Domingo, 02.10.11

Analizando friamente os números é fácil chegar à conclusão que há poucos países capazes de provocar tantas desilusões futebolisticas como o México. E no entanto escasseiam as nações com tanto potencial para aspirar ao ceptro mundial. O futebol azteca vive nesta contradição andante e continua a viver numa eterna depressão entre extasiantes promessas e constantes desilusões. Poderão os heróis de 2005 e 2011 formar a equipa capaz de contrariar as evidências?

Duas vezes o México logrou alcançar os Quartos de Final de um Mundial de Futebol.

As duas foram nas provas que organizou, as duas deixaram poucas saudades nos adeptos. Os mexicanos estão habituados a vir cedo para casa neste tipo de torneios. E isso, num país com 115 milhões de habitantes onde o fanatismo do futebol é uma religião alternativa ao profundo catolicismo e ao misticismo tribal, deixa muito que pensar. Pode um país com tamanhas condições desportivas, com um longo historial, repetir, ano após ano, prova após prova, os mesmos erros? No papel parece impossível. Na realidade está o caso mexicano.

Esquecendo gigantes como China, India ou Estados Unidos, o México é um dos poucos países que superam os 100 milhões de habitantes onde o futebol é sagrado. Desporto nacional quase em estado puro, para os mexicanos a obsessão com uma bola só é comparável à sua paixão pela Coca-Cola ou pelo picante da sua maravilhosa cozinha tradicional. Na rua os miudos mexicanos não se distinguem dos potreros argentinos ou dos malandros brasileiros. Como gotas de água ensaiam regates, experimentam fintas, desafiam a gravidade e viciam-se no golo. Ainda não mergulharam no pecado capital da Europa, esse vicio pelos jogos de consola que transformou o jogador de rua no jogador de comando, e por isso a rua ainda é deles. E para bola qualquer coisa serve.

Esses miudos são hoje a grande esperança de um país que, juntando tradição com população, pode ser considerado como a maior potência desportiva que não consegue ser potência desportiva. O México conta, até hoje, com um paupérrimo historial. Nos Mundiais eliminações precoces. Na Copa América, onde participa há vinte anos, o segundo lugar, por duas vezes, foi o máximo que conseguiu. Uma Taça das Confederações (em 1999) e nove campeonatos regionais são um balanço humilde para quem pode aspirar a tanto. Afinal não é a liga mexicana uma das mais exitantes do futebol internacional? E não é, sobretudo, o seu sistema de formação, um dos mais elogiados do Mundo?

A resposta é afirmativa em ambos os casos mas o México que se tornou na última década numa potência juvenil comete os mesmos pecados que outros casos pretéritos como Portugal, Gana ou Nigéria, países com bons resultados nas camadas de formação que falham a dar o salto para a equipa principal. Um problema que pode ter fim à vista.

 

Em 2005 o México surpreendeu o mundo ao bater o Brasil na final do Mundial de sub-17 disputado no Peru.

Um torneio a que muito poucos davam real importância até então mas que nos últimos anos tem ganho admiradores incontestáveis, entre os quais homens como Arsene Wenger, Pep Guardiola ou Louis van Gaal. Nessa equipa estavam verdadeiras pérolas aztecas como Giovanni dos Santos, Carlos Vela, Effrain Juarez, Sergio Arias ou Hector Moreno. Jogadores que rapidamente deram o salto para a Europa. Talvez cedo demais. Estrelas locais nos seus clubes, na Europa não aguentaram nem a exigência táctica nem a pressão mediática que se lhes exigia. Vela e dos Santos, os simbolos desta geração, foram o exemplo do salto falhado. Arsenal e Barcelona fizeram-se com os serviços de ambos jogadores e depois de algumas oportunidades na primeira equipa ambos desapareceram do mapa. Dos Santos, a quem muitos comparavam com Messi nos seus principios, perdeu-se entre Tottenham e Galatasaray para despontar no Racing Santander no final da época passada. Vela andou por Salamanca, Osasuna e agora milita, por empréstimo sempre, na Real Sociedad. Na selecção ambos tornaram-se espelho desse falhanço habitual dos nomes mais mediáticos do futebol mexicano.

