Segunda-feira, 02.09.13

Dia um do novo projecto editorial português @Amor à Camisola, uma editora fundada exclusivamente para divulgar e publicar trabalhos relacionados com a área do futebol. O livro de estreia, Noites Europeias, estará à venda a partir de meados de Setembro. Chegará com o som do hino da Champions, com a ansiedade do relógio, pontual às 19h45, para um inesquecível pontapé de saída.

 

O livro Noites Europeias debruça-se sobre a evolução do futebol europeu a partir da evolução das suas competições de clubes. Desde os dias do amadorismo do século XIX à final entre Dortmund e Bayern, a viagem é longa e cheia de momentos sublimes. De gestas heróicas, de dramas, de celebrações e lágrimas. É também um espelho do que é e foi a Europa, o continente e as suas gentes. Um reflexo da sociedade, da cultura, da política e da economia do "Velho Continente".

 

É uma digressão de mais de 400 páginas de dados, informações, histórias que poucos conhecem e protagonistas únicos. É também o único livro em toda a Europa a dedicar-se exclusiva e exaustivamente à história das competições europeias de clubes. A aventura começa agora. A bola passa para o vosso lado.

 

Podem conseguir mais informação sobre o livro através das contas oficiais de Twitter (@noiteseuropeias) e da página de Facebook!

 

Bem-vindos ao apito inicial!

 



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Sexta-feira, 25.05.12

A partir de domingo será colocado à venda o livro "Porto, 25 anos no Topo do Mundo!".

 

O projecto é da autoria de João Nuno Coelho, coordenador deste recopilatório imperdível de artigos escritos por vários ilustres portistas sobre o seu jogo preferido do FC Porto nos últimos 25 anos, desde a final da Taça dos Campeões conquistada em Viena.

 

São 35 convidados, entre os quais tenho o prazer e orgulho de me incluir, que dissertam sobre a sua relação pessoal com o clube, as noites mais emblemáticas do clube português mais bem sucedido das últimas três décadas e as anedoctas e momentos singulares que forjaram a sua história de amor pelo clube.

 

Entre os restantes autores podem encontrar nomes como Jorge Bertocchini, Hélder Pacheco, Carlos Tê, Miguel Guedes, Rui Moreira, Álvaro Costa, entre tantos outros que se deixaram desafiar por João Nuno Coelho para plasmar o que sentem em palavras que devem mais à emoção do que à inexplicável razão da paixão futebolistica.

 

No próprio domingo, como evento especial pelo lançamento da obra, o livro será distribuido em conjunto com o Jornal de Noticias e O Jogo (8,50 euros + valor do jornal), assim que já sabem, não têm desculpa para não conseguirem um exemplar.

 

A apresentação oficial do livro, na qual não poderei estar presente por motivos pessoais, está aberta a todos os que queiram saber mais sobre a obra e os seus autores. Será no próximo domingo, 27 de Maio, às 18h30 no mitico Café Guarany, na Avenida dos Aliados do Porto, onde, se for portista, em vez de ir festejar um novo titulo, pode desta vez festejar dezenas deles...



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Sábado, 03.03.12

Não é o primeiro grande livro nem certamente será o último grande livro alguma vez escrito sobre esse jogo tão popular, hoje como há 100 anos atrás, que é o futebol. Mas é seguramente o mais completo e fundamental tratado sobre o gigantesco fenómeno politico, social, económico e desportivo que é o beautiful game. Nunca um livro soube penetrar tão fundo na pele de um desporto que muitos teimam em dissociar dos alicerces da sociedade contemporânea. Talvez por isso, The Ball is Round, é tão importante para entender o jogo como o drible de Maradona naquela quente tarde na Cidade do México em 1986.

 

São 900 páginas mas leem-se como se fossem apenas 90.

Talvez essa seja o mais sincero elogio que se pode fazer a um livro que, no fundo, é um tratado épico. Resume o seu poder de sintese, a sua capacidade de absorção e a eterna sensação de vazio que fica quando se guarda o livro pela última vez. Para quem lê pela primeira vez um livro dedicado ao futebol, a experiência é intensa. Para quem conta com uma biblioteca repleta de livros sonantes e brilhantes, é uma surpresa refrescante. The Ball is Round não vive da especificidade que fazem de Inverting the Pyramid de Jonathan Wilson e Football Against the Enemy de Simon Kuper, obras fundamentais. O primeiro é o mais completo livro escrito sobre tácticas, o segundo o mais espantoso retrato do futebol como fenómeno social.

