Quarta-feira, 10.10.12

Cansa ouvir falar de prémios, de goleadores e artistas a esta altura do campeonato e ter de voltar a repetir a mesma conversa de sempre como se o futebol fosse, exclusivamente, um fenómeno ofensivo. Sabendo que para um jogador defensivo vencer um prémio individual tem de vir acompanhado de um sonante prémio colectivo de selecções (Cannavaro, Sammer) convém ter em presença que vivemos a era de um eixo defensivo perfeito e um dos mais completos da história do futebol internacional. Em Madrid o talento de Casillas, Pepe e Sérgio Ramos vale tanto ou mais do que os golos de Ronaldo, as assistências de Ozil ou a magia de Di Maria. 

 

Imaginem a gala do Ballon D´Or sem Messi, Ronaldo e Iniesta em palco.

Sem Falcao e Drogba, sem Xavi e Ozil, sem Pirlo e Silva, sem Schweinsteiger e Neymar. Parece impossível e no entanto, se os adeptos e os votantes entendessem que no futebol é tão difícil defender como atacar, talvez o pódio pudesse ter três rostos inesperados. Mas igualmente justos. Talvez comece a ser a hora de pensar em valorizar, como se merecem, os outros artistas do beautiful game.

Iker Casillas é, como foi Gianluigi Buffon, vitima de si mesmo, da sua grandeza, omnipresença. Do seu carácter de líder e do seu low profile como estrela mediática. Em 2006 muitos não entenderam o Ballon D´Or de Cannavaro quando em campo tinha estado Buffon. Em 2008, 2010 e 2012 alguém poderá dizer o mesmo porque se houve um guarda-redes na última década que esteve ao nível do italiano, foi Casillas. O "santo" não se limitou a salvar Espanha nos momentos decisivos, consequência da sua especulação com o resultado, como também é o melhor exemplo de integração e amizade que reina no balneário de uma selecção que com Aragonés se aprendeu a unir e que sobreviveu mesmo à "guerra cívil" Barça-Madrid dos últimos anos com a cabeça erguida. Casillas merece mais do que qualquer outro jogador o prémio de este ano e se o futebol fosse realmente um desporto de onze contra onze, o prémio seria seu. Infelizmente, a maioria dos analistas, jornalistas e adeptos, pensa no jogo apenas partindo do principio do 4-4-2, jogo de dez, onde o guarda-redes é um bicho à parte. Uma sina que só Lev Yashin, demasiado grande para estas coisas, conseguiu fintar. 

Em Madrid, Iker continua a ser o melhor, de longe, e o mais excitante dos guarda-redes. Não tem a escola de libero blaugrana que destaca Valdés, outro guarda-redes imenso, mas é o mais completo e fascinante dos números 1 mundiais. Em 2014 será a primeira grande arma de Espanha para atacar o quarto título consecutivo. Em 2013 quererá cumprir o ciclo que começou em Hampden Park, 2002, e vencer a sua segunda Champions. Na época passada fez tudo, até parar dois penaltys, e até nisso se destacou por cima de qualquer colega. De qualquer jogador.

 

Mas se Iker é um guarda-redes maravilhoso, Pepe e Sérgio Ramos são uma dupla invejável, um seguro de vida para qualquer equipa de estrelas.

Em 1988, o técnico italiano Arrigo Sacchi foi increpado pelo holandês van Basten. Perguntou-lhe o avançado porque é que Sachi elogiava sempre a defesa nas conversas de equipa se ele é que era o goleador da equipa, o homem que fazia a diferença. Sachi ouviu, tranquilamente, e depois desafiou van Basten a escolher outros cinco colegas para jogar contra a sua defesa de quatro intocável num jogo a meio-campo. No final do treino, os avançados não tinham sido capazes de marcar um só golo e van Basten percebeu que se ele era a estrela, o trabalho de Baresi, Maldini, Costacurta e Tassoti era fundamental.

Ramos e Pepe complemetam-se. São os dois melhores centrais do mundo, cada qual na sua especialidade.

Pepe é o mais guerreiro dos dois, aquele que joga mais no limite, mas também o mais importante para o jogo de pressão que procura Mourinho. Sobe as linhas defensivas, exerce de trinco com facilidade e não tem problemas em utilizar o seu poder físico para ganhar a batalha do meio-campo surgindo, várias vezes, a pressionar o médio defensivo rival sem perder olho à sua posição. Apanhar Pepe desprevenido é raro e que lhe ganhem no um contra um inédito. Pepe tem defeitos. É um defesa duro, da escola Nobby Stiles, ao mesmo tempo que impõe liderança, como Baresi. É o verdadeiro líder do Real Madrid, no terreno de jogo e junto dos adeptos. É o único capaz de mandar calar as vedetas, como Ronaldo, e de dar o corpo pela causa, o gladiador perfeito para um Mourinho que sabe que a defesa é a base do sucesso de qualquer técnico.

No FC Porto contou com Ricardo Carvalho e Jorge Costa (a sua ideia original era manter o capitão com Jorge Andrade) e soube rodear-se de um Pedro Emanuel para os jogos mais complicados, também ele um líder no terreno de jogo. Em Inglaterra fez da dupla Terry-Carvalho a melhor do Mundo, muito similar à actual, com Terry como defesa mais de confronto e Carvalho mais táctico. Em Itália foi a vez de Lucio e Samuel darem corpo ao ideário táctico de Mourinho e depois de Ricardo Carvalho desligar do futebol profissional, o português encontrou em Ramos o protótipo do defesa do futuro.

Ramos cresceu como lateral e foi nessa posição que singrou em Sevilla e na selecção espanhola antes de chegar ao Real Madrid, perdido no meio de tantas contratações galácticas. Foi ganhando peso no vestuário e mais do que vice-capitão, é a alma do colectivo. No campo exibe-se de forma imperial. Com a bola nos pés tem o critério dos grandes liberos do passado e sem ela tem um posicionamento táctico invejável. Quando Pepe sobe sabe varrer a linha defensiva e quando é preciso incorporar-se, lembrando-se da sua veia de lateral ofensivo, maneja-se muito bem nos "rondos" de meio-campo. Nas bolas paradas, tanto um como outro, são peritos em surpreender as defesas contrárias e marcar golos oportunos. Sem eles, seguramente, o Real Madrid de Mourinho nunca teria batido o Barcelona de Guardiola.