Carbajal, o guarda-redes com mais torneios da história (cinco) nunca passou da primeira fase. Hugo Sanchez, herói do futebol mexicano dos anos 80, foi uma das grandes desilusões do Mundial de 1986. Chegou como estrela absoluta, marcou um golo e desapareceu do radar durante todo o torneio. Nunca mais voltou a pisar um Mundial na sua carreira. Em 2006 o México, já com alguns nomes da sua formação, a que se aliavam veteranos como Jesus Arellano, Guille Franco, o eterno Cauthemotec Blanco e companhia, caiu vergado pelo portentoso remate de Maxi Rodriguez nos Oitavos de Final. Quatro anos depois, na África do Sul, agora com Vela, dos Santos e Barrera, filhos da geração de 2005 (que no Mundial de sub-20, dois anos depois, ficou-se pelos Quartos) voltaram a ser derrotados pela Argentina de Messi. E a ferida tornou-se mais evidente.

Se a essa geração de 2005, agora na casa dos 20 baixos, se começa a exigir algo mais, que podem pedir os mexicanos aos heróis deste passado Verão. Depois do trabalho fenómenal do seleccionador Jesus Ramirez, o México conseguiu produzir uma nova geração de talentos para não esquecer. A vitória frente ao Uruguai no último torneio - aliada ao terceiro posto no Mundial de sub-20, meses depois - deixa uma vez mais a ideia de que há poucos paises tão bons na actualidade como o México na prospecção de jovens estrelas.

Ao futebol mexicano ajudou, sobretudo, a inclusão dos seus clubes nas provas da CONMEBOL. O México tornou-se presença assidua da Copa dos Libertadores e da Copa Sudamericana e por duas vezes equipas mexicanas (Cruz Azul e Chivas Guadalajara) chegaram à final do máximo torneio de clubes do continente. Esse crescimento sustentado e o desafio de competir contra clubes de ligas mais competitivas como a argentina, brasileira, colombiana ou uruguaia desportou ainda mais o México do seu isolamento.

Não estranha portanto que do nada surjam pequenos grandes génios como Enrique Flores, Carlos Fierro, Julio Gomez e, sobretudo, Jorge Espericueta. Ele é, aos seus 17 anos, a máxima promessa de um país que conta já com Javier Hernandez, como principal simbolo desta nova vaga.  A estes heróis, campeões do Mundo depois de dois jogos épicos com Alemanha e Uruguai, há que juntar os homens que viajaram até à Colombia para conquistar o terceiro posto. Erick Torres (também campeão do Mundo), Tauffic Guarch, Ulisses Dávila e Jorge Enriquez são hoje nomes obrigatórios nas listas de futuriveis de qualquer grande clube. E permitem aos mexicanos sonhar com uma possível fusão das gerações de 2005 e 2011 numa selecção que poderia ser verdadeiramente temivel no Mundial do Brasil.

 

No meio de todo este optimismo (e um onze com Torres, Chicharito, Enriquez, Espericueta, Fiero, Dos Santos, Vela, Juarez, Salcido, Moreno ou Ochoa permitem sonhar com isso mesmo) há episódios que nos continuam a relembrar que o México é um verdadeiro quebra-cabeças. A suspensão de vários jogadores da selecção B enviada à Copa América, onde se encontrava outra eterna promessa, Jonathan dos Santos, depois de várias festas organizadas no hotel da concentração permite entender que há ainda uma profunda diferença entre o talento genuino - onde o México tem poucos rivais, talvez nem sequer na Argentina e Brasil - e o profissionalismo exigido para a competição do mais alto nivel. Mesmo assim, tendo em conta o sucesso recente e as licções aprendidas, é fácil entender que há poucos países que possam oferecer tanto ao futebol nos próximos anos como a nação azteca. Conquistar as Américas, sonhar com o Mundo, tarefas hérculeas para um povo habituado às lágrimas da derrota. Mas não impossível, não quando ainda há sitios onde o futebol é um feitiço eterno.



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Terça-feira, 19.07.11

Desde aquela tarde quente de 1958 que o futebol argentino vive numa encruzilhada moral sem solução à vista. O fantasma de La Nuestra continua omnipresente a cada mandato e nem profetas e messias são capazes de criar uma sensação de continuidade e estilo no jogo da albiceleste. A Argentina sofreu na carne a ousadia de Zubeldía e Billardo e a utopia de Menotti e Bielsa mas os hinchas das pampas continuam sem saber a que joga a sua amada Albi.

Na ditadura da sorte pouco há a fazer.

Um penalty acabou com o billardismo quando este já cheirava a mofo. Outro penalty impediu Pekerman de escapar com vida a um dos jogos mais tristes de que há memória da albiceleste. E outro penalty, o de Tevez, acabou pacientemente com o sofrimentos dos hinchas argentinos. Porque, como o abate de um animal moribundo, esta equipa da Argentina precisava que a deixassem partir em paz. A derrota menos dolorosa permitiu a Messi sair aplaudido, a Sergio Batista continuar com o posto e aos argentinos a continuarem a sua própria via crucis moral. Nem no seu próprio torneio se livram desse fantasma de mais de 50 anos.

