Domingo, 31 de Maio de 2009

dez anos o Calcio vivia o seu zénite. A imprensa começava a considerar que a liga italiana perdia em glamour e interesse para o campeonato espanhol e os clubes italianos entravam numa grave crise de resultados, que hoje, passada uma década, continua e ameaça expandir-se ainda mais. Exceptuando os dois triunfos isolados do AC Milan na Champions League dos últimos 10 anos, nenhum clube italiano logrou vencer uma prova europeia. Mais ainda, o escândalo de corrupção destapado a meio da década ainda hoje deixa moça. O Inter conquistou tranquilamente o seu quarto campeonato consecutivo e os seus rivais continuam marcados por uma série de anos de fracos resultados e graves problemas financeiros. Estádios vazios, adeptos desanimados, equipas sem figuras de renome…tudo contribui para fazer do campeonato italiano o menos interessante das grandes ligas europeias. Ultrapassado em emoção por França e Alemanha, a liga italiana vive uma grave crise. E a esperada vitória do Inter de José Mourinho não ajudou em nada em recuperar o prestígio do Cálcio.

 
Desde que chegou Mourinho anunciou que seria campeão mas ao contrário do que passou nas suas anteriores experiências, aqui poucos duvidavam da previsão do técnico português. O Inter era tricampeão, os rivais pareciam imersos numa profunda crise e o plantel do clube nerazurri parecia ser o mais equilibrado da parte alta da tabela. E mesmo assim custou ao setubalense vencer o seu primeiro Cálcio. Problemas dentro do plantel, desequilíbrios no sector defensivo, falta de espírito competitivo, tudo contribuiu para transformar uma vitória clara num triunfo tremido. O falhanço na Europa (de toda a armada italiana aliás) não ajudou a dar uma impressão positiva de um conjunto que não consegue criar respeito junto dos rivais europeus. Ibrahimovic foi a estrela da companhia e destacou-se entre companheiros e rivais em toda a prova, mas também o avançado sueco esteve a milhas do que já o vimos fazer.
 
Na luta pelo segundo posto a Juventus e o AC Milan dividiram o protagonismo. Os bianconerri começaram melhor, com um rejuvenescido Del Piero e um meio campo de força com Poulsen, Tiago, Nedved e Camoranesi em boa forma. No entanto o conjunto de Cláudio Ranieri rapidamente perdeu gás e o técnico acabou mesmo por ser destituído a três jogos do fim. Mesmo assim foi suficiente para a Vechia Signora conseguir o segundo posto isto porque o AC Milan, que começou mal a temporada apostando erradamente nas contratações de Flamini e Ronaldinho, só arrancou já a época ia a meio. Ancelotti percebeu que o craque brasileiro chegado de Barcelona não tinha ritmo para jogar e apostou em David Beckham, acabado de chegar dos Estados Unidos, para juntar-se a Kaka, Seedorf e Pato numa linha ofensiva bem mais incisiva. Um excelente sprint final quase permitiu aos milanistas sonhar com o título mas sucessivos tropeções na hora H impediram o capitão Paolo Maldini despedir-se com um troféu.
 

Na luta pelos postos europeus a Fiorentina levou a melhor diante da revelação Genoa e da AS Roma. O conjunto de Florença foi uma equipa dinâmica e ofensiva, baseando o seu jogo no talentoso Jovetic e no brasileiro Filipe Melo, mas nunca ameaçou verdadeiramente o trio da frente. Os genoveses viveram do bom labor de Thiago Motta e dos golos de Diego Milito enquanto que a Roma começou muito mal a temporada acabando por trepar na recta final para postos europeus, com Totti, Vucinic e companhia a mostrarem de novo uma irregularidade imperdoável para este nível competitivo. A Udinese fez uma boa época, particularmente na Europa, disputando até ao final com o Palermo a possibilidade de se estrear na Europe League. Duas equipas com um ataque produtivo mas defesas frágeis. Todo o contrário de Atalanta e Catania, equipas orientadas desde o sector mais defensivo e com uma tremenda eficácia que lhes permitiu realizar um campeonato tranquilo sem demasiados altos e baixos. Abaixo das expectativas terminaram AS Lazio e Sampdoria, clubes com orçamento e expectativas europeias que terminaram tranquilamente a época a meio da tabela. O Napoli, grande sensação da primeira volta, tropeçou na segunda ronda e teve de sofrer para garantir a manutenção, algo que não lograram Torino, Lecce e ainda Reggina, clubes que baixam assim à Série B de onde regressam os históricos AS Parma e AS Bari. 

 

Para o próximo ano e com a ameaça da saída de nomes ilustres como Ibrahimovic e Kaka, bem com as anunciadas reformas de Maldini e Nedved e a veterania de craques como Totti, Del Piero, Gattuso ou Buffon, o Cálcio volta a ter de se enfrentar a velhos fantasmas. Os jogadores estrangeiros de nível já não arriscam entrar pela Europa nos campos italianos e a nova vaga de jovens transalpinos tarda em afirmar-se. Talvez seja esta a ocasião ideal para os jovens Giovinco, Balotelli, Amélia, Criscito ou Acquafresca mostrarem que chegou a sua hora e que serão eles a voltar a elevar o Cálcio ao lugar onde sempre esteve.  



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Num país que idolatra até à loucura os seus idolos, há um jovem que sonha já ser levado em ombros pelas ruas de Abidjan. Com a geração capitaneada por Didier Drogba a chegar ao seu zénite, está na hora de preparar uma nova fornada. E ninguém dúvida que o patrão da Costa do Marfim do futuro é mais do um tanque. É um verdadeiro elefante intransponível que dá pelo nome de Antoine N´Gossan.  

É o protótipo do jogador africano do século XXI.

