocado para os sub-19 do seu país com apenas 15 anos. E chamou à atenção dos responsáveis do Anderlecth. Estes não hesitaram em contratá-lo por uma boa maquia - os números nunca foram divulgados - e começaram por colocá-lo a jogar na equipa dos juniores. Em três anos o jovem actuou em 88 jogos e apontou 126 golos. No final de 2009 foi promovido à equipa principal do Anderlecth para treinar com o conjunto de titulares. Já começavam a chegar as propostas mas o clube apressou-se a oferecer-lhe um contrato de três anos. O avançado assinou sem problemas e uma semana depois estreava-se na Liga Jupiter Belga. Não marcou mas na semana seguinte voltou a jogar como suplente e desta vez sim, apontou o seu primeiro golo como profissional. E tornou-se no mais jovem goleador da liga belga.

 

Este ano a sua ascensão foi meteórica. Aos 16 anos não é ainda titular mas é sempre a primeira opção do actual lider da liga belga. Actuou já em 15 jogos e apontou 9 golos. É um dos melhores marcadores da liga e na passada semana fez história ao apontar o seu primeiro golo nas provas europeias. Um golo diante do Ajax, curiosamente a base da formação europeia, que o tornou no terceiro mais jovem goleador da prova, ultrapassando outro prodigio que despontou este ano, o basco Iker Muniain. Um golo que valeu ouro para o seu clube e que o catapultou de novo para as primeiras páginas. O Chelsea procura nele o sucessor do marfilenho Drogba, enquanto que Barcelona, Inter, AC Milan, Arsenal, Man Utd, Bayern e Real Madrid já fizeram saber que estão interessados na pérola belga. Ainda internacional sub-21, o novo seleccionador belga, Dick Advocaat, já fez saber que conta com ele para a anunciada revolução que abrirá passo a outras promessas como Witsel, Defour, Dembele, van den Borre, Kompany e companhia.

Possante e alto (tem 1m92), o jovem Romelu Kukaku é o protótipo de touro de área que revoluciona qualquer jogo. Incapaz de domar pela defesa, descai habitualmente no flanco onde pode utilizar todo o poder explosivo que o transforma numa máquina goleadora. Os seus números são perfeitamente anormais para a sua precoce idade. O futuro pertence-lhe por completo. Lukaku é um nome de ouro a reter para o depois de amanhã!

 



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O histórico conjunto de Birmingham tem nas suas vitrines uma taça mágica que os adeptos de Villa Park nunca pensaram em lograr. Uma Taça dos Campeões Europeus que não foi ganha por Ron Saunders. Mas apesar disso o seu nome continua a ser o único que os adeptos se lembram dessa era histórica de um dos clubes mais embelmáticos do futebol inglês.

 

A meio da época 1981/1982 a direcção do Aston Villa anunciou que Ron Saunders se despedia. O motivo invocado foram as divergência entre o técnico e os directivos. Na realidade Saunders estava descontente com a falta de apoio do presidente e a promessa por cumprir de investir no plantel como lhe tinha sido prometido. O clube, detentor então do histórico título de campeão, vagueava pelo sexto posto. Mas estava já nos Quartos de Final da Taça dos Campeões Europeus. Saunders saiu e o seu adjunto, Tony Barton, levou a equipa até ao final da época terminando a liga no oitavo posto mas vencendo a inesquecível final diante do Bayern Munchen em Roterdão. Foi o culminar do trabalho de cinco anos de Saunders num clube que tinha sido o mais bem sucedido do século XIX e que há vários anos vivia em situação complicada. Mas voltemos ao início, a Ron Saunders. Esse mentor de homens cerebral com um instinto ganhador inimaginável. Nascido a Novembro de 1932 en Birkenhead, o jovem começou uma carreira promissora como avançado no Everton em 1951. Foi no entanto no Portsmouth, onde militou seis anos, entre 1958 e 1964, que o dianteiro atingiu o seu momento alto. Mais de 250 jogos que valeram 145 golos para os Pompeys. Depois provou ainda o Watford e o Charlton antes de colocar um ponto final na carreira de jogador. E abrir uma nova etapa da sua carreira como técnico.