A sociedade argentina é, por defeito, a mais freudiana de todas as sociedades. Um dos mais belos e mais fascinantes países do mundo, a Argentina é também um quebra-cabeças sem solução, um desenho de Mafalda sem resposta. E o seu futebol está deitado no divã da moralidade há meio século. Passa da depressão à euforia de forma vertiginosa e muitas vezes encontramo-lo submergido num estado quase catatónico. Passou do estupor moral da brutalidade à admiração colectiva de um futebol que se assumia de esquerda e de todos. Conceitos misturados como só os argentinos são capazes. De tudo, menos de responder a essa imensa dúvida moral e existencial que os azota há tanto tempo. A invenção do Cinco, esse sacrificado jogador que a partir de então teve de carregar o peso da organização da selecção encontrou o oposto na glorificação do Enganche, do Diez, o artista, o último pantomino. Uma posição que só existe, de forma pura, no vocabulário futebolístico das pampas desde os dias de Onega até à morte lenta e dolorosa do mítico Riquelme. Nesse Mundial de 1966 a Argentina descobriu o 5 (Rattin) e o 10 (Onega) mas, sobretudo, percebeu que o sistema e o individuo viviam (e viveriam) uma relação de amor ódio. 40 anos depois na Alemanha verificou-se, uma vez mais, o mesmo confronto moral. Pekerman vencia, estava perto de eliminar a anfitriã, e no momento da dúvida preferiu retirar o 10 (Riquelme) e lançar um segundo 5 (Cambiasso) para acompanhar o titular (Mascherano). Foi o confirmar da morte do sistema histórico que Maradona enterrou ao tentar transformar Lionel Messi num falso Enganche, e que Batista confirmou ao lançar o genial Javier Pastore para o anonimato do banco. Com uma equipa partida os argentinos olhavam para o herdeiro de Onega, Ardilles e Riquelme e desesperavam. A que joga realmente a Argentina?

 

15 de Junho de 1958. O dia que mudou o rosto do futebol argentino. Ponto final.

Nessa gloriosa tarde de sol o mito de La Nuestra chegou ao fim debaixo de uma estrepitosa goleada (6-1) imposta pela modesta Checoslováquia. Os argentinos chegaram à Suécia como campeões continentais, sem os seus "angeles de cara negra" mas com a sensação de superioridade que habitualmente destrói as grandes equipas. Foi o seu pior Mundial de sempre, rematado naquela tarde por um combinado checo que nem se apurou para a fase seguinte. Quando voltaram a casa os jogadores argentinos sofreram humilhação após humilhação e o país renegou a herança cultural da Nuestra, a mentalidade de futebol de ataque que arrancou na década de 20 e que se manteve vigente durante quase três décadas.

Com o final da era de ouro chegou a época das trevas. Osvaldo Zubeldía transformou-se no Fausto do futebol argentino. Vendeu a alma ao diabo, moldou o seu Estudiantes de la Plata numa máquina de vencer e destroçou por completo o ideário artístico dos albicelestes. Definiu o 4-4-2 como táctica base, com o 5 e 10 no miolo como elementos chave na balança mas, sobretudo, deu ao jogo dos argentinos esse carácter de dureza e violência que ainda hoje subsiste. As alfinetadas dos defesas, as entradas dos médios centros e a falta de escrúpulos dos dianteiros valeram vitórias mas, sobretudo, criaram escola. A Argentina nunca mais se esqueceu que há uma forma feia de ganhar e mesmo quando surgiu o Hurácan de Menotti, o profeta da beleza, houve quem renegasse do ideário ofensivo e socialista do mítico técnico de Rosário. Menotti, génio como poucos, defendeu um regresso às origens mas pelo caminho pescou em Zubeldía algumas das ideias que mudaram o rosto, definitivamente, do futebol albiceleste. A sua selecção de 1978 era uma verdadeira mistura entre o talento (e com Maradona de fora, bem longe do ideário corajoso do Brasil de 58 entregue a outro menino genial, Pelé) e a força bruta. Um ideário que podia ser socialista mas que se integrou à perfeição no ritmo dictatorial de Videla, nos treinos intensos, nas vitaminas tomadas até à exaustão e nas vitórias polémicas que levaram a equipa da casa até ao seu primeiro titulo Mundial.