Força fisica impressionante, sabedoria táctica inusitada e uma cultura futebolistica fora do vulgar. Hoje em dia os jovens que chegam formados do Continente Negro não chegam apenas com musculo e garra. São inteligentes no posicionamento, solicitados nas movimentações e voluntariosos em todos os segmentos de campo. Verdadeiras máquinas de guerra. N´Gossan é, tudo isso, e muito mais. Com apenas 18 anos de idade, o meio campista marfinense é uma das maiores promessas do futebol actual. Metade e meia da Europa tem o seu nome bem sublinhado na lista de futuras contratações. Quem se antecipou foi o britânico Charlton Athletic, que depois de uma digressão por Abidjan ficou impressionado com o jovem que actuou desde os 15 anos no ASEC local. A Coca Cola Championship é no entanto demasiado pequena para N´Gossan e ele sabe-o bem. E os grandes europeus também. Mas em época de crise preferem esperar e analisar o ritmo de adaptação do jovem marfinense ao duro mundo do futebol europeu.

Elemento chave na selecção jovem do seu país, N´Gossan é já a estrela da companhia. Fez todo o percurso vitórioso, desde os sub15 até aos sub-21, onde com 18 anos é o pilar da equipa. A estreia na equipa principal está por breves momentos, especialmente depois de no Verão passado ter sido uma das estrelas dos Jogos Olimpicos de Pequim. O certo é que este é claramente um dos exemplos de que o continente africano continua a ser uma incrivél máquina de talentos, mesmo se esses vêm dos mais inóspitos locais do Mundo...



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algo especial nas celebrações de Primavera que consagram os grandes campeões das taças nacionais. Uma festa particular e emotiva que nos afasta muitas vezes da tensão até ao apito final do último segundo do campeonato regular. A Taça é uma festa diferente. Sem favoritos, sem campeões pré-anunciados, sem um palco a pender mais para um lado do que para o outro. Uma festa do futebol. Apesar de haver países que se têm habituado a antecipar a final da Taça para uma quarta-feira no meio das últimas rondas do campeonato, a tradição continua a ser o que é em muitos países que guardam o último fim de semana do ano para consagrar os finalistas de uma prova especial. Ontem e hoje foi o será sempre o seu dia. Pelo menos até para o ano que vem.

 

Nas ilhas britânicas a Taça é mais respeitada que a própria liga, competição com mais de uma centena de anos de história capaz de levar os adeptos á loucura. Estar em Wembley ou Hampden Park é para ingleses e escoceses o ponto mais alto do ano. Ainda se lembram muitos da blasfémia daquele Manchester de 2000 que rejeitou participar na F.A para ir ao Brasil jogar o Mundial de Clubes. Ninguém percebeu quem poderia trocar o novo pelo velho. Este ano os Devils não estão em Wembley, ainda devem lamber pelos cantos as estocadas do super Barcelona. No seu lugar o Chelsea de Guus Hiddink e o Everton de David Moyes. O bombeiro azul contra o Coach of the Year. Duelo apaixonante. Estádio repleto, calor infernal para um Maio londrino e um golo a abrir, o mais rápido de sempre, cortesia do francês Louis Saha. O Everton, que conseguiu o quinto posto na prova regular, tinha baixas importantes e esse golo soube-lhes a ouro. Durou pouco. No dia da despedida do técnico holandês os jogadores deram-lhe a merecida homenagem e arrasaram, futebolisticamente falando os de Liverpool. O notável golo de Drogba, o tiro monumental de Lampard e até um golo fantasma que acabou por não ser necessário. O Chelsea não fecha o ano a zero, o Everton continua á procura de um titulo que consagre um técnico tão arrojado como Moyes.

Centenas de quilómetros a norte, os protestantes de Glasgow sonhavam com conseguir a dobradinha. O rival não era o histórico Celtic, eliminado bem cedo, mas sim o pequeno Falkirk, equipa da zona norte das Highlands, complicada como qualquer outra. Pedro Mendes, o patrão invisivel, comandou a armada do Rangers mas foi outro ibérico, o espanhol Nacho Novo, quem apontou o golo solitário que permitiu á equipa azul e branca comemorar um ano inesquecivel quando parecia há uns meses que tudo estava perdido. Como é o futebol.

 

Na Alemanha, a  viver a ressaca da vitória doméstica do Wolfsburg e agitada pelas transferencias por confirmar e confirmadas, juntaram-se em Berlim o ferido Werder Bremen e o ambicioso Bayer Leverkusen. O primeiro já sabia este ano o que era perder uma final e queria limpar a face e marcar de novo presença na Europa. Os segundos tiveram, o que se pode chamar de, ano tranquilo, e queriam um rebuçado bem mais doce do que os esperava a principio do ano. O jogo foi largo e sem grande história, com Diego a pautar, pela ultima vez, o jogo com o equipamento verde e branco. Ao seu lado Hugo Almeida, também ausente em Istambul, e o jovem turco-alemão Ozil. Era sobre ele quem se pôs todo o peso nos ombros na final da UEFA. Mais relaxado, sem ter de fazer de Diego, o jovem soltou o seu melhor jogo e deu a estocada final aos de Leverkusen, que defenderam bem mas atacaram mal. Pagaram o preço e a festa da taça alemã celebrou-se nas ruas de Bremen, numa quente noite de sábado de Maio onde o futebol deu o último verdadeiro suspiro do ano.



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Depois de sete anos o Lyon caiu. Diante da armada girondina de Laurent Blanc e Yohan Gourcuff. Acabou a ditadura lionesa aos pés da equipa mais consistente e que melhor futebol praticou em toda a época. Ultrapassou o titubeante Lyon e soube triunfar diante do melhor Olympique de Marseille em vinte anos. Feito único. A justiça do título é clara, especialmente pelo trabalho do técnico, antigo central de excelência, e do líder da equipa destinado a ser o futuro maestro da selecção gaulesa. Depois da sofrida vitória no terreno do despromovido Caen, o Bordeaux não falhou apesar da goleada dos marselheses. Dez anos depois volta-se a festejar na Gasconha!