 

Começou em 1967 a orientar o modestíssimo Yeovil passando depois pelo Oxford e Norwich City. Foi em East Anglia que começou a mostrar as suas aptidões. Os canaries venceram a Division Two no primeiro ano de Saunders como técnico voltando à elite de onde tinham caído anos antes. O ano seguinte foi brilhante para um clube tão modesto. Saunders levou uma equipa condenada à descida até ao 12 posto na classificação e disputou a sua primeira final, a League Cup em Wembley. O Norwich acabou por perder diante do poderoso Tottenham mas o nome de Saunders estava na boca de todos. Foi o Manchester City quem se antecipou e ofereceu ao técnico um contrato de três anos. Na sua primeira época, e com um conjunto bem longe da forma apresentada no final dos anos 60, terminou em 14 na classificação logrando nova presença na final da League Cup. Uma final amarga já que o Wolverampton Wanderers venceram com um golo nos descontos. Foi então que lhe chegou às mãos uma tentadora oferta do Aston Villa, que então agonizava na segunda liga. Plenos poderes e um largo contrato foram suficientes para conquistar Saunders. Começava a sua etapa mais gloriosa.

 

Em Villa Park o técnico encontrou um conjunto descrente. Mas rapidamente aplicou a sua formúla mágica e começou a mostrar o seu perfil ganhador. O clube garantiu rapidamente a promoção à First Division e chegou à final da League Cup. Pelo terceiro ano consecutivo Saunders marcava presença em Wembley. Desta feita com uma vitória. O ano seguinte foi ainda mais saboroso. Nova vitória na League Cup para Saunders e os seus Villains e no primeiro ano de regresso à elite o quarto posto e a subsequente qualificação europeia. Os dois anos seguintes foram passados sem titulos mas o Aston Villa crescia a olhos vistos. Por duas vezes lutou pelo titulo e por pouco perdeu. O conjunto de Saunders transformou o seu mitico recinto num fortim e em 1980 eram claramente uma das mais fortes equipas do futebol europeu. Numa equipa onde pontificavam Gary Shaw, Tony Morley, Peter White e Jimmy Rimmer, o titulo era a única ambição. Há 71 anos que o Aston Villa não vencia a liga. Era a hora.

A época começou com o Ipswich de Bobby Robson a liderar a prova e o Liverpool de Bob Paisley como rival directo. Mas os Villains rapidamente começaram a trepar na classificação e no Boxing Day já eram lideres. O duelo contra o surpreendente Ipswich durou até ao final da prova mas uma vitória em Suffolk foi determinante para acabar com a malapata final. O Aston Villa era finalmente campeão e Saunders terminava a total reconstrução do clube. Aos festejos seguiram-se as promessas da direcção de contratar Paul Mariner e Trevor Francis que nunca chegaram. O Aston Villa começou mal a época apesar dos progressos europeus. Em Dezembro Saunders fartou-se e lançou um ultimato à direcção. Acabou por demitir-se e apesar da vitória do clube, meses depois em Roterdão, esse seria o final da ressurreição do Aston Villa.

 

Saunders cometeu então o maior dos sacrilégios aos olhos dos seus adeptos. Assinou pelo Birmingham e que acabou por descer de divisão nessa época mas rapidamente voltou à ribaltalta. No entanto em 1986 saiu por problemas com a direcção e assinou pelo terceiro clube das Midlands, o West Bromwich Albion que tinha vindo a tropeçar ao longo da época na tabela final. A equipa acabou por ser despromovida e Saunders foi despedido. Uma derrota amarga que o levou a por um ponto final numa carreira brilhante. Hoje continua a ser uma figura reverenciada em Villa Park, apesar da dupla traição, e o seu nome consta como um dos poucos Managers que conseguiram operar a total transformação de um clube desde a subida de divisão à consagração europeia. Um técnico absolutamente histórico. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:34 | link do post | comentar

Sábado, 26 de Dezembro de 2009

Em Inglaterra o futebol tem um sabor verdadeiramente especial. E há poucos dias com um significado tão mágico como o Boxing Day. Enquanto o resto do Mundo pára para férias, em Inglaterra a bola rola de forma ainda mais apaixonada. As familias juntam-se e as velhas tradições sobrevivem. O Beautiful Game é mais belo do que nunca nesse dia.