Menotti devolveu o orgulho estético aos argentinos mas nunca soube retirar essa picardia zubeldiana. O fracasso do Mundial de 82, com Maradona perdido no esquema do seleccionador da mesma forma que Messi não se encontra cómodo hoje, abriu portas a uma nova mutação genético, um regresso a um passado recente. Com Billardo chegou a cara mais suja do jogo da albiceleste, o lado mais provocador e violento do verdadeiro herdeiro de Zubeldía. O homem que inventou o 3-5-2 transformou o jogo numa batalha, os seus jogadores em legionários e o seu maior talento individual, num guerreiro de proporções mitológicas. Maradona não venceu sozinho o Mundial de 1986 porque ao seu lado havia uma máquina bem oleada para o proteger, mas foi o único que soube transmitir um pouco de perfume futebolístico a um país que perdia rapidamente qualquer traço de conexão com o futebol arte que sempre se aplaudiu na cancha. Quatro anos depois a Argentina foi ainda mais violenta e ainda mais decepcionante, agora que Maradona, também ele, tinha perdido a sua faceta artística. Billardo foi-se mas Basile continuou o seu legado e nem Bielsa, esse louco, soube romper com o malefício ideológico. O seu 3-5-2 era diferente do utilizado pelo Narigón, entregue à classe dos seus melhores artistas, mas até estes tinham perdido a magia. Quando Riquelme, desaparecido em Berlim, foi substituído e no seu lugar não entrou Saviola nem Messi (nenhum deles um Enganche puro) percebeu-se que a Argentina tinha chegado a uma encruzilhada final.

 

Desde então o problema deixou de ser o sistema táctico (que passou do 4-2-3-1 ao 4-1-3-2 ao 4-3-3), do lote de jogadores ou do seleccionador de turno. Batista não sabe a que joga a sua Argentina tanto como qualquer hincha. É um problema mental que asfixia o futebol de um país perdido em mil e um problemas do qual o futebol é apenas mero espelho. Contar com a suma individualidade, como é Messi, não é suficiente porque há muito que para os argentinos, ao contrário dos brasileiros, o sistema se tornou mais importante do que o homem. Quando enterrou o espírito da La Nuestra a Argentina enterrou os seus Messis se estes não se vissem rodeados de um esquema que atirasse para o campo a garra, violência e determinação dessa era pós-zubeldiana. Ardilles encontrou-o em 1978, nesse acosso constante que foi o Mundial videliano, e Maradona sentiu-o a cada passo que dava pelos relvados do México. Hoje sem sistema, sem rumo e, sobretudo, sem saber a que joga, a Argentina continua a ser uma presa fácil. O futebol da individualidade há muito que sucumbiu ao futebol colectivo. Messi sabe-o melhor que ninguém porque o seu melhor rosto vê-se quando joga na equipa que melhor sabe trabalhar o espírito corporativo do jogo. A sul do rio La Plata a longa sessão no divã continuará, talvez por mais 100 anos de solidão...



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:35 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Domingo, 03.07.11

O habitual preconceito dos europeus obrigam-nos a suspeitar sempre de um jogador brasileiro. Em qualquer jornal, revista ou programa especializado ouvimos vezes sem conta que um jogador que brilhe fora da Europa só é bom  no dia em que repetir o feito nos relvados do Velho Continente. Uma falácia perigosa que nos leva até Neymar, a pérola do mercado que tem meia Europa a salivar e meio Brasil a rezar desesperadamente para que não atravesse o oceano. Na encruzilhada de uma carreira precoce, o pequeno génio do Santos terá de tomar uma decisão que marcará de forma inevitável o resto da sua carreira.

Desde os dias de Pelé que o Santos não vencia a Copa dos Libertadores.

São quase 50 anos de uma espera angustiosa que só uma equipa de eleitos podia encurtar de forma definitiva. Neymar foi, em parte, responsável por esse titulo. Não só pelo que fez dentro do campo, onde foi figura fundamental durante a campanha do "Peixe" mas, sobretudo, pela imagem que transpareceu, de uma maturidade inusual, do lider de uma geração com fome de titulos. Esta equipa do Santos provavelmente não tem o mesmo nivel do conjunto da década de 60 (e isso só o tempo o dirá) e até é bastante parecida com a geração de Diego, Robinho e Elano que devolveram ao clube do porto de São Paulo o titulo de campeão nacional. Mas a figura de Neymar destaca-se claramente sobre o colectivo.