 

A Ligue 1 voltou aos velhos anos de incerteza e emoção. Terminado o ciclo glorioso do Olympique de Lyon, único na história do futebol gaulês, o Girondins Bordeaux toma a dianteira e assume-se como a nova potência do futebol galo. Graças a onze inteligentemente montado por Blanc, que analisou as fraquezas e forças do seu plantel e potenciou-o ao máximo. Gourcuff liderou o meio campo dos girondino e a reviravolta de uma equipa que pagou uma primeira volta dedicada à Champions, onde lhe faltou um pouco de sorte, mas que rapidamente recuperou terreno e se afirmou diante da oposição. A vitória na liga é também resultado do próprio campeão em título. A vitória do Lyon em Marselha ditou o final do campeonato e arrancou aos marselheses a hipótese de, quinze anos depois, voltar a celebrar nas ruas uma vitória doméstica. A equipa de Gerets também pagou a campanha europeia e a instabilidade interna que levaram mesmo o técnico a anunciar que partia para o Al-Ithad quatro semanas antes do final da prova, quando eram lideres. Um tiro no pé que não teve solução. Quanto ao Lyon, a parte de mais uma prestação mediana na Champions – caiu aos pés do Barcelona – teve um péssimo desempenho doméstico, acabando a temporada no último posto de acesso à prova máxima europeia. Muito pouco para quem tem Lloris, Juninho, Benzema e companhia, naquele que é o melhor plantel do campeonato. Para o ano os de Claude Puel voltam a ser favoritos e pode ser que a derrota lhes faça bem para voltar a ganhar o gosto em vencer.
 
Dentro da luta pela Europa – que a certo ponto chegou a ser pelo próprio titulo – estiveram PSG, Lille, Rennes e Toulouse. Os primeiros conseguiram finalmente criar uma equipa sólida que lhes permitiu inclusive ir mais longe do habitual na Europa. Inspirados pelo ataque Sessegnon-Houreau, a equipa da capital conta com uma excelente equipa de futuro com Sakho, Clement e Chantome como futuros líderes de um meio campo que contou também com Makelele e Rothen. Já o Lille e Rennes foram a prova viva de que o trabalho é capaz de conseguir tanto como o talento puro. São planteis sem estrelas ou grandes figuras mas que jogam de forma coesa e conseguem pontos vitais. Ao mesmo nível está o Toulouse, a grande revelação do ano especialmente após a saída de Elmander que acabou por dar mais equilíbrio à equipa do sul de França em especial com os golos do melhor marcador da prova, a revelação Pierre-Andre Gignac. No final os do Languedoc e os de Lille conseguiram o bilhete para a Europe League.
 
Fora da luta pela Europa estiveram quase sempre o histórico Auxerre, Nice, o surpreendente Lorient e o AS Mónaco. Equipas que passaram por um campeonato tranquilo sem muitos altos e baixos, tendo-se revelado verdadeiros quebra-cabeças para os grandes candidatos ao título que aqui perderam pontos que mais tarde lamentariam na perseguição ao campeão. Na parte baixa da tabela o Grenoble (do excelente Savidan), Nancy e Vallenciennes também protagonizaram uma época bastante calma, com um que outro susto para a etapa final. Clubes de pequena dimensão e poucos meios que mesmo assim mostraram que, bem geridos, podem ir mais longe que veteranos campeões. Já o Le Mans, Sochaux e St. Ettiene tiveram de sofrer até à última semana para não cair no poço da Ligue 2, em especial a histórica equipa verde e branca que nunca mais se reencontrou com os seus dias de sucesso.
 
Despromovidos acabaram os também míticos Caen e Nantes, antigos campeões de França em clara crise desportiva e económica que nunca souberam encontrar o rumo certo na edição deste ano, voltando assim a cair de categoria, poucos anos depois de terem voltado à elite. O último classificado, o Le Havre, nunca foi realmente um clube de primeira liga e desde cedo confirmou a sua descida de divisão.    

 



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Sábado, 30 de Maio de 2009

Antes da explosão da Danish Dynamite nos anos 80 pela mãos de dois génios imensos de nome Michael Laudrup e Preben Elkjaer Larsen, já o futebol dinamarquês tinha tido um verdadeiro génio, um voador de primeiro nível que se tornou no primeiro atleta nórdico a conquistar um Ballon D´Or. Espelho de uma brilhante carreira ligada ao melhor do futebol disputado em Espanha e na Alemanha entre os anos 70 e prinicipios da década de 80. Os mais veteranos reconhecem o olhar sério, os mais novos surpreender-se-iam com a capacidade fisica e técnica apurada de um génio chamado Allan Simonsen

Simonsen não era o protótipo do atleta nórdico. Relativamente baixo (não chegava ao 1m65) e sem grande porte atlético, era mais uma gazela do que um desses ursos que davam o rosto pela poderosa selecção sueca, a mais destacada equipa do norte Europeu dos anos 70. Nascido em 1952 em Vejle, Simonsen demorou a explodir numa época onde para um jogador sair do país Natal era bem mais complexo do que se pode supor hoje em dia, neste meio cada vez mais globalizado. Foi no clube da terra o Vejle FC, que em 1971, aos 19 anos, se tornou profissional. Simonsen jogava pela ala direita, mas várias vezes percorria todo o campo, como um nobre vagabundo de invulgar corte senhorial. O seu impacto foi tal que quebrou todas as regras da época e com 20 anos assinou contrato com o poderoso Borussia Monchenladgbach da RF Alemanha. A equipa germânica queria colocar um travão na ascensão meteórica do Bayern Munchen de Beckambauer e Muller e juntou uma série de jovens jogadores talentosos que eram tudo o que os letais homens da Baviera não eram. Desse Borussia falou-se como os poetas do futebol alemão e nenhum deles atingiu tanto a genialidade como o dinamarquês. Durante três anos (1975 a 1977) o clube de Monchenladgbach venceu a Bundesliga, conquistando ainda uma taça. Para além disso exibiu-se em grande nas provas europeias vencendo em 1975 e 1979 a Taça UEFA. Em 1977 o extremo venceu o Ballon D´Or, diante de nomes ilustres como Keegan, Cruyff ou Beckhambauer. Era o consagrar definitivo do seu génio intemporal.