The Ball is Round é tudo isso e muito mais. Sem entrar no mesmo nível de detalhe, abordage com perfeição as metamorfoses tácticas e a envolvência social do jogo. Toca os aspectos politicos com a mesma delicadeza com que Maradona dormia a bola nos pés. Finta a natural tendência de livros cronológicos em deixar-se cair em datas e titulos com a velocidade de Garrincha e remate cada capitulo com uma análise tão perfeita como os disparos de Pelé. Respira-se futebol em cada página. Sobretudo respira-se a evolução da própria história a partir de uma bola de futebol.

 

David Goldblatt, jornalista inglês por detrás desta obra épica, entende, como nós, que o futebol é o espelho perfeito da metamorfose social dos últimos 150 anos. Com ele conhecemos as múltiplas origens de um jogo que os ingleses souberam domar e estruturar. Com ele viajamos à volta do mundo futebolistico para perceber de que forma o jogo contribuiu para a ascensão e queda das ditaduras militares sul-americanas ou para a formalização do movimento independentista africano. Como Goldblatt explica detalhadamente o futebol não provocou guerras nem assinou tratados de paz, mas abriu as condições para mudanças de ciclo espelhando perfeitamente o sentir dos povos em cada micro-cosmos socio-cultural.

Ao largo das páginas avançamos cronologicamente, viajamos entre continentes, entendemos a decadência das grandes potências, a ascensão dos desafiantes ao trono, reconhecemos nomes próprios, eventos e momentos chave e entendemos de que forma a Guerra das Malvinas contribuiu para a péssima campanha da Argentina no Mundial de 1982 da mesma forma que o ambiente que se vivia em Budapeste à hora de partida dos Magiares para o Mundial de 1954 condicionou a sua performance. Seguimos a evolução do futebol nacional das principais nações e ligas e lemos sobre as especificidades que fazem dos EUA, Austrália, India e China casos à parte nesta relação quase sintomática entre futebol e importância politica-social durante os últimos 50 anos. Goldblatt, notável jornalista free-lancer, não deixa pontas soltas, não abdica de encontrar sempre uma resposta para cada dúvida e, no final, explica como um jogo de 90 minutos não é mais do que a consequência de mil e um factores que se conjugam na mesma direcção.

 

Ao contrário de muitos livros que tentam relativizar o papel do maior fenómeno social dos últimos 100 anos – talvez só comparável ao cinema e à libertação sexual – The Ball is Round interpreta a sua real relevância e reforça a sua condição primordial no entendimento da evolução socio-economico-politica e cultural do último século. Um livro que não esconde nem se envergonha de entender o beautiful game como algo muito mais importante que um jogo é, nos dias que correm, uma verdadeira benção. Que seja escrito de forma tão brilhante e certeira é um autêntico bónus. Se alguma vez tiverem de ler algum livro jogo o futebol e só puderem escolher um, The Ball is Round deveria ser, sem dúvida, a primeira (e única) opção. Pouco mais se pode dizer de um livro. Pouco lhe faria tanta justiça como lê-lo. Até ao último sorvo.



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Terça-feira, 14.02.12

Como é que um dos países mais fanáticos pelo futebol é também um dos que menos literatura desportiva é capaz de gerar? Morbo, obra de um inglês, explica como os espanhóis preferem falar a escrever sobre um jogo que mais do que um duelo desportivo é o espelho de um país perdido em si mesmo.

 

É dificil para os espanhóis escreverem sobre o seu futebol porque mais de cem anos depois dos mineiros da firma de Rio Tinto terem sido os primeiros autóctones a tocar uma bola com os pés, o país continua a centrar-se essencialmente nas disputas politico-sociais entre as suas cidades mais emblemáticos. Em nenhum outro país – talvez com a excepção de Itália – o futebol teve um contorno tão profundamente sectário e o papel do beautiful game como reinvindicação seccionista ainda hoje é fundamental na afirmação desportiva das principais entidades do país vizinho.