 

Se o projecto de Tito Vilanova começa a deixar a nu as deficiências da sua linha defensiva, com um Piqué irreconhecível e um Puyol massacrado pelas lesões, em Madrid é na sua linha defensiva que Mourinho tem de armar a recuperação da sua equipa. Com Marcelo definitivamente instalado como lateral e com Arbeloa como elo mais fraco, no lado direito, o trabalho de Pepe e Ramos, junto à eficácia de Casillas, é fundamental para que os merengues sonhem em repetir os sucessos do ano passado. Para os amantes do futebol, como jogo colectivo, a presença de um destes nomes na gala de um prémio como o Ballon D´Or não seria apenas justo. Na verdade seria mais do que isso, necessário, para acreditar que o futebol é mais do que estrelas de videojogos e anúncios publicitários.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 22:00 | link do post | comentar | ver comentários (18)

Domingo, 30.09.12

O arranque da era Vilanova tem superado as expectativas a nível de resultados mas a qualidade de jogo blaugrana baixou claramente em relação aos quatro anos com Guardiola ao leme do clube. A essa realidade, que pouco parece preocupar os eufóricos catalães, contribui seguramente o desastre defensivo em que se transformou o projecto Tito. Apostar por dois médios defensivos como centrais não só destroi a concepção original do modelo como abre as portas a que os rivais acreditem que asfixiar a área de Valdés é o caminho mais curto para a vitória.

 

O projecto Guardiola consagrou-se na fantástica linha medular e ganhou títulos graças à classe de Valdés nas redes e de Messi na área contrária. 

Mas para o técnico de Santpedor o trabalho defensivo era fundamental para garantir vitórias e por isso a sua confiança no quarteto Alves-Puyol-Pique-Abidal foi uma constante. Para azar do técnico blaugrana, esse foi também o sector que mais dores de cabeça lhe deu em quatro anos. E o seu sucessor vive agora a mesma situação.

Com Eric Abidal fora dos relvados até 2013, como mínimo, e com Charles Puyol a sucumbir lesão atrás de lesão a um físico que não lhe permite voltar aos seus melhores momentos, Guardiola já teve de adaptar Mascherano a central e recolocar Adriano como lateral alternativo. Foram opções forçadas com fracos resultados. Com o Jefecito, a defesa blaugrana ficou mais permeável ao jogo rival, mais débil no jogo áereo e menos sólida na construção de jogo. Com Adriano pela esquerda os extremos encontraram espaços que não existiam quando era o francês o responsável pela posição. Duas circunstâncias que explicam a fragilidade defensiva do Barça, principalmente na época transacta. E que continua.

Resulta estranho que, face a esta dura realidade, o Barcelona não se tenha movido no mercado nos últimos dois anos para resolver este problema. 

Jordi Alba chegou, é certo, mas o ex-canterano é um lateral com vocação de extremo, tal como Alves, e a sua incorporação permite mais aumentar a asfixia ofensiva do que resolver os problemas defensivos dos catalães. Já no Euro 2012, onde foi uma das maiores revelações, Alba foi pouco testado nas tarefas defensivas e encontrou no ataque uma comodidade inusual para um lateral. O cansaço acumulado pelo Europeu e Jogos Olimpicos custaram-lhe a titularidade neste arranque de época apesar de ser expectável que, pouco a pouco, Vilanova lhe entregue o flanco esquerdo livremente. Mas no centro, nem no último ano de Pep nem no primeiro de Tito, não houve novidades. Um desleixo, sabendo sobretudo que Puyol já não é o que era e que Piqué, como se viu no ano passado, tem sofrido por manter-se ao mais alto nível como um dos centrais referência do futebol europeu.

 

Entretanto foram saindo opções. 

Muniesa tinha prevista a cedência ao Ajax antes da grave lesão que sofreu e que o manterá fora dos relvados até ao próximo ano. Botía foi cedido, primeiro ao Gijón, e depois vendido acabando em Sevilla. E a Marc Bartra, as oportunidades continuam a ser negadas ano atrás ano, deixando a dúvida de que o clube realmente acredita que ele pode ser, como se previa, o sucessor de Puyol na linha defensiva. 

Face aos erros de mercado que foram Henrique e Chygrinski, o sector central da defesa tornou-se no grande quebra cabeças do Barcelona que no mercado manteve-se inactivo apesar de Vermaleen, Verthogen, Criscito e até Vidic terem sido hipóteses estudadas pelo clube. No final os esforços financeiros ficaram-se por Alba e Song. A chegada do camaronês permite aumentar, ainda mais, os receios e dúvidas dos adeptos blaugranas. 

O ex-Arsenal afirmou-se sempre pela sua posição de médio defensivo, com uma capacidade fisica tremenda e capacidade de cobertura superlativa, dando a Diaby, Cesc, Whilshere ou Arteta, espaço e ar para poder manejar a bola com segurança. Um jogador com o perfil africano de médio possante bem definido que Vilanova quer, forçosamente, face à lesão de Piqué, reconverter em central. Uma posição onde, está claro, se maneja com muitos, muitos problemas. Da mesma forma que Mascherano é um central perigoso, pela forma como não sabe controlar o jogo aéreo e sair com a bola controlada, elementos fulcrais no modelo de jogo de Tito e da escola guardiolista, colocá-lo lado a lado com um jogador com sérios problemas de adaptação a um posto nuclear é um risco muito sério que só uma equipa com o arsenal ofensivo do Barcelona seria capaz de realizar sem temer as repercursões. 

Para já o clube da cidade Condal soma vitórias por jogos disputados mas a maioria delas sofridas. E com golos concedidos que em anos anteriores seriam impossíveis. Frente ao Sevilla o Barcelona encontrou-se a perder 2-0 em dois lances em que a defesa tem sérias responsabilidades. O mesmo passou nos jogos da Supertaça, com o Real Madrid. E mesmo nas vitórias mais claras e expressivas a defesa nunca deu sinais de absoluta segurança. Sem a frieza de Piqué, que continua longe da sua melhor forma, e do espirito de liderança de Puyol, o Barcelona encontra-se com um problema que não soube resolver no mercado e que tem falhado em resolver no relvado. Na próxima semana o Clássico abre as portas à especulação, particulamrnete porque foi a linha defensiva a que permitiu a reviravolta na eliminatória que terminou com a Supertaça a cair para o lado do Real Madrid na última vez que mediram forças.