 A vida corria bem a Simonsen até que em 1979, na ressaca de mais uma prova europeia ganha, o Barcelona apareceu e contratou-o para atacar o titulo espanhol, que há vários anos se lhe escapava. Ao seu lado a equipa catalã contava ainda com Hans Krankl, possante avançado austriaco, Bernd Schuster, médio irrascivel germanico, e os espanhois Quini, Carrasco e Urruti. Simonsen encaixou que nem uma luva no belo futebol blaugrana mas os titulos acabaram por não chegar. Numa era dominada pelos clubes bascos (a Real Sociedad primeiro, e o Athletic Bilbao depois) o Barcelona ficou sempre ás portas da glória, tendo de contentar-se com uma Taça do Rei, em 1981, e a Taça das Taças de 1982 onde foi o heroi do encontro com um golo e uma assistência. No final da temporada seguinte, já com 29 anos, Simonsen foi forçado a abandonar o Camp Nou devido à chegada do astro argentino Diego Maradona. Numa época onde os planteis só podiam ter três estrangeiros, a direcção do clube catalão ainda tentou mudar a lei e quando a possibilidade falhou propôs ao dinamarquês ficar no banco, à espera da lesão de um dos três estrangeiros. Simonsen recusou. Passou primeiro pela liga inglesa, ao jogar pelo Charlotn Athletic até que voltou ás origens, terminando a carreira no Vejle FC tendo ainda logrado a participação nas espantosas campanhas da selecção do seu país no Euro 84 e Mundial 86, mas por essa altura já não era ele a estrela da companhia.

 

Simonsen deixou em 1989 os relvados e começou a carreira como treinador, orientando selecções de pequena dimensão como as Ilhas Faroes e o Luxemburgo e vários clubes dinamarqueses. Ainda hoje é um idolo no país natal e pode gabar-se de ter sido o único atleta a marcar golos nas três finais europeias (Taça dos Campões, Taça das Taças e Taça UEFA) e ainda o único nórdico a triunfar no Ballon D´Or, algo que os compatriotas Michael Laudrup, Peter Schemeichel e Elkjaer Larsen, bem mais conhecidos do grande público, nunca lograram. Um verdadeiro génio que o tempo não esquece.



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Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

O Tetracampeonato conquistado devia supor um ano glorioso para os dragões. Mas 2008/2009 não entrará para a história como um dos melhores da entidade. Desde o atribulado inicio de época com o conflito com a UEFA que se previa que este seria um ano complexo. As saídas (esperadas) de Bosingwa, Paulo Assunção e Ricardo Quaresma não foram devidamente cobertas. Sapunaru, Benitez, Guarin, Pele e Tomas Costa nunca ultrapassaram a mediania e cedo demonstraram o imenso rombo que havia no plantel portista. Fernando, no meio campo, e Hulk e Rodriguez, a partir do Inverno, foram os únicos aspectos positivos que Jesualdo Ferreira encontrou numa equipa que perdeu o jogo pelas alas para encher o meio-campo onde Lucho e Raul Meireles estiveram em sub-rendimento a maior parte do ano. A fraca capacidade goleadora de Lisandro agudizou o problema que se chegou a estender à baliza, onde até Helton esteve perto de ser crucificado. Eram dias difíceis os das derrotas com Naval e Leixões em casa, e em Kiev para a Champions. Jesualdo pedia tempo mas as semanas passavam e os rivais afastavam-se.
 
Se há título azul e branco este ano, deve-se claramente à péssima época dos rivais. Até Dezembro o FC Porto pode recuperar a liderança donde não voltou a sair. A equipa não jogava bem, e apesar de Cissokho ter limado arestas à esquerda (abrindo a Fucile o lado direito), o futebol era previsível, lento e funcionava melhor no contra-golpe visitante do que no Dragão, onde penetrar defesas rivais se tornava num autentico quebra-cabeças. Os suplentes de Jesualdo foram resolvendo alguns jogos complicados e entre Janeiro e Março a equipa atravessou o seu melhor momento. Mas nos derbys nunca se impôs e na Europa não ganhou um único jogo desde a fase de grupos, apesar de ter feito suar o campeão em título nos Quartos. A vitória no campeonato foi natural a partir do momento em que Benfica e Sporting tropeçaram de vez. O Porto mostrou-se mais forte mentalmente e foi aguentando as últimas finais, para sagrar-se campeão a dois jogos do fim. Longe da equipa que venceu o primeiro Tetra – uma maquina de futebol de ataque – e até mesmo do futebol directo dos últimos anos, este Porto é claramente uma equipa de transição. Jesualdo ficará para o penta mas sabe que tem de mudar muita coisa. As contratações anunciadas (Orlando Sá, Varela, Miguel Lopes e o regressado Nuno Coelho) significam mais juventude, ou seja, mais trabalho de entronização. Os reforços de que se falam não são propriamente jogadores feitos e de nível, como aconteceu na época em que chegaram Lucho e Lisandro. O certo é que o FC Porto terá de procurar outro esquema de jogo e aumentar os níveis de eficácia. Parte como favorito e como sempre dependerá muito do nível dos rivais. A continuar assim tão baixo, o Penta pode mesmo ser uma realidade com um retoque de imagem. É o nível do nosso campeonato!
 