O jovem extremo de 19 anos é, por direito próprio, o chefe da banda. Talvez a sua influência no jogo seja inferior à de Paulo Henrique, o célebre Ganso que perdeu muito do ano por uma inoportuna lesão, mas o seu carisma supera a do médio criativo que, na realidade, faz o jogo mover-se. Neymar tem nos pés a magia do futebolista de rua sul-americano, essa raça que os espartilhos tácticos tão a gosto dos europeus ainda não conseguiu fazer desaparecer totalmente. São cada vez menos e acabam por ser olhados com mais suspicácia, mas sobrevivem a cada finta, cada regate, cada jogada impossível. A fama que Neymar tem ganhou-a a pulso graças ao seu repertorio particular. É a epitome do futebolista individual, do jogador que brilha por si mesmo, pelo seu talento inato e pelo seu descaro. No futebol sul-americano, onde o respeito pelo individuo ainda é uma máxima, Neymar está cómodo e confortável. Não significa isso que seja um jogador imaturo como muitos querem fazer querer. A maturidade do extremo ficou provada na final da Copa dos Libertadores frente a uma das melhores e mais duras equipas do Mundo, o Peñarol uruguaio. Poucos conjuntos europeus tratam o jogo com tanta paixão e agressividade como os uruguaios e no entanto Neymar teve maturidade suficiente para aguentar o golpe e decidir a eliminatória. Não teve o mesmo espaço, não brilhou tanto, mas não desapareceu no momento mais importante da sua carreira. Esse sinal de persistência joga a seu favor mas também deixa os tubarões europeus a salivar.

 

Numa era em que o futebol sul-americano vive um descontrolo financeiro imenso o dinheiro é mais necessário do que nunca, tanto para jogadores como para os clubes. As estrelas das ligas argentina, uruguaia e brasileira saem cada vez mais cedo dos seus clubes de origem e muitos são forçados a voltar depois de passos em falso. Os veteranos, sem espaço para o jogo mais cerebral do futebol europeu que já não encontram espaço em ligas milionárias emergentes, também regressam a um ritmo trepidante. E no meio de todo este caos um jogador do talento de Neymar (tal como Ganso, Lucas e companhia) legitimamente questiona-se sobre se continuar num campeonato descontrolado nos calendários, salários ou métodos de gestão. Mas o nosso erro, dos analistas europeus, é olhar para o Brasileirão com esse sentido critico de quem faz da organização o aspecto fundamental do seu futebol, dentro e fora de campo. Um jogador como Neymar, criado nas ruas do Brasil e acarinhado como o enésimo sucessor de Pelé, sente certamente a sua realidade de outra forma.

É o jogador mais bem pago da América Latina, um salário de 6 milhões que o coloca por cima da maioria das estrelas europeias.

Esse é o grande handicap da maioria dos jovens craques brasileiros, um problema com o qual a estrela do Santos não tem de lidar. Ao mesmo tempo Neymar sabe-se que é o lider do projecto desportivo que mais injecção de dinheiro privado tem em todo o Brasil. Um suporte financeiro importante para tentar atacar o titulo Mundial e a revalidação do ceptro continental. O objectivo da direcção santista é ter uma equipa de top até ao Mundial de 2014 para potenciar o efeito de atracção que terá o Brasil em ano de Mundial. E Neymar é a estrela desse ideário de que o futebol sul-americano pode resistir ao encanto europeu quando as condições que encontram na Europa as encontram em casa.

Mas a oferta do Real Madrid (e do Chelsea, e do Barcelona) é tentadora não só pelo aspecto financeiro. Os sul-americanos sabem que a mitologia desportiva é construida essencialmente pelos europeus. Os que sempre olharam de soslaio para Pelé porque nunca ter abandonado o seu clube de formação e que exigem de qualquer astro sul-americano o mesmo brilhantismo nos palcos europeus. Zico, Sócrates, Kempes, Tostão, Dinamite e companhia nunca tiveram o impacto mediático que mereciam porque na Europa ficaram a anos luz do seu rendimento no seu país natal. Neymar quer repetir o feito de Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo, os únicos brasileiros que realmente deixaram a sua marca no futebol europeu. E para fazê-lo sabe que tem de atravessar o Oceano e provar todo o seu valor. Aos 19 anos é dificil resistir ao canto da sereia mas o potencial de crescimento de Neymar nos próximos anos faz mais sentido numa realidade como a do Santos do que debaixo dos holofotes de um grande europeu. O extremo que vai liderar o ataque do Brasil à Copa América não tem nada a invejar em talento puro aos grandes do jogo mas precisa provavelmente de crescer como profissional longe da pressão do imediatismo ou os espartilhos tácticos que têm servido, em muitos casos, para travar a progressão de verdadeiros génios. Esse é o risco que corre Neymar .

