Depois da eliminaçao de todo o continente (Portugal tem a chave para o confirmar), o Gana emerge como a equipa de todo o continente. Como foram os Camaroes em 1990 ou a Nigeria em 1994, os ganeses terao o apoio do continente e a oportunidade de chegar a uma meia-final, a primeira na história para uma equipa do continente negro. A Alemanha terá, por sua vez, um duplo duelo. Vencer a Inglaterra com a cabeça na Argentina.
Joachim Low podia ter dado ordens aos jogadores para deixar o Gana empatar. Para facilitar.
As coisas corriam bemm, a Austrália dava a surpresa e a Alemanha estava apurada. Ser primeira de grupo significava medir-se, de forma consecutiva, a Inglaterra e o vencedor do Argentina vs México. Por outro lado, passar no cómodo segundo posto era uma garantia de que, até às meias, os rivais seriam americanos, uruguaios ou coreanos. Mas este povo nao percebe de contas habilidosas. Os alemaes jogaram para ganhar do primeiro ao ultimo minuto e nem o segundo golo australiano, que eliminava definitivamente a Sérvia, fe-los mudar de ideias. Preferem cair de pé, contra os melhores, do que adulterar o espirito da Mannschaft.
Um golo de Ozil, provavelmente um dos melhores deste Mundial, confirmou o sofrido apuramento germanico, a par da Argentina, a equipa que futebol mais atractivo apresentou na África do Sul. Os alemaes nao foram forçosamente melhores, mas valeu a sua habitual eficácia, num jogo onde Podolski e Muller nao se viram e em que Boateng, o germanico, se exibiu a um nivel espantoso. Uma das grandes exibiçoes individuais da ronda.
Por outro lado, o Gana fez um excelente jogo provando que é, hoje em dia, o unico conjunto africano com que se pode realmente contar. Mereciam o apuramento e lograram-no depois de realizar um grande jogo. Kingson, Pantsil, Annan, Ayew e Gyan foram soberbos na conduçao de jogo, particularmente no contra-golpe, e deixaram sempre a Alemanha em sentido. Falhou o golo que tantas vezes espreitou. Mas foi melhor assim. O caminho para as meias-finais está aberto.
Se todos esperavam uma vitória fácil da Sérvia, fazendo do duelo germanico-ganes um jogo de vida ou mortem, a Austrália demonstrou que é sempre preciso contar com eles. O combinado ausie entrou na prova como a grande derrotada da primeira ronda e saiu com a cabeça bem alta, com os mesmos pontos que os ganeses. Pesaram esses 4 golos sofridos no encontro inaugural. A Sérvia, candidata a revelaçao do sorteio, pagou o preço da juventude de muitos dos seus jogadores e do nervoso miudinho que significou chegar como favoritos para vencer o grupo. Perderam, e bem, por 2-1, mas o resultado até podia ter sido diferente. O golo final de Pantelic, apenas o segundo na prova de um dos mais eficazes ataques da fase de qualificaçao, ditou o destino dos eslavos que aprenderam uma boa licçao. Para o próximo Europeu serao, certamente um rival temivel.
Feitas as contas do segundo dia, a Alemanha já sabe que terá de reeditar um duelo que, desde 1966, lhe sai sempre favorável. Já os ingleses perderam uma bela ocasiao de chegar às meias-finais. Um privilegio que será disputado entre americanos e ganeses, num duelo inédito na prova, em que ambas as equipas procurarao fazer história. Certo é que um dos semi-finalistas do Mundial será já uma grata surpresa. E outro, o sobrevivmente de uma escaramuça a tres, sem favorito à partida.