 

Para um clube que conta com o melhor plantel ofensivo do mundo, com jogadores no meio-campo que ajudam a redifinir o conceito do futebol moderno, que a linha defensiva seja a actual é um problema sério para o futuro. A época é longa e haverá jogos onde os génios do ataque estejam menos inspirados e que o rival seja mais ousado, como foi o Sevilla no primeiro tempo do duelo de ontem. Nesses momentos a frieza dos defesas será fundamental e com Mascherano e Song o cenário não é o mais optimista. Será o grande duelo de Vilanova consigo mesmo, encontrar as peças do puzzle para reequilibrar uma equipa que aspira a mais um ano histórico.



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Domingo, 29.07.12

Lateral bicampeão europeu sem clube. Podia ser um anúncio num jornal qualquer mas é, sobretudo, um dos enigmas do mercado. Bosingwa, com 29 anos, encontra-se sem clube depois de ter sido dispensado pelo Chelsea. Chegou a Londres da mão de Luis Filipe Scolari e entre lesões e sprints esteve nos pontos altos e baixos do clube londrino da última meia década. Agora procura um novo clube quando o curioso é que não há um só clube que o procure a ele.

 

As más línguas comentaram, depois da final da Champions League, que o gesto de Bosingwa no palco, quase impedindo Terry e Lampard de surgir na fotografia dos vencedores, seria o último prego no seu caixão para sair dos Blues. A verdade é que o seu futuro já estava decidido antes mas esse momento simboliza perfeitamente a relação do internacional português com o clube londrino: descontrolada.

Bosingwa, que nasceu no Congo mas chegou cedo a Portugal e acabou por ser um dos internacionais mais utilizados da época final de Scolari e do mandato de Queirós, começou a carreira debaixo de comentários que não abonavam nada a favor da sua inteligência. Figura criticada no balneário do Boavista pelas suas atitudes, dentro e fora de campo, era um jogador com um perfil complexo de gerir. Mourinho decidiu arriscar, pensando nele como médio defensivo, mas no ano em que estiveram juntos houve pouco tempo para aflorar a ligação e foi nos anos seguintes, sobretudo com Jesualdo Ferreira, que o jogador explodiu finalmente como lateral de excepção. 

Com Scolari no Chelsea o destino de Bosingwa ficou traçado. A saída do brasileiro, o mesmo que o tinha solicitado expressamente a Abramovich, transformou o futuro do lateral no clube. Os técnicos que se seguiram tinham problemas em lidar com ele e encontrar a melhor forma de explorar o seu potencial. Se a Paulo Ferreira lhe faltavam pernas para repetir os anos memoráveis de azul, a Bosingwa faltava-lhe sobretudo inteligência de jogo. As lesões que se seguiram serviram apenas para adiar o inevitável. Suspenso da selecção com a chegada de Paulo Bento - por motivos similares ao de Ricardo Carvalho, outro ex-colega seu no Porto e em Londres - o ano do português salvou-se com o titulo europeu. Com Villas-Boas, Bosingwa ainda sonhou em voltar a ser figura protagonista do clube, mas os problemas físicos e a saída do técnico portuense marcou o seu futuro longe de Stanford Bridge.

 

No mercado actual é dificil encontrar muitos negócios por valores consideráveis. A conjuntura económica tem sido um fantasma que nem os clubes mais folgados tem sabido contrariar e as operações são modestas e escassas. E Bosingwa, com a carta de liberdade na mão, devia ser um dos atractivos do mercado. E até agora, o silêncio.

A única oferta que o jogador recebeu chega do AS Monaco, clube histórico a viver dias complicados na Ligue 2. O técnico, Claudio Ranieri, mostrou interesse em contar com o lateral mas entre a oferta salarial (Bosingwa quer continuar a receber, onde quer que vá, cerca de 3 milhões de euros) e o facto de ser uma liga secundária, o interesse tem-se esfumado. 

E porque nenhum outro clube se move então? 

Os problemas físicos de Bosingwa são um handicap. Como vários jogadores massacrados pela lesão, aos clubes custa-lhes apostar em contratos largos quando há uma séria possibilidade do jogador ficar fora de competição durante largos meses e não rentabilizar o investimento. Por outro lado Bosingwa, com 29 anos, quer assinar o seu último grande contrato, mantendo valores que estão longe do seu valor real de mercado depois de três anos de poucos jogos e muita polémica. A incapacidade do jogador em perceber que as condições do mercado não convidam a valores tão exorbitados tem sido o primeiro problema. As informações, não demasiado abonatórias, sobre o seu carácter, são outro problema com que Bosingwa se tem encontrado. Poucos clubes de topo contam actualmente sem um lateral de referência no seu plantel e poucos são, também, os clubes de perfil médio que se querem arriscar a ter um jogador problemático no plantel, muitas vezes criado à base de pequenos detalhes.

 

Sem ofertas de Portugal devido à ficha salarial e com as portas dos melhores da Europa aparentemente fechadas, Bosingwa tem duas opções. Partir para uma opção monetariamente satisfatória em mercados de países emergentes (Rússia, Brasil, Estados Unidos, Qatar) ou procurar provar nos terrenos europeus que ainda tem o mesmo valor e qualidade que demonstrou ao serviço dos dragões durante largas épocas. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 17:40 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Terça-feira, 08.05.12

poucos jogadores tão fáceis de admirar no universo futebol actual como Carles Puyol. O capitão do Barcelona representa o melhor de dois mundos, exemplo perfeito do que foi o futebolista cavalheiro de outros eras e o super-profissional a que se exige nos dias de hoje. Um lider dentro e fora do balneário, um jogador tacticamente perfeito e um dos esteios do sucesso da última década blaugrana e da Roja. A sua ausência no próximo Europeu não é só um problema para Vicente del Bosque mas uma séria perda para os mais românticos amantes do jogo.

É curioso pensar que muitos analistas da imprensa espanhola tinha escrito no arranque desta época que a passagem de Sergio Ramos a central, no eixo da defesa do Real Madrid, imaginando uma dupla com Gerard Pique, então o defesa mais cotado do futebol internacional. Mas a péssima época do número 3 blaugrana e o espirito de sacrificio tremendo de Puyol, capaz de superar intensos problemas fisico mudaram rapidamente o panorama. Em Janeiro parecia evidente que o capitão do Barcelona era o primeiro insubstituivel do sector defensivo catalão e, consequentemente, da campeã da Europa e do Mundo. A sua perda, a apenas um mês de que arranque a prova, é um golpe duro e dificil de encaixar, especialmente porque Piqué nunca recuperou a boa forma e Del Bosque não tem alternativas à altura para uma prova de elite.