 

Ficar para disputar o Mundial de Clubes com o Santos seria o acto de maturidade mais importante na carreira de um jogador brasileiro em largos anos. Crescer desportivamente no futebol sul-americano em vez de partir para a Europa pode parecer, à primeira vista, um acto de receio pelo que lhe possa esperar num gigante do Velho Continente. Mas seria a forma perfeita de Neymar mandar uma mensagem clara ao Mundo. Ser o melhor e sê-lo longe dos holofotes dos duelos mediáticos de Messi, Ronaldo e companhia é um desafio intrigante que pode devolver algum do fascinio ao fosso imenso que ainda subsiste entre o futebol europeu e o futebol sul-americano. Neymar tem todas as condições para brilhar onde quer que seja, para o futebol seria certamente mais importante que o fizesse longe do circo por onde todos já se movem e onde o ar para respirar é cada vez mais rarefeito.



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 11:10 | link do post | comentar | ver comentários (8)

Sexta-feira, 01.07.11

18 anos é muito tempo para qualquer um. Para os argentinos, uma agónica eternidade. Desde a vitória na edição de 1993 no Equador que o futebol argentino não voltou à rua para festejar um titulo. Leo Messi tem nos seus ombros um país ferido no orgulho e à procura de um rumo. O objectivo real da Albiceleste é o Mundial de 2014 mas para La Pulga assinar finalmente a reconciliação com o seu povo, o desafio começa agora!

 

O pequeno Lionel Messi tinha cinco anos e já devorava todas as bolas que lhe caiam nos pés.

Mas nem ele seria capaz de imaginar a importância daquele mês de Julho, o mês em que a Argentina, pela última vez venceu um trofeu internacional Uma Copa America não valia tanto como o Mundial perdido em 1990 e ambicionado para 1994, mas era uma alegria especial para um povo a viver uma autêntica era de encruzilhadas sociais. Aquela equipa orientada por Alfio Basile chegou à final depois de duas eliminatórias sofridas que só os penaltys (e as imensas mãos de Goycochea) decidiram. Na final, frente ao México, convidado pela primeira vez, o jovem Gabriel Omar Batistuta confirmou o seu estatuto de estrela. E levou a equipa às costas uma vez. Os argentinos esperam agora o mesmo daquele pequeno malabarista que já encantava os vizinhos de Rosário, onde dava os primeiros passos.

Messi quer fazer desta Copa América a sua festa pessoal. Como um pequeno a cumprir o seu aniversário, Leo procura reunir amigos e admiradores para a sua consagração oficial com a camisola da Argentina. Nunca, como antes, teve uma oportunidade de ouro para confirmar o seu estatuto de número um mundial como agora, junto dos seus. É certo que o torneio mais antigo de selecções do Mundo não apresenta a mesma dificuldade de um Mundial ou um Europeu, mas não deixa de ser um evento único e inesquecível, capaz de moldar a carreira de um jogador. O jovem argentino fez parte da equipa destroçada pelo Brasil de Kaká em 2007. Por essa altura ele ainda era um dos muitos aspirantes ao trono ocupado pelo brasileiro e que seria herdado por Cristiano Ronaldo. Hoje ocupa-o com a mesma naturalidade com que finta os rivais e tem a oportunidade de ouro de o demonstrar diante dos seus. Com 14 anos Messi foi convidado a representar a selecção espanhola. Recusou, despeitado, porque se considerava argentino da cabeça aos pés. Mas os últimos dez anos foram marcados por uma relação muito dificil com o seu povo. A ausência de momentos estelar nos Mundiais de 2006 e 2010 e na Copa América de 2007, bem como os problemas na fase de apuramento para a África do Sul contribuiram para esse afastamento. A desconfiança de um jogador que, ao contrário de Maradona, cresceu futebolisticamente longe das ruas e dos estádios repletos de hinchas frenéticos também não ajudou. E, para piorar, o jogo do Barcelona, com o número 10 como vector principal, contribuiu ainda mais para que exista uma sensação real entre os adeptos argentinos que Messi não se sente cómodo com a camisola da albiceleste. Esse é o peso do torneio. A Argentina joga em casa e é favorita mas os adeptos estão mais interessados em saber se, finalmente, Messi vai ser Messi com a sua selecção. Não lhe perdoaram outra vez.

 

O torneio disputa-se no próximo mês e há vida para lá da Argentina, ainda em comoção pela dramática despromoção do River Plate.