 

Historicamente o Boxing Day é um dos mais antigos dias festivos ingleses. O primeiro dia laborável depois do Natal, o 26 de Dezembro ganhou historicamente esse nome porque era o dia em que os empregados dos grandes senhores tinham também direito a receber uma prenda dentro de uma caixa. O dia é dedicado às compras (começa a época dos saldos oficialmente no Reino Unido), ás tardes em familia e...ao futebol. Ao contrário do resto do continente que fecha para férias, dando oportunidade aos jogadores de passarem uma larga temporada com as suas famílias - algo que os sul-americanos preferencialmente agradecem - em Inglaterra o show continua. Para os adeptos. Durante esse dia a Premier League, a Scotish League, a Irish League e todas as divisões inferiores disputam a jornada que habitualmente também reflecte outra idiossincrasia: a do campeão de Inverno. De há vários anos para cá têm coincidido com a 19 Jornada, ou seja, a metade do campeonato. Os jogos disputam-se em três franjas horárias do dia. Começam às 12h00, continuam às 14h00 e fecham o dia às 16h00. Mais do que isso, o Boxing Day é o culminar de uma semana intensa que muitas vezes decide mesmo campeonatos. Habitualmente o dia 1 de Janeiro contempla também nova jornada desportiva levando a que em 9 dias se dispute um total de 3 jogos. Quando o Mundo descansa, Inglaterra venera o seu jogo.

 

Nos últimos anos o Boxing Day tornou-se um problema para os treinadores. Há muito que acabou a predominância dos atletas britânicos nas ilhas. De tal forma que originalmente a jornada do Boxing Day estava reservada para os derbys locais e regionais de forma a permitir a que os adeptos não fossem obrigados a grandes deslocações. Hoje o cenário é bem distinto. A maioria dos jogadores são estrangeiros e de outras culturas. Não poder passar o periodo festivo com a família em países tão longinquos como Brasil, Argentina, Estados Unidos, Nigéria ou Austrália significa um problema grave de motivação. Mesmo os estrangeiros de origem europeia se queixam do calendário feito apenas para os atletas locais. Mesmo assim a FA não admite alterar uma tradição que vale mais que uma circunstância conjuntural actual. E a prova continua.

 

O motivo principal da popularidade do Boxing Day recua aos anos 20. Por essa época o Natal, Ano Novo e o Boxing Day eram os únicos dias festivos que dispunham os trabalhadores durante largos meses. As familias aproveitavam e juntavam-se para grandes almoços e passeios nos parques locais. A popularidade do futebol, já então com mais de 50 anos de vida e a entrar na sua fase de profissionalização, começou a arrastar multidões aos estádios. Familias que habitualmente não tinham disponibilidade para ver a sua equipa ao vivo tinham nesse dia uma oportunidade única de seguir os seus idolos. Os mais pequenos eram os principais beneficiados e muitos foram os jogadores que confessaram ter começado a seguir a sua equipa apenas nos Boxing Day.

A nivel futebolistico o Boxing Day é um desafio dificil de superar. Tantos jogos e tão pouco tempo de recuperação provocam amargos sabores de boca a qualquer técnico. Muitos candidatos ao titulo perdem aqui pontos decisivos. Outros ganham um balanço inesperado. Mas é pouco usual que qualquer equipa vença todos os jogos e muitas das vezes é normal aproveitar o jogo a meio da semana para dar oportunidades aos menos utilizados e as jovens das reservas. Muitos jogadores estrearam-se nesta série de jornadas dos periodos festivos.