 
Pelo quarto ano consecutivo o FC Porto é campeão nacional. Pelo quarto ano consecutivo o Sporting contenta-se com o segundo posto. Se há dois anos ainda sonhou legitimamente com o título – resultado da péssima segunda volta azul e branca – a verdade é que está claro que esta é a posição máxima que este clube pode aspirar com a política desportiva adoptada. Paulo Bento tem sido alvo de várias criticas, mas sem ovos não se fazem omoletes, e o técnico sabe que está aí em cima mais graças ao seu trabalho como gestor de jovens talentos e, principalmente, aos golos de Liedson, do que propriamente ao investimento na equipa. A falta de estabilidade desportiva e de injecções financeiras importantes fazem do plantel leonino o mais débil do dos três grandes. Muitos jovens de formação, jogadores de nível médio e claro, o Levezinho. Não há mais. Daniel Carriço foi a grande revelação do onze leonino, empurrando Tonel para o banco de suplentes, enquanto que a Adrien, Pereirinha e Djalo, falta um pouco mais de traquejo para impor-se no onze. Miguel Veloso e João Moutinho foram casos à parte. Forçaram a saída e acabaram por ficar. O capitão aceitou tranquilamente e foi igual a si próprio todo o ano, um jogador pausado, tranquilo, equilibrador, mas sem um pingo de génio que justifique os números que pedem por ele. É um sucessor natural de Hugo Viana mas notam-se limitações claras. Já Miguel Veloso poderia ter um potencial superior, mas um jogador sem cabeça não é uma boa base para se esperar algo de grandioso. Passou o ano em polémicas, rendeu muito abaixo do esperado e foi a ovelha negra da equipa. Poderá ser vendido este ano, mas fica ele e o Sporting a perder, porque quem o viu este ano – o seu jogo e comportamento – sabe que não é um elemento de fiar.
Também a dupla servia provocou sarilhos e se Stoijkovic acabou por sair, Vuckcevic ainda ajudou a equipa em momentos complicados. Casos a mais para um só técnico resolver, especialmente só contra os leões. Derlei, Postiga e Liedson iam marcando os, poucos golos, que mantinham a racha vitoriosa dos leões, mas a equipa nunca pareceu em reais condições de discutir o titulo. O segundo lugar é mais demérito do rival da segunda circular que conquista em campo. Se a próxima direcção não traz outra ideia a Alvalade, da equipa verde e branca não se poderá esperar muito mais para o próximo ano.
 
 
À partida todos eram unânimes na qualidade acima da media do plantel do SL Benfica para esta época. Rui Costa tentou trazer Queiroz e Erikson e falhou em toda a linha e teve de se contentar com Quique Sanchez Flores, técnico sem títulos mas com reputação no pais vizinho. Para o novo mister trouxe reforços de luxo, os argentinos Aimar e Di Maria, o hondurenho Suazo (por empréstimo), Urreta e Balboa e ainda Ruben Amorim, autor de uma notável época no Restelo. Parecia um plantel bastante mais equilibrado do que em anos transactos e a equipa nem arrancou mal a época. Rapidamente se percebeu a ignorância do técnico face ao futebol português e a dificuldade de encontrar um onze tipo. Mudou-se de guarda-redes (jogaram os três do plantel), mudaram-se avançados, extremos, centrais, enfim, Luisao e Katsouranis acabaram por ser os jogadores mais utilizados numa equipa que parecia estar firme a princípio de época mas que se desmoronou à primeira. Chegou a liderar a prova mas não aguentou nem duas jornadas e a partir daí entrou em queda livre, oferecendo o segundo posto de bandeja ao rival lisboeta. A vitória em Braga foi como um murro na mesa, quando já se especulava sobre outra ausência do pódio, como no ano passado, mas 2008/2009 volta a ser uma desilusão na Luz. O presidente já perdeu todo o crédito, Rui Costa não mostrou destreza e no final de contas Quique também nunca ajudou verdadeiramente. A sua saída é inevitável, apesar de custosa, mas mais do que um técnico, o clube encarnado tem de ser mais ambicioso se quer lograr ir mais longe. 


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De todas as grandes ligas europeias a mais recente é a Bundesliga, que remonta apenas aos anos 60. Antes a RF Alemanha, em recuperação financeira, não tinha um campeonato nacional e é por isso possível encontrar vários vencedores. A partir daí começou a profissionalização a sério e com ela chega o Bayern de Munchen que domina desde então o campeonato. Na véspera do último encontro no sábado passado o fantasma do domínio do clube da Baviera estava presente em todos os campos. O titã voltava à carga. Só que não esperava a impertinência de um pequeno clube com um grande coração. E técnico melhor ainda. O Wolfsburg sagrou-se, pela primeira vez na sua história, campeão alemão de futebol. Um êxito para uma pequena cidade criada à volta da fabrica da Volkswagen, principal patrocinador do clube. E, melhor ainda, uma vitória orquestrada por uma figura histórica do rival, que tinha sido despedido pelo Bayern dois anos antes de se aventurar neste projecto de sucesso.

 
Durante dois anos Félix Magath desenhou o Wolfsburg à sua imagem e semelhança. Trouxe o veterano Grafite e o jovem Dzeko e formou a dupla ofensiva mais letal da Europa. Os dois lideraram a lista de melhores marcadores da Bundesliga e graças ao trabalho de homens chave como Josué, capitão e médio centro da selecção brasileira, dos italianos Zaccardo e Barzagli ou do suíço Diego Benaglio, o técnico montou um onze flexível e fortemente ofensivo. Durante anos deleitou os adeptos com jogos épicos, incluindo a goleada por 5-1 ao Bayern com aquele toque de calcanhar do avançado brasileiro…ou como o 5-1 de sábado onde humilhou o já ferido Werder Bremen. A justiça do título do Wolfsburg é inequívoca, mas também espelha o fortíssimo equilíbrio da Bundesliga deste ano. Na véspera dos derradeiros 90 minutos havia 4 equipas com possibilidades de levar o ceptro para casa. Só duas venceram, mas os verdes e brancos levaram a melhor.
 