Os ches são favoritos não só por jogarem em casa. Dispõem da melhor linha avançada do torneio (Higuain, Messi, Tevez, Di Maria, Aguero) e nos últimos meses bateram Brasil e Espanha em amigáveis. A confiança está em alta mas Sergio Batista, o herdeiro de Maradona no banco de sonho de qualquer adepto argentino, já deixou claro que o objectivo continua a ser o Mundial de 2014, o torneio onde a Pulga quer emular, definitivamente, Diego Armando Maradona.

Os argentinos terão um caminho plácido até à final e não se esperam grandes surpresa. Um grupo acessível com Costa Rica, Bolivia e Colombia. A selecção colombiana é, para muitos, o outsider a ter em conta. Falcao, Rodallega, Guarin, Zapata, Ospina e companhia formam um conjunto compacto e que herda na perfeição o ideário futebolistico da escola de Maturana, o pai da selecção que encantou o futebol mundial no principio da década de 90. No outro lado, bem afastado dos favoritos, o Brasil rejuvenescido de Neymar e companhia. É talvez a menos entusiasmante das selecções brasileiras mas os campeões em titulo podem sentir-se cómodos com esse papel de outsiders. A estrela do Santos quer provar ao mundo que os seus malabarismos habituais no Brasileirão (e em menor medida na Copa de Libertadores que acabou de ganhar) se transformam em momentos de glória com a mitica "canarinha" ao peito. Sem Kaká, sem Fabiano, sem Ronaldo ou Ronaldinho, o Brasil vive orfão de estrelas e deposita toda a confiança nos meninos que Mano Menezes quer preparar para brilharem daqui a três anos em casa. O escrete jogará no grupo mais equilibrado - Venezuela, Equador e Paraguai - e, forçosamente, num ambiente hostil. Algo similar sucederá com o outro favorito - talvez mais do que o próprio detentor do titulo - o Uruguai. Com Forlán, Suarez e Cavani inspirados, os charruas são um rival de peso, como ficou demonstrado no último Mundial. O duelo com México (na sua versão mais débil), Peru e Chile parece, à partida, um mero trâmite. O confronto com o Brasil nas meias-finais é um dos jogos mais esperados do certame que quer ver, definitivamente, se o Uruguai realmente ressuscitou de uma letargia histórica de largas décadas ou se a campanha do último Mundial foi apenas um cometa que rompeu os céus e tão depressa apareceu como desapareceu.

 

As últimas edições da Copa América têm sido pouco entusiasmantes. Os problemas de calendário, o cansaço dos jogadores e a perda de competitividade de algumas selecções da América Latina têm transformado o torneio num passeio habitual para as favoritas. Ninguém espera algo muito diferente da edição de 2011. Enquanto o modelo continuar a funcionar como um clube exclusivo da CONEMBOL, a federação continental mais pequena do universo FIFA, o grande público continuará a prestar pouca atenção ao duelo dos grandes nomes do futebol americano. Um problema de organização que não esconde o facto de haver poucos momentos de tanta tensão, magia e sofrimento como os duelos dos titãs das Américas, os convidados à festa do pequeno Lionel, o aniversariante que quer apagar as velas com a taça que Maradona nunca levantou debaixo do braço



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 05:13 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Segunda-feira, 14.03.11

O terrivel drama que vive o Japão coloca em cheque uma prova disputada a milhares de quilómetros de distância. A Copa America arranca a 1 de Julho e os organizadores do torneio não sabem ainda se contarão com a presença dos convidados nipónicos. Um problema que levanta de novo o debate sobre a estrutura da mais antiga prova de selecções do Mundo.

 

 

 

A CONMEBOL conta com dez países membros.

Os históricos Brasil, Argentina e Uruguai e ainda Chile, Bolivia, Paraguai, Equador, Peru, Colombia e Venezuela. Não há margem de manobra para mais. Com a reestruturação da Copa America, nos anos 80, chegou o conceito de nações convidadas. Uma situação impensável em qualquer outro torneio continental mas que na América do Sul parece ter adeptos. Afinal, é dificil gerir um torneio curto com dez equipas, número que atrapalha qualquer matemática classificativa. O convite inicial teve por base critérios geográficos. A necessidade de juntar duas selecções às dez da confederação fez os organizadores recorrerem às vizinhas Caraíbas e à CONCAF. O México, grande potencia regional, era um convidado quase obrigatório e mais tarde a particiapção dos clubes mexicanos nas provas continentais de clubes da CONMEBOL selou um acordo táctico que serve perfeitamente a ambas as partes apesar de alguns momentos tortuosos e resolvidos com muita diplomacia. O México - que não deixa de ser uma potência desportiva superior à esmagadora maioria dos rivais do sul - chegou por duas vezes à final da prova, deixando a entender que o conceito de um torneio sul-americano começava, forçosamente, a perder sentido. A sua presença nas últimas dez edições fizeram dele um habitué que transformou um torneio regional em algo forçosamente maior. Aos mexicanos juntaram-se ao longo dos últimos anos outros rivais da CONCAF, dos Estados Unidos ao Canadá passando por Costa Rica e Honduras. Apesar de equipas com passado (e presente) mundialista, em nenhum dos casos lograram brilharetes exibicionais dignos de entrar nos registos. O máximo que os norte-americanos conseguiram foi um 4 posto, em 1995, na ressaca do Mundial dos Estados Unidos. Nada mais. Por isso não estranhou, a principio, que a CONMEBOL procurasse novos desafios. Soltas as amarras da divisão regional equacionou-se convidar selecções africanas e até mesmo europeias, nomeadamente Portugal e Espanha, as potências ibéricas. No final o convidado foi o Japão. E o conceito Copa América colocou-se eternamente por debaixo de um gigantesco ponto de interrogação.

