Temia-se, no inicio da época, que o Newcastle sofresse do mesmo sindrome de outros históricos que se afundaram nas profundezas do futebol britânico. A saída de Shearer, os problemas financeiros, a pressão de uma massa adepta única. Tudo parecia jogar contra os Magpies. Mas aí estão eles, de volta à elite, em tempo recorde!
Ainda faltam seis jogos para acabar a Coca Cola Championship e já há um vencedor claro.
O Newcastle United, histórico como poucos do futebol em terras de suas majestades, confirmou o favoritismo pendente e atirou-se à garganta da prova com uma garra inesperado. Trepou lugares até chegar ao topo. E nunca mais daí saiu. Derrotou todos os rivais directos, impôs um futebol rápido e agressivo. E cumpriu o objectivo. A equipa logrou a promoção. Agora só falta confirmar o titulo de campeão.
Perdemos a conta aos históricos que vivem no ocaso. Do Leeds United ao Nottingham Forrest, dos clubes de Sheffield ao Derby County. De Southampton a Coventry, há equipas suficientes para criar uma liga de velhas glórias. E muitos adeptos do conjunto do Norte de Inglaterra temiam entrar nessa espiral. Mas não. A equipa teve um bom arranque de época como o novo técnico, Chris Hugthon, a mostrar que estava ao controlo da situação. Apesar de algumas saídas inevitávies muitos dos jogadores ficaram. Com uma larga experiência revelaram-se fulcrais nos momentos complicados. E mereceram também eles o perdão de uma massa adepta que entrou em histeria depois da época para esquecer de 2008-2009.
Com dois jogos menos que os rivais directos, na passada segunda-feira o Newcastle recebeu no majestoso St Jame´s Park o Sheffield United. Minutos antes do jogo arrancar a noticia do empate do Nottingham Forrest despoletou a festa. Os 14 pontos de avanço para o terceiro classificado davam uma margem de manobra histórica. Mas, mesmo assim, a expectativa era muita. A ansiedade também. O jogo foi disputado, como quase todos esta época. Uma liga dura, implacável com quem falha. Quando Cresswell abriu, aos 22 minutos, a contagem para o Sheffield o silencio tomou conta das bancadas. Por um breve segundo. Até que voltaram os gritos entusiastas de apoio. E a equipa despertou da letargia. O dinamarques Lovenkrands, uma das chaves da subida de divisão, empatou mesmo antes do intervalo. O resultado não era ainda suficiente para os adeptos que queriam uma noite verdadeiramente em grande. Sem subidas à custa de outros. Ao minuto 73 um belo lance individual de Kevin Nolan matou o jogo. E despoletou a euforia generalizada. Agora sim, nas bancadas do mais belo estádio do norte de Inglaterra, volta a respirar-se o ar da Premier.
Para a próxima época o desafio será ver até que ponto o Newcastle aprendeu a licção. Muitos são os casos dos recém-promovidos que não conseguem acompanhar o ritmo. E adaptar-se à Premier League. Talvez um ano no charco seja pouco para os experientes jogadores e directivos do clube. Manter a trave-mestra que tão bons resultados deu este ano é a chave. Atrás de si não se sabe ainda quem seguirá. É certo que o West Bromwich Albion, outro despromovido, está perto de voltar à elite. Mas faltam pontos. Poucos, mas faltam. Logo atrás, a luta de sempre, aberta a um play-off que pode ter de tudo. Do histórico Nottingham ao Swansea de Paulo Sousa, há muitos sonhos por cumprir, muitas lágrimas por cair. Muito futebol por jogar!