Quarta-feira, 20 de Maio de 2009
O novo e o velho!
O futuro!
O futebol europeu atribuiu hoje a primeira prova europeia a sério – já houve Supertaça no Mónaco mas esse jogo é meio a brincar – da temporada. E a última com o nome de UEFA. Tranquilos, a prova não acaba aqui. Muda o nome. E se de nomes falamos, estes dois serão os últimos no seu longo historial. Mas só um ficará escrito a letras de ouro com direito a confetis e fitinhas coloridas na taça mais pesada de todas. O novo rosto do futebol europeu, a força ucraniana misturada com o perfume brasileiro. O velho rosto da matreirice europeia sob a forma de exército teutónico. O Shaktar Donetsk nunca esteve numa final e até hoje tinha sempre vivido sob o fantasma do Dynamo de Kiev. A quem eliminou, por certo. Já o Werder Bremen sabe o que são finais europeias e em 1991, no velhinho estádio da Luz arrebatou o troféu a um AS Mónaco treinado então por um desconhecido Arsene Wenger. O que é claro é que aqui estão representadas duas das ligas mais dinâmicas do futebol europeu da actualidade.

O favorito – se é que há dessas coisas neste tipo de desafios de vida ou morte – continua a ser o Werder Bremen. Mesmo sem Diego, o grande maestro de malas feitas e cabeça em Turim. Mesmo sem a frieza do gigante Mertesacker. Mesmo sem os centímetros a mais de Hugo Almeida. Não podia ser de outra forma. Thomas Schaaf há anos que sonhava com esse patamar para o “seu” Bremen. E quando começam a surgir na imprensa rumores – até há pouco impensáveis – da saída do técnico que leva dez anos à frente do clube do norte da Alemanha, imaginamos que uma despedida com um troféu europeu fará verdadeira justiça à passagem de este homem pelo clube verde e branco. O Werder Bremen teve uma fase de grupos da Champions League complicada e acabou por ser vítima dos deslizes do Inter que permitiu assim o apuramento aos gregos do Panaitinaikhos. A equipa acabou por ser repescada para a UEFA e a partir daí exibiu-se com notável regularidade, destroçando tudo e todos que se atravessem a passar pelo seu caminho. Chega à final sem o seu génio, que verá da bancada o dispositivo táctico assente, cada vez mais, nas movimentações de Pizarro e no trabalho no meio campo de Baumann, Frings, Fritz e Ozil. Quase nada!
Do outro lado os novos ricos europeus, esse símbolo da mutação que vive o futebol no velho continente, cada vez mais pertença de quem tem dinheiro para gastar, chegue donde chegue. E esses não entendem de favoritos. O filão brasileiro de Donetsk abriu as portas de uma final impensável há meses, quando o Sporting derrotou os ucranianos a dobrar e os eliminou da Champions League. A equipa recuperou o orgulho, e tal como os rivais de hoje, arrancou para uma campanha impressionante, coroada com a saborosa eliminação do eterno rival. Ilsinho, Fernandinho, Jadson e Adriano foram as prendas do milionário Rinat Akhmetov ao seu clube de pequeno e estes devolveram com juros a aposta. Os grandes já estão de dentes bem afiados, mas amanha em Istambul, o laranja terá toque de samba.

Em casa de um desses países que pertence à nova vaga de fundo europeia – falta a Rússia, vencedora do ano passado – a final entre a velha e renascida Europa e a nova e dinâmica dinastia, é mais do que um confronto de duas equipas. São dois clubes que apostam em homens de mentalidade ofensiva, equipas de ataque constante. O titulo doméstico perdeu-se e agora o que conta é entrar para a história. Favoritos nestes jogos não há, e menos quando há um lugar para preencher numa lista para a história. Istambul une Ásia e Europa e será igualmente a ponte entre o passado e futuro da prova, o passado e futuro do futebol europeu.
Longe do glamour da finalíssima da Champions na Cidade Eterna, nas margens do Bósforo viver-se-á mais uma dessas noites onde o que menos importa são os nomes. O que conta é a bola a rolar…seja de que cor seja!