Quando ninguém dava nada pelo histórico conjunto de Craven Cottage o Fulham irrompe na Europa como a grande sensação do ano. Uma campanha histórica que deve muito ao técnico veterano, o imprevisível Roy Hogdson, mas também ao seu dianteiro estelar. Depois de anos debaixo do radar, Bobby finalmente conseguiu explodir. Bobby quem?
Zamora, Bobby Zamora.
Poderia ser a carta de apresentação do único dianteiro inglês que poderia presumir este ano de estar em tão boa forma como o intratável Wayne Rooney. E no entanto ninguém dava nada por ele no arranque da temporada. Alguns continuam sem dar. O próprio Fabio Capello, técnico teimoso como poucos, não tem previsto levá-lo à África do Sul. Onde merece estar. Mais do que Peter Crouch, mais do que Jermaine Defoe, mais do que Emile Heskey, muito mais do que Owen ou Aghbonlahor. Este ano é de Bobby Zamora. Aos 29 anos, finalmente.
O dianteiro de origem tobaguenha formado no modesto Bristol Rovers demorou a encontrar o seu lugar na Premier League. Começou bem cedo a dar nas vistas West Ham Utd depois de três anos no Brighton and Albion Hove e um teste no Tottenham que não correu nada bem. Em 2004 o clube de White Hart Lane aceitou trocá-lo por Jermaine Defoe, uma das estrelas emergentes de Upton Park, que não estava disposto a jogar no Championship. Rapidamente Zamora encontrou o seu sitio no clube do seu coração e assumiu-se como titular desde o principio. A equipa subiu de novo à Premier na sua primeira época e no ano seguinte voltou a uma final da FA Cup. Em total Zamora actuou em 80 jogos e apontou 30 golos nessas duas temporadas. Aos 25 confirmava-se como um bom avançado. Mas parecia faltar algo mais.
Em 2008 Zamora trocou o West Ham pelo histórico Fulham.
Uma mudança acertada por muito que, a principio, os adeptos tivessem contestado a sua contratação. O seu primeiro ano foi para esquecer. Três golos, exibições pouco consistentes e uma série de pequenas lesões tornaram-no persona non grata para a exigente massa adepta de Craven Cottage. De tal forma que o clube esteve perto de o vender ao Hull. Mas o jogador rejeitou a proposta do modesto conjunto do norte. E aplicou-se a fundo na nova temporada. Roy Hogdson, técnico veterano, montou a nova época do conjunto londrino com cuidado. O apuramento para a Europa tinha-se revelado, noutros casos, prejudiciais para o sucesso de uma equipa. No caso do Fulham foi precisamente o contrário. A equipa resolveu cedo os seus confrontos europeus e conseguiu assim manter o nível na Premier, trepando tranquilamente para a primeira metade da tabela de onde nunca chegou a sair. E assim, tranquilamente, a equipa começou a mostrar o seu melhor futebol. E Bobby Zamora os seus mais belos golos. Os tentos mais determinantes chegaram na inesquecível campanha europeia. Eliminou o Shaktar Donetsk e foi peça chave no melhor jogo da década do clube, a vitória por 4-1 frente à Juventus, abrindo o marcador e deixando Fabio Cannavaro fora de combate. No duelo contra os alemães do Wolfsburg, máximo favorito, voltou a provar os seus dotes goleadores. E agora, com Hamburgo a dois jogos de distância, tudo pode acontecer. Hoje começa a corrida contra o tempo. E contra a história.
É indubitável que Bobby Zamora é um dos nomes próprios da época, talvez o rosto mais visivel de um colectivo de primeiro nível que surpreendeu o continente com o seu jogo ofensivo e certeiro. Fabio Capello tem um dilema. O avançado que chegou a capitanear a selecção inglesa de sub-21 nunca esteve na sua lista de avançados para acompanhar o intocável Rooney. Mas agora chega a sua hora. A notória baixa de forma de alguns habituais do seleccionador podem abrir-lhe as portas do Mundial. É a sua última oportunidade. É a sua merecida oportunidade!