A verdade é que para além dos rankings terem sido actualizados – a partir de 2010/2011, por exemplo, Portugal perde mais um clube apurado para as competições europeias – há uma lavagem de cara da Champions League e um autentico lifting na extinta Taça UEFA que se passará a designar pelo pomposo nome de Europe League. A ideia é repartir mais dinheiro por mais gente, organizar os horários televisivos e liberalizar o acesso ás grandes provas da UEFA. O resultado parece que será o mesmo, ou seja, uma Champions dominada pelo eixo anglo-espanhol e uma Liga Europa para os filhos malditos da principal prova e para os novos ricos do futebol continental.
Na próxima edição da Champions League passaremos a ter mais equipas grandes directamente apuradas para a fase de grupos. As três primeiras ligas do ranking (Inglaterra, Espanha e Itália) terão três equipas apuradas automaticamente, em lugar das anteriores duas. Isso significa que vagas que pertenciam a países mais modestos (como Portugal, Holanda ou Escócia) passam a ser dos terceiros classificados dos grandes campeonatos. Em troca a última fase de pré-qualificação passa a estar dividida em dois grupos distintos. Um play-off entre os quartos e terceiros classificados das principais ligas (onde entram aqui a parte de Inglaterra, Itália e Espanha as equipas de França, Alemanha e Rússia) e os segundos classificados dos países de poder médio. Casos do Sporting português, do Twente holandês, ou do rivais turco ou ucraniano. Isso permite que as dez equipas campeãs das ligas menos poderosas do futebol europeu discutam as restantes vagas e assim não correm o risco de apanhar um tubarão pelo caminho. As anteriores pré-eliminatórias continuam o mesmo formato – uma primeira apenas para os últimos clubes do ranking e uma segunda para os primeiros e segundos dos campeonatos mais pequenos e uma terceira fase onde já entram as restantes equipas, excepto os quartos dos tres primeiros paises e os terceiros de França e Alemanha. No caso português, o FC Porto mantém o apuramento directo enquanto que o Sporting entrará na terceira pré-eliminatória e em caso de apuramento seguirá para o futuro play-off dos não campeões, resultado da posição portuguesa no ranking mas que não favorece em muito as aspirações nacionais, face aos possíveis adversários.
A partir daí tudo igual que antes. Oito grupos de quatro, jogos de ida e volta e os dois primeiros apurados, seguindo as fases a eliminar até à final no Santiago Bernabeu. Aí entra a última novidade. Pela primeira vez a final deixa de ser a uma quarta-feira, passando ao sábado seguinte numa ideia em que a UEFA defende que seja amiga do público, já que a disponibilidade pode ser maior. Para esse fim-de-semana na capital espanhola estão agendados vários eventos que serão anunciados no Mónaco, aquando do sorteio.
Já a Liga Europa é uma novidade completa. Herda a estrutura da Taça UEFA mas actualiza a fase de grupos, de forma a tornar-se mais rentável. Enquanto que a Taça Intertoto mantém o mesmo modelo, as primeiras pré-eliminatórias vão congregando os apurados dos distintos países. Tal como tem acontecido, os países colocados na primeira metade do ranking entram mais tarde em prova, e os vencedores das taças apenas na última pré-eliminatória, junto com os eliminados da última fase de qualificação da prova principal da UEFA. Directamente apurados para a fase de grupos será o campeão em titulo e os dez clubes eliminados da fase de play-off da Champions League. Grupos que passam a ser de quatro equipas – e não cinco – e que de oito passam a doze. Desta forma a fase de grupos será disputada por um total de 48 equipas, com jogos a disputar ás quartas e quintas-feiras em semanas intercaladas com a Champions. No final apuram-se directamente os dois primeiros de cada grupo, a que se juntam os oito terceiros classificados da fase de grupos da Champions League, tal como acontece hoje. A partir daí regressa a fase a eliminar a dois encontros, dos 16 avos de final até à final, esta ainda disputada numa quarta-feira no Nordbank Arena em Hamburgo.
No que diz respeito à participação das equipas portuguesas, o ranking determina que para a edição deste ano – e por estar ainda em vigor o ranking anterior – Portugal apura quatro equipas, três pelo campeonato (SL Benfica, Nacional e SC Braga) e um pela Taça (Paços de Ferreira). Destes o Paços tem a certeza de que entrará na última pré-eliminatória, enquanto que o terceiro e quarto classificados entrarão na segunda. A equipa que terminar no quinto posto será também a primeira a entrar em competição. Relativamente à Intertoto, a prova continua a funcionar por convite, pelo que depende dos clubes apresentar a candidatura a entrar na prova.