Tudo isso, mais do que o jogo em si, provoca o chamado “morbo”, palavra unicamente espanhola e sem tradução literal. Termo que se entende pelo prazer especial de triunfar nesse contexto de confronto dissimulado, mas real e fundamental na identidade social de castelhanos, catalães, galegos, bascos, andaluzes, manchegos, leoneses, asturianos, cantábros, valencianos e toda essa amálgama de estados disfarçados de regiões que compõem o estado espanhol. Nesta amalgama onde o futebol desempenha um papel fundamental, nasce Morbo.

 

Um autor inglês radicado em Espanha consegue ter o distanciamento necessário para viajar pelo país, pela história e pela memória de multpilas realidades que fazem do futebol espanhol algo especial. Phil Ball começa na Andaluzia, onde se reencontra com o nascimento do Recreativo de Huelva, o “Decano” espanhol que na realidade nunca foi uma equipa de prestigio para terminar o livro com uma nota de atenção especial ao sucesso recente da selecção espanhola.

Pelo meio os duelos entre Barcelona e Madrid, os papeis das segundas equipas das principais cidades, a rivalidade sevilhana, o papel das autonomias regionais como catalizadores populares do jogo e, sobretudo essa divisão nacional entre bandos que transformou a liga num duelo de estrelas pagas a peso de ouro pela ambição desmedida do Real Madrid e Barcelona. Num país que fuzilou o futebol regional fora dos grandes nucleos urbanos, numa era onde os espanhóis encontraram finalmente uma identidade desportiva depois de décadas traumatizados por exemplos de sucesso que chegavam de fora, tanto aos clubes como à selecção, Morbo é uma leitura fundamental para entender os parêntesis que muitas vezes ficam por explicar. Ball utiliza o humor britânico, mas apresenta um livro que respeita perfeitamente as idiossincrasias sociais espanholas e o retrato final são mais do que notáveis.

 

Phil Ball começou a escrever Morbo quando o futebol espanhol ainda não tinha entrado na sua era dourada. Cinco anos depois da primeira edição, com os respecticos ajustes, ler Morbo torna-se ainda mais relevante porque permite, sobretudo, antecipar o ideário que cimentou as bases do sucesso de um país que faz do beautiful game a grande arma social dos dias modernos, o último descendente de velhos conflitos medievais que hoje tomam forma com uma bola de futebol nos pés.



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Segunda-feira, 06.02.12

A invenção do futebol é um tema demasiado complexo para falar-se em verdades absolutas. Mas ninguém duvida que quem levou o beautiful game ao resto do mundo e o tornou no fenómeno sociológico de maior importância dos últimos 100 partiu da Grã-Bretanha. Em Those Feet o sociologo inglês David Winner analisa essa reinvenção, divulgação e os subsequentes traumas que o futebol deixou no universo britânico.

Não há qualquer ironia no titulo da obra. Nem no seu subtitulo na edição original, “A Sensual History of English Football”. Porque, como explica Winner, sensual e futebol inglês são conceitos que nunca funcionaram bem na mesma frase. E muito menos na mesma realidade. O estilo de escrita de Winner é sempre convincente.

O seu livro anterior, o brilhante Brilliant Orange, dedicado à sua profunda admiração pelo futebol holandês, ainda hoje é justamente considerado como um dos livros, que melhor souberam explorar as realidades paralelas que definem o jogo. Em Those Feet o autor aplica a mesma fórmula, mas, ao futebol inglês, aos traumas que levaram à sua origem e à incapacidade dos ingleses em evoluir com o tempo. Desde os dias em que o pontapé a uma bola redonda foi utilizado como uma arma de arremesso contra os medos victorianos da sexualidade juvenil, do seu apego à masturbação e os seus desvios homossexuais, até à profunda discriminação a que os profissionais do jogo foram votados, sendo obrigados a cobrar um salário minimo que os colocava na escala mais baixa da sociedade trabalhadora do Reino Unido. Winner explora essa idiossincrasia que distingue o estilo de jogo proletário do futebol inglês, sempre apoiado nesse ideário dos colégios de Oxbridge (Oxford, Cambridge, Eton) onde era a valentia e a coragem os aspectos mais valorizados, muito por cima da classe, do manejo da bola e da vontade por ganhar a qualquer custo.