O segundo posto do Bayern é o resultado do megalómano projecto de Jurgen Klinsman. Com uma equipa de sonho (Toni, Klose, Podolski, Ribery, Ze Roberto, Demichelis, van Bommell, Lahm…) o treinador que levou a Alemanha ao terceiro lugar do Mundial 2006 conseguiu o que parecia impossível. Perder. Terminar no segundo lugar é um troféu para um clube que nunca deu a sensação de ser uma equipa coesa, mas que ia ultrapassando os problemas graças ao talento individual dos seus craques. Ao contrário do Stuttgart, equipa que o jovem técnico Markus Babell apanhou a meio da época a meio da tabela e que levou até à Champions League. Um campeonato frenético para o clube do sul da Alemanha que para o ano terá de fazer melhor mas sem a sua grande estrela, Mário Gomez, a caminho do rival de Munique. Por outro lado o Hertha de Berlin foi a grande revelação da segunda metade do campeonato, conseguindo, muito por culpa de Voronin, disputar até ao último dia o título. A classificação para a Taça UEFA é um mérito para a equipa berlinense que começou o ano com objectivos bem mais modestos. Já o Hamburg SV apostou forte na Taça UEFA o que o prejudicou na cavalgada final doméstica e acabou por ter de se contentar com o quinto posto, muito pouco para um clube que quer consagrar-se definitivamente.
 
Duas notas especiais para Borussia de Dortmund e TS Hoffenheim 1899.
O primeiro é um histórico – um dos poucos clubes germânicos a contar com uma Champions League – que tem vivido horas baixas na última década. É o clube que mais adeptos leva ao estádio e falhou por pouco a qualificação para as provas mas provou ter de novo um projecto ganhador e é uma das boas apostas para a próxima temporada. Já o Hoffenheim foi o ex-libris da época. O clube subiu de divisão este ano e foi campeão de Inverno. A lesão do goleador Ibisevic provocou uma baixa de forma significativa que os levou a não qualificar-se para as provas europeias, mas o projecto é sólido e para o ano mantendo a estrutura é um plantel com legitimas ambições.
 

Numa terceira linha encontramos três candidatos eternos ao título. O Schalke 04 fez um campeonato mediano sem nunca lograr a estabilidade nos primeiros postos. Acabou fora das provas europeias a poucos jogos do fim mas a chegada de Félix Magath já levanta várias expectativas para a próxima época. O mesmo acontece com o Werder Bremen, derrotado em Istambul mas que ainda pode voltar à Europa se vencer a final da Taça da Alemanha. Diego foi um dos jogadores do ano na Alemanha, mas o espírito demasiado ofensivo de Thomas Schaaf provocou demasiados desequilíbrios nas transições que em ultima caso levaram a derrotas inesperadas. A partida do brasileiro para Turim debilita ainda mais o conjunto verde e branco. O rival da final de domingo, o Bayer Leverkusen, é outro histórico à procura de voltar à Europa. Fez um campeonato sempre na zona média e está numa fase de clara reestruturação. 

 

Na parte baixa da tabela o veteraníssimo Borussia de Monchenladgbach aguentou até ao fim e conseguiu salvar-se à custa de Karlshruer, Arminia Bieldfield e Energie Cottbus, clubes que acabaram por não provar estar à altura dos melhores. Para o ano lutarão para regressar a uma liga cada vez mais competitiva e que terá várias alterações de fundos. Entre técnicos e jogadores, o rosto da Bundesliga 2009/2010 pode ser radicalmente diferentes ao que vimos este ano. É esperar para ver.


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Quinta-feira, 28 de Maio de 2009

Aos 22 anos é já um dos melhores jogadores do Velho Continente.

Nada surpreendente para quem o vê jogar desde novo, desde esses dias em Rennes onde, ainda adolescente, comandava com a firmeza de um general o onze do norte francês numa das suas temporadas mais memoráveis. Yohan Gourcuff nasceu para ser o lider da nova França. Sem o mediatismo de Frank Ribery e sem as capas de jornais vendidas de Samir Nasri, é dele que os gauleses esperam que surja a voz de comando no próximo mundial da África do Sul. Gourcuff é mais do que o novo Zidane, ele é já um nome próprio de respeito. Laurent Blanc agradece. Graças a ele o seu Girondins Bordeaux prepara-se para voltar a ser campeão.  

O jovem centro campista começou muito novo - com 15 anos no Lorient - e a sua posterior explosão na Ligue 1 com o Rennes de Lazslo Boloni (em três anos fez 66 jogos e marcou 6 golos) foi de tal forma meteórica que de jovem promessa passou a clara certeza. O AC Milan antecipou-se aos rivais europeus, que já salivavam pelo novo Zizou e contratou o jovem enviando-o de imediato para Millanelo. Em Itália o médio bebeu pouco futebol e trabalhou em excesso o ginásio. Ancelloti não o viu preparado para a dureza da Serie A e em lugar de o convocar para trabalhar ao lado de Kaká, Pirlo, Gattuso e companhia, enviou-o para ganhar "corpo" de forma a estar apto fisicamente. O talento, já sabiam, tinha-o de sobra. O francês sofreu. Faltava-lhe o relvado, a bola a rolar, os espaços que criar. Durante dois anos penou em Milão até que fez um ultimato ao técnico. Queria uma oportunidade. O veterano Ancelloti, pouco crente na evolução do pequeno, decidiu enviá-lo de volta a casa. Emprestado ao Bordeaux, então a lutar por voltar às provas europeias. Truque de magia, de um momento para o outro, o destino voltou a piscar o olho a Gourcuff. 