 

Só num país onde o futebol atinge tal nível de misticismo e magia seria possível antepor o interesse colectivo ao individual. Os jogadores sobem ao campo e encaram o jogo como se fosse um dos mais importantes do ano. Os adeptos reunem-se como nunca e gritam até ao final o hino do clube. As bancadas cheias, faça neve, chuva ou sol dão essa aura de grandeza que nenhuma liga consegue ter ao nível da Premier League. No dia em que a melhor liga do Mundo se entrega aos seus adeptos percebemos que a beleza do beautiful game tem definitivamente outro aroma quando se atravessa o Canal da Mancha.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 12:46 | link do post | comentar

Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2009

"I wanted the Liverpool to be like Napoleon and conquer the bloody world!". Uma das frases mais célebres da história do futebol. Proferida numa truculenta entrevista dada já no final da carreira. Uma das mais brilhantes da história. A vida de um génio. Bill Shankly foi, provavelmente, um dos maiores génios do beautiful game. O que não logrou em titulos conquistou em carisma. E marcou a ferro e fogo o seu nome para toda a posteridade.

 

Quando Bill Shankly faleceu, subitamente vitima de um ataque cardíaco, Liverpool parou. O luto invadiu a cidade muito mais do que ao saber a noticia da morte, no ano antes, de outro famoso da cidade, um tal de John Lennon. Porque os anos 60 em Merseyside resumem-se facilmente a esses dois icones. E o Cavern Club e Anfield Road tornaram-se nos dois templos preferidos dos liverpoolianos. A equipa jogou nessa noite para as provas europeias e goleou. Tal e qual como Shankly esperaria. Dias depois, num jogo para a liga contra o Swansea de John Toshack, uma das suas apostas pessoais, o jovem técnico orientou a sua equipa com o seu velho equipamento Red. Nas bancadas havia gente que chorava. Genuinamente. Tinham perdido o seu pai espiritual, o homem responsável porque hoje o nome Liverpool seja conhecido mundialmente. Foi ele quem inspirou uma geração de adeptos que faziam da Kop um mosaico vivo de emoções. Mandou pintar nas escadas que antecediam o túnel de entrada ao relvado "This is Anfield". E transformou o You´ll Never Walk Alone no grande tema da década. Tudo isso hoje é história e tradição. Mas foi com este escocês, baixo e carrancudo, que tudo começou. Um técnico humanista e profundamente dedicado. Capaz de dizer a um jogador que o seu joelho lesionado não lhe pertencia, pertencia ao clube. Mas também de jogar psicologicamente como ninguém. Na véspera de um jogo decisivo contra o Anderlecth o técnico entrou no balneário e apenas disse aos jogadores "A equipa deles não vale nada, a vitória é vossa sem nenhuma dúvida. Não admito menos que 3-0". No final, quando os jogadores voltavam triunfantes no final dos 90 minutos, Shankly bateu com o boné no chão e disse-lhes com um imenso sorriso "Acabaram de ganhar à melhor equipa da Europa". This was Shankly.

 

O técnico escocês mais truculento da história faz parte de uma geração inesquecível à qual também pertencem Jock Stein e Matt Busby. Amigo pessoal de ambos, Shankly era o tipico treinador com espirito de camaradagem. Do primeiro disse que era o primeiro técnico britânico a entrar para a posteridade. Do segundo, que era o melhor manager da história. E ele? Ele foi mais do que isso. Foi a essência do jogo.

Nascido em Glensbuck, uma pequena aldeia mineira no norte da Escócia, William Shankly começou a carreira como jogador para fugir ao árduo trabalho que ocupava o resto da família. Era modesto como lateral e a melhor parte da sua carreira passou-a no Preston North End onde venceu uma FA Cup. Em 1949, já depois de ter sido internacional pela Escócia, guardou as botas e junto ao seu irmão Bob - que chegou a vencer uma Taça da Escócia com o Dundee Utd - começou a preparar-se para seguir a carreira de técnico. Começou no modesto Carlisle Utd mas rapidamente saiu por desavenças com o presidente. Seguiram-se curtas etapas no Sunderland e no Grismby. O seu estilo paternalista, apesar de exigente, rapidamente o fez popular entre os jogadores. Paralelamente o técnico começou a trabalhar com os sindicatos do meio e com o Labour Party. Durante toda a sua vida foi um sindicalista empenhado e um socialista empedrenido. Um homem que gostava de relembrar as suas pobres raizes e utilizá-las como motivação para os próprios jogadores. Um exemplo sucedeu quando treinou o Huddersfield e contratou um jovem escocês mineiro de 16 anos prometendo aos directores que as 45 mil libras pagas tornar-se-iam em 100 mil se o vendessem. Afinal foram 115 mil, quando o Manchester United o contratou. O jovem chamava-se Dennis Law.