 

Traçando paralelos com a cultura continental, Winner adentra-se na própria psique inglesa e nos imensos complexos de inferioridade que se foram formando ao longo dos anos com argentinos, italianos e alemães, carrascos habituais de um país que continua a jogar com o mesmo ideário romântico do entre-guerra e que se mostrou incapaz de tomar parte em alguma das grandes metamorfoses tácticos dos últimos 50 anos num papel de liderança. Those Feet é um magnifico pretexto para entender porque é que os ingleses falham como selecção nacional de forma recorrente nos grandes palcos ao mesmo tempo em que os seus clubes, mais abertos à influência continental que a cinzenta FA, conseguiram adaptar-se às evoluções do futebol continental.

 

Livro escrito de forma brilhantemente sedutora (e sensual), a leitura permite viajar por episódios pouco conhecidos, heróis anónimos que a história não quis recordar, passos fundamentais na popularização do jogo e, sobretudo, momentos que reforçam o imaginário dos bravos leões britânicos que ainda olham para o futebol como um reflexo da carga da brigada ligeira, muitas vezes infrutifera, mas sempre com a máxima honra!



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Quarta-feira, 18.01.12

Na imensa distância do lar o futebol joga um papel tão importante na inclusão social como qualquer outro ritual urbano moderno. Tim Parks, jornalista inglês radicado em Itália, sentiu-o desde o primeiro momento e durante 20 anos manteve-se profundamente apaixonado por um clube que não lhe dizia absolutamente nada. Dessa história de amor nasce um livro de viagens, de reflexões e de amor sobre um clube que funciona perfeitamente como o espelho do amor por um jogo inimitável.

Quando Tim Parks chegou a Verona o clube local não era mais do que um de um mar de entidades que lhe eram totalmente desconhecidas. Vinte anos depois tornou-se numa paixão absoluta, num leit motiv perfeito para deambular pela essência do adepto de futebol.

A Season With Verona é um dos livros mais apaixonantes alguma vez escritos sobre o mundo do futebol porque se centra nessa figura ambigua, apaixonada e intensa que é o adepto. Ao contrário de Fever Pitch, longa e romântica história de amor ao clube de infância, nesta obra temos um emigrante que descobre na cidade de acolhida um clube com quem cria um laço que reflecte a sua relação com a sua nova comunidade. A ponto de se tornar no motivo perfeito para o seu livro.

Park decide escrever um diário pessoal e único sobre uma temporada completa do Hellas Verona. Em cada capitulo descreve um (ás vezes dois) jogos que assiste piamente, semana atrás de semana. Viaja do extremo sul do país até à zona mais a norte, dos Alpes ao estreito de Messina e sempre com o pensamento gialloblu no coração. Nas suas peregrinações faz-se acompanhar dos adeptos mais ferrenhos, a celebre Brigatta - uma das mais icónicas claques italianas - mas também dos jogadores e staff directivo, outros jornalistas italianos e até mesmo de velhos companheiros de luta. De autocarro, avião ou comboio sem esquecer as caminhadas a pé à volta do Bentegodi, santuário local do Hellas, respira-se futebol em cada letra tipografada com a retundância de um remate que cheira a golo. O livro começa no inicio de uma época cheia de interrogações e termina com o drama de um play-off que determinará o futuro da equipa. Um projecto desportivo que não deixa de ser icónico tendo em conta que o Verona é um dos muitos pequenos-grandes italianos que povoam a rica Serie A, com um historial polémico às costas e com um titulo, logrado em 1985, no único ano em que o Calcio esteve, verdadeiramente, limpo.

 

A obra do autor britânico permite explorar não só o universo futebolistico do clube (as tácticas, as incorporações, os veteranos no plantel) mas sobretudo o espelho social de uma cidade conhecida pelo seu pensamento conservador de extrema-direita e que usa o calcio para fazer-se ouvir um pouco por todo o Mundo. O sucesso do Hellas é, para os veranoeses, algo de que orgulhar-se.

Nada escandaliza em A Season With Verona porque tudo é profundamente genuino. Os sucessivos insultos aos clubes do sul, a luta entre claques, as cargas policiais e as suspeitas de jogos comprados, a droga, a prostituição e o submundo de clubes comprados e vendidos longe do coração das bancadas, sempre despertar na Curva.