 

Na Gasconha o médio encontrou em Laurent Blanc um técnico que percebia o seu estilo de jogo e aplaudia o seu talento inato. Rapidamente percebeu que o médio era um lider nato, o lider que procurava para o seu meio campo. E colocou-o no eixo da forte defesa e do letal ataque girondês. Gourcuff voltou a sentir-se como peixe na água. Era o patrão de Rennes outra vez e com uma finura ainda mais aguçada. Escusado será dizer que as horas extras em Milão serviram para algo e fisicamente Gourcuff é hoje um portento. A época perfeita do clube do sudoeste francês está prestes a tornar-se histórica. Desde há muito que o clube não festeja nas ruas um titulo, algo que nem logrou nem nos dias de Zinedine Zidane, esse eterno mago a quem sempre comparam o jovem número 8.

 

A selecção francesa é cada vez mais uma realidade - por muita teimosia que tenha Raymond Domenech - para este jovem nascido no quente Verão de 1986 e que vai cumprir já a sua oitava época como profissional. Estreou-se finalmente com a camisola principal em 2008 e poucos acreditam que o polémico seleccionador não o vejo como elemento nuclear da sua equipa no Mundial. Vai receber o prémio de jogador do ano em França e o AC Milan suspira pelo seu regresso, agora que Kaka parece perdido de vez. Mas o Bordeaux tem uma cláusula de 15 milhões que já decidiu pagar para ficar com o pequeno astro. Na Bretanha ninguém duvida que será a melhor contratação para o próximo ano e o próprio médio sabe que precisa de brilhar para estar no Mundial e Milão já o desiludiu uma vez. Mas também sabe que para chegar ao nivel do seu idolo tem de se preparar para dar o salto definitivo e consagrar-se entre os maiores.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 19:26 | link do post | comentar

O projecto desportivo do Nacional da Madeira é dos mais consistentes do campeonato português desde há dez anos para cá. Depois de vários anos na segunda a equipa insular subiu de divisão e logrou já conseguir marcar mais do que uma vez, presença na Europa. É uma equipa baseada em jogadores brasileiros escolhidos a dedo e jovens promessas. Renova-se quase anualmente mas a capacidade dos olheiros e o espírito dos seus dirigentes mantém sempre o patamar de qualidade num nível médio alto que lhes garante uma estabilidade que, por exemplo, o rival Marítimo nunca teve. Este ano Manuel Machado continuou igual a si próprio e montou um onze ofensivo e com um estilo de jogo atractivo. Assentou o jogo em dois craques da equipa B do Cruzeiro que viu numa digressão que os brasileiros realizaram pelo norte de Portugal. Maicon foi o cérebro da defesa e Nene o goleador de serviço. Pelo meio jovens portugueses de nível – João Aurélio, Igor Pita, Ruben Micael – e um onze coeso e competitivo. Bracalli foi igualmente um bom seguro de vida, suficiente para sacar os madeirenses de apuros. O Nacional esteve sempre na primeira metade da tabela e arrancou para um óptimo final de temporada que lhe permitiu ameaçar inclusive o terceiro posto. Para o ano espera-se muito deste Nacional.
 
 

 

Jorge Jesus voltou a provar que é um treinador com talento, apesar de polémico, e montou uma equipa para consumo caseiro e externo. O Braga foi competente desde o primeiro minuto da época. Nunca atingiu a grandeza dos grandes jogos, perdeu encontros nucleares para poder sonhar com mais, mas foi estável e acabou mesmo prejudicado por lesões complexas em momentos cruciais da época. O 4-4-2 de Jesus assentou num onze tipo bem definido onde Luís Aguiar foi o criativo de serviço, servindo bem o eixo ofensivo de Meyong e Renteria. Atrás de si a equipa mostrava uma boa solidez defensiva, em especial destaque para o guardião Eduardo – que confirmou a boa época no Setúbal – e de César Peixoto. Ambos lograram estrear-se na selecção, provando que é possível ir longe mesmo fora dos grandes. Aos bracarenses nunca faltou apoio local mas sim destreza em conquistar pontos nucleares. Queixaram-se muito da arbitragem – e com razão – mas no final o quinto posto é o máximo a que poderiam ambicionar depois de tantos altos e baixos, também resultado da excelente participação na Taça UEFA onde mostraram mais atrevimento do que na prova doméstica.


publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:34 | link do post | comentar

 

Se hoje decidisse retirar-se do mundo do futebol, Josep Guardiola seria o treinador mais eficaz de todos os tempos. No seu primeiro ano como técnico principal o treinador catalão venceu tudo o que havia para ganhar, tornando o seu Barcelona no primeiro clube espanhol a vencer as três competições mais importantes do ano. Mais, juntou-se ao restrito clube de cinco clubes (Celtic, Ajax, PSV e Man Utd) que foram capazes de o fazer. E tudo quando há um ano andava pelos campos da III Divisão B do futebol espanhol a treinar a equipa B do Barcelona. Depois de ter bebido a filosofia do seu maestro, o holandês Johan Cruyff que o lançou aos 16 anos para, o jovem que aos cinco anos era apanha bolas no Camp Nou é hoje a personagem do ano do mundo do desporto. Um autentico génio precoce, dentro e fora das quatro linhas.
 