 

Em 1959 o técnico entrou em Anfield Road.

Tinha sido contratado para ressuscitar um colosso que vivia um periodo negro na sua história, tendo caído para a Second Division. Rapidamente Shankly impôs o seu método e revolucionou a instituição. Juntou-se aos veteranos da casa, Paisley, Reuben e Fagan e criou o Boot Room. Uma sala onde todos tomavam chá, falavam de futebol, politica e religião. Todas as tácticas, contratações e dispensas eram analisadas aí, por vezes em sessões que duravam até de madrugada. Shankly ficou conhecido em Anfield por ser o homem que fechava o estádio pela noite e o abria pela manhã. Foi o primeiro a implantar os treinos com peladinhas de 5 e obrigou os jogadores e tomar todas as refeições juntos. Em poucos meses o clube tornara-se numa grande familia e o decrépito Anfield começava a parecer um castelo. Aos bons jogadores que Shankly foi descubrindo nas reservas juntaram-se contratações cirúrgicas como Ian St. John, Thompson ou Yeats provaram ser fundamentais. A equipa subiu imediatamente de divisão e começou a disputar título atrás de título. Quatro anos depois de chegar a equipa voltava a saborear um titulo de campeão finalizando uma metamorfose espectacular. No ano seguinte o Liverpool venceria a FA Cup apesar de ter caído nas meias-finais da Taça dos Campeões com o Inter. Só que a final da década a maioria dos jogadores com quem tinha começado esta aventura estavam já em idade avançada e o Liverpool perdia protagonismo para o Manchester United e o Leeds United. Quando todos pensavam que Shankly estava acabado, ele voltou a operar um milagre.

 

As chegadas certeiras a Anfield de Keevin Keegan, Heighway, Clemence e Toshack deram o sangue novo que os Reds precisavam. Shankly reorganizou a sua equipa à volta do pequeno inglês que voltou a devolver o Liverpool ao mais alto. A equipa terminou a Taça das Cidades com Feiras como semi-finalista em 1971 mas dois anos depois venceu o troféu, o primeiro europeu do clube que mais taças conquistaria na década seguinte. Shankly passou esses anos a moldar o seu Liverpool até atingir a perfeição. A sua equipa de 1973 era uma das mais metódicas e eficazes equipas da história do futebol inglês. Foi então que, subitamente, Bill Shankly anunciou que se retirava. A direcção não quis aceitar a sua resignação mas o homem que dizia sempre que em Liverpool só existiam duas equipas "o Liverpool e as reservas do Liverpool", mostrou-se inflexível. Rapidamente se procurou um substituto. Rumores dizem que Shankly queria que Jack Charlton fosse o seu sucessor mas a versão oficial continua a corroborar a ideia de que foi o próprio técnico que elegeu Bob Paisley, um dos homens fulcrais do Boot Room. A equipa continuou o seu caminho mas o técnico rapidamente se arrependeu da sua decisão. Passava os dias no campo de treinos e os jogadores continuavam a tratá-lo por "Mister", enquanto que a Paisley apenas lhe chamavam "Bob". O segundo lugar final do Liverpool levou a direcção a pedir ao técnico que se afastasse de Anfield, sob a acusação que não estava a dar espaço de manobra ao seu sucessor. Tristemente, o fiel técnico acedeu. E Paisley tornou-se no mais bem sucedido treinador da história do futebol britânico.