Javi Martinez, adaptado por Bielsa à posição, é demasiado similar no estilo de jogo a Piqué para possibilitar uma dupla com o catalão. Albiol teve escassos minutos durante todo o ano, Dominguez foi preterido no Atletico de Simeone, Victor Ruiz não mostrou o seu melhor rosto em Valencia este ano e Botia do Sporting Gijon parece demasiado verde para tanta exigência. O grupo C, onde está colocada a equipa espanhola, conta com rivais de peso (Itália e Croácia) e uma Irlanda que pode surpreender a qualquer momento. Se Arbeloa não convence totalmente a lateral direito (e até agora parecia claro que Sergio Ramos voltaria à sua posição do último Mundial e Europeu com a selecção), o posicionamento de Ramos ao lado de Pique abre um novo problema dificil de resolver para o seleccionador espanhol.

A Espanha do último Mundial foi, sobretudo, uma equipa tremendamente eficaz. Manteve a posse de bola mais do que qualquer outra equipa em prova e marcou menos golos do que qualquer outro campeão mundial. A sua segurança defensiva foi determinante, especialmente a liderança de Puyol, autor do golo decisivo das meias-finais, e do jogo de Ramos pela ala direita. Sem duas das suas grandes armas tácticas, e talvez sem a veia goleadora de David Villa, que ainda tem o país vizinho em suspense, parece evidente que o campeão europeu chega à Polónia com mais dúvidas que certezas na corrida pelo histórico tri Euro-Mundial-Euro, um feito que nunca nenhuma selecção europeia logrou conquistar no passado.

 

A liderança moral de Puyol é um exemplo único no futebol actual.

Enquanto o Chelsea inglês conta com um capitão que se dedica a agredir e insultar jogadores rivais, "el Capi" de Barcelona prefere impedir uma celebração polémica de Dani Alves e Thiago Alcântara numa goleada implacável em Vallecas. É só mais um gesto para uma longa galeria de um atleta que foi impiedosamente assobiado na sua época de estreia. Louis van Gaal lançou-o a titular como lateral direito e depois de alguns erros tácticos nas primeiras exibições tornou-se num dos bodes espiatórias preferidos da afficion. Mais de uma década depois é o seu menino dos olhos.

De lateral a central, de assobiado a capitão de pleno direito, Puyol percorreu um largo caminho que, de certa forma, define o próprio historial recente do Barcelona. Esteve em quatro finais da Champions League, sempre como capitão. Em 2011, num dos seus gestos humanos tão habituais, abdicou levantar o troféu das mãos de Michel Platini cedendo a honra ao colega de defesa Eric Abidal, acabado de recuperar de um perigoso tumor que o levou, este ano, à mesa de operações. Com Rijkaard o central manteve sempre uma forte cumplicidade, com Guardiola a amizade e admiração mutua era mais do que evidente. Foi a base sobre a qual montou o seu esquema defensivo e, apesar da explosão de Piqué, manteve no jogador em quem o técnico realmente confiava. Percorreu os lugares da defesa à medida que as leões e suspensões iam deixando as suas baixas e quando Pep decidiu adoptar esta época num esquema de três centrais, a sua omnipresença era fulcral. É dificil quantificar a sua importância na estrutura do Pep Team mas a sua ausência fez-se sempre notar nas noites mais ágrias do mandato do técnico em Camp Nou. Del Bosque, homem sábio e sensato, sempre soube que o lider do balneário blaugrana era uma das pessoas ideais em quem se apoiar para conquistar o coração dos campeões europeus orfãos de Aragonés. A dupla Puyol-Pique, a sensatez do blaugrana no momento mais tenso das relações entre os jogadores do Real Madrid e do Barcelona, e a sua capacidade fisica inimitável faziam dele peça nuclear para a estratégia defensiva para o próximo Europeu. Um problema de resolução impossivel. Opte por quem opte, a presença gigante de Puyol é insubstituivel.

 

Mais triste é pensar que este pode ser o adeus definitivo de um dos maiores jogadores da história do futebol espanhol à sua selecção. Puyol tinha previsto abandonar a Roja no final do torneio (algo de que se espera também que passe com Xavi Hernandez) e já o teria comunicado a Del Bosque que esta seria a sua última aventura. Perto da centena de internacionalizações, um dos melhores curriculos do futebol mundial, Puyol preparava a sua retirada deixando primeiro a selecção e depois dando lugar no Barcelona a uma nova geração de promessas, lideradas por Fontás. Com este rude golpe é dificil imaginar que o jogador não volte uma vez mais, para ter a despedida que se merece. Se há um jogador espanhol (e há muitos nesta esplêndida e apaixonante geração) que merecia outro destino, sem dúvida quer era "Puyi", um central feroz como um leão mas com a alma de um trovador.



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Sábado, 05.02.11

Como se passa de ser um herói aclamado nos conturbados finais dos anos 60 nos relvados argentinos a ter direito a uma página de ódio no Facebook do século XXI? A carreira de Roberto Perfume, um dos centrais icónicos que definiram uma era do futebol che, está marcada pela polémica. Dentro e fora dos relvados. A sua grandeza como futebolista tornou-se diametralmente oposto à sua popularidade como comentador desportivo. A lenda do Mariscal, tenta sobreviver no meio de tantas dúvidas...

 

 

 

Foi o grande critico de Lionel Messi na Argentina e por isso muitos não lhe perdoam. Foi o transbordar do copo de água que levou a que muitos dos seus maiores criticos se juntassem ao grupo online "Odio Los Comentários de Perfumo", que tem aumentado a sua lista de seguidores numa popular rede social. Não seria de estranhar. Aquele que já foi idolo de massas numa Argentina convulsa tornou-se hoje num dos alvos preferidos daqueles que querem esquecer uma era onde o futebol argentino passou primeiro pela violência e só depois pelo amor pela bola.

Perfumo é filho da geração que viu morrer "La Nuestra", o ideal desportivo filho da Maquina do River Plate e que a 15 de Junho de 1958 se desfez implacavelmente aos pés da Checoslováquia. Naquela tarde a Argentina disse adeus ao Mundial da Suécia e o país entrou em depressão. A consequência foi drástica e mais do que despedir um técnico que levava dez anos no seu posto, despediu-se uma ideia de jogo que se aproximava muito ao futebol estético da escola danubiana. Emergiram as figuras fisicamente possantes, aguerridas e dispostas a tudo para ganhar. Poucos jogadores se identificaram tão bem com essa escola como Roberto Perfumo.