Quando Cruyff chegou ao banco do Barcelona decidiu remodelar por completo a concepção de jogo e formação do clube catalão. Aplicou o 3-4-3 na equipa principal e obrigou que todas as equipas das camadas jovens jogassem sob a mesma metodologia. A ideia era preparar um jogador desde novo para poder integrar-se facilmente na primeira equipa. Assim nasceu o Dream Team e assim nasceu a fama de La Masia, o centro de formação do Barça. Foi daí que em 1991 o técnico holandês resgatou um jovem prodígio, que de pequeno fazia de apanha bolas no Camp Nou e era um autêntico fanático blaugrana. Deu-lhe o número 4 e mandou-o pautar o jogo de uma equipa que nascera para fazer história e que estava composta por vedetas internacionais (Koeman, Romario, Stoichkov e Laudrup) e espanholas (Ferrer, Bakera, Goikochea, Zubizarreta, Salinas, Amor, Begiristain, Eusébio). O lance arriscado de Cruyff foi um risco calculado porque o holandês sempre soube o que fazia. Josep “Pep” Guardiola sempre se adiantou ao seu tempo. Lia o jogo do primeiro ao último instante como ninguém e em campo era a voz do treinador. Entre passes curtos e desmarcações rápidas, Guardiola serviu de bússola para o Dream Team que marcaria o futebol europeu da primeira metade dos anos 90. Tecnicamente perfeito, tacticamente superior a qualquer outro, Guardiola passou sempre desapercebido, muito por culpa da sua humildade, mas também por não produzir os lances espantosos dos seus colegas do ataque. Venceu várias ligas, taças e provas europeias com o Barcelona antes de decidir partir para Itália e experimentar um futebol ainda mais táctico. Por Roma não teve sorte e em Brescia explicou melhor o seu futebol mas acabou acusado pela justiça italiana de se dopar. No mesmo dia entrou nos tribunais e seis anos depois ganhou o julgamento. Foi a sua última vitória como jogador.

 

Terminada a carreira de forma aparentemente desapercebida, aquele que foi provavelmente o mais genial jogador espanhol da história, decidiu que devia contar a pensar o jogo, mas agora sentado no banco. Voltou a casa e sentou-se com a equipa B a preparar as bases de futuro. Queria tempo para recuperar o ideal perdido de Cruyff e aperfeiçoa-lo aos tempos modernos. Descobriu uma série de jovens jogadores talentosos cheios de sede de vitórias e quando Joan Laporta, presidente à beira da destituição depois de duas épocas desastrosas da outrora equipa maravilha de Rijkaard, o convidou para treinar a equipa principal, agarrou a oportunidade com as duas mãos. Ninguém, absolutamente ninguém, acreditava no sucesso do técnico. Inexperiente, incapaz de lidar com as estrelas do balneário, demasiado tecnicista, ouviu-se de tudo dentro e fora do clube. Guardiola guardou o que ouviu e continuou em frente. Fez com que Deco e Ronaldinho, consideradas as ovelhas negras, saíssem e tentou fazer o mesmo com Etoo. Acabou por reconciliar-se com o avançado oferecendo-lhe a oportunidade de fazer a época da sua vida. Cumpriu!

O Barça de Guardiola até começou mal. Foi o pior arranque da história. Foi uma lição. O treinador percebeu com quem podia contar e que sistema de jogo aplicar. Não arriscou tanto como Cruyff e manteve as bases do 4-3-3 das últimas épocas, mas com nuances fundamentais que fizeram da sua equipa a melhor da Europa.
 
O lateral direito Daniel Alves era responsável de todo o corredor, fazendo muitas vezes que a equipa se desdobrasse num 3-4-3 ofensivo, com o veterano Puyol, a revelação Pique (a grande sensação da temporada) e o francês Abidal fechassem atrás. No meio campo Guardiola pôde recuperar o seu estilo de jogo preferido: o toque e as transições rápidas com a bola colada aos pés, soltando-se entre os vários elementos do carroussel. Para tal beneficiou do talento de dois génios da casa, Xavi e Iniesta, que vinham de ganhar o Europeu a praticar exactamente esse estilo de jogo, e para protege-los utilizou dois tanques africanos (Toure e Keita) e o primeiro jovem que promoveu à equipa principal, Sérgio Busquets filho do seu antigo colega, Carlos Busquets.
O ataque demolidor do Barcelona (foi a equipa que mais golos marcou em todo o ano nas distintas provas) resultava do trabalho do meio campo, mas também do talento do trio de executantes. Guardiola ressuscitou Thierry Henry, deu outra oportunidade a Samuel Etoo e beneficiou do génio vagabundo de Messi, que solto da banda por Alves podia descair para o centro provocando desequilíbrios constantes. E fez a diferença!
  

Guardiola controlou egos, criou uma dinâmica de grupo e reforçou o espírito de equipas. Acabaram as largas concentrações com a equipa a viajar no dia do jogo, sem estágios. Reforçou o papel familiar e lançou vários jovens (só este anos se estrearam Busquets, Pedrito, Victor Sanchez, Thiago, Muniesa, Xavi, Olier) e sabe que tem mais alguns trunfos na manga para a próxima época. Conhece a cantera de Barcelona como ninguém e vive o clube com uma paixão louca que o faz saber tudo sobre todos. Ao mesmo tempo que é duro com os jogadores (impõem multas por atrasos de 1 minuto) também dá sempre o braço a torcer quando vê necessário. Com a imprensa é de uma humildade arrasadora e foge sempre do protagonismo. É um técnico distinto, um homem que sabe estar e sabe quando tem de aparecer para dizer presente. E agora sabe que colocou a fasquia mais alta na história do futebol para um técnico. Vencer tudo no primeiro ano significa que a colina é para baixo. Guardiola tentará o impossível. Sabe que cairá, mas sabe também que saberá pôr-se de novo de pé. Quer instaurar no Barcelona um longo mandato onde o espírito culé sobressai-a sobre os demais.

 

Está preparado para perder e por isso sabe que tem fortes probabilidades de voltar a ganhar!

 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:39 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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