 

Depois de passar os anos a observar jogadores e equipas, Shankly tornou-se na maior lenda viva da cidade. Era o idolo dos adeptos que o paravam na rua e convidavam a tomar chá só para o ouvirem falar do jogo. Em 1981 um leve ataque cardíaco levou-o ao hospital. Os adeptos acudiram às portas do centro médico rezando e cantando o hino do Liverpool horas a fio. Primeiro anunciou-se que Shankly melhorava, mas subitamente a sua condição piorou drasticamente. O técnico acabou por falecer, aos 61 anos num 29 de Setembro. O luto invadiu o futebol britânico e o homem que uma vez disse que o beautiful game era algo mais do que a vida ou a morte subiu ao céu encarnado onde ainda hoje continua a orientar os seus rumo à victória final.   



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:21 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2009

Foi um dos melhores jogadores escoseses da história. E um dos seus mais brilhantes técnicos. Durante 25 anos viveu as mais distintas experiências mas sempre deixando o seu selo pessoal. Thomas "Tommy" Docherty foi um dos primeiros managers trotamundos numa era onde os técnicos se fidelizavam para a vida num só ninho.

 

Nasceu a 24 de Abril de 1928 e ainda hoje vive na sua Glasgow natal. Desde sempre que sonhou com uma bola de futebol e depois de sobreviver ao temivel desembarque de Anzio voltou a casa com vontade de começar uma carreira profissional depois de se ter revelado como uma das estrelas da selecção militar. Começou no Celtic, o clube dos seus amores, em 1947 mas rapidamente foi transferido para o histórico Preston North End. Aí esteve durante 10 largos anos onde apontou 10 golos em mais de 300 jogos. Disputou em 1954 a final da FA Cup e durante a sua estadia em Inglaterra tornou-se internacional pelo seu país. Chegou às 25 internacionalizações, sendo a última no Mundial de 1958 na Suécia onde foi um dos elementos mais destacados do Scotish Army. Depois de passar três épocas no Arsenal, Tommy Doc, como carinhosamente lhe chamavam, mudou-se para o Chelsea para assumir a função de treinador-jogador. Começou assim uma longa carreira repleta de inesperados desafios. Em Stanford Bridge o técnico herdou uma equipa de primeiro nível mas envelhecida e não evitou a despromoção. No entanto a direcção continuar a confiar nele e durante o ano que passou na Second Division o técnico montou um onze repleto de vários talentos futuros como Terry Venables, Peter Bonetti e Barry Bridges. A equipa subiu de divisão e no primeiro ano de volta aos grandes terminou no quinto posto. Na época seguinte fechou a classificação em terceiro lugar e venceu a League Cup diante do Leicester. A derrota diante do Manchester United, num jogo em que Docherty não contou com os seus melhores jogadores por motivos disciplinares marcou um antes e um depois na sua carreira. A direcção tentou despedi-lo mas os adeptos não o permitiram. O técnico ficou um ano mais onde terminou nas meias-finais da Taça das Feiras e a FA Cup mas acabou a liga a 10 pontos do campeão. Docherty partiu de Stanford Bridge. O seu sucessor, Dave Sexton, aproveitou o labor dos Docherty Diamonds e nesse ano venceu a FA Cup e a Taça das Taças.

 

Depois de rápidas passagens pelo Rochester, Queen`s Park Rangers e Aston Villa onde nunca durou vários meses por problemas com as sucessivas direcções, Tommy Docherty aceitou um desafio pouco habitual nos treinadores britânicos da sua geração: rumar ao estrangeiro.