Os habituais seguidores destas lides recordam-se bem dessa equipa de Elkjaer Larsen de 1985, um fantasma omnipresente nas alcunhas de muitos dos adeptos que vão fazendo parte desta história, mas esta obra é profundamente moderna porque anuncia já, de certa forma, o ocaso da Serie A antes que este fosse verdadeiramente oficial e, sobretudo, o fim de projectos de sucesso onde o papel do adepto se sobrepõe ao do proprietário. Se a obra segue o estado de ânimo de um adepto que reflecte o sentimento comum também é verdade que nos deixa pistas sobre a gestão profissional dos clubes, a relação (ou ausência dela) entre os jogadores e os fãs e sobretudo o papel de uma direcção que transformou ma entidade desportiva num negócio, espelho fiel de 99% dos clubes profissionais dos nossos tempos.

 

Deambular por Itália ao sabor do grito das Brigatta não só motiva Tim Parks a explorar a sua escrita mais ousada como dá ao leitor um fidelissimo retrato do que é o sentimento futebolistico do povo italiano, de norte a sul, de carro ou a pé, num domingo pela tarde ou num triste sábado à noite. Imaginamos o cimento das bancadas, as letras dos cartazes, as cores garridas nas camisolas, os adeptos a gritar a uma só voz...a essência do adepto sente-se, profundamente, a cada virar de página.


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Quinta-feira, 05.01.12

Pode resumir-se a história futebolistica de uma nação em dez jogos? A resposta mais natural e honesta é não mas Jonathan Wilson encontrou o antidoto à descrença e soube resumir no seu brilhante Anatomy of England como o futebol britânico evoluiu (ou talvez não) durante 80 anos e dez jogos com os três leões ao peito. Leitura imperdível do grande pensador moderno do beautiful game...

Começamos numa tarde soleada em Madrid e acabamos no drama de uma noite chuvosa londrina.

Duas derrotas, dois jogos marcantes, que ajudam a definir bem o circulo em que vive o futebol britânico. Para muitos o berço do mais belo jogo inventado há muito que vive num loop constante de altos e baixos mas sem linhas rectas e caminho a seguir. Anatomy of England - A History in 10 Matches segue essa filosofia à medida que nos mostra como os ingleses que inventaram o jogo foram também os primeiros que deixaram de o pensar e que desde então vivem, sobretudo, da fama lograda com tamanha paternidade.

A primeira derrota internacional frente a uma modestissima Espanha e a eliminação na fase de qualificação para o Euro 2008 resume esses 80 anos de vais e vens onde co-existiram momentos de pura brilhantez com decepções inombráveis, habitualmente mais dos segundos do que dos primeiros. Não é coincidência que Wilson, certeiro em toda a estrutura da obra, queira ter arrancado e terminado com duas derrotas, dois jogos que os ingleses nunca pensaram que poderiam perder e que, por isso mesmo, espelha bem a debilidade moral de uma nação que vive eternamente da nostalgia de dias perdidos. Como os saudosos do Império, também os homens do futebol inglês continuam a ver-se como o centro do mundo futebolistico quando, realmente, há quase um século que o deixaram de ser.

 

O karma do futebol inglês vem da sua própria genese.

A crença na eterna superioridade, a defesa do ideário moral dos dias de um desporto victoriano ainda não se soltaram definitivamente da psique de um país onde a garra e o querer são mais bem vistos que o saber como ganhar. Os ingleses continuam a preocupar-se em demasia com a imagem que dão, de galhardia, da carga da brigada ligeira, do que propriamente em estudar formas de ir mais além. Curiosamente - ou talvez - não, como explora bem Wilson no equador da sua obra, a única vez que a Inglaterra deixou de ser Inglaterra, venceu um Campeonato do Mundo.

Os "wingless wonders" foram a única inovação táctica real - o primórdio desse 4-4-2 losango - que permitiram aos ingleses sentirem-se genuinamente superiores aos demais durante um curto espaço de tempo. E como Wilson explica, até essa sensação se cristalizou no mandato eterno e perdido no tempo de um Alf Ramsey que soube inovar mas que depois, curiosamente, se mostrou tão inflexível como aqueles mesmos que criticava, o que propiciou o fim da era dourada do futebol internacional inglês, entre 1968 e 1972.

Anatomy of England é mais do que um livro sobre a evolução do jogo. É um espelho profundo da sociedade inglesa, a mesma que adorou a pés juntos o talento de Paul Gascoine - figura chave em três dos jogos citados - e que olhou sempre com desdém para um Keevin Keegan que foi, até Michael Owen, o último inglês a ser coroado como o melhor do velho continente. O país que assobiou os seus durante o polémico reinado de Howard Wilkinson mas que perdoou tudo - ao contrário do que a FA podia imaginar - ao irrequieto Terry Venables, o único homem que remou contra a corrente em três décadas.

