Uma descida aos Infernos. Dois históricos do futebol português que seguem o caminho de tantos outros do passado. Uns com melhor sorte que outros. Foram justos despromovidos. Num futebol miserável como o da Liga Sagres 2009/2010 ambas as formações espelharam o que de pior tem o futebol português. Equipas fracas a defensor, psicologicamente de rastos desde o primeiro revés e um zero na formação do sector ofensivo. Pecados demasido grandes para poder sobreviver entre a nata do futebol de um país que vive num fosso cada vez maior!
À terceira é de vez?
Parece que sim. Parece finalmente que sim. Depois de vários embróglios juridicos terem salvo repetidas vezes o Belenenses da Liga de Honra, a equipa lisboeta está finalmente a caminho da divisão menor do futebol profissional. Uma condição de inteira justiça de um conjunto histórico que há uma década vive na sombra do seu passado glorioso e de sucessivas manobras de bastidores para manter a condição de primodivisionário. O vazio Restelo não deslumbrou em toda a temporada uma boa exibição dos da Cruz de Cristo. Desde o arranque da prova que o Belenenses se assumiu como último. Já o era ainda antes do torneio arrancar, quando o plantel acabou por ser confecionado para disputar a Liga de Honra depois da despromoção na passada época. O triste caso que enviou o Estrela da Amadora para o futebol semi-profissional adiou a queda. Por um ano. O clube do Restelo segue assim o Boavista e deixa apenas os três grandes como os campeões em titulo na Liga Sagres. A nivel desportivo a equipa nunca soube corresponder às (poucas) exigências da Liga Sagres. E nem quando os rivais tropeçavam os azuis souberam recuperar pontos. Despromovidos a três jogos do fim, o final estava claro para todos. Era só uma questão de tempo.
Durou pouco o sonho do Leixões.
A equipa de Matosinhos, reconhecida essencialmente pela força da sua massa adepta, não é um dos clubes com mais presenças na divisão maior do nosso futebol. Mas tanto a geração dos "Bebés" como a equipa que, surpresa das surpresas, passou largas jornadas da passada época à frente da classificação, fazem já parte do imaginário do futebol luso. E é precisamente essa mutação de um ano para o outro que surpreende. Nada neste Leixões se assemelha à formação que até Dezembro de 2008 se mostrou autoritária como poucas formações do futebol europeu. Absolutamente nada. Uma linha defensiva de meter pena. Um ataque ineficaz. E uma direcção técnica que cometeu todos os erros possíveis depois da saida de Beto, Wesley e, acima de tudo, de Vitor Oliveira. A saída de José Mota não alterou o percurso descendente de um conjunto que poucas vezes mostrou ser capaz de esboçar uma resistência ao afogamento. No final a descida é mais preocupante porque parecem existir poucas condições desportivas para que o conjunto leixonense seja um real candidato à subida na próxima época.