O seu destino acabou por ser Portugal e mais concretamente o FC Porto. A equipa azul e branca vivia em guerra interna depois da exclusão de José Maria Pedroto pelo presidente Pinto de Magalhães. O técnico aceitou o desafio mas viveu apenas cinco meses na Invicta. Tempo suficiente para reparar em Pavão e deixar saudades entre os jogadores. O problema era, essencialmente, que nessa época o clube azul-e-branco vivia uma grave crise institucional e os técnicos sucediam-se a velocidade de cruzeiro. Rapidamente voltou às ilhas onde assumiu o posto de seleccionador escocês. Em 1972 o Manchester United vivia a crise do final dos Busby Babes e os dirigentes procuravam um sucessor para o mitico técnico depois da má experiência com Frank O´Farrell. A sua escolha foi polémica mas revelou-se acertada. Na primeira época a equipa garantiu a manutenção a duas jornadas do fim mas no ano seguinte acabou despromovida graças a um golo no último minuto de Dennis Law, entretanto ao serviço do rival Manchester City. Foi a oportunidade de ouro para Docherty renovar o envelhecido conjunto de Old Trafford. Gorada a transferência de Pavão, o técnico contratou para o clube vários jovens jogadores como Steve Coppell, Brian Greenhoff e Lou Macari. A equipa subiu rapidamente de divisão e chegou à final da FA Cup, sendo surpreendentemente derrotada pelo Southampton. No ano seguinte voltou a Wembley para desta feita derrotar o todo poderoso Liverpool. 

 

Em 1977 Docherty anunciou que a sua equipa estava disposta a lutar pelo titulo contra o Liverpool. Os red devils tinham amadurecido e apresentavam um conjunto sólido. Mas a divulgação na imprensa de que o técnico mantinha há um ano uma relação extra-conjugal com a mulher de um dos directivos provocou o seu despedimento imediato. Os adeptos protestaram mas a decisão foi irrevogável. Apesar de apenas ter logrado um título, Tommy Doc tornou-se na grande referência em Old Trafford até ao ano da chegada de Alex Ferguson. Depois do abrupto despedimento o técnico tomou o lugar de David Mackay no Derby County onde fez duas épocas tranquilas. Em 1979 aceitou o desafio de voltar ao Queens Park Rangers mas acabou despedido na pré-época por problemas com a mulher de um dos jogadores. Nove dias depois foi readmitido e o jogador que o denunciou dispensado. No final do ano voltou a ser despedido o que levou a sair de novo de Inglaterra, orientando durante dois anos o Sydney Olympic na Austrália. Depois da bem sucedida experiência volta a casa para orientar o Preston North End por um breve periodo, antes de voltar à Austrália. A polémica carreira terminaria quatro anos depois, numa era onde os seus problemas com os directivos impediam os grandes clubes de o contratarem.

 

Docherty era um motivador nato e perito em descobrir jovens jogadores. Apesar dos seus problemas fora dos relvados o terem impedido de atingir outros patamares, as suas largas etapas no Chelsea e Manchester United permitiram analisar o trabalho de um criador de equipas a partir do nada. Curiosamente os louros acabariam recolhidos pelo homem que lhe sucedeu nos dois casos, Dave Sexton. Mas para a história ficou Docherty, um desses técnicos que só podia ter nascido nas verdes ilhas britânicas. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:38 | link do post | comentar

Domingos Paciência ganhou já o tique de culpar elementos externos dos tropeções bracarenses mas depois de adiar para o final do ano uma eventual candidatura ao título, hoje fica evidente que as ambições do SC Braga são outras. A venda de João Pereira ao Sporting abre um novo ciclo na temporada arsenalista e espelha bem a mentalidade que ainda subsiste no futebol português.

João Pereira estava na lista dos transferiveis no Verão. A SAD do Braga falava num encaixe de 10 milhões de euros no total de vendas mas os números ficaram muito além do ambicionado. Em vez de dinheiro na caixa o conjunto bracarense ganhou uma equipa. Que demorou a arrancar, como provou a eliminatória precoce da Liga Europa. Mas que agora funciona de forma oleada e mecânizada na Liga Sagres levando os arsenalistas a liderar, pela primeira vez na sua longa história, a prova no final de ano. Ao contrário do Boavista, que há uma década se sagrou campeão sem chegar ao final do ano nos primeiros lugares, o Braga tem mantido uma regularidade impecável. Apenas uma derrota, vitórias diante dos três grandes, e os habituais tropeções de quem tem um plantel curto e rivais que apenas procuram perder por poucos. Longe do espirito guerreiro baseado no contra-ataque do Boavista de Jaime Pacheco, o Braga é uma equipa bem organizada a meio campo e que gosta de jogar com as linhas a subirem de forma colectiva. O meio campo pressiona em cima, os avançados são solidários nas tarefas defensivas e a defesa tem-se revelado exemplar. Talvez essa realidade comece a ser posta em causa.