Começou a sua carreira no River Plate mas foi a escola do Racing de Avellaneda que fez dele o central aguerrido e implacável que abriria uma escola que ainda hoje sobrevive (basta pensar, por exemplo, em Walter Samuel). Ao serviço dos celestes venceu um titulo nacional e uma Copa dos Libertadores e mais tarde a Intercontinental. Deslocado no lado direito do eixo central da defesa, tornou-se determinante na regenerada selecção albiceleste que viajou até Inglaterra em 1966. O conjunto sul-americano tinha adoptado finalmente o 4-4-2, com Rattin como médio defensivo e Olmeda como médio mais criativo, mas era o papel de Perfumo, como defesa bloqueador, que garantia a estabilidade defensiva que iria permitir aos argentinos chegar ao duelo com os locais nos Quartos de Final. No meio de muita polémica a equipa argentina voltou para casa, mas o modelo e, acima de tudo, o posicionamento chave do central porteño, ficou na retina. Mas em casa o futebol tinha mudado e o sucesso de jogadores como Perfumo entrava mais de acordo com o espirito guerreiro (e até violento) do jogo praticado também então pelo Estudiantes de la Plata do que na tradição romântica dos centrais das pampas. E isso acabou por lhe fazer pagar, a longo prazo, uma pesada factura. A violência das suas entradas aos jogadores do Celtic, na Intercontinental de 67 a três jogos ficaria na memória dos europeus que seguiram o jogo. Venceu a taça (e tive direito a um carro novo depois de ter sido expulso no terceiro jogo por agredir Archie Gemmill) mas perdeu, provavelmente, a imortalidade.

 

Quando os argentinos se esqueceram de que a bola era o principal, como diria anos mais tarde Menotti, o sucesso imediato transformou-se a pouco e pouco numa vergonha nacional. Entre a debacle estética chegou a falta de resultados e a derrota com o Peru - numa péssima tarde do central, ultrapassado facilmente por um tal Teofilo Cubillas - significou também o afastamento precoce da Argentina do Mundial de 70. O ambiente era de cortar à faca, a imprensa tinha perdido a paciência com o jogo duro que Perfumo tão bem demonstrava no terreno e começou a exigir cabeças. O central acusou o toque, entrou em profunda depressão e pediu a transferência para o vizinho futebol brasileiro.

Aí, ao serviço do Cruzeiro, voltou a saborear o sucesso. O seu estilo foi domado pelo ritmo de jogo brasileiro e com os de Belo Horizonte sagrou-se tricampeã brasileiro antes de voltar a uma Argentina à procura de reencontrar-se consigo própria. Absolvido pela imprensa e pela direcção técnica da selecção, chegou a tempo de voltar a integrar (e capitanear) o grupo que viajou à Alemanha para o Mundial de 74. Os titulos com o River Plate, para onde tinha migrado depois da aventura brasileira, ajudaram, mas o seu estilo duro continuava a ser uma imagem de marca dificil de suportar com a progressiva ascensão de defesas mais elegantes - apesar de igual de brutais quando queriam - como Daniel Passarella. Na Alemanha Perfumo jogou, mas foi impotente para travar o futebol eléctrico da Holanda de Cruyff. As sucessivas faltas que era obrigado a cometer ao carroussell ofensivo dos holandeses espelhavam a incapacidade que tinha demonstrado em adaptar-se a este novo ritmo de futebol total.

A carreira na Argentina prolongou-se quatro anos mais (com titulos) mas antes do Mundial que consolidaria a Argentina romantica de Menotti (onde não havia lugar para jogadores como ele), decidiu abandonar o jogo e começar uma carreira de director desportivo primeiro e, mais tarde, comentadores televisivo. Polémico fora dos relvados como dentro, criticou sempre que pôde os jogadores mais virtuosos saídos das pampas, desde Ortega e Riquelme a Messi. Agradava a um sector duro, defensor do billardismo, que o tinha como profeta inicial do futebol de choque argentino mas, ao mesmo tempo, via a sua lenda de El Mariscal tocada junto do grande público.

 

 

 

Perfumo é, como poucos jogadores, o exemplo de uma era. A Argentina desencontrada com o seu coração romântico apelou, como espelho claro da ditadura militar que vergava o país, a que tudo valesse se a glória fosse o resultado final. Talvez o seu estilo duro, implacável e demolidor não cabesse num desenho de Quino, mas ele era também, de certa forma, e como essa irreverente Mafalda, o outro lado do espelho de um periodo que os argentinos ainda não sabem muito bem como digerir e que, em muitos casos, preferiam poder esquecer.



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Quinta-feira, 30.12.10

Israel ainda não é um país muito dado à magia do desporto-rei. Apesar das boas sensações do Hapoel Tel-Aviv, poucos são capazes de contar pelos dedos das mãos as principais figuras do futebol jogado pelos filhos das doze tribos. Mas essa odisseia, como a marcha de Moisés, teve um inicio. Nos pés de Avi Cohen, um lateral capaz de fazer a diferença, um jogador capaz de ultrapassar barreiras insondáveis, um profeta antes do tempo...

 

 

 

Há uns anos o mundo maravilhava-se com os golos de Revivo, então a grande estrela do melhor Celta de Vigo da história. Recentemente o You Tube ofereceu aos mais incautos os talentos de um tal Gui Asulin, que o Barcelona não quis guardar e que acabou na folha de pagamentos dos árabes - e viva a ironia - do Manchester City. Pelo meio estão os nomes que ninguém se lembra, as gestas inombráveis e os clubes que todos confundem com os rivais cipriotas, gregos ou turcos. É essa a sina do futebol de um país encrustado nas provas europeias para não ter de defrontar a cada duas por três os seus vizinhos árabes. Uma decisão politica que pouco fez para alterar o futebol em Israel e pouco impacto causou no circo europeu.

Quando a liga israelita ainda era totalmente amadora, o Liverpool, rei da Europa e do Mundo, do incumensurável Bob Paisley, espetou uma lança no coração de Tel Aviv e recrutou o primeiro de uma curta linha de profetas que ainda não fez do país criado à medida da diáspora hebreia, uma potência futebolistica.

Avi Cohen era um defesa de primeiro nível. Capaz de entrar no onze mais admirado do futebol europeu do final da década de 70. Nascido no Cairo, quando os pais procuravam forma de entrar no recém-criado estado israelita, cresceu na capital Tel Aviv, onde começou a actuar pelo Maccabi local. Rapidamente emergiu como uma das grandes figuras da liga local, vencendo duas ligas consecutivas, e chamou a atenção de alguns olheiros europeus. O Liverpool tomou a dianteira e contratou-o por 200 mil libras, valores significativos para um defesa à época.