A obra que arranca com a derrota em Madrid e termina com a eliminação diante da Croácia recupera as brilhantes vitórias em Itália (1949), frente à Argentina (1966), França (1982) e Holanda (1996). Mas também não esquece a humilhação húngara de 1953, a vitória histórica da RF Alemanha em 1972 e mais tarde em 1990 e o desastre completo que foi o mano a mano com a Noruega na fase de qualificação para o Mundial de 1994.

 

Ao longo de 432 páginas a escrita contagiante de Jonathan Wilson permite não só uma análise certeira a cada um dos dez jogos - que imaginamos a decorrer diante dos nossos olhos - como também entender os antecedes e as consequências de cada duelo o que realmente transforma cada jogo num resumo perfeito de cada época. Seguindo a estela dos seus livros anteriores (The Inverted Pyramid e Behind the Curtin) estamos diante de um dos livros mais importantes da última década.



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Segunda-feira, 24.10.11

Não deixa de ser curioso (ou preocupante) a infima quantidade de obras escritas que se debruçam sobre um desporto mais que centenário e um fenómeno global que hoje, mais do que nunca, é uma ferramente fundamental para perceber o Mundo. No entanto, entre as (insuficientes) grandes obras que versam sobre a magia que desprende o beautiful game não há um só livro que possa sequer ombrear com aquele que corre o sério risco de se tornar numa verdadeira biblia sagrada do jogo. Com Inverting the Pyramid o inglês Jonathan Wilson conseguiu muito mais do que um livro. Transformou a alma do futebol e plasmou-a no papel como da Vinci reinventou a pintura e Borges permitiu a todos sonhar um pouco mais...

Conta Jonathan Wilson que a ideia para Inverting the Pyramid surgiu num bar do Bairro Alto em Lisboa depois de uma acalorada discussão com os adeptos ingleses que acompanhou para presenciar o França-Inglaterra do Euro 2004. O jogo que definiu a classe dos gauleses e a falta de punch da Inglaterra de Erikson deixou o jovem escriba a reflectir sobre a verdadeira essência do jogo que o tinha capturado desde pequenos na cinzenta Sunderland. Colocou mãos à obra e como Tolstoi ou Miguel Ângelo, desafiou todas as leis.

Inverting the Pyramid é mais do que um livro, é um ser com vida própria.

Wilson analisa a evolução moral e estética do jogo através das suas metamorfoses tácticas. O titulo faz referência à mutação vivida do 2-3-5 do futebol desorganizado de principios de século ao 5-3-2 que algumas equipas, nomeadamente a Argentina de Billardo, aplicaram nos últimos anos como último recurso evolutivo num jogo que se dedicou a encontrar formas de anular a falta de ordem dos seus primórdios. Mas se essa mutação, factual e indismentível, é a base do trabalho, é no miolo das páginas que se encontra a verdadeira importância de uma obra que vale mais do que um manual de bolso para qualquer treinador de bancada.

A táctica, disposição das peças no tabuleiro, é o pretexto ideal para mergulhar nos ritmos, na evolução fisica e mental, na abordagem dos aspectos psicológicos e na emergência de nomes que a história preferiu esquecer, reciclando-se como lhe convém. O autor, hoje o consagrado colunista do The Guardian e editor do projecto online The Blizzard, utiliza a sua prosa eximia para chegar ao osso do esqueleto futebolistico quando a maioria dos autores se ficam pela superficie. Herrera, Michels, Lobanovsky, Cruyff e Chapman todos conhecem. Maslov, Zubeldía, Arkadiev ou Hogan nem por isso. E é nessas almas que o autor encarna a evolução real do jogo. Essa mutação em que a táctica foi forçada a acompanhar a sociedade contemporânea.

 

É dificil não ler Wilson - nesta ou outras obras - e não entender que ele é, hoje, provavelmente o autor mais esclarecido sobre os moldes em que se move e moveu o jogo durante o último século. A compreensão táctica é fascinante e certeira mas o estudo histórico e social transforma-se no verdadeiro vector da obra. Desde os dias em que os ingleses ainda exportavam o seu modelo de jogo até à formação de uma cultura intelectual futebolistica no centro de Europa que encontrou caminho rumo à América Latina e potenciou uma nova alma, mais genuina, somos convidados a conhecer épocas, personagens, momentos irrepetiveis.