 

É verdade que o Sporting pagou na integra a cláusula de rescisão do jogador, cerca de 3 milhões de euros. E também é verdade que num país como Portugal nenhum jogador é devidamente respeitado se não joga num dos três grandes. Passa o mesmo, por exemplo, com o nacionalista Ruben Micael que não entra no lote de seleccionáveis para Queiroz de forma curiosa. Espera-se que em Janeiro ganhe asas e que as portas da selecção se escancarem quando a camisola que vista for do FC Porto, Sporting ou de qualquer clube pequeno europeu por onde andam Duda ou Edinho. João Pereira tem ambições. Legitimas no melhor lateral-direito da liga portuguesa. O jovem formado nas escolas do Benfica sucumbiu à pressão de actuar numa equipa que destroçava a sua própria formação. Depois de militar no Gil Vicente, reencontrou-se em Braga e até hoje fazia com Evaldo parte de uma estratégia bem montada por Domingos. Uma equipa que usava ao máximo o poder ofensivo dos seus laterais. Tapado na selecção por Bosingwa, Paulo Ferreira e Miguel, a falta de mediatismo prejudicava por completo a ascensão sustentada do lateral. Depois de goradas as transferências para o estrangeiro, João Pereira sabe que terá poucas dificuldades a impor-se a Abel ou Pedro Silva em Alvalade. E que isso joga a seu favor para o futuro. Mas como fica o Braga neste cenário?

 

Sabe-se que na cidade dos Arcebispos ninguém assumiu a luta pelo titulo, mas a equipa bracarense tem consciência que na conjuntura actual será muito complicado que baixe da terceira posição. Seria necessário um verdadeiro hara-kiri face à vantagem pontual que leva sobre o grupo de perseguidores do trio da frente. Isso significa automaticamente uma posição de entrada directa na Europa - algo que não logrou o ano passado - e o sonho que alimentou o rival de Guimarães há dois anos atrás: a Champions League. Todos esses sonhos podem traduzir-se em milhões, dinheiro fresco em caixa de uma SAD que tem tido uma evolução bastante sustentada ao largo da década. Mas para isso a equipa precisa de manter altos os niveis de competitividade. Vender uma das suas pedras angulares a meio da temporada é navegar para o lado oposto. E se as comparações com o Boavista são inevitáveis, será também lógico entender que no ano do titulo os axadrezados cerraram filas e não deixaram sair nenhum elemento nuclear do plantel. A equipa arrancou para uma notável segunda volta e fez história. As vendas foram posteriores, quando o êxito e os milhões da Europa estavam já assegurados. E se o clube está hoje na triste situação que se encontra é mais pelos erros administrativos posteriores do que por essa politica que se revelou acertada. O Braga sem João Pereira é, inevitavelmente, menos Braga. Como o seria sem Eduardo, Hugo Viana, Alan, Mossoró, Evaldo ou Vandinho. São pedras chave na estratégia e jogadores sem suplentes à altura num plantel necessariamente curto.

Por outro lado o Sporting dá o primeiro golpe de efeito no mercado ao que pode seguir a chegada de Ruben Micael. É curioso que Paulo Bento não tinha nem um cêntimo para gastar e agora a Carlos Carvalhal são entregues os jogadores que realmente o plantel necessita. Será provavelmente insuficiente - a larga lesão de Liedson não ajuda - para a equipa trepar na classificação até aos primeiros postos mas prova a desacertada gestão de uma direcção incapaz de planear uma época com pés e cabeça. Quanto ao Braga, entrará nos próximos 16 jogos com o país atento. Domingos terá de fazer ginástica e os jogadores correr mais do que nunca. O exemplo recento do Boavista prova que vencer é possível. Sempre e quando a estratégia a seguir seja a correcta. E a ambição não se deite pela borda fora por uns poucos milhões. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 09:12 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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