 

Em Anfield Road moravam os melhores entre os melhores e Cohen demorou a entrar no onze titular.

Na equipa onde Dalglish era o farol, Johnson o goleador e Souness a alma viva, o israelita tornou-se num elemento importante da manobra defensiva, feudo de Thompson, o veterano capitão. Na sua primeira época o israelita entrou para a história dos Reds com um inusual e oportuno golo no derradeiro encontro frente ao Aston Villa. Um tento que deu o titulo aos de Anfield diante do eterno rival Manchester United, terminando com o curto reinado do Nottingham Forrest de Brian Clough. O golo valeu ao israelita um imenso prestigio na sua terra natal mas no ano seguinte Cohen tornar-se-ia persona non grata para a sociedade israelita ao aceitar jogar no Yom Kippur, dia sagrado para os hebreus. O Liverpool jogava em Southampton e o lateral jogou no empate a duas bolas contra uma equipa então liderada por Kevin Keegan. Os adeptos reconheceram-lhe o gesto mas no final da época um par de lesões e a ascensão meteórica de Alan Kennedy, autor do golo da vitória do Liverpool na final da Taça dos Campeões contra o Real Madrid, fecharam-lhe as portas de Anfield.

Cohen voltou então ao seu Maccabi antes de terminar a carreira em Glasgow, onde actuou durante duas épocas ao serviço do Rangers por convite pessoal do seu velho amigo dos dias à beira do Mersey, Graeme Souness, então treinador-jogador dos escoceses. O internacional israelita - jogou 51 vezes pelo seu país natal, um recorde à época - pendurou definitivamente as botas em 1990 e tornou-se primeiro técnico e mais tarde presidente da Associação de Jogadores Israelitas.

 

 

 

Considerado unanimemente como um dos maiores desportistas da história de Israel, Avi Cohen não sobreviveu aos ferimentos de um acidente de moto e depois de dias de incertidumbre, acabou por falecer. Das bancadas de Anfield ao Rebook Stadium de Bolton, onde o seu filho joga actualmente, passando por cada recanto de Israel, a sua morte sentiu-se profundamente. Afinal, ele foi o primeiro profeta de uma nação por descubrir. Um profeta que sabe que nunca caminhará só...



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 00:45 | link do post | comentar | ver comentários (8)

Sábado, 23.10.10

Chegou a Janeiro de 2007 envolto em mistério e polémica e nunca caiu no goto da exigente massa adepta merengue. Quatro anos depois Marcelo já é, por direito próprio, um dos mais determinantes laterais do futebol internacional. Uma mutação progressiva que se acelerou nos últimos quatro meses. Marcelo é o exemplo perfeito da metamorfose mouriniana.

Ramon Calderón resgatou-o das garras do Sevilla e apresentou-o com Gago e Higuain numa tarde fria de Janeiro de 2007.

O Real Madrid de Fabio Capello vivia à sombra do (ainda) grande Barcelona de Frank Rijkaard e os adeptos pareciam não perdoar ao presidente e ao seu director.técnico, Pedja Mijatovic, contratações tão low profiles. Capello usou-o, Schuster abusou dele e Juande Ramos deu-lhe um posto como falso extremo do seu controlado ataque. Durante quatro anos o jovem Marcelo (hoje com 22 anos) já fez todo o corredor esquerdo do Santiago Bernabeu. Como lateral, como interior e como esquerdo. E nunca acabou por convencer aqueles que viam nele o sucessor natural de Roberto Carlos. Que o é. Basta ver as suas últimas e quase perfeitas exibições.

Mourinho também duvidava. Quando chegou a Madrid o posto de lateral esquerdo era, para ele, uma prioridade. Falou-se na veterania de Ashley Cole, na destreza táctica de Aleksander Kolarov ou na irreverência de Gareth Bale. Nomes em cima na mesa que nunca passaram de especulaações, sonhos frustrados ou rumores. O certo é que, rapidamente, o sadino se convenceu que tinha em Marcelo a matéria prima para moldar um jogador à sua medida. O técnico português tem, no seu historial, jogadores feitos à sua imagem e semelhança. No Leiria trabalhou Derlei até se tornar no seu protótipo perfeito de dianteiro, algo que reeditaria, a outro nível com o marfilhenho Drogba. No FC Porto foi Maniche, o mal-amado ex-capitão encarnado, que se transmutou às ordens do português para se tornar num dos médios mais desiquilibrantes do futebol europeu. Ou o brasileiro Carlos Alberto, conflituoso, rebelde e instável, mas determinante às ordens do luso. Em Londres foi Lampard que se tornou no seu homem de confiança, passando de um médio centro talentoso a um super-centro campista, sem limites. E por fim foi a vez de Sneijder erguer-se como o seu braço-direito no campeão europeu neruazurro. Em Madrid o homem que Mourinho melhor soube trabalhar, até ao momento, é sem dúvida o lateral brasileiro.

 

Marcelo está num tal estado de graça que a sua superioridade é palpável a cada movimento. 

Rigido a defender, com uns rins insuspeitos, é cada vez mais dificil ganhar um duelo individual com um jogador que há um ano foi presa demasiado fácil do eléctrico Jesus Navas. Hoje o elemento electrizante é o brasileiro, que trabalha à perfeição com Pepe e Ricardo Carvalho, formando uma conexão com sotaque português que se tem revelado como o vector fundamental da manobra defensiva do Madrid.

Para Mourinho, Marcelo é fundamental porque se transforma no seu Maicon, num lateral reinventado. A sua segurança na defesa permite o funcionamento exacto do relógio da retuguarda e a sua aptidão ofensiva, da velha escola de laterais brasileira que remonta a Djalma Santos na década de 50 e se extende até Roberto Carlos, dá a margem de manobra para os desiquilibrios tácticos que Mourinho imprime durante o jogo.

Marcelo sobe e muda o desenho. Marcelo penetra no centro e rasga o jogo. Marcelo recupera e restaura a ordem táctica. Movimentos simples e coordenados à perfeição e que têm sido imagem de marca deste renascido onze madrileño. A sua velocidade e facilidade de comunicação com Cristiano Ronaldo permitem-lhe galgar toda a banda e transformar-se num autêntico extremo ou interior, mudando o desenho do 4-2-3-1 para um 3-4-3 ou um 2-3-4-1.