O enfoque é dado, com naturalidade, aos elementos mais preponderantes do jogo de hoje. O pressing, erradamente atribuido ao Lobanovsky, o futebol total que a maioria dos estudiosos ainda acreditam ser obra e graça de Michels, o futebol directo da escola inglesa vs o futebol de passe da escola europeia, uma divisão que remonta a muito antes do que se possa imaginar e, inevitavelmente, a filosofia do não há nada mais a inventar de que tantos técnicos modernos se queixam.

Na evolução táctica do futebol o profissionalismo, a gritante melhoria das condições de treino, da alimentação e do próprio papel do jogador dentro de um desporto que passou do proletariado e colégios britânicos para as multinacionais e organismos internacionais há espaço para os acertos e os erros, as metamorfoses e e os passos atrás. Da magia de uma táctica que dependia sobretudo do individuo (como o Brasil de 70) para a cerebralidade de outra (como o Dynamo de Lobanovsky) que quase deixa de contar com o peso do individuo face ao poder colectivo, entendemos o porquê de ser tão legitimo falar de "futebóis" em lugar de "futebol".

Wilson desmonta teorias antigas, credos vigentes e fantasias assumidas por todos como realidades e demonstra que o jogo é hoje tão diverso como foi no passado e que as suas respectivas evoluções foram mais producto do momento do que, propriamente, inventos individuais absolutos. O futebol como modalidade social e colectiva ganha mais preponderância do que nunca numa obra que utiliza o individuo (e o seu génio) apenas como veículo narrativo, como se fosse a veia que faz circular o sangue por todo o corpo.

 

Ler Inverting the Pyramid é mais do que aprender o que levou o Brasil a imitar um 4-3-3 que já se utilizava anos antes na União Soviética ou pensar que a Inglaterra, o país que mais se agarrou à ideia dos extremos clássicos foi também o primeiro que acabou com eles de forma inequivoca. É olhar para o mapa mundi e saber ler como o único desporto que é capaz de parar o Mundo por completo cresceu, ganhou pernas e aprendeu a andar sozinho. A obra de Wilson, resumo perfeito do que é sentir as palpitações de uma qualquer final nos derradeiros instantes, agarra pelas entranhas o leitor e não o larga até que este chegue à conclusão que Sócrates estava certo. Cem anos depois continuamos a presumir muito e a saber muito pouco sobre o beautiful game...



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Sexta-feira, 22.07.11

Sabe o adepto comum como se vive o futebol nos bastidores? Apesar da informação voar à velocidade da luz na era da internet e redes sociais ainda há muitas verdades escondidas habilmente em cofres fortes no meio das montanhas. Em FOUL! The Secret World of FIFA, o investigador britânico Andrew Jennings expõe ao público vários episódios que deixam a imagem da FIFA em serviços mínimos. Um livro fundamental para compreender que no mundo do futebol, às vezes, o futebol conta muito menos do que se imagina.

No meio da polémica sobre a reeleição de Sepp Blatter como presidente da FIFA, a leitura de FOUL! torna-se ainda mais pertinente.

Depois de denunciar a corrupção na Scotland Yard e no Comité Olimpico Internacional, o jornalista escocês Andrew Jennings passou oito anos a estudar a organização da FIFA. E o que descobriu não foi, de todo, uma surpresa. Antes de tudo, uma confirmação. Tal como sucedia no universo olímpico, também o órgão que gere o futebol a nível mundial surge neste retrato como um microcosmos de uma família mafiosa de um qualquer filme de Hollywood. A diferença é que a ficção hollywoodesca, no caso de FOUL! desaparece por detrás dos factos que Jennings enuncia.

Único jornalista considerado persona non grata por um organismo de prestigio internacional como a FIFA, Andrew Jennings é o rosto do programa Panorama e colunista do britânico Daily Mail. Actualmente mantem uma página web onde denuncia regularmente os elementos de corrupção que encontra nas principais organizações desportivas mundiais. E é também o maior pesadelo de Sepp Blatter.

Na obra, publicada pela primeira vez em 2006, Jennings expõe o presidente da FIFA como uma das personalidades mais corruptas da actualidade. Acusações de suborno, fraude nas várias eleições ganhas por Blatter, dinheiro resgatado dos cofres da FIFA para uso pessoal e, sobretudo, a criação de uma corte de subordinados que tem governado (ou melhor, desgovernado), o futebol mundial nos últimos anos, são apenas os pontos mais quentes. Mas dentro de um livro apaixonante, com um ritmo de novela policial e um tom mordaz profundamente britânico, Jennings vai ainda mais longe. Enumera datas, nomes, dados e valores que provam a teia de corrupção em que vive a FIFA desde a chegada de João Havelange ao trono do futebol mundial em 1974.

 

Ler FOUL! é, essencialmente, um acto de coragem. Coragem para acreditar que o fair play e a verdade desportiva são, sobretudo, mitos.

Descobrir como os Mundiais são atribuídos, de que forma os milhões e milhões de euros que passam pelas mãos da FIFA são distribuídos pelos homens de confiança do presidente e, sobretudo, como o adepto comum vive num mundo de fantasia quando pensa no universo futebol é uma leitura difícil mas necessária. A realidade dói sempre, mesmo aos mais cínicos, e saber como homens como Jack Warner, Bin Hamman (curiosamente as figuras-chave na última polémica de Blatter) Julio Grondona, Ricardo Teixeira e Michel Platini tecem as teias que asfixiam o futebol é fundamental para saber ler nas entrelinhas.

Jennings arranca a sua obra - com edição brasileira publicada recentemente - relembrando como a FIFA entrou no mundo do profissionalismo global e mediático com o apoio inequívoco das empresas Adidas, Coca-Cola e McDonalds (desde os anos 70 os patrocinadores oficiais do organismo) graças à mão do polémico João Havelange. Do mandato do brasileiro passamos à apresentação da figura de Blatter, o eixo central da pesquisa. Formado no meio pela Adidas, colocado na organização da FIFA por Horst Dassler, o suíço é descrito como uma figura tenebrosa, rasteira e profundamente corrupta. Jennings cita colaboradores, documentos oficiais e o próprio presidente da FIFA para tecer o retrato de uma figura que se assemelha mais a um "príncipe" de Maquiavel do que a um dirigente de uma organização desportiva. De Blatter a obra passa para uma análise mais certeira a outros elementos da sua habitual entourage (todos eles investigados pelas autoridades policiais ao longo dos últimos anos) e relembra casos como a falência da ISL, a compra de votos na atribuição dos últimos Mundiais, as polémicas decisões da FIFA em branquear a venda ilegal de bilhetes e os direitos televisivos das suas competições e a vendetta organizada pelo presidente contra as associações que, desde 1998, não têm apoiado as suas sucessivas candidaturas. FOUL! também passa ao outro lado do espelho e mostra um retrato certeiro, se bem que desalentador, daqueles que ousaram desafiar o império FIFA. Directivos de pequenas associações, jornalistas, figuras do sistema jurídico e empresas vitimas de fraude por parte de Blatter e companhia dão a sua visão sobre o reinado do suíço nos últimos 13 anos à frente dos destinos do futebol mundial.

 

Em suma, FOUL! é um livro sobre futebol que não dedica uma só linha ao desporto. Explora sobretudo o lado mais obscuro da mais poderosa organização mundial - com mais membros que a própria ONU - e a forma como o jogo jogado vive constantemente castrado pelas decisões dos directivos da FIFA em Zurique. O progressivo afastamento dos adeptos, a mediatização dos principais torneios, a corrupção, os crimes, as suspeitas, imagem negra e soturna de uma realidade que está aí mas que consegue permanecer debaixo do radar da imprensa diária. Mergulhar na obra de Andrew Jennings é, sobretudo, mergulhar no lado mais realista e nefasto do futebol. Mas também é um exercício fundamental para perceber como se movem as peças de xadrez da próxima vez que uma noticia aparentemente sem contexto se cruze com o seu olhar num qualquer pequeno almoço informativo.

 

 

A análise de FOUL! The Secret World of FIFA: Bribes, Vote-Ringing e Ticket Scandals abre uma nova secção no Em Jogo. Nos próximos meses analisaremos alguns dos mais importantes livros sobre o beautiful game publicados nas últimas décadas. Livros sobre táctica, ligas, corrupção, competições, jogadores, questões politicas, sociais e económicas que permitirão aos leitores conhecerem a fundo as distintas realidades de que vive o mundo do futebol.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 09:59 | link do post | comentar | ver comentários (9)

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