 

Os nipónicos estrearam-se em 1999 no sorteio.

Na altura vinham do seu primeiro Mundial (o França 98) e preparavam-se para receber a elite do futebol três anos depois. Foi um convite de cortesia que correspondeu a uma educada recusa dos EUA. Os japoneses - que até têm uma significativa colónia de emigrantes na América do Sul, particularmente no Brasil - acabaram últimos do seu grupo com apenas um ponto, um empate frente à Bolivia, também ela eliminada da prova. Apesar de desportivamente se mostrarem longe do nivel do outro convidado - o México - e da maioria das selecções do continente, as sensações da organização foram positivas.

Depois de um hiato de uma década, por onde passaram vários conjuntos da CONCAF, o convite repetiu-se para a edição de este ano, a disputar a partir de 1 de Julho na Argentina. Os motivos são evidentes. A organização regional do norte da América tem-se esforçado por fazer da Gold Cup, o seu torneio de selecções, uma prova respeitada. E pressionou as suas federações a manterem-se fieis ao seu compromisso continental. Só o México destoará como seria de prever. Face a essa falta de candidatos, a América do Sul voltou-se para o Japão. Mas o desastre que abateu o país do Sol Nascente ameaça deixar o torneio sem um dos seus intervenientes, a apenas quatro meses de arrancar a prova. O Japão oficialmente não anunciou a sua retirada, mas com a liga suspendida e os problemas que terão os nipónicos num futuro próximo será dificil honrar o compromisso. Os rivais do norte terão a Gold Cup em datas demasiado próximas e poderão acabar por enviar uma equipa de segundas linhas, algo que ninguém quer. E convidar selecções europeias ou africanas, com a época já planeada, é um risco bastante grande. Mas será que faz realmente sentido a Copa América continuar a funcionar nos mesmos moldes?

O torneio regenerou-se em 1987 depois de uma longa estagnação e descubriu o formato quadrangular - e por isso precisou dos países convidados - e a organização de dois em dois anos. Mas o que os sul-americanos nunca pensaram realmente foi na possibilidade de unir esforços, de forma definitiva, com as nações do norte de um continente que nem está realmente separada a não ser pelas mãos do homem. As relações entre países do norte e sul da América sempre foram boas - basta ver o espaço caribenho - e haveria a possibilidade de realizar um torneio em lugar de dois. Afinal a Guiena Francesa e o Suriname, que se encontram a norte do Brasil, estão inscritas na CONCAF. Juntar duas federações continentalmente unidas e com vários projectos em comum seria um grande passo para o desenvolvimento do futebol em toda a América. Um torneio com fase de qualificação - algo que não existe hoje em dia - e com mais nações participantes (16 como o actual Europeu ou 24 como as que marcarão presença no torneio europeu a partir de 2012). Uma lufada de ar fresco numa prova que não deixa de ser repetitiva e cada vez um producto menos atractivo até para os próprios adeptos locais.

 

 

 

Na Argentina 2011 todos estarão de olho em Leo Messi. Mas não saberemos até Maio se os japoneses irão defrontar o pequeno génio de Rosário na sua primeira grande oportunidade de se redimir diante dos seus de anos de exibições contestadas por tudo e por todos. Mas mesmo que o Japão consiga mais um pequeno grande milagre, a América devia aproveitar este momento para pensar mais além e preparar-se para o futuro. E o futuro passará sempre por uma união, a todos os niveis, com os seus vizinhos do norte. É uma inevitabilidade que o tempo acabará por confirmar, tarde ou cedo...



publicado por Miguel Lourenço Pereira às 15:44 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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