Aproveitando a capacidade de Cristiano Ronaldo e Di Maria em puxar para si as marcações defensivas, o brasileiro tem via verde para desiquilibrar e associar-se com Ozil e Higuain no ataque. Um truque já utilizado por Mourinho com Maicon e que Guardiola usa e abusa com Dani Alves. Todos filhos da mesma escola, todos laterais fundamentais para o rigido futebol táctico que pauta o jogo contemporâneo. Se antes Marceloa ia e dificilmente voltava, agora Mourinho transformou-o num elevador supersónico, capaz de manter a frieza mesmo com marcações mais complicadas. Frente ao AC Milan foi o lado direito (onde vagabundeava Arbeloa) onde surgiram as brechas. Pela esquerda viveu a dinâmica de jogo merengue. Não foi a primeira vez, nem será a última.

Marcelo é, hoje em dia, o lateral mais desiquilibrante do futebol europeu. Um verdadeiro salto de maturidade e uma licção de ensino capaz de fazer corar os mais criticos do brasileiro. Mourinho elegeu-o como o homem a moldar e acertou. O brasileiro mostrou ter a disponibilidade mental e a força fisica para dar o salto e passar de um jogador interessante a uma certeza abrumadora. O seu lugar entre a elite está assegurado. Só falta imaginar qual será o próximo passo.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 14:42 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 07.05.10

Passou pela prestigiada academia de Clairefontaine. Tem a Juventus à perna e lembranças da dificil vida nos suburbios de Paris ainda bem presentes para dar um salto precipitado. O tempo corre a seu favor e o seu estilo de jogo deixa antecipar uma estrela de primeiro nível. Sebastian Corchia encontrou em Le Mans o trampolim perfeito.

Aos 19 anos é um nome consensual na sempre competitiva Ligue 1. Ainda não é internacional mas o tempo corre a seu favor, até porque o actual seleccionador, Raymond Domenech, é pouco amigo de jovens aparentemente inexperientes. Por isso, e muito provavelmente só por isso, a sua notável época não terá uma doce recompensa chamada África do Sul. Mas ninguém duvida que no Brasil seja ele o dono do corredor direito da defesa francesa. O seu destino está escrito a letras douradas. E chegou a ser bem mais túrbio.

Nascido em 1990 em Noisy-le-Sec, um problemático suburbio parisino, o jovem de origem italiana foi encontrando na rua a sua companheira perfeita. Das equipas de bairro passou ao Stade Olympique de Rosny-sur-Bois, o principal clube de bairro onde durou pouco. Os olheiros do Villenomble resgataram-no com apenas oito anos e acabaram por prepará-lo para o dificil teste de Clairefontaine. Na Academia que revolucionou o futebol gaulês o seu estilo de jogo ofensivo não deixou ninguém indiferente. Foi então que surgiu o PSG, que o chamou para uma série de testes. Durante um ano evoluiu na equipa juvenil do conjunto da capital com os olheiros de Inter e Juventus sempre omnipresentes. As suas seguras exibições pela selecção francesa de sub-19, com a qual disputou 19 jogos consecutivos como titular, confirmaram o seu imenso potencial. Faltava apenas o salto à elite.

 

Depois de em 2006 ter completado 15 anos o jogador percebeu que teria poucas oportunidades para afirmar-se num clube em constante ebulição. Foi então que surgiu o modesto Le Mans, acabado de voltar à ribalta da Ligue 1. O lateral assinou um contrato e começou por actuar na equipa junior onde impressionou rapidamente o staff técnico que lhe ofereceu um contracto profissional até 2012. Contra o Nice estreou-se a titular onde disputou vários jogos, sem no entanto convencer totalmente o técnico Daniel Jeandupeux.

Quando no Verão passado o português Paulo Duarte chegou à pequena localidade do noroeste francês, a carreira de Corchia mudou radicalmente. O técnico ofereceu-lhe a titularidade que o jovem de 18 anos manteve até agora disputando, até ao momento, 28 jogos ao serviço do Le Mans. Mesmo com a saída do treinador e a decepcionante posição na classificação do conjunto, o seu papel tem sido valorizado de forma impar pela imprensa francesa com o jornal L´Equipe a colocá-lo entre os candidatos à equipa do ano da Ligue 1. Os olheiros dos grandes de França e da Europa esperam que uma despromoção do Le Mans facilite uma venda que é inevitável. E a própria equipa nacional sabe que tem ali o sucessor de Sagna. Desde Agosto que Corchia actuou já a titular da equipa de sub-21, apesar da relativa juventude, em seis jogos. E muitos continuam a considerar-lo uma escolha obrigatória para Domenech. O que provavelmente não é mais que uma bela utopia.

A próxima época é ainda um imenso ponto de interrogação para o lateral. Uma provável despromoção do Le Mans significará certamente uma mudança de ares. Se a prova de ferro do rapidissimo lateral que um dia foi chamado pelos responsáveis da selecção de sub-21 italiana e aos quais respondeu que o seu país, apesar das origens ancestrais, é a França. O hexágono espera por ele. O futuro é longo.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 19:26 | link do post | comentar

Segunda-feira, 19.04.10

O olhar atento do Ajax na Bélgica tem apresentado os seus resultados. A parceria com o Germinal Beerschot tem dado ao clube holandês alguns dos melhores centrais dos últimos anos. A mais jovem pérola ajaccied também atravessou cedo a fronteira e agora é peça chave no renascimento do Ajax. Toby Alderweireld é o futuro, agora!

Quando no Verão passado o clube de Amesterdam soltou uma das suas maiores pérolas, o belga Thomas Vermaelen, muitos criticaram a gestão da directiva de um clube que está há demasiado tempo afastado da ribalta. Não só o PSV se tornou no clube hegemónico da década, como o historico Tetracampeão europeu se viu agora superado pelos modestos AZ Alkmaar e Twente. Vender os melhores jogadores significava ser cada vez menos competitivo. Mas poucos sabiam que o futuro estava garantido.

Desde há dez anos para cá que o clube com a politica de formação mais celebre do Mundo, a que realmente fez escola, tem estado bem mais atenta ao país vizinho. E apesar do futebol belga estar longe da sua época dourada, a sua formação vive um periodo de excelente colheita. E nota-se. Depois de Thomas Vermaelen, o clube recuperou da sua filial em Beerschot também o notável Jan Verthonghen. E como não há duas sem três, com a venda do primeiro ao Arsenal, aproveitou para lançar definitivamente o terceiro da escola de centrais belga: Alderweireld.

 

O jovem central de 20 anos e 1m86 é uma das revelações do ano.

Estreou-se a titular sob o mandato de Marcon van Basten em Janeiro da época passada. Depois de estar desde os 11 aos 16 no clube belga, foi finalmente transferido para a equipa de juvenis do Ajax. Aí começou a sua formação no onze ajaccied. Quatro anos depois o trabalho estava completo, era a hora de dar o salto. Jogou numa semana num jogo decisivo da liga, frente ao AZ Alkmaar, e numa eliminatória da Taça UEFA. Baptismo de fogo europeu incluído, o central aprovou ambos os exames. O regresso de Vermaelen, por lesão, afastou-o da titularidade. Mas deu uma garantia à equipa técnica. Com a benção do novo treinador, Martin Jol, o jovem belga afirmou-se como titular absoluto já na nova época. As suas exibições foram de tal ordem que tanto o seleccionador belga demissionário, Frank Vercaunteren, como o novo técnico dos Diabos Vermelhos, o holandês Dick Advocaat, já o convocaram para a equipa principal, onde faz parte de um quarteto que inclui os seus colegas do Ajax e o veterano Daniel van Buyten. Mesmo com tamanha concorrência em seis jogos, Alderweireld actuou já em quatro. E com nota muito positiva.

Apesar do genial Luis Suarez e a espantosa linha ofensiva levarem o crédito da recuperação do conjunto de Amesterdam, é a eficácia defensiva da dupla Verthongen-Alderweireld, auxiliados por van der Wiel Emanuelson nas laterais, que tem garantido que este é o melhor Ajax dos últimos sete anos. O titulo ainda é possível e a pouco e pouco vai-se formando um onze capaz de devolver o conjunto tulipa de novo à ribalta. Onde certamente estará durante os próximos anos o novo gigante belga.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:33 | link do post | comentar

Sexta-feira, 16.04.10

"O meu som favorito é o de ouvir o osso a estalar". Frases como esta definiram o verdadeiro bad-boy do futebol inglês. Durante dez anos não houve um jogador tão duro, mal-intencionado e violento sobre os relvados de um futebol em mutação. Hoje Vinnie Jones é o espelho de um estilo de jogo que começa a entrar em extinção mas que ainda tem suficientes adeptos para fazerem dele uma estrela.

Não é só que tenha o recorde mais rápido de uma expulsão do futebol britânico. É que soube melhorar o seu inigualável registo duas semanas depois de ter sido amarelado aos sete segundos. E tudo pelo puro prazer de provocar. Assim é, assim sempre foi Vinnie Jones. Hoje estrela pop underground, actor de filmes de acção, inspirador de heróis de BD e personagem por direito próprio de vários videos do You Tube. Na década de 80, o pesadelo do futebol inglês.

Galês de nascimento, de origem cigana, começou a jogar futebol profissional com 19 anos no modesto clube local Wealdstone. O seu estilo fisico e altamente competitivo chamou a atenção de um conjunto sueco, o Holmsund, que o contratou de imediato. Depois de um ano, onde se sagrou campeão da segunda liga sueca, as suas exibições começaram a chamar a atenção de clubes da First Division. Foi o modesto Wimbledon, conjunto dos subúrbios de Londres, quem avançou para a sua contratação. Nem imaginavam que por 10 mil libras tinham acabado de contratar um dos icones do clube para o resto da sua história. Jones estreou-se em 1986 e rapidamente conquistou os adeptos. Violento como poucos, a sua especialidade era de cortar qualquer lance de ataque quando ainda estava na imaginação do rival. Formou parte do Crazy Gang, junto com o jovem Dennis Wise, o irreverente John Fashanu e Lawrie Sanchez. Em dois anos formou a equipa tornou-se num icone do futebol duro, que já começava a cair em desuso num país ainda assustado com os efeitos de Heysel e Hillsborough. A vitória histórica sobre o Liverpool na FA Cup de 1988 confirmou a popularidade de Jones. No ano seguinte os adeptos desesperaram com a venda Jones ao Leeds. Em Yorkshire, Jones fez escola com o seu futebol duro. Mas os problemas perseguiam-no e depois de dois anos onde andou pelo Sheffield Utd e Chelsea, o central, então já capitão da selecção de Gales, voltou ao seu Wimbledon.

 

Foi nesse regresso que o seu perfil de bad-boy ganhou outra dimensão.

Tráfico de drogas, alcool, mulheres, acidentes de carro, agressões a colegas e rivais. Expulsões aos 3 segundos por entradas violentas. Tudo isso passou a fazer parte do seu catálogo. Durante seis anos era o rosto do futebol que a Inglaterra queria esquecer. Apesar do seu estilo de jogo ter permanecido em figuras como Wise, Batty ou Keane, o simbolo do que representava tornou-se odiado pelo establishment da Premier League. Provocou uma lesão que destroçou a carreira de Gary Stevens, notoriamente trocou "mimos" com Paul Gascoine e acabou por ser finalmente suspenso pela FA durante meio ano por apresentar o polémico video Soccer´s Hard Men, onde recopilava algumas das entradas mais violentas do futebol inglês. Era suficiente. Mas à medida que a sua carreira desportiva ia caindo, a sua fama no meio underground londrino crescia. Jones era uma estrela sem o saber e quando o cineasta Guy Ritchie o chamou para o seu primeiro filme, Lock and Stock, abriu ao central as portas de Hollywood.

O seu perfil de duro voltou a ver-se em várias produções, desde o seguinte trabalho de Ritchie, Snatch, a várias produções norte-americanas como She´s the Man, Gone in 60 Seconds, Swordfish, Mean Machine ou X-Men. Pelo meio vários anuncios, muitos programas de televisão e livros polémicos pelo meio. Um denominador comum: o lado mais violento do intratável central.

Hoje Vinnie Jones continua a ser uma das figuras de culto para a juventude suburbana inglesa apesar da maioria já nem se lembrar de ter visto as suas entradas violentas no terreno de jogo. A viver há anos em Los Angeles, a sua figura continua a pairar sobre o futebol britânico sempre que uma entrada violenta rasga a rotina de um futebol que aprendeu a controlar-se. Depois de 386 jogos oficiais, 33 golos e 12 vermelhos, o seu cadastro é tão impactante dentro e fora das esquadras policiais. Mas o seu nome não deixa ninguém indiferente. Ainda hoje ele é o "Duro" por excelência. 



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 10:13 | link do